06/04/2013

A liberdade dos rebanhos na fartura dos pastos

Paulo Oliveira

Encher a barriga com alimentos comprados com o dinheiro do Bolsa-Família, preencher a mente com os livros comprados com o dinheiro do Vale-Cultura, comprar um carro zero devido à redução do IPI e colocá-lo na garagem da casa conquistada pelas facilidades do Minha Casa, Minha Vida: eis a alegria do brasileiro nos dias de hoje! Tais ações, próprias de governos socialistas, fazem com que o homem entregue sua liberdade ao Estado, pois, neste caso, é este que garante sua abastança.
No entanto, segundo o bispo e filósofo Fulton Sheen, “é falso identificar a liberdade com a abastança material, pois tal liberdade é a liberdade dos rebanhos na fartura do pasto. [...] A liberdade não consiste na abundância material dos bens possuídos pelo homem”. (SHEEN, 1956, p. 51). O autor explica que “a
liberdade não procede do estômago cheio, mas dimana do espírito, isto é, do direito de o homem escolher o bem, esteja com o estômago cheio ou vazio [...]. De que serve o conforto material se o homem não gozar da liberdade de dizer que o Estado é onipotente?” (ibid, p. 51-52). Fulton Sheen afirma ainda que basta que os homens entreguem o “domínio das propriedades produtivas a alguns poucos capitalistas ou a alguns ditadores e receberão suas rações de aveia acompanhadas de uma entrada grátis para o teatro, com o único fito de conservá-los calados.” (ibid, p. 51).
Muitas décadas depois da observação do filósofo, a situação é esta: salvo exceções, ou o capital está concentrado na mão de poucos, que prezam pelo individualismo, praticam a injustiça e exploram, de uma forma ou de outra, os trabalhadores; ou está concentrado nas mãos do Estado, que promove certa possibilidade de posse de bens, mas não promove a autonomia do homem, e se mostra como uma ditadura ao comprar o silêncio de seu povo com manobras populistas para que se faça vistas grossas à imoralidade que se instala lentamente na sociedade. Anestesiando suas consciências com a comodidade dos bens materiais, muitos se calam para absurdos como o “matrimônio homossexual”, o aborto, a legalização das drogas e outras coisas. E apesar da manifestação maciça e intensa em Paris, por exemplo, contra a aprovação do “matrimônio homossexual” na França, a Assembleia Nacional daquele país votou a favor deste ato. No Brasil, jovens católicos estão percorrendo algumas capitais brasileiras buscando assinaturas contrárias aos temas citados, mas o debate segue, mesmo tratando-se de questões inegociáveis. Será que o sangue das criancinhas assassinadas ainda no ventre de suas mães, além de um caos total na sociedade e uma completa corrupção dos valores será o preço de nossa inércia, comprada com a abastança promovida pelas facilidades do Estado? 

Um comentário:

  1. Muito bem! A ordem moral, os bens espirituais, têm primazia sobre a ordem econômica. Sem a ordem moral respeitada, os próprios bens econômicos se deterioram.
    Vivemos sob um governo irresponsável que vende ilusões. Os fundamentos da economia brasileira estão sendo destruídos. A dívida pública aumenta assustadoramente (40 ministérios ou mais, já se perdeu a conta!),a inflação galopa, não há produção industrial, dentro de poucos anos estaremos num inferno por culpa do lulodilmismo.

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