09/03/2015

Endemia, sistematização e institucionalização da corrupção

A corrupção generalizada é de fato um mal que assola o Brasil há décadas, não sendo exclusividade de um partido ou de um grupo. Contudo, é o cúmulo da sordidez utilizar a corrupção endêmica e generalizada como artifício para desviar a culpa de grupos e partidos que verdadeiramente tem culpa. O fato de o PT não ser exclusivamente culpado não significa que não tenha nenhuma culpa. O fato de não serem autores ou causadores da corrupção endêmica, sistemática e institucionalizada no Brasil, não significa que não tenha que ser punido ou investigado por seu roubo endêmico, sistemático e institucionalizado. Acusam FHC, PSDB, ditadura militar e multinacionais, mas não se admite a culpa do PT e seus líderes; ao contrário, estes fazem ato em defesa da Petrobrás, afirmam que há uma luta para incriminar o PT e ameaçam guerra, como se o partido fosse um poço de inocência.


O fato torna-se agravante porque o PT se intitulava o partido da ética no começo da década de 1990; ainda porque a liderança do PT na Câmara dos Deputados em 2002 elaborou o documento "O Brasil não esquecerá - 45 escândalos que marcaram o governo FHC/PSDB". Porém, repetiram ampliadamente no mínimo a metade dos erros de que acusam outros corruptos, levando a cabo o velho preceito de Lenin “xingue-os do que você é, acuse-os do que você faz”.

A política no Brasil é realmente um poço de lama. Obviamente, a corrupção institucionalizada tem origem anterior à ditadura militar e não é causada por multinacionais que entraram no Brasil na época. Quais multinacionais estão envolvidas em escândalos? A Hyundai? A BP? A Honda? A Ford? A Mercedes-Benz? Ao contrário, tais empresas e muitas outras geram emprego e renda para o povo, além de impostos para os governos; desenvolvem tecnologia e participam diretamente do avanço sócio-econômico do Brasil nos últimos anos. Não resta dúvida de que muitas pagam baixos salários a seus funcionários, sonegam impostos, formam cartéis e cometem outras irregularidades. Então que se identifique os culpados e os punam, mas colocar neles a culpa pela corrupção endêmica da política no Brasil?

Antes disso, é necessário compreender o que está implícito na afirmação de que a origem da institucionalização da corrupção no Brasil é de multinacionais que entraram no país durante o governo militar, a saber: fazer recair a culpa dos problemas atuais na ditadura militar, sendo todo o resto conseqüência daquele período. Seríamos tão inocentes a ponto de acreditar que antes do regime militar não havia corrupção na política brasileira? Agora se torna oportuno esquecer todas as mazelas da República Velha? Ademais, o início da abertura do Brasil ao capital estrangeiro foi no governo de Juscelino Kubsticheck de Oliveira, quase uma década antes do início do período militar.

Por fim, utilizam a reforma política como um prato cheio para desviar a atenção do Petrolão, sob argumentos de que o problema da corrupção no Brasil não é culpa do PT e sim do sistema eleitoral. Para começar, o roubo bilionário na Petrobrás não foi realizado para financiar eleições, e sim para financiar apoio de parlamentares para o governo federal. Ademais, não só no caso da Petrobrás, mas na maioria dos casos de corrupção envolvendo a prestação de serviços públicos realizado por empresas sob concessão do governo, não há multinacionais extorquindo os governos, mas empresas ligadas a políticos (ou empresas de fachada) que existem em função de superfaturar obras e serviços para fortalecer os caixas de partidos ou enriquecer políticos.

É necessário esclarecer ainda que desde o período imperial as eleições no Brasil são fraudadas (lembrando que neste período havia eleições para deputados). O fim da monarquia, as ditaduras, a redemocratização e as diversas constituições, especialmente a “constituição cidadã” de 1988 não conseguiram resolver o problema. O que faz a classe falante e os políticos brasileiros pensarem que esta reforma política resolverá? O financiamento público de campanhas não as tornaria mais baratas, ao contrário, tornaria os produtos e serviços realizados no Brasil ainda mais onerosos, visto que neles incidiriam impostos a fim de financiar as campanhas. Além disso, o que impediria os partidos de fazer caixa 2? A lei? A moral? A Justiça? O medo da punição?

Fica evidente, portanto, que o Brasil carece sim de uma reforma, mas esta é intelectual e moral antes de ser política e eleitoral, visto que são mentes sadias e espíritos retos que agigantam o destino de uma nação; a corrupção é endêmica e sistemática e não foi institucionalizada pelo PT ou PSDB, mas nas últimas décadas, os governos destes partidos roubaram endêmica e sistematicamente o Brasil, o que não coloca em pé de igualdade escândalos do Mensalão e do Petrolão com escândalos anteriores, pois aqueles estão entre os piores casos de corrupção no país. Triste é saber que as pessoas envolvidas em tais casos seguirão impunes, a corrupção continuará um problema endêmico, sistemático e institucionalizado e que a reforma política e eleitoral suplantará a restauração intelectual e moral do povo brasileiro.

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