17/08/2012

Lutero, o cabalismo gnóstico e o “sacerdócio de todos os fiéis” pós conciliar


A. José G. C.

"Nesse tempo Lutero publicou seu livro contra a missa privada, onde se encontra a famosa conversa que tivera com o anjo das trevas e onde, forçado pelas razões deste, aboliu, como ímpia, a missa que celebrara durante tantos anos (...)” (Brentano: 98-99).

Nesses 50 anos pós Concílio Vaticano II, em consequência da nova visão teológica adotada pela Igreja Católica, uma forte persuasão por parte das dioceses e clérigos tem exaustivamente proclamado e incentivado o protagonismo dos leigos, ou “o sacerdócio de todos os fiéis”. Isto é, a conscientização de que “todos somos sacerdotes”!
Esse esforço fica patente no rito da missa nova, às vezes com uma excessiva concentração de leigos no altar numa desconcertante e patética manipulação do Sagrado.
Como resultado, não é incomum percebermos nossos párocos cada vez menos ativos em suas funções, cada vez mais desfigurados em sua autoridade, posturas e intenções, o que vem resultando na gradativa dissolução do conceito hierárquico e numa secularizada espiritualidade leiga cada vez mais alienada da tradicional Fé católica bimilenar.
De fato, pelo Batismo, todos somos sacerdotes. No entanto, a Igreja sempre entendeu que a função específica do sacerdote de Ordem é oferecer o Sacrifício e proclamar a verdade. Por sua vez, o papel dos fiéis é levar e vivenciar essa verdade no mundo, a começar em suas famílias.
E como entrou essa contradição ou dubiedade (e consequente confusão) na Igreja pós-conciliar?

Alguns efeitos da atual protestantização do Catolicismo
Se por um lado a revolta de Lutero teve sua origem no seu “desejo de colocar Deus no centro de sua vida”, como afirmou o Santo Padre Bento XVI recentemente em Erfurt, por outro, sua atitude de rebelião reformadora, que resultou na interminável divisão da Cristandade, apoiou-se em doutrinas disseminadas pelos inimigos de Cristo, até então combatidas veementemente pela Igreja.
Quando vemos nossas conferencias episcopais orientando o clero para incentivar “o sacerdócio de todos os fiéis” em suas Dioceses, tenhamos em mente que nada mais estão fazendo do que proclamar, agora a partir dos púlpitos católicos, algumas das teses gnósticas de Martinho Lutero.
O mesmo se dá com essa terrível concepção teológica, disseminada em quase todas as homilias dos párocos pelos quatro cantos do mundo, em que se superestima a Misericórdia de Deus em detrimento de Sua Justiça. Nessa equivocada concepção teológica sobre a remissão dos pecados e a salvação, postula-se que, uma vez conhecendo Deus nossa natureza humana e vulnerável, todos já fomos justificados pelo sacrifício de Cristo. Portanto, para crer, assim como Lutero ensinava, precisamos apenas de fé. Fé protestante.
“As indulgências [um dos legítimos recursos de salvação conferidos por Cristo à Sua Igreja] não conferem bem algum às almas no que se refere à salvação ou santidade”, dizia uma das teses de Lutero. Os homens agora podiam ser salvos pela misericórdia de Deus, e portanto, simplesmente pela fé.
“O inferno está vazio”, ressoam em uníssono as novas teologias tresloucadas pelos seminários.

A fonte em que Lutero bebeu suas doutrinas
Quando Lutero escreveu na margem de uma página de sua Bíblia: “Viva por Fides Sola” (só pela fé), ele se embasava no Gnosticismo cabalista. Essa doutrina, que em suas variações é mãe de todas as heresias, a mesma das sociedades secretas e da Franco Maçonaria em todas as suas facções, a mesma dos filósofos iluministas, dos cátaros e albigenses, dos pedreiros arquitetos que, finalmente, já bem adiantados em sua agenda de imposição da governança global (a do anticristo) astutamente hoje nos impõem goela abaixo a “constituição universal” da Nova Ordem Mundial descaradamente anticristã.
A teoria da predestinação de Lutero levou-o a acreditar numa elite (os Eleitos), deixando a grande massa da humanidade fora dos limites da salvação, enquanto a estrutura episcopal da Igreja Católica era substituída, nessa sua utopia revolucionária igualitária — que irromperia mais tarde em seu ápice na fúria social do comunismo antiteísta — por um “sacerdócio de todos os fiéis”. Ora, em sua essência, essa era a distinção gnóstica cátara entre os Parfaits (ou sacerdotes) e os fiéis. Para crer, o fiel de Lutero precisava apenas ter fé.
Parece simples? Mas com essa tese Lutero substituía a autoridade do Papa, a pedra fundada por Cristo — e, consequentemente, Sua própria Igreja — pela palavra de Deus na Bíblia, ou seja, pela livre interpretação.
Assim, a salvação passava a ser uma questão entre o indivíduo e Deus. Já não envolvia a Igreja. A salvação da alma era uma questão pessoal entre o indivíduo e Deus e nada mais tinha a ver com a Igreja de Cristo: “cada um é seu próprio sacerdote”. A Bíblia, e não a Igreja passava a ser a única autoridade sobre o homem.
Finalmente emancipado da autoridade opressora da Igreja, pode agora o homem se entender com Deus de forma pessoal, intimista, e praticar sua fé à moda da casa.
E não é exatamente isto que proclamam todas as doutrinas gnósticas das sociedades de mistério? Não dissemina o mesmo, com a luz sob o alqueire a Franco Maçonaria? Não é exatamente isso que alardeia qualquer seitazinha esotérica-espiritualista promotora de doutrinas new age? Não é exatamente essa postura que faz do católico pós conciliar um entusiasta adepto desse ecocídio cultural-espiritual que avassala a civilização cristã?
Não é essa a concepção que está levando a Igreja de Cristo a negar sua missão profética e seguir a cartilha dos fautores da falsa religião planetária gnóstico-panteísta?

Lutero e a Gnose cabalística dos rosa-cruzes
Essas ideias de Lutero, como por exemplo, a “justificação pela fé” têm como origem a fé da Cabala no Inefável Nome de Deus. O Reformador alemão, assim como Calvino, tinham ligações com descendentes judeus cabalistas que atuavam por trás dos cátaros. O simples fato dessa influência cabalística sobre ambos fica patente no selo de Lutero, que se baseava no motivo da rosa e da cruz dos rosa-cruzes.
Cabe a pergunta: teriam sido esses cabalistas rosa-cruzes que incentivaram Lutero a pregar as 95 teses na porta da igreja, certamente para concluir o almejado plano deliberado em dividir a Cristandade?
É fato histórico que Lutero foi influenciado por lendas judaicas a respeito de Jesus encontradas no Talmud e no Midrash na Idade Média e no Toledor Yesh (Vida de Jesus). Inclusive resumiu em alemão o livro traduzido por Raymond Martin no final do século XIII — Schem Hamphoras — numa clara evidência de que estava aberto ao cabalismo, em que só a fé no Nome Inefável salva.
Esses textos que Lutero resumiu apresentam uma visão judaica (e, portanto, distorcida) de Nosso Senhor, apresentando-O como filho ilegítimo de uma cabeleireira de Belém, Míriam (o que já atesta algo da futura aversão protestante pela Santíssima Virgem) e que teria sido iniciado nas doutrinas secretas do clero egípcio ainda menino. Ao voltar à Palestina, Jesus praticava magia e se interessava pelo Tetragrammaton ou Schem Hamphorash, o Inefável Nome de Deus. De acordo com essa versão gnóstica, Jesus teria sido levado diante do Sinédrio e morto para que seu conhecimento fosse suprimido.
Essa caricatura de Jesus, que leva o nome de Jeschu, e que é completamente desfigurado e apresentado no livro resumido por Lutero, fora escrito por um rabino iniciado nos mistérios da Cabala. E aqui é relevante lembrar que Jesus denunciou com desassombro a Cabala tão ocultamente praticada pelos escribas e fariseus que entre os judeus significa “tradição” – cf. "Vós, por causa de vossa tradição, tornastes nulo o mandamento de Deus"- Mt. 15).

O esfacelamento da Igreja de Cristo
E foi nessa “tradição” ou Cabala preservada ocultamente pelas heresias gnósticas cabalistas que Matinho Lutero foi haurir as doutrinas da Reforma que esfacelou o Corpo Místico de Cristo.
A respeito desse esfacelamento do Corpo de Cristo e de toda essa confusão que tanto tem banalizado e minado a Igreja de Cristo e a Fé cristã, convém refletir sobre as palavras de S. Cipriano, bispo primaz da África Latina, martirizado em 258 sob Valeriano e Galieno imperadores, por recusar oferecer sacrifícios aos ídolos do paganismo romano.
“Não pode ter Deus por Pai quem não tem a Igreja por mãe. Como ninguém se pôde salvar fora da arca de Noé, assim ninguém se salva fora da Igreja. O Senhor nos alerta e diz: ‘Quem não está comigo, é contra mim; e quem não recolhe comigo, espalha’ (Mt 12,30). Quem rompe a paz e a concórdia de Cristo trabalha contra Cristo. Quem faz colheita alhures, fora da Igreja, esse dissipa a Igreja de Cristo.
“Diz ainda o Senhor: “Eu e o Pai somos um” (Jo 10,30), e do Pai, do Filho e do Espírito Santo está escrito: “Os três são unânimes” (IJo 5,8). Como poderá alguém pensar que esta unidade da Igreja, decorrente da própria firmeza da unidade divina, e tão conforme com este celeste mistério, pode ser rompida e sacrificada ao arbítrio de vontade opostas? Quem não observa esta unidade não observa a lei de Deus, não observa a fé do Pai e do Filho, não possui nem a vida, nem a salvação”.
Seja desbaratando a hierarquia, relativizando a Fé ou apregoando inverdades que só geram apostasia, triste é concluir que o esfacelamento da Igreja de Cristo iniciada por Lutero e seus seguidores continua a todo vapor. Em nossos tristes tempos, ainda que temporariamente, essa dissolução prossegue com maior eficiência a partir de dentro.
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Fontes de consulta:
Discurso do Papa Bento XVI no convento de Lutero, cf.http://www.perfeitadevocao.org/TuEsPedro-.php?id=178
Daniel, Sacarlet and the Beast, vol 1, p. 398.
Nesta H, Webster, Secret Societies and Subversive Movements, p. 21.
Jewish Encyclopedia.
Hagger, Nicholas. The Secret History of the West.
Cirpriano, Cecílio. 
De LapisSobre a Unidade da Igreja Católica.
Atas Proconsulares (Acta, 3-6; CSEL 3,112-114).
Aquino, Felipe. Riquezas da Igreja. S. Cipriano, bispo e mártir - Século III, p. 85. Editora Canção Nova.


Para citar este texto:
Lutero, o cabalismo gnóstico e o “sacerdócio de todos os fiéis” pós conciliar 
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http://www.perfeitadevocao.org/Materias-.php?id=194

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