22/04/2012

É bom esconder o que se passou?


Por Jean Madiran | Tradução: Fratres in Unum.com
A maior parte dos católicos não esteve presente, evidentemente, em 27 de outubro de 1986, na cidade de Assis, e mesmo que tenham ouvido falar na televisão ou em seu jornal, eles nem sempre souberam exatamente, e com precisão, o que realmente se passou.
No início deste ano, a [agência] Correspondance européenne, dirigida por Roberto de Mattei, publicou um testemunho coletivo sobre “Assis 1986”. Nele se lê particularmente:
“Nós nos recordamos dos representantes de todas as religiões reunidos em uma igreja católica, a igreja de Santa Maria dos Anjos, com um ramo de oliveira à mão: como significasse que a paz não passa por Cristo, mas, indistintamente, por todos os fundadores de um credo, qualquer seja ele (Maomé, Buda, Confúcio, Kali, Cristo).”
Tal é exatamente o essencial do que se questiona.
“O espírito de Assis já sopra”, anuncia-nos o [jornal católico francês] La Croix: ele nos descreve a instalação, quase em todas as partes, de um programa de cortejos religiosos polivalentes, um ramo de oliveira à mão, e a “leitura dos textos sagrados das diferentes religiões”, certamente “em vínculo” (antecipado) com a comemoração de 27 de outubro.
Em suma, o “espírito de Assis” nos é apresentado como crença comum obrigatória dos homens de boa vontade, enquanto Jesus Cristo fica facultativo, uma crença específica entre as outras.
Mas justamente, prossigamos nossa leitura do testemunho publicado na Correspondance européenne. Vamos aos fatos de 27 de outubro de 1986:
“Nos recordamos da oração dos muçulmanos em Assis, a cidade de um santo que havia feito da conversão dos muçulmanos um de seus objetivos”.
“Nos recordamos da oração dos animistas, a sua invocação aos espíritos dos elementos, e da oração dos outros crentes ou representantes de “religiões ateístas”, como o jainismo”.
Eis ainda mais grave:
“Nos recordamos com consternação dos frangos decapitados sobre o altar de Santa Clara segundo os rituais tribais, e o santuário da igreja de São Pedro profanado por uma estátua de Buda colocada sobre o altar, sobre as relíquias do mártir Vitorino… nos recordamos dos padres católicos que se prestaram aos ritos de iniciação de outras religiões…”
Antes disso, Michel de Jaeghere, enviado especial de seu jornal, havia escrito:
“Posso falar como testemunha ocular. Vi com meus olhos coisas que são objetivamente escandalosas, como a profanação das igrejas por cultos pagãos: o Dalai-lama dançando diante do tabernáculo, sobre o qual havia um buda; os indígenas da América invocando os quatro ventos, seus irmãos, na igreja de São Gregório; os feiticeiros animistas,colocados em pé de igualdade com o Vigário de Cristo; a ocultação do crucifixo; a missa católica, o único rito excluído (…). Tal como ocorreu, a jornada de Assis foi um escândalo público, uma ofensa ao primeiro mandamento…”
Estes bacanais não foram, do que é de nosso conhecimento, oficialmente denunciados, nem mesmo lamentados. Que se saiba, não foram objeto de cerimônias reparadoras. Talvez seja necessário esperar (mas nada o anuncia) que a comemoração prevista para o próximo27 de outubro seja, enfim, ocasião de uma celebração solene de reparação. Continuar a esconder o que realmente se passou provém de uma pastoral muito arriscada.
Seja como for, para evitar o pior, a menor das precauções será, parece, manter, durante esta jornada de 27 de outubro, todas as igrejas de Assis rigorosamente fechadas.

Artigo extraído do n° 7452 de Présent de quarta-feira, 12 de outubro de 2011

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