10/09/2013

As Sete Portas do Inferno - 2ª Porta: O Furto

Excerto do Livro
O Pequeno Missionário
Pe. Guilherme Vaessen
Livro de 1953



Não erreis, diz o mesmo apóstolo, os ladrões não herdarão o reino de Deus.

O furto consiste em tomar, sem razão legítima, o alheio, às escondidas do dono. A rapina é um furto praticado à força na presença do dono.

A fraude consiste em enganar no comércio, no peso, na medida, na qualidade, no preço, nos contratos. A usura, em cobrar juros excessivos.

É pecado intentar processos injustos, recorrer à chicana para apoderar-se dos bens ou dos direitos dos outros, ficar com um objeto achado quando o dono é conhecido ou pode ser conhecido facilmente, comprar cientemente coisas furtadas, causar qualquer prejuízo ao próximo em seus bens, sua lavoura, seus negócios.

Enfim, pecam contra a justiça todos os que mandam ou aconselham ou às vezes simplesmente consentem que outros causem qualquer prejuízo ao próximo.

Pois este pecado é tão abominável que deveria inspirar horror a todos os cristãos, porque atrai sobre o homem a cólera de Deus e os priva do céu.

O alheio é uma isca com que se engole o anzol pelo qual Satanás pega as almas. No entanto os homens são tão levados para os bens perecedores, que seus herdeiros disputarão e arrancarão depois da morte, que obcecados pela cobiça deixam se arrastar. Há certas pessoas que tributam, por assim dizer, honras divinas ao dinheiro e o apreciam como seu fim último. “Seus deuses são o ouro e a prata”, diz o profeta Daniel.

Verdade é, há pecados mais graves que o furto, mas nenhum torna mais difícil a eterna salvação. A razão disso é que, para alcançar o perdão dos demais pecados, basta ter deles um verdadeiro arrependimento, e confessá-los; mas não assim quando se trata do furto; o arrependimento com a confissão não é suficiente, além disso é preciso restituir. Ora, nada mais raro que a restituição. Eis a visão que teve um certo eremita: viu Lúcifer sentado no seu trono. Era a hora em que os demônios voltavam da terra aonde tinham sido mandados para tentar os homens. A um que chegou muito atrasado, Satanás perguntou qual o motivo do seu grande atraso. Respondeu que tinha trabalhado até àquela hora para impedir a um ladrão que fizesse uma restituição que lhe pesava muito na consciência. Lúcifer mandou castigá-lo, dizendo-lhe que não devia ignorar que o ladrão nunca restitui e que tinha perdido seu tempo.

Em verdade assim é.

Dir-se-ia que o alheio se converte em próprio sangue e a dor de tirar o próprio sangue para dá-lo a outro é coisa dura de se sofrer. Demonstra-o a experiência de todos os dias.

Quantos procuram iludir-se sobre a necessidade da restituição. Alega-se a pobreza... a família... deixa-se aos herdeiros o cuidado de restituir, ou, para tranquilizar a consciência, dá-se alguma esmola aos pobres, mesmo quando se conhece a quem se deve. No entanto, Santo Agostinho disse: “ou restituição ou condenação”.
Consideremos com S. Gregório que as riquezas que temos amontoado por meios injustos nos abandonarão um dia, mas que os crimes cometidos nunca nos abandonarão. Lembremo-nos que é uma extrema loucura deixar após si bens de que não teremos sido donos senão uns instantes e de carregar conosco injustiças que nos atormentarão eternamente.

Não tenhamos a insensatez de transmitir aos nossos herdeiros o fruto do nosso pecado para nos carregar de toda a pena que lhe é devida e não nos exponhamos à horrorosa desgraça de arder eternamente na outra vida por termos educado e enriquecido filhos talvez ingratos. Lembremo-nos principalmente da palavra de Jesus Cristo: “Que serve ao homem lucrar o mundo inteiro, se depois perder sua alma?”




2 comentários:

  1. Meu irmão , mais um ótimo artigo que vc coloca aqui .
    Muito bem explicado e de muita transparência .
    Deus sempre o abençoe .

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Salve Maria!
      Muito Obrigado.

      Festa de Santo Antônio de Pádua.

      Excluir

Antes de postar seu comentário sobre a postagem leia: Todo comentário é moderado e deverá ter o nome do comentador. Caso não tenha a identificação do autor (anônimo) ou sua origem via link não seja identificada e mesmo que não tenha o nome do emitente no corpo do texto, bem como qualquer tipo de identificação, poderá ser publicado se julgarmos pertinente ou interessante ao assunto, como também poderá não ser publicado, mesmo com as devidas identificações do autor se julgarmos o assunto impertinente ou irrelevante. Todo e qualquer comentário só será publicado se não ferir nenhuma das diretrizes do blog, o qual reservamos o direito de publicar ou não, bem como de excluí-los futuramente. Comentários ofensivos contra a Santa Madre Igreja não serão aceitos; de hereges, de pessoas que se dizem ateus, infiéis, de comunistas só serão aceitos se estiverem buscando a conversão e a fuga do erro. De indivíduos que defendem doutrinas contra a Verdade revelada, contra a moral católica, de apoio a grupos ou ideias que, contrários aos ensinamentos da Igreja, ao catecismo do Concílio de Trento, ferem, denigrem, agridem, cometem sacrilégios a Deus Pai, Deus Filho, Deus Espírito Santo, a Mãe de Deus, seus Anjos, Santos, ao Papa, ao clero, as instituições católicas, a Tradição da Igreja, também não serão aceitos. Apoio a indivíduos contrários a tudo isso, incluindo ao clero modernista, só será publicado se tiver uma coerência e não for qualificado como ofensivo, propagador do modernismo, do sedevacantismo, do protestantismo, das ideologias socialistas, comunistas e modernistas, da maçonaria e do maçonismo, bem como qualquer outro tópico julgado impróprio, inoportuno, imoral, etc. Alguns comentários podem ser respondidos via e-mail, postagem de resposta no blog, resposta no próprio comentário ou simplesmente não respondido. Reservo o direito de publicar, não publicar e excluir os comentários que julgar pertinente. Para mensagens particulares, dúvidas, sugestões, inclusive de publicações, elogios e reclamações, pode ser usado o quadro CONTATO no corpo superior do blog versão web. Obrigado! Adm do blog.