Os Padres do Concílio de Nicéia estavam por algum tempo prontos a
concordar com o pedido de alguns dos Bispos, de usar somente expressões
bíblicas em suas definições. Mas, após várias tentativas, começaram a pensar se
seria possível esclarecer tudo dessa maneira. Atanásio descreve com muita
inteligência e senso de observação como os via acenar com a cabeça, fazendo
sinais um ao outro, quando o Ortodoxo propôs expressões que tinham em mente
para escapar da necessidade de usar palavras novas.
Após uma série de tentativas, chegaram à conclusão que deveria ser
adotado algo mais claro e mais inequívoco se queriam atingir a real unidade da
fé, e, adequadamente, foi
adotada a palavra "homousios". O que
exatamente o Concílio queria definir com essa expressão foi firmado por Santo
Atanásio da seguinte maneira:
"Que o Filho não é somente semelhante ao Pai, mas que, como sua
imagem, é igual ao Pai, que Ele é do Pai, e que a semelhança do Filho com o Pai
e sua imutabilidade são diferentes das nossas, pois em nós elas são algo
adquirido, e surge do nosso cumprimento aos mandamentos divinos. Além disso,
eles queriam definir por aquela expressão que a geração d'Ele é diferente
daquela da natureza humana; que o Filho é não somente igual ao Pai, mas
inseparável da substância do Pai; que Ele e o Pai são um e o mesmo, como o
próprio Filho disse: 'O Verbo está sempre no Pai, e o Pai sempre no Verbo',
como o sol e seu esplendor são inseparáveis".*
A palavra "homousios", embora freqüentemente usada antes do
Concílio, não tinha tido uma história muito feliz. Provavelmente fora rejeitada
pelo Concílio de Antioquia e era suspeita de ter sido criada num sentido
Sabeliano. Ela foi usada pelo herético Paulo de Samósata e isto a tornou
bastante ofensiva para muitas igrejas asiáticas. Por outro lado, a palavra fora
usada quatro vezes por Santo Irineu, e cita-se que o mártir Panfílio tenha
afirmado que Orígenes usou a palavra no sentido verdadeiro adotado pelo
Concílio de Nicéia. Tertuliano também usou a expressão "de uma só
substância" (=unius substantiae) em dois lugares, e parece que mais de
meio século antes do Concílio de Nicéia, ela era comum entre os Ortodoxos.
Vasquez trata desse assunto com algum aprofundamento em suas
Disputações, e destaca como por Epifânio é bem apresentada a distinção entre
"Synousios" e "Homousios", "porque 'synousios'
significa uma tal unidade de substância que não permite distinção; assim, os
Sabelianos aceitariam esta palavra; ao contrário, porém, 'homousios' significa
a mesma natureza e substância, mas com uma distinção de uma pessoa para a
outra". Corretamente, portanto, a Igreja adotou esta palavra como a mais
adequada para refutar a heresia Ariana.
_________________
*N.do T.: Constam nos Evangelhos as passagens:
"Crede em mim: estou no Pai e o Pai em mim" (Jo 14,11); e "Mas,
se as faço, já que não credes em mim, crede nas obras para saberdes e
reconhecerdes que o Pai está em mim e eu no Pai" (Jo 10,38); e diz São
João no prólogo de seu Evangelho: "No princípio era o Verbo e o Verbo
estava com Deus, e o Verbo era Deus. No princípio estava ele com Deus..."
(Jo, 1,1-2).
Fonte: http://agnusdei.50webs.com
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