09/10/2011

Atentado à imagem: O dia em que a imagem da Padroeira quebrou


Nossa Senhora se partiu em 200 pequenos pedaços em maio de 1978, mas restauração é classificada como milagre
Luciana Mendes
Aparecida

A frágil imagem de Nossa Senhora Aparecida, que há 288 anos foi encontrada no rio Paraíba e hoje é visitada anualmente por 8 milhões de romeiros, foi quase totalmente destruída em maio de 1978, quando se partiu em 200 pedaços após ter sido derrubada no chão por um jovem que queria roubá-la.

O atentado, que teve repercussão nacional, encheu de tristeza os devotos da santa em todo o país. O que eles não esperavam, entretanto, é que o episódio daria origem a mais uma história de fé à Padroeira.

O caso está documentado no CDM (Centro de Documentação e Memória), que funciona na torre da Basílica, aberto apenas a religiosos e pesquisadores (leia texto nesta página).

Segundo a administração do Santuário Nacional, a imagem foi quebrada por Rogério de Oliveira, que tinha 19 anos à época. Ele agarrou a imagem e tentou fugir e na fuga caiu sobre a santa. Oliveira foi preso, mas por apresentar problemas mentais foi liberado.

TRABALHO - O trabalho de restauração da imagem de Nossa Senhora Aparecida foi encomendado à artista plástica e restauradora Maria Helena Chartuni. Foram 33 dias de trabalho intenso, que resultaram, não só no encaixe perfeito dos pequenos pedaços de barro, mas também na conversão de Maria Helena, que se transformou em devota da santa.
Inicialmente os padres da Basílica Velha, local onde a santa estava à época, cogitaram enviar os pedaços da imagem para o Vaticano, para que o trabalho de restauração fosse feito por artistas europeus.

Sabendo da intenção do envio da imagem para Roma, alguns especialistas informaram à direção da igreja que o Masp (Museu de Arte de São Paulo) dispunha de profissionais competentes para o trabalho de restauro.

Os padres confiaram o serviço a Maria Helena, que fez o restauro gratuitamente, e ficaram impressionados como resultado.

Primeiramente ela conseguiu recompor 165 pedaços, que eram bem pequenos. O restante, quase transformado em pó, foi juntado com cola epoxi usada na restauração e colocado no interior da imagem para ter o máximo possível de matéria original.

A maior dificuldade foi a reconstrução da cabeça da santa, que estava destruída e quase não se podiam identificar os pedaços.

Segundo Maria Helena, enquanto ela recuperava a imagem, feita em terracota (barro cozido), a santa recuperava sua fé.

A restauradora afirmou que se sentiu uma pessoa privilegiada por ter sido escolhida para fazer a restauração da santa que tocava o coração e a alma de milhares de pessoas.

MILAGRE - "Enquanto ela era reconstituída fisicamente por mim, eu era reconstituída espiritualmente por ela, foi uma relação profunda e inexplicável, que eu chamo de milagre", disse a restauradora.

Atualmente Maria Helena faz a limpeza da imagem, uma vez por ano. Ela é a única pessoa autorizada pela igreja para fazer a limpeza na santa.

Manoel Ignácio de Moraes, responsável pelo acervo histórico e cultural da Basílica Nacional de Aparecida, que na época acompanhou o restauro, disse que todos os religiosos e fiéis ficaram impressionados com o resultado da recuperação da imagem.

"Foram momentos de ansiedade, porque para aquele trabalho era necessário um profissional excepcional, mas graças à santa e ao trabalho da restauradora, a imagem foi totalmente recuperada", disse.


Fonte:  http://romeirodeaparecida.webnode.com/news/atentado%20%C3%A0%20imagem/#.TpIQMmgkCsg.blogger

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