O templo de
Agripa fora consagrado no tempo de Augustus a todos os deuses do paganismo e
por esse motivo denominado de Panteão. Bonifácio VIII mandou transladar para lá
as relíquias de todos os mártires encontrado nas catacumbas e no dia 13 de Maio
do ano 610 dedicou esta nova basílica a Todos os Mártires e a Mãe de Deus. A
festa desta dedicação foi retomando com o tempo um caráter universal, sendo
mais tarde consagrada a Virgem Santíssima e Todos os Santos, celebrada em dias
diferentes nas diversas igrejas, e no ano de 835 fora fixada por Gregório IV no
dia 1º de Novembro, Gregório VIII transferiu esta data a dedicação do Panteão.
A festa de Hoje recorda pois e celebra a vitória do Deus Verdadeiro contra as
falsas divindades do mundo pagão. Em razão de sua origem, a missa de hoje vai
buscar numerosos textos da liturgia dos mártires. A Santa Igreja coloca-nos
debaixo dos olhos a admirável visão do Céu, a visão dos doze mil inscritos (12
por ser um número perfeito e indica a plenitude) de cada tribo de Israel e da
multidão sem conta, procedente de todos os povos, línguas e tribos, todos de pé
diante do Cordeiro, vestidos de branco e palmas nas mãos. Jesus Cristo, Maria
Santíssima, as falanges dos espíritos bem-aventurados distribuídos em nove
coros, os apóstolos, os mártires envoltos na púrpura do sangue que verteram, os
confessores vestidos de branco, o coro casto das virgens formam um majestoso
cortejo.
Compõe-se
dos que na terra andaram nos passos de Jesus, dos pobres de espírito, dos
mansos, dos aflitos, dos que sofreram fome e sede de justiça, dos
misericordiosos, dos puros, dos pacientes, dos que foram perseguidos pelo nome
de Jesus. Alegrai-vos lhe dizia o Mestre, porque a vossa recompensa será grande
nos Céus. Entre estes milhares de justos que foram discípulos fiéis de Jesus
encontramos muitos de nossos parentes, amigos, filhos de nossa terra e de nossa
aldeia, e que agora participam da glória de Cristo, Rei dos reis e coroa dos santos.
Ao assistimos a missa de hoje lembremo-nos do sacerdócio de Cristo na terra,
exercido invisivelmente nos nossos altares e que se identifica com o que é
visivelmente no Céu. Os altares da terra onde reside o cordeiro de Deus e nos
altares do Céu onde o cordeiro se ostenta de pé e em estado de vítima são um e
o mesmo altar.
Lefebvre, Dom Gaspar. Missal Quotidiano e Vesperal. Bruges,
Bélgica; Abadia de S. André, 1960
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