18/12/2016

Nas vésperas do cisma?


Hoje, graças a Francisco, essa tolerância à ambiguidade, tão generalizada nos católicos mais fiéis, mas que resistem sempre em ser considerados “tradicionalistas” e assumir esse custo, encabeçam uma resistência crítica muito chamativa e crescente


Se revive a situação de Mons. Lefebvre e Mons. de Castro Mayer
É possível que em breve ocorra um cisma na Igreja. Mas os acusados de cismáticos, como tem ocorrido antes, não serão quem o provoque mas quem o enfrente.
É muito difícil dizer algo sobre a atual situação da Igreja, salvo que é terrivelmente confusa. Uma confusão nascida há pouco mais de 50 anos à vida pública por meio de documentos que em essência incubavam o mesmo problema que agora tem estalado em função da Exortação Amoris Laetitia. Isto é, uns textos que longe de aclarar pontos obscuros, ou reafirmar verdades sabidas, criaram escuridão sobre o que se tinha por claro e definitivo.
Durante muitos anos, décadas certamente, uma grande maioria de católicos amantes da doutrina, mas talvez não suficientemente decididos ou conscientes da gravidade da situação, puseram suas esperanças em duas questões: uma, que o próximo papa corrigiria os abusos de interpretação. Outra, que essas interpretações eram sempre abusos de textos cujo espírito era outro.
A história desses anos é rica em provas contrárias a estas esperanças: os papas que seguiram ao Concílio não corrigiram a raiz dos problemas, ainda quando se fizeram alguns esforços em tal ou qual matéria. Pelo contrário, decidiram emendar o “espírito do Concílio”, ou seja, essas interpretações deliberadamente errôneas, com mais aplicação das ambiguidades conciliares. E em alguns casos, levando estas à prática na pior linha possível: o diálogo inter-religioso é talvez a pior e mais extrema derivação. Hoje termina no escandaloso elogio de Lutero, mas vem dos diversos Assis e pedidos de perdão…
Ainda que Bento viu o problema litúrgico até certo ponto, e atuou com decisão, por um lado seu modo errático e por outro a pressão que não soube resistir terminaram com seu pontificado do modo mais estranho: agora há dois papas que se reconhecem como tais, um passivo e outro ativo. Joseph Ratzinger deveria ser hoje o Cardeal Ratzinger e não o “papa emérito”. Se pode conjeturar um “acordo” para a renúncia nestas tão estranhas circunstâncias? Tudo se pode conjeturar, o problema é prová-lo com certeza. Sem dúvida é um elemento que inquieta.
Hoje, graças a Francisco, essa tolerância à ambiguidade, tão generalizada nos católicos mais fiéis, mas que resistem sempre em ser considerados “tradicionalistas” e assumir esse custo, encabeçam uma resistência crítica muito chamativa e crescente. O feroz embate do papa Bergoglio a questões fundamentais da moral católica, pontos de doutrina revelada, é demasiado. Temos publicado, dos tantos e tantos atos de resistência ao documento mais escandaloso em matéria moral que tenha saído da pluma de um papa, alguns que são a ponta de um movimento subterrâneo que aflora.
As “dubia” dos quatro cardeais são o elemento catalizador. Elas têm feito coalhar outros documentos de crítica enfocados de modo diverso mas que resultam extremadamente incômodos para Francisco. Ele tem decidido calar e seus porta-vozes dão diversos motivos, alguns agravantes para com a hierarquia e os fiéis, outros patéticos por sua falta de solidez. O certo é que um papa NÃO pode negar-se a esclarecer um ponto de doutrina. E o que menos quer fazer Francisco é esclarecer, já que todo seu sedizente “magistério” é uma sorte de charlatanice de coisas misturadas. Um caudaloso rio de palavras que se afogam umas às outras.
Os cardeais tiveram a simples e evangélica ideia de pedir a aclaração de certos pontos, gravíssimos, da doutrina promovida por Francisco de um modo tão enredado. Simples perguntas de sim ou não. Isto desatou um terremoto que já se começa a mostrar nas fraturas a flor da pele. Não são poucos os que falam de cisma. É curioso: as mesmas circunstâncias, com diferenças evidentes, têm produzido as mesmas reações que há 40 anos produziu o tradicionalismo, liderado por Mons. Lefebvre. Os críticos apelam à Tradição, os oficialistas respondem com palavras de agravo e ameaças. Acusam de “cisma”. Sustentando argumentos insustentáveis: o “magistério” de Francisco não se aparta um ápice da doutrina… A diferença, neste caso, é que a reação da hierarquia tem passado a ser a de muitos mais que um punhado de bispos, como nos tempos de Mons. Lefebvre e Mons. de Castro Mayer.
Esta reação é quiçá o disparador de uma mais profunda, que revise não só estes pontos doutrinais, senão muitos outros, assim como a terrível crise litúrgica, que tem sido um componente essencial na perda de fé e a debilidade de costumes dos católicos nas últimas décadas.
Para alguns, mais que um cisma que se vai materializando, é um que permanecia sufocado pela imposição de um clero em que a grande maioria de seus membros já perdeu a fé ou apenas tem vagas ideais do que ela implica, que ignora o catecismo básico e tem uma ideia absolutamente deformada do que é o culto divino. E em consequência os fiéis estão sumidos na mais obscura confusão, afastados dos sacramentos eficazes, sem sentido da Fé.
A batalha se perfila e talvez se desate antes do que se espera. Espera-se um documento de “correção fraterna” de parte de bispos e cardeais se Francisco persiste em seu silêncio ou confirma suas doutrinas heterodoxas. Os teólogos e canonistas mais clássicos, fundados na doutrina tradicional, sustentam que “a Igreja” pode julgar um papa só em matéria de Fé. E esse juízo pode concluir em uma deposição de seu cargo por heresia formal. Não há deposição ipso fato, sem antes um juízo da Igreja.
É muito difícil imaginar as consequências de um ato tão pouco frequente e não obstante tão enraizado na Tradição da Igreja, já que a primeira “correção” que sofreu um papa foi a que o Apóstolo São Paulo fez ao papa São Pedro quando quis judaizar (com as melhores intenções) ou seja, tratou de impor aos gentios costumes que não estavam já em vigência após a fundação da Igreja para não escandalizar aos conversos de origem judia.
Tudo isto à luz de Fátima.
Podemos chamar-nos ditosas testemunhas de feitos terríveis e extraordinários. Muito mais que o milagre do sol. Sob condição de não ceder às tentações de escândalo, às instâncias da ansiedade ou a estima excessiva do juízo próprio. Isto o lograremos somente se vivemos no espírito de Fátima: confiança, entrega, sacrifício e oração, muito especialmente, o Santo Rosário.
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