16/07/2016

Dominus flevit super Galliam


"Não obstante todos esses avisos, todos esses presságios de que coisas ainda piores  estavam por vir, a humanidade continuou impenitente e surda, desafiando o seu Criador, desprezando a graça divina, tripudiando sobre os ensinamentos religiosos de que se tinha abeberado em seu berço."


Pe. João Batista de A. Prado Ferraz Costa
A data não podia ser mais significativa: o fatídico 14 de julho, data comemorada só pelos inimigos de Deus e da Igreja, ou pelos idiotas úteis que ainda não compreenderam a perversidade da Revolução Francesa, marco inicial do direito político moderno, da farsa da democracia, da rebelião da soberania popular contra a autoridade legítima que governa conforme a Lei de Deus e não conforme os caprichos dos demagogos revolucionários.
14 de julho de 1789 não foi apenas um presságio das calamidades que se precipitariam; foi também uma advertência, para que os franceses (e todos os povos que viam na França a filha primogênita da Igreja e a imitavam) voltassem a trilhar o bom caminho da tradição, os ensinamentos da Igreja e dos Santos e combatessem e condenassem com firmeza os erros e heresias dos filósofos modernos e dos ideólogos do Iluminismo.
Infelizmente, a advertência não foi ouvida. Os anos passaram-se, sucederam-se os séculos. A mão poderosa de Deus feriu a humanidade por causa dos seus pecados e crimes: sobreveio a Revolução Comunista de 1917. Os erros da Rússia espalharam-se pelo mundo afora. Milhões de mortos inocentes. Sobreveio o nazifascismo. Regiões imensas do mundo gemem sob um regime totalitário que, em nome dos princípios revolucionários modernos, em nome da Liberdade, da Igualdade, da Fraternidade, declara guerra ao homem criado por Deus e tenta construir um novo homem, um homem sem Deu, um homem inimigo de Deus, um homem que quer ser um deus.
Em fins do século XX, a humanidade, embrutecida pelo materialismo, dopada pelas drogas e pela pornografia, a humanidade corrompida pela revolução cultural da Escola de Frankfurt que se difunde a partir da grande potência norte-americana, comemora a queda do Muro de Berlim, achando que a partir de então viveria no paraíso de uma democracia universal, onde os homens viveriam como bem entendessem, cada um com seus próprios valores, sem nenhuma preocupação em saber se há uma verdade objetiva, uma lei moral de ordem superior.
E pior ainda: depois da queda do Muro de Berlim, principalmente sob o influxo das diretrizes de Bruxelas, foi ficando patente que as lideranças da Nova Ordem Mundial, por meio de um multiculturalismo e de um falso ecumenismo (por desgraça, promovido pelo próprio Vaticano), estavam empenhadas em sepultar a antiga civilização cristã, apagar qualquer instituição, sobretudo a família monogâmica fundada por um homem e uma mulher, que lembrasse os antigos princípios da Santa Igreja, que tinham sido o fundamento da Velha Europa e das outras nações por ela geradas na América e noutros continentes.
No limiar do século XXI a humanidade recebe outro aviso doloroso vindo do céu: o atentado terrorista de 11 de Setembro de 2001 e, logo depois, uma grande crise financeira castiga inúmeros países, gerando desemprego, afligindo os chefes de família, frustando os mais jovens.
Não obstante todos esses avisos, todos esses presságios de que coisas ainda piores  estavam por vir, a humanidade continuou impenitente e surda, desafiando o seu Criador, desprezando a graça divina, tripudiando sobre os ensinamentos religiosos de que se tinha abeberado em seu berço. E cheia de orgulho pareceu dizer que nada a abalava e que tudo voltaria ao normal porque desde que o mundo é mundo não há nada de novo debaixo do sol, mas apenas alarmismo de falsos profetas de catástrofes.
E hoje, depois de Charlie Hebdo, depois do atentado do cabaré Bataclam, depois deste espantoso presságio de 14 de julho de 2016, parece que as lideranças mundiais da Democracia Satânica Universal, que declarou gerra à religião e a tudo que é sagrado e santo, gritam: nós amamos o caos, nós queremos o caos em escala mundial, nós odiamos a ordem, a hierarquia, a verdade, a lei divina; nós continuaremos pelo mesmo caminho do relativismo, do multiculturalismo; e mais: vamos perseguir e eliminar quem ousar defender um retorno à ordem tradicional. Nós vamos declarar guerra ao Reino Unido que ousou afastar-se de nós. Nós queremos que a desolação da Síria, passando pela Turquia, a antiga Porta, chegue ao coração da Europa.
Jonatham Cahn, em O Presságio – o antigo mistério que guarda o segredo do futuro do mundo, exagerando muito, diz que os EUA são o novo Israel, o povo eleito e abençoado por Deus no mundo moderno, o qual povo prospera e é feliz na medida em que é fiel à Lei de Deus e é castigado quando dela se afasta. Apesar do seu exagero, apesar de ser um absurdo dizer que os EUA são o novo Israel de Deus (o novo Israel é a Santa Igreja), tem um grande valor pedagógico o quadro traçado por Cham, mostrando como as grandes calamidades sofridas pelos EUA nos últimos anos foram realmente uma consequência da repugnante decadência de costumes de grande parcela da população norte-americana.
Se se pode dizer em sentido impróprio que alguma nação é o novo Israel de Deus é a França enquanto filha primogênita da Igreja, a França dos Cruzados, a França dos grandes Santos, a França de Mons. Lefèbvre, o santo bispo que combateu o modernismo e, por ter denunciado com intrepidez a islamização da sua pátria, foi por seus pérfidos governantes maçônicos, condenado como racista e incitador do ódio.
É por tudo isso e por muito mais que se poderia dizer é que, lembrando-me do Evangelho  do IX domingo depois de Pentecostes, o adapto à França: Dominus flevit super Galliam. Não ficará pedra sobre pedra. Não conheceste o tempo da tua visitação. Tu condenaste os profetas que te enviei: um São Luis Maria Grignon de Montfort, uma Santa Margarida Alacoque, um Mons. Lefèbvre.
Anápolis, 15 de julho de 2016.
Festa de Santo Henrique Imperador


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