30/12/2013

FÉ E RAZÃO



Alberto Carlos Rosa Ferreira das Neves Cabral
É por todos conhecido como, fundamentalmente desde os enciclopedistas do século XVIII, os inimigos da Santa Madre Igreja pertinazmente a acusaram de ser contrária à razão, de propugnar teses filosóficas contrárias à razão. Ora contrárias à razão são as teses dos inimigos da Santa Madre Igreja.
Efectivamente os princípios racionais pelos quais nos regemos, quer queiramos quer não, promanam directamente de Deus, foram criados por Deus, e reflectem e exprimem finita e contingentemente, NA ORDEM NATURAL, as perfeições infinitas de Deus.
A criação é profundamente harmónica, quer dizer, em termos filosóficos, análoga; existe uma correspondência fecunda entre o mundo físico e o mundo espiritual e intelectivo. Nada foi criado ao acaso. Tudo foi hierarquizado. É essa analogia que confere beleza ao mundo; a beleza é o diálogo e a exigência mútua de todos os Transcendentais reunidos: UNIDADE, VERDADE, BONDADE. Sendo os atributos do espírito humano essencialmente análogos a toda a criação, possuem assim UMA LUZ NATURAL, que lhes permite ultrapassarem a fenomenalidade sensível da realidade e ascender assim à captação da inteligibilidade dos entes enquanto exercem o acto de ser (ontologia) e do próprio ser enquanto ser (Metafísica). Santo Tomás de Aquino considerava que essa luz natural, considerada como hábito natural dos primeiros princípios do ser, enquanto tal, por definição, nunca se pode enganar. O engano (intelectual) provém das limitações próprias da natureza humana, que é finita, e muito inferior à do anjo, e neste aspecto é mais ignorância do que engano; das consequências do pecado original; do ruído ontológico do mundo, infectado pelo pecado; podendo provir ainda de malformações psico-fisiológicas. Já o engano moral formal provém totalmente do facto de exercermos o nosso acto racional de ser à revelia d’Aquele que nos deu o ser.
Constitui pois a razão humana um reflexo natural da razão Divina.
A Constituição “Dei Filius”do Concílio Vaticano I declarou dogmaticamente, baseada na Sagrada Escritura e na Sagrada Tradição, que o homem pode, pelo lume das suas próprias forças Naturais, provar a existência de Deus.
É preciso notar que o Sagrado Concílio não declarou que todos os homens (Após o pecado original) fossem moralmente capazes dessa prova, mas apenas que a razão humana, em abstracto, podia efectivamente, fisicamente e de direito proceder a tal prova. Na realidade o Sagrado Concílio alicerçava precisamente aqui A CONVENIÊNCIA MORAL DA REVELAÇÃO, BEM COMO A SUA NECESSIDADE ESTRITA NO CASO DE ELEVAÇÃO GRATUITA À ORDEM SOBRENATURAL.
Efectivamente o pecado original debilitou as forças naturais e com elas a inteligência e a vontade. Muitos homens são completamente incapazes (por fraqueza moral) de alcançar Deus – mas alcançam-n’O sobrenaturalmente. Quer dizer que a Santa Madre Igreja constitui, ou devia constituir, para muitos O MAIOR MOTIVO DE CREDIBILIDADE, E DE CREDENDIDADE. Pois que através da Santa Madre Igreja somos arrebatados ao conhecimento da intervenção positiva de Deus Nosso Senhor na História, revelando-Se e revelando. Somos assim, com o auxílio da Graça, facultados para o acto de Fé, Teologal, Sobrenatural. Os “Preambula Fidei”  (Ordem natural) operam-se “cum voluntate e ex ratione” o acto de Fé (Ordem Sobrenatural) opera-se “ex voluntate e cum ratione”.
Desgraçadamente, todos estes ensinamentos, Teológicos e Filosóficos se encontram hoje totalmente subvertidos. É necessário sublinhar que a Santa Madre Igreja tem poder E AUTORIDADE INFALÍVEL igualmente no que concerne ao Magistério filosófico. QUEM PODE O SOBRENATURAL, PODE O NATURAL EM ORDEM AO SOBRENATURAL.
Hodiernamente, aquilo que nos é apresentado, pela ex-Igreja Católica, como Doutrina de Fé, constituem apenas OPINIÕES HUMANAS, as quais destroem não apenas a ordem sobrenatural, mas também toda a ordem natural rectamente constituída. São autênticos contos de fadas que arrastam as almas para o inferno e ofendem a Deus Nosso Senhor como Ele jamais foi ofendido em toda a História Universal.
Os “ateólogos” (teólogos da morte de Deus) afirmam que hoje a Igreja acolhe doutrinas marxistas ou outras da mesma forma que São Tomás de Aquino acolheu (MATERIALMENTE, NÃO FORMALMENTE) outrora doutrinas do filósofo Aristóteles – ora isso constitui um monstruoso vício de raciocínio, na exacta medida em que Aristóteles e outros viveram antes de Nosso Senhor Jesus Cristo e sem Nosso Senhor Jesus Cristo, e Marx e outros viveram depois de Nosso Senhor Jesus Cristo e CONTRA NOSSO SENHOR JESUS CRISTO. Afirmam igualmente, fundamentando-se perversamente em São Clemente Alexandrino e São Justino, que a Igreja actual, abraçando as outras ditas religiões, mais não faz do que recolher as sementes do Verbo onde quer que elas se encontrem. Ora isto constitui mais um sofisma: As sementes do Verbo somente podem identificar os supra-referidos elementos da luz natural do intelecto, reflexo criado da razão Divina, concebida aqui na ordem natural, num espírito naturalmente apto para conhecer; NÃO PODEM IDENTIFICAR ELEMENTOS RELIGIOSOS FALSOS, QUE DE SI CONSTITUEM UM OBSTÁCULO POSITIVO À FÉ TEOLOGAL, SOBRENATURAL, A QUAL CONSTITUI UMA PARTICIPAÇÃO, ACIDENTAL MAS REAL, NO PRÓPRIO CONHECIMENTO DIVINO.
Verificamos assim que a ordem natural da razão filosófica e a ordem sobrenatural revelada, PERMANECENDO CADA UMA NA SUA ESFERA PRÓPRIA, outorgam entre si mútuo auxílio: a razão filosófica orientada EXTRINSECAMENTE pela Fé Teologal processa o dado revelado facultando-lhe uma maior EVIDÊNCIA EXTRÍNSECA. Por outro lado a Fé Teologal Sobrenatural ilumina extrinsecamente a inteligência natural, derramando-lhe uma maior capacidade filosófica ao serviço dessa mesma Fé. A Fé Católica só pode enriquecer-se e aprofundar-se homogeneamente, segundo sempre o mesmo pensamento, a mesma doutrina, e a mesma expressão. Não pode admitir elementos espúrios, heteróclitos, estranhos ao seu princípio fundamental, o qual como já dissemos, constitui uma participação sobrenatural na vida íntima da Santíssima Trindade. Ao facultar à Fé uma compreensão e uma racionalidade extrínseca, a filosofia não intensifica por si mesma o hábito e o acto de Fé; pode todavia operá-lo indirectamente, com o auxílio da Graça Divina e dos Dons do Espírito Santo, ministrando aos motivos de credibilidade e CREDENDIDADE, uma mais profunda analogia, uma maior luz, e uma hierarquização mais qualificada.
Será sempre à luz da Fé e dos princípios da sã filosofia que teremos de analisar as misérias intelectuais e morais da Igreja conciliar. ELES ENGANAM-NOS!!! Não possuem Fé, nem sã filosofia, pois não esqueçamos: DESTRUÍDO O SOBRENATURAL NÃO FICA O NATURAL, MAS SIM O ANTI-NATURAL.
Lisboa, 10 de Março de 2013


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