24/07/2015

Santo Estevão, a monarquia apostólica da Hungria e o Reinado de Nossa Senhora


Santo Estevão Confessor (967-1038), rei e apóstolo da Hungria.

A oração da post-comunio na missa diz que o zelo do rei em “propagar e fortalecer a fé do país lhe valeu a realeza celeste”.

Ele instituiu Nossa Senhora como padroeira da Hungria.


Faleceu em 1038, no dia da Grande Senhora, denominação, em virtude de um edito do santo rei, que os Húngaros dão a Nossa Senhora.

Foi pai de Santo Américo (1007-1031), príncipe modelo de pureza habitualmente representado portando couraça e um lírio na mão. Os dois santos ‒ pai e filho ‒ foram canonizados pelo Papa São Gregório VII em 1083.

Santo Estevão foi o fundador da civilização cristã na Hungria e apóstolo do seu povo. Como guerreiro enfrentou os adversários da fé de espada na mão.

Como instituidor da monarquia apostólica da Hungria é aludido na oração: “Seu zelo em propagar e fortalecer a fé do país lhe valeu a realeza celeste”.

Inúmeros santos tiveram zelo, uns como oradores, outros como missionários, apóstolos da caridade, etc.

Santo Estevão teve zelo de um modo especial também. Qual?

Ele foi um rei e senhor natural do povo. Foi escolhido por Deus para levar esse povo para Nosso Senhor Jesus Cristo. Essa é uma obra própria da autoridade temporal, que deve apoiar o esforço da Igreja para levar as almas para Deus.


Ele realizou essa tarefa própria do governo temporal de um modo exímio, porque para Deus ele levou a sua nação inteira.

Ele pertence à classe de reis que convertem e fundam civilizações e que representam um capítulo especial nas vidas dos santos.

Pelo fato de ter usado a realeza para converter seu povo, ele recebeu do Papa Silvestre II o título de Rei Apostólico, que depois todos os reis da Hungria usaram, até o último.

O título da realeza apostólica importa acentuar. A monarquia húngara já preexistia à sua conversão. Mas, ele operando a conversão do povo húngaro, por assim dizer, fundou de novo o povo magiar.

Pode-se dizer também, que ele refundou a própria monarquia porque ela nasceu para uma nova vida no próprio ato de conversão.

O rei foi constituído em rei apostólico, por causa desse ato de apostolado. E enquanto rei apostólico ganhou a missão de continuar naquelas paragens a obra da expansão da Igreja, da defesa contra os turcos, em todas as circunstâncias e todas as necessidades que a Igreja naquela parte central da Europa.

O caráter de rei apostólico conferiu à dinastia uma vocação especial. E com esta vocação especial uma graça especial. E com esta graça especial uma aliança de Deus com a família real.

Essa aliança sustentou a missão da família enquanto as infidelidades não fossem tais que Deus fizesse com esta família o que fez com Saul. Quer dizer, toca para fora, e pega um outro.

Ficou então na monarquia húngara algo de sagrado, como que um carisma, como que uma graça sobrenatural que a cerca, e que enche de respeito os povos.

A força desse carisma se nota muito na fidelidade dos húngaros à realeza e no prestígio da coroa usada por Santo Estevão.

Os húngaros cultuam essa coroa como uma verdadeira relíquia. Quando vieram os comunistas, essa coroa ficou escondida. Os comunistas queriam ter a coroa, porque para os húngaros a detenção da coroa equivale, até certo ponto, à própria detenção do poder.

Por que esse prestígio e esse respeito a essa coroa? É algo de carismático que cerca a coroa e que cerca a dinastia, que se continua e que é exatamente o fruto dessa aliança.

É uma infusão de graças na instituição ligada à infusão de graças na família. E que determina então a respeitabilidade sagrada de uma determinada ordem de coisas.

O que pedir a santo Estevão? Pedir-lhe, em última análise, o Reino de Maria. Porque o que ele fez foi um Reino de Maria na Hungria. Ele consagrou a Hungria à Grande Senhora.

É a restauração do Reino de Maria por toda parte que nós devemos querer. O Reino de Maria na ordem espiritual, e o Reino de Maria na ordem temporal.

Pedir mais do que isto: que a Providência nos dê uma multidão de Estevãos que, de fato, promovam o Reino de Maria.

Plinio Corrêa de Oliveira, palestra em 2.9.1964, sem revisão do autor.

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