09/01/2013

Se perdermos o Dogma, perdemos a nossa alma…


A verdade não muda:
Se perdermos o Dogma, perdemos a nossa alma
pelo Padre Nicholas Gruner, S.T.L., S.T.D. (Cand.)

Como se pode ver pelo livro O derradeiro combate do demónio, estamos hoje a viver no meio da Grande Apostasia que foi profetizada nas Sagradas Escrituras. Esta apostasia, diz-nos o Cardeal Ciappi, começa pelo topo da Igreja. O Cardeal Oddi diz-nos que, no Terceiro Segredo, Nossa Senhora avisa-nos contra a apostasia.
Um dos primeiros e maiores baluartes e defesas contra a apostasia é ter uma
compreensão e aceitação firmes das definições dogmáticas da Fé Católica. É precisamente do dogma da Fé que Nossa Senhora fala explicitamente no início do Terceiro Segredo, quando disse: "Em Portugal se conservará sempre o dogma da Fé etc." Este "etc.", que foi escrito pela própria Irmã Lúcia, indica claramente que Nossa Senhora disse mais.
Todos os estudiosos de Fátima concordam em como Nossa Senhora continuou a dizer que, noutras partes do mundo, o dogma da Fé seria atacado e não conservado como devia ser, e até podia perder-se por completo. Não devemos permitir que sejamos vítimas desta apostasia crescente que nos rodeia. Devemos salvar as nossas almas e as nossas verdades dogmáticas.
Nos nossos tempos, muitos Católicos – padres, Bispos e Cardeais, assim como leigos – estão a perder o sentido do dogma. Estão a esquecer-se de que, se não salvaguardarem bem a sua Fé, se negarem culposamente ou mesmo se duvidarem de um só dogma – uma doutrina da Fé Católica que foi ensinada infalivelmente por Jesus Cristo através da Sua Igreja Católica – estão a cometer um pecado mortal. E se não se arrependerem deste pecado e fizerem uma confissão digna (ou um acto de Perfeita Contrição à hora da morte), irão para o inferno por toda a eternidade. S. Tomás de Aquino ensina que os pecados contra a Fé contam-se entre os maiores pecados.
Há pessoas que perdem o sentido do dogma porque não acautelam suficientemente os seus espíritos contra as falsas ideias, ensinamentos e doutrinas que procuram suplantar, suprimir ou minar a Fé Católica. Outros, porque nunca tentam compreender, ou não procuram conhecer, os verdadeiros ensinamentos de Jesus Cristo e da Sua Igreja Católica, nem sequer reconhecem que se deixaram levar pelas mentiras do século, o que os exclui de aceitar os ensinamentos do Evangelho num ou muitos pontos.
Estamos, de facto, a viver na era da Apostasia: o período de tempo profetizado nas Sagradas Escrituras pelo próprio Jesus Cristo, assim como por S. Paulo. O pecado de heresia constitui a negação de um ou mais dogmas da Fé, o que é um pecado mortal que envia as almas para o inferno. Ora a apostasia é muito pior. O pecado de apostasia é a rejeição de todo o Evangelho, ou de grande parte dele. E a era da Apostasia está sobre nós.
Alguns caem na apostasia por ignorância, porque nem sequer sabem os pontos fundamentais do Evangelho. Outros caem porque aprenderam os pontos fundamentais mas só os aceitaram por algum tempo. Estes são como a semente que não caem em bom solo; não tomam precauções para salvaguardar a Fé contra as doutrinas falsas, e estas doutrinas falsas estrangulam-lhes a Fé, de modo que se perdem. Outros perdem-se porque seguiram o mau exemplo de padres, Bispos e Cardeais cegos, que ensinam doutrinas falsas. Estes falsos mestres, que defendem doutrinas heréticas – e hoje em dia não há falta deles na Igreja – escandalizam as almas a seu cargo, levando-as à heresia e apostasia.
A Irmã Lúcia, no início da década de 1970, chamou-lhes "guias cegos". Não é para admirar que tenha sido silenciada.
Devemos recuperar o sentido da Verdade dogmática. E se acontecer que um padre, Bispo, Cardeal ou mesmo um Papa diga ou faça alguma coisa que ensineexplícita ou implicitamente alguma doutrina herética, devemos repeli-la e resistir-lhe. Devemos defender a nossa alma e, até onde pudermos, as almas dos outros, resistindo às declarações heréticas, venham elas de onde vierem. Nem que seja o Papa a dizer tais coisas.
Muitos Católicos não sabem que houve ocasiões na história da Igreja em que um Papa ensinou uma heresia, ou falhou no seu dever de suprimir uma heresia. E se já aconteceu, pode voltar a acontecer.1
Por exemplo, o Papa Nicolau I disse que o Baptismo era válido, quer fosse ministrado em nome das Três Pessoas da Santíssima Trindade, quer apenas em nome de Cristo. Nisto, o Papa Nicolau I enganou-se. O Baptismo apenas em nome de Cristo não é válido.2
O Papa Honório, para justificar um compromisso com hereges, disse em 634:"Devemos ter cuidado em não atiçar de novo questões antigas." Com este argumento, o Papa permitiu que o erro se espalhasse livremente, com o resultado de que a verdade e a ortodoxia desapareceram de facto. S. Sofrónio de Jerusalém foi praticamente o único a opor-se a Honório e a acusá-lo de heresia. Eventualmente, o Papa arrependeu-se, mas morreu sem reparar o mal incontável que fez à Igreja pelo seu princípio de compromisso. Assim, o Terceiro Concílio de Constantinopla lançou-lhe o anátema, o que foi confirmado pelo Papa S. Leão II. (Ver D.S. 561)
O Papa João XXII disse em Avinhão, na Festividade de Todos os Santos de 1331, que a alma não entrava na Visão Beatífica até à ressurreição do corpo, nos últimos dias. Depois disto, o Papa foi repreendido pelos teólogos da Universidade de Paris. E repreenderam o Papa porque sabiam que esta teoria eram uma heresia. João XXII só retractou o seu erro pouco tempo antes de morrer em 1334.3
A Fé é o mais importante
O Depósito da Fé é o fundamento da nossa salvação. É o fundamento do papado. É o fundamento dos sacramentos. Se o Depósito da Fé não for salvaguardado, não há nada na Igreja que esteja seguro contra um ataque. Esta atitude de importância primordial, de salvaguardar todos e cada um dos dogmas da Fé não é só a minha opinião. É o ensinamento solene da Igreja Católica. Um dos Credos Católicos, em que temos obrigação de crer, começa assim: "Quem quiser ser salvo, precisa, antes de mais, demanter a Fé Católica; se cada um de nós não a conservar inteira e inviolada, sem qualquer dúvida perecerá para a eternidade." (D.S. 75)
Esta obrigação está acima da lei da caridade para com os pobres ou o próximo – está acima de todas as boas obras. A obrigação para com a Fé é mais importante que o respeito ou deferência devida ao Papa, Bispos, padres ou familiares e amigos. S. Paulo disse: "Mas se nós, ou um anjo do Céu, vos pregar um Evangelho que não seja aquele que nós vos pregámos, seja anátema." (Gál. 1:8) Não devemos prestar atenção a um pregador que contradisser a doutrina católica tradicional.
O que nos acontecerá, especialmente neste tempo de Apostasia Geral, se não amarmos a Verdade acima dos outros homens, acima do amor que devemos aos nossos padres e Bispos, acima do amor que devemos até aos Papas? O que acontecerá se não amarmos a Verdade acima da riqueza, da posição social e dos respeitos humanos? Podemos então cair sob esta maldição de Deus: "E em toda a sedução da iniquidade aos que perecem; porque não recebem o amor da verdade, para que possam ser salvos. Portanto, Deus enviar-lhes-á a operação do erro, para que acreditem na mentira: Para que todos os que não acreditaram na verdade, mas antes consentiram na iniquidade, sejam julgados." (2 Thess. 2:10-11)
Esta recuperação da certeza, da importância vital e da necessidade absoluta da verdade dogmática como sendo definida infalivelmente para todo o sempre é crucial, para que as pessoas não se deixem enganar pela apostasia geral que nos rodeia.
Para salvarmos a alma, não basta seguir este ou aquele padre, este ou aquele Cardeal ou Bispo – nem mesmo este ou aquele Papa – por mais geralmente aclamados que sejam, se contradisserem um dogma definido infalivelmente que seja.
Alguns padres e mestres ignorantes dizem: "Não ligamos a definições dogmáticas de tempos antigos; nós seguimos o 'Magistério vivo'." (Não estou a exagerar; ouvi isto com os meus próprios ouvidos. Ao princípio, quase não pude acreditar que estavam a dizer isto – e eram padres que dizem ser fiéis, ferventes e tradicionais.)
Por outras palavras, o que estes "mestres" loucos e ignorantes estão a dizer é:Seguimos o Cardeal Ratzinger, ou um outro qualquer Cardeal do Vaticano, ou até o Papa, seja em que circunstâncias for – mesmo se um deles contradiz explicitamente a definição solene e infalível de um Papa anterior, ou de um Concílio Ecuménico anterior, confirmado infalivelmente por um Papa anterior.4
Estes guias cegos raciocinam assim: Agradamos a Deus porque somos humildes, porque somos obedientes, e foi Deus quem escolheu aqueles homens para nos dirigir como Papa e Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé. Estas pessoas continuam a dizer que quem não se submeter está no erro, e será castigado por Deus por não crer no "Magistério vivo".
Pensar assim é, de facto, "a operação do erro" para "os que perecem" (ver 2 Tess. 2:10-11) que "Deus enviar-lhes-á" porque "não acreditaram na verdade" e "consentiram na iniquidade".
Deus permitiria que uma pessoa fosse enganada assim? Como é que podia ser, perguntam? Em resposta, temos os ensinamentos de S. João Eudes e das Sagradas Escrituras.
S. João Eudes explica que o castigo mais terrível que Deus pode enviar ao Seu povo são os maus sacerdotes (isto inclui obviamente os maus Bispos e os maus Cardeais, e pode mesmo incluir um Papa). Eis as palavras de S. João Eudes:
"A marca mais evidente da cólera de Deus e o castigo mais terrível que Ele pode dar ao mundo manifestam-se quando Ele permite que o Seu povo caia nas mãos de clérigos que são padres mais em nome do que em actos, padres que praticam a crueldade de lobos predadores em vez da caridade e do afecto de pastores dedicados...
"Quando Deus permite tais coisas, é prova muito positiva de que Ele está muito irado com o Seu povo, e está a fazer-lhes conhecer a Sua temível cólera. É por isso que Ele clama sem cessar aos Cristãos, ‘Regressai, filhos revoltados ... e Eu dar-vos-ei pastores segundo a Minha vontade’ (Jer. 3:14,15). Assim, as irregularidades nas vidas dos sacerdotes constituem um flagelo sobre o povo, em consequência do pecado."5
Como está documentado em O derradeiro combate do demónio6 e noutras obras,7 vemos a infiltração de todo o género de pessoas corruptas no sacerdócio. É evidente que Deus está muito irado com o Seu povo, como se vê por todos os maus sacerdotes dentro da Igreja, e muito especialmente pelos escândalos do clero.
Devemos lembrar-nos de que Deus envia-nos castigos e avisos nesta vida, como Santo Afonso aponta, para que demos atenção aos Seus avisos enquanto é tempo, antes que seja tarde demais para nós. Os escândalos do clero são sinais claros de que Deus chegou ao termo dos Seus avisos. Já é tarde; devemos pelo menos acordar, fazendo penitência pelos nossos pecados e rezando com grande fervor para alcanças a graça e misericórdia de Deus nestes tempos, tanto para nós como para todos os que Deus confiou ao nosso cuidado. Mas estes escândalos não se limitam aos padres e Bispos pervertidos e corruptos. Pior ainda é a corrupção da nossa Fé Católica pelos chamados "defensores da Fé". Os que dizem que o "Magistério vivo" tem precedência sobre as definições dogmáticas, infalíveis e imutáveis, estão a enganar almas sem conta e desviá-las para o inferno.
A perversão de padres, Bispos e Cardeais que nos dizedm que não é preciso que os não-crentes se convertam à Fé Católica8 é uma perversão maior do que a pedofilia – por mais horrível que a pedofilia seja. Esta heresia – mesmo que seja promovida por Cardeais do Vaticano, mesmo que tenha o apoio, implícito ou explícito, do Papa – não altera no mínimo a perversidade de tal ensinamento. Quem defender este ensinamento do chamado "Magistério vivo" ou perdeu a Fé, ou esteve toda a vida na ignorância completa do que é a Fé. Mas a sua ignorância não os desculpa necessariamente de pecar gravemente nesta matéria.
A Fé Católica – o Depósito da Fé que nos vem de Jesus Cristo e em que todos os Católicos devem crer para salvarem as suas almas – ensina-nos, entre outras coisas:
1) Deus é o autor da nossa Fé.
2) Devemos crer em Deus, porque o que Ele nos diz é a Verdade.
– Como Deus é omnisciente, não pode enganar-Se nem ter só parte da Verdade;
– Como Ele é a Santidade total, não nos pode mentir. Pode permitir que sejamos enganados porque não amamos a verdade, mas nunca nos pode mentir.
3) Como Deus nos diz a Verdade, e como todos e cada um dos artigos da Fé são verdadeiros, porque foi Deus quem os revelou, segue-se que:
1) O que era verdade em 33 D.C. também é verdade em 2003 D.C.;
2) O que foi definido como verdadeiro pela Igreja
em 325 AD em Niceia
em 1438-45 AD em Florença
em 1545-65 AD em Trento
em 1870 AD no Vaticano I
ainda hoje é verdadeiro.

Isto é, Jesus Cristo é o mesmo, ontem, hoje e para sempre. Portanto, quando o Concílio de Florença define que nem os judeus, nem os hereges, nem os cismáticos entrarão no Reino de Deus a não ser que se arrependam do seu erro antes de morrerem, então é essa a verdade para todo o sempre.

O Padre Gruner no estúdio de FÁTIMA: "Chegou o momento", o único programa de televisão que propaga a Mensagem de Fátima na sua totalidade e os ensinamentos da Igreja Católica.

O que os Santos e os Concílios nos dizem
Mas levanta-se a objecção: E se um Papa diz mais tarde algo de diferente, ou o contrário? Não é também o Papa? Não tem o mesmo poder de um Papa anterior? Então, como podemos errar se seguirmos um Papa mais recente que contradiz um Papa anterior?
Claro que a primeira coisa que devemos fazer é determinar se o Papa mais recente, ou mesmo o Papa actual – disse realmente alguma coisa que contradiz explicitamente os ensinamentos solenes e infalíveis de um Papa anterior. Mas se, de facto, assim aconteceu, então o Papa mais recente está errado. A razão é que o papel do Papa não é inventar novas doutrinas, ou ensinar novas doutrinas, mas manter o Depósito da Fé revelado por Deus, e defender e explicar o Depósito da Fé. O Concílio Vaticano I ensina:
"E os Pontífices Romanos, segundo as exigências dos tempos e circunstâncias, por vezes reunindo concílios ecuménicos ou pedido a opinião da Igreja espalhada portodo o mundo, por vezes através de sínodos particulares, por vezes ainda usando outras ajudas disponibilizadas pela Providência Divina, definiram para ser aceites as coisas que, com a ajuda de Deus, reconheceram estar conformes com as Sagradas Escrituras e as tradições apostólicas. Porque o Espírito Santo não foi prometido aos sucessores de Pedro para que, por Sua revelação, dessem a conhecer novas doutrinas, mas para que, por Sua assistência, mantivessem inviolável e fielmente explicada a revelação ou Depósito da Fé que lhes foi entregue através dos Apóstolos."9 (D.S. 3069-3070)
Portanto, quando um Papa ensina que alguma coisa faz parte do Depósito da Fé, sabemos que essa é realmente a verdade que o próprio Deus revelou.
E como a primeira qualidade da Verdade é que não se pode contradizer a si própria, sabemos, portanto, que não pode vir um Papa mais recente a ensinar uma doutrina nova. Se tal acontecer, a doutrina nova não pode ser verdadeira, porque é contrária ao que Deus ensinou e confirmou pela definição anterior.
Assim, não pode haver um "Magistério vivo" que venha ensinar uma doutrina nova em nome de Deus. Porque Deus é o autor da Verdade, e não da falsidade. E Deus não pode ensinar uma mentira como se fosse a verdade, nem o faria, como não pode ordenar que alguém creia numa mentira. Nem Deus alguma vez autorizaria, ou até fingiria que autorizava alguém a ensinar uma mentira como se fosse a verdade.
Assim, o tal "Magistério vivo" é uma tentativa de roubar a Deus a autoridade docente, e de usurpar o verdadeiro Magisterium.
Ora bem, o autêntico escândalo é que hoje há clérigos em altos cargos, até mesmo no Vaticano, que ensinam heresias e que afirmam falsamente que elas são a verdade, e são o que a Igreja Católica ensina oficialmente, magisterialmente. Mas o que ensinam continua a ser uma heresia. Sabemos isto, porque sabemos pela Fé Católica, de origem divina, que nem um Papa pode alterar o Dogma Católico. Sabemos isto porque temos uma definição solene e infalível do Concílio Vaticano I, a saber:
"Portanto, aceitando fielmente a tradição recebida desde o início da Fé Cristã, para glória de Deus, nosso Salvador, para a exaltação da religião católica e para a salvação do povo cristão, com a aprovação do santo Concílio, ensinamos e definimos que é um dogma divinamente revelado: que o Pontífice Romano, quando fala ex cathedra, isto é, quando, nas atribuições do seu cargo de pastor e mestre de todos os Cristãos, por virtude da sua autoridade apostólica suprema, define uma doutrina referente à Fé ou à moral, para ser aceite pela Igreja universal, está, pela assistência divina que lhe foi prometida pelo Bem-aventurado Pedro, na posse daquela infalibilidade que o Divino Redentor quis que a Sua Igreja tivesse ao definir doutrina sobre a Fé ou a moral; e que, portanto, tais definições do Pontífice Romano são ipso facto irreformáveis, e não pelo consentimento da Igreja. Mas se alguém – o que Deus não permita! – ousar contradizer esta nossa definição, seja anátema."10 (D.S. 3073-3075)
Como as definições dogmáticas são infalíveis – isto é, não podem deixar de enumerar explicitamente qual é a verdade precisa que o próprio Deus está a endossar, a garantir – então estas definições não podem ser alteradas, não podem ser reformadas. São irreformáveis. Não podem ser reformadas por um padre, um Bispo, um Cardeal, um Concílio ou mesmo pelo próprio Papa – ou o Papa actual, ou qualquer Papa futuro. Isto é o que a Igreja ensina. Se uma pessoa não crê nisto, já não é um Católico – foi separado, excomungado, expulso da Igreja pela sua heresia.
Como podemos ver, precisamos de recuperar as definições dogmáticas da Igreja Católica. Precisamos de as recuperar nos nossos espíritos e nos nossos corações e no nosso pensar, falar e agir quotidiano. Precisamos de manter a nossa Fé imutável e inteira. Não podemos deixar que percamos a nossa Fé Católica dogmática, mesmo que padres, Bispos e Cardeais afirmem que o Papa concorda com eles. Mesmo que um Papa contradiga a Fé, devemos manter a atitude que nos foi ensinada pela Igreja Católica de todos os tempos. Devemos seguir o que os Doutores da Igreja ensinaram. Estes Doutores foram elevados a Doutores porque a Igreja nos diz que a sua doutrina é certa; que estamos seguros quando seguimos os seus ensinamentos.
S. Roberto Belarmino, Doutor da Igreja, ensinou no seu trabalho sobre o Pontífice Romano que até o Papa pode ser censurado e resistido se ameaçar que prejudica a Igreja:
"Assim como é lícito resistir ao Pontífice que agride o corpo, é também lícito resistir ao que agride as almas ou que perturba a ordem civil, ou, acima de tudo, que tenta destruir a Igreja. Digo que é lícito resistir-lhe, não fazendo o que ele ordena e impedindo que as suas ordens sejam executadas; não é lícito, porém, julgá-lo, castigá-lo ou depô-lo, porque estes actos competem a um superior."11
Da mesma maneira, o eminente teólogo do Século XVI Francisco Suárez (a quem o Papa Paulo V chamou Doutor Eximius et Pius, isto é, "Doutor Exceptional e Piedoso") ensinou o seguinte:
"E desta segunda maneira o Papa poderia ser cismático, se não quisesse estar em união normal com todo o corpo da Igreja, como ocorreria se tentasse excomungar toda a Igreja, ou, como Cajetan e Torquemada observam, se quisesse derrubar os ritos da Igreja, que se baseiam na Tradição Apostólica. ... Se [o Papa] dá uma ordem contrária aos rectos costumes (moral), não deve ser obedecido; se tentar fazer alguma coisa que seja manifestamente oposta à justiça e ao bem comum, será lícito resistir-lhe; se atacar pela força, pode ser repelido pela força, com uma moderação apropriada a uma justa defesa."12
Pode-se mesmo resistir legitimamente ao Papa, quando este faz actos que prejudiquem a Igreja. Simplesmente, como o Papa S. Félix III declarou: "Não se opor ao erro é aprová-lo; e não defender a verdade é suprimi-la." Os leigos e os clérigos de grau mais baixo não estão isentos desta admoestação. Todos os membros da Igreja estão sujeitos a ela. Temos, pois, o dever de nos pronunciarmos.
S. Tomás disse que se a Fé está em perigo por alguma coisa que um Bispo, ou mesmo um Papa, diz, esse prelado deve ser repreendido publicamente, para se salvaguardar a Fé. Baseando-se nas Sagradas Escrituras (Gálatas 2:11), S. Tomás de Aquino, o maior Doutor da Igreja, diz:
"Deve observar-se, porém, que se a Fé estiver em perigo, um subordinado deve repreender o seu prelado, mesmo publicamente. Por isso, Paulo, que estava sujeito a Pedro, o repreendeu em público, devido ao perigo iminente de escândalo com respeito à Fé, e, como diz a glosa de Agostinho a Gálatas 2:11, 'Pedro deu um exemplo aos superiores, no sentido de que, se alguma vez aconteça que se desviem do recto caminho, não devem desdenhar ser repreendidos pelos seus subordinados.'"13
Devemos conservar o dogma da Fé. Na Grande Apostasia, um número elevado de pessoas desviam-se do seu caminho porque não conservam sacrossanto o dogma da Fé nas suas mentes, corações e almas.
E não nos esqueçamos de ter presentes as palavras de Nosso Senhor Jesus Cristo à Irmã Lúcia de Fátima: "Rezem muito pelo Santo Padre".

Notas:
1. À objecção, "O Papa nunca pode ensinar ou promover uma heresia, porque é infalível", devemos responder: O Papa não é infalível em tudo, mas apenas em certas condições que são estritamente definidas e ensinadas solenemente pela Igreja Católica, em especial no Concílio Vaticano I. Para mais dados sobre este assunto, ver "Mission Infallible", por Jonathan Tuttle, em The Fatima Crusader, Nº 66, p. 23ff. Ver também na Internet em http://www.fatimacrusader.com/cr66/cr66pg23.asp
2. 2. Ver John Henry Newman, Certain Difficulties (Londres, 1876), citado em Michael Davies, Lead Kindly Light: The Life of John Henry Newman (Long Prairie, Minnesota: Neumann Press, 2001), pp. 181-182. Ver também Dz. 229, Dz. 297A, Dz. 430, Dz. 482.
3. 3. Catholic Counter-Reformation, Junho de 1973. Para mais, ver The Popes, a Concise Biographical History, editado por Eric John e publicado em 1964. Reimpresso recentemente por Roman Catholic Books, Harrison, Nova York. Ver também Dz. 530; D.S. 1000.
4. 4. Nota do Editor: Ver o exemplodado pelo Padre Paul Kramer no seu artigo "O Grande Castigo iminente revelado no Terceiro Segredo de Fátima" neste número.
5. 5. S. João Eudes, The Priest: His Dignity and Obligations, (Nova York: P.J. Kennedy & Sons, 1947) pp. 9-10.
6. 6. O derradeiro combate do demónio, editado e compilado pelo Padre Paul Kramer, (The Missionary Association, Terryville, Connecticut, 2002; ed. em português, 2003)) pp. 39, 47-48, 51, 53, 58, 61, 124, e ainda Nota Nº 24 na p. 299. Ver também na Internet em http://www.devilsfinalbattle.com/port/ch5.htm
7. 7. Para documentação sobre a infiltração homossexual da Igreja Católica, ver "Clerical Scandals and the ‘Negligence of the Pastors’" por John Vennari, The Fatima Crusader,Outono de 2002, Nº 71, pg. 15 ff. Ver também na Internet em http://www.fatimacrusader.com/cr71/cr71pg15.asp
8. 8. O Cardeal Walter Kasper, do Vaticano, desafiou o dogma definido de que "fora da Igreja não há salvação", quando disse: "...hoje já não compreendemos o ecumenismo no sentido de um regresso, pelo qual os outros seriam ‘convertidos’ e se tornariam ‘Católicos’. Isto foi expressamente abandonado no Vaticano II." Adisti, 26 de Fevereiro de 2001. Citado da tradução para inglês em "Where Have They Hidden the Body?" por Christopher Ferrara, The Remnant, 30 de Junho de 2001. Ver também O derradeiro combate do demónio, p. 68.
9. 9. Concílio Vaticano I, Primeira Constituição Dogmática sobre a Igreja de Cristo, 18 de Julho de 1870. Do livro Dogmatic Canons and Decrees, (TAN Books and Publishers) p. 254.
10. 10. Concílio Vaticano I, Primeira Constituição Dogmática sobre a Igreja de Cristo, 18 de Julho de 1870. Do livro Dogmatic Canons and Decrees, pp. 256-257.
11. 11. De Romano Pontifice, lib. II, Cap. 29, in Opera omnia, Neapoli/Panormi/Paris: Pedone Lauriel, 1871, vol. I, p. 418.
12. 12. Francisco Suárez, De Fide, Disp. X, Sec. VI, N. 16.
13. 13. S. Tomás de Aquino, Summa Theologica, Pt. II-II, Q33, Art. 4, Ad. 2.
http://www.fatima.org/port/crusader/cr74/cr74pg10.pdf

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