São Jerônimo diz que a ira é a
porta pela qual todos os vícios entram na alma. “Omnium
vi-tiorum janua est iracundia”. A ira precipita os homens em
ressentimentos, blasfêmias, atos de injustiça, detrações, escândalos e
outras iniquidades, pois a paixão da ira escurece o entendimento e
faz o homem agir como uma besta e um louco. “Caligavit
ab indignatione oculus meus” – Jó 17:7.
Meu olho perdeu a visão, por causa da indignação. Davi disse: “Meu olho está atribulado pela ira.” - Salmo 30:10. Por isso, segundo São Boaventura, um homem irritado é incapaz de distinguir entre o que é justo e injusto. “Iratus non potest videre quod justum est, vel injustum“. Em uma palavra, São Jerônimo diz que a ira priva o homem da prudência, da razão e do entendimento. “Ab omni consilio deturpat, ut donee irascitur, insanire credatur“. Assim, São Tiago diz: “Porque a ira do homem não produz a justiça de Deus.” - Tiago 1:20. Os atos de um homem sob a influência da ira não podem estar de acordo com a justiça divina e, consequentemente, não podem ser irrepreensíveis.
Meu olho perdeu a visão, por causa da indignação. Davi disse: “Meu olho está atribulado pela ira.” - Salmo 30:10. Por isso, segundo São Boaventura, um homem irritado é incapaz de distinguir entre o que é justo e injusto. “Iratus non potest videre quod justum est, vel injustum“. Em uma palavra, São Jerônimo diz que a ira priva o homem da prudência, da razão e do entendimento. “Ab omni consilio deturpat, ut donee irascitur, insanire credatur“. Assim, São Tiago diz: “Porque a ira do homem não produz a justiça de Deus.” - Tiago 1:20. Os atos de um homem sob a influência da ira não podem estar de acordo com a justiça divina e, consequentemente, não podem ser irrepreensíveis.
Um homem que não refreia o
impulso da ira cai facilmente em ódio contra a pessoa que
tenha sido ocasião de sua paixão. Segundo Santo Agostinho, o ódio nada
mais é que uma raivaperseverante. “Odium
est ira diuturno tempore perseverans“. Por isso, Santo Tomás diz que “a ira é súbita, mas o ódio é duradouro“.
Parece, então, que naquele em quem persevera a ira, o
ódio também reina. Mas alguns dirão: Eu sou o chefe da casa, devo corrigir os
meus filhos e servos, e, quando necessário, tenho que levantar a voz contra os
distúrbios que testemunho. Digo como resposta: Uma coisa é ter ira contra
um irmão, outra coisa é ficar descontente com os pecados de um irmão. Ter
ira contra o pecado não é ira, mas Zelo e, portanto,
não somente é permitido, mas às vezes é um dever.
Mas a nossa ira deve ser
acompanhada pela Prudência, e deve ser dirigida contra o pecado, não
contra o pecador, pois se a pessoa que estamos corrigindo
perceber que falamos por meio da paixão e do
ódio contra ele, a correção será inútil e até mesmo perversa.
Portanto, ter ira contra o pecado de um irmão é certamente legítimo.
Santo Agostinho diz: “Não está
irado contra um irmão, aquele que está irado contra o pecado
de um irmão”. Assim, como disse Davi, podemos estar irados sem
pecar. “Irai-vos e não queirais
pecar.” - Salmo 4:5. Mas, estar irado contra um irmão por
causa do pecado que ele cometeu não é permitido, porque, de acordo com
Santo Agostinho, não estamos autorizados a odiar os outros por causa de
seus vícios. “Nec propter vitia (licet)
homines odisse“.
O ódio traz consigo um desejo
de vingança, pois, segundo Santo Tomás, a ira, quando totalmente
voluntária, é acompanhada por um desejo de vingança. “Ira
est appetitus vindictoe”. Mas talvez você diga: Se eu me
ressinto de tal injúria, Deus terá piedade de mim,
porque eu tenho motivos justos de ressentimento. Quem, pergunto eu, lhe
disse que você tem motivos justos para buscar vingança? É
você, cujo entendimento está obscurecido pelas paixões,
quem diz isso. Já disse que a raiva obscurece a mente e tira a razão e o
entendimento.
Enquanto durar a paixão da ira,
você considerará a conduta de seu próximo como muito injusta e intolerável,
mas, quando a sua ira tiver passado, você verá que o ato dele não
foi tão ruim como pareceu antes. Mas, apesar de a injúria ser
grave, ou mesmo muito grave, Deus não terá compaixão de você, se
você procurar vingança. Não, Ele diz: A
vingança pelos pecados não pertence a você, mas a Mim, e quando chegar o tempo,
vou castigá-los como eles merecem. “A Mim pertence a vingança e eu lhes darei a
paga a seu tempo.” – Deuteronômio 32:35.
Se você se ressente de
uma injúria feita pelo próximo, Deus justamente infligirá
vingança sobre você por todas as injúrias que você tiver
feito a ele, e em particular por se vingar de um irmão, a quem Ele ordena
que se perdoe. “Aquele que quer
vingar-se encontrará a vingança do Senhor…. Um homem conserva a sua
ira contra outro homem, e pede a Deus remédio?…. Aquele que, sendo apenas
carne, conserva rancor e pede propiciação a Deus?, quem lhe
alcançará perdão por seus pecados?” - Eclesiástico
28:1,3,5. O homem, um verme feito de carne, conserva
rancor e se vinga de um irmão, e depois se atreve a pedir misericórdia de
Deus? E quem, acrescenta o Sagrado Escri-or, pode obter o perdão para as culpas
de tão ousado pecador? Diz Santo Agostinho: “Qua
fronte indulgentiam peccatorem obtinere poterit, qui pr aecipienti
dare veniam non acquiescit“. Como aquele que não obedece à ordem de
Deus de perdoar o seu próximo pode esperar obter de Deus o perdão dos seus
próprios pecados?
Imploremos ao Senhor que
nos preserve de ceder a qualquer paixão forte e particularmente à ira. “Não
me entregueis a uma alma sem vergonha e sem recato.” – Eclesiástico 23:6.
Porque aquele que se submete a tal paixão está exposto ao
grande perigo de cair em um pecado grave contra Deus ou
contra o próximo. Quantos, em consequência da não
conterem a ira, cometeram blasfêmias horríveis contra
Deus ou seus santos. Mas, ao mesmo tempo em que estamos em uma onda de
indignação, Deus está armado com flagelos. O Senhor disse um dia ao profeta
Jeremias: “Que vês tu, Jeremias?
Eu respondi: Vejo
uma vara vigilante.” - Jeremias 1:11. Senhor, vejo
uma vara vigilante a infligir punição. O Senhor lhe perguntou de novo: “Que vês tu? Respondi: Vejo
uma panela a ferver.” - Jeremias 1:13. A panela a ferver
é a figura de um homem inflamado de ira e ameaçado com uma vara, ou seja,
com a vingança de Deus. Percebam, então, a ruína que a ira
desenfreada traz ao homem. Primeiro, ela o priva da graça de Deus, e
depois da vida corporal. “A inveja e a ira
abreviam os dias.” – Eclesiástico 30:26. Jó diz: “Verdadeiramente,
a ira mata o insensato e a inveja mata o pequeno.” – Jó 5:2. Em todos
os dias da sua vida, pessoas viciadas em irar-se são infelizes,
porque estão sempre em uma tempestade. Mas passemos ao segundo ponto, no
qual eu tenho muitas coisas a dizer que irão ajudá-lo a superar este vício.
Sobre
o Vício da Ira – Santo Afonso
Retirado e traduzido de
catholicapologetics.info para fsspx.com.br
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