“O
amor é o cumprimento da Lei. A Palavra é eterna. Se permanecerdes na minha palavra, sereis meus verdadeiros discípulos;
conhecereis a verdade e a verdade vos livrará”
“A
ninguém fiqueis devendo coisa alguma, a não ser o amor recíproco; porque aquele
que ama o seu próximo cumpriu toda a lei. Pois os preceitos: Não cometerás
adultério, não matarás, não furtarás, não cobiçarás, e ainda outros mandamentos
que existam, eles se resumem nestas palavras: Amarás o teu próximo como a ti
mesmo. A caridade não pratica o mal contra o próximo. Portanto, a
caridade é o pleno cumprimento da lei”. (Rm 13, 8-10)
Tradução Sensus Fidei
Jesus
dizia aos judeus que nele creram: Se permanecerdes na minha
palavra, sereis meus verdadeiros discípulos; conhecereis a verdade e a verdade
vos livrará. (Jo 8,32)
Sacerdote, desce-me da Cruz
Queridos
irmãos, a Palavra de Deus é eterna. A cada dia, na finalização da santa Missa
tradicional, o sacerdote é lembrado ao ler o Prefácio do Evangelho de São João.
Este prefácio o lê o sacerdote tendo ainda presente o Calvário, o Cristo em sua
alma e na Cruz. Isto me leva à reflexão, que na verdade, é a reflexão do
mistério sacerdotal.
Em
cada Santo Sacrifício, Nosso Senhor Jesus Cristo exerce Seu Sacerdócio
oferecendo-Se ao Pai como vítima propiciatória pelos nossos pecados. Ele é
simultaneamente o Sacerdote e a Vítima, e o altar é a Sua Santa Cruz. Em cada
santa Missa o Senhor, o Sumo e Eterno Sacerdote, faz a mesma súplica
ao seu sacerdote, a mim mesmo, ao bispo, ao cardeal, ao seu próprio Vigário na
terra:
Queres
tirar-me os cravos? Queres sacrificar-te na Cruz e recolher-me em teus braços?
Queres descer-me da dolorosa Cruz e te colocares em meu lugar? Ninguém notará,
porque tu sacerdote, tu bispo, tu cardeal, tu meu Vigário na terra, tu padre
Juan Manuel, sois outro EU.
Eis
aqui, a grandeza e o mistério do sacerdócio católico. O Senhor nos pede para
estarmos crucificados para que Ele seja aliviado pela nossa dor. Ele espera que
seus sacerdotes sejam o Seu próprio reflexo entre os homens. Nosso sacerdócio é
o de Jesus Cristo, não temos outro. A nossa vida é a de Jesus Cristo, não temos
outra vida. Nossa palavra é a de Jesus Cristo, não temos outra. Não temos o
nosso próprio sacerdócio, não temos uma vida própria, não temos uma palavra
própria. Não nos pertencemos a nós mesmos. Estamos obrigados a reproduzir em
nós a vida de Nosso Senhor Jesus Cristo, a menos que o atraiçoemos como novos
Judas.
Pesado
é o fardo do sacerdócio, como pesada é a Cruz de Cristo; imensa é a
responsabilidade do sacerdote, como grande é a responsabilidade da salvação das
almas, assim como infinitamente incompreensível é o Amor de Deus manifestado na
Santa Cruz. Com esforço, com sofrimento, com debilidades, com grande
fragilidade, temos de lutar todos os dias para reproduzir em nossa vida a vida
de Jesus Cristo, a quem pertencemos. Já não somos os homens que éramos,
aquele homem velho morreu, somos outros Cristo, e nesta realidade vivemos e nos
esforçamos para refletir a Sua vida em nós.
A
cada dia a santa Missa nos recorda o mistério do sacerdócio, que é o mistério
da Cruz. A cada dia o Senhor nos chama para nos crucificarmos nela, a vivermos
nela, e dela pregarmos Sua Palavra divina. Quando o sacerdote, temeroso, frágil
e débil tenta, amorosamente, remover os santos cravos e recolher em seus braços
o divino Corpo experimenta sublimemente a presença de Cristo nele. Compreende a
onipotência da Palavra de Deus. Compreende a sua sabedoria. Entende como não é
possível que nem mesmo um til da palavra de Deus fique sem se cumprir. O sacerdote crucificado é o próprio Cristo que fala com Suas
próprias palavras, que opera Suas próprias ações, que vive Sua
própria vida. O sacerdote crucificado é o sacerdote livre, porque já não é mais
ele, mas o Cristo nele.
O amor é o cumprimento da Lei
A
Palavra de Deus é eterna, sabe-o o sacerdote crucificado, aquele sobe à
Cruz para aliviar os sofrimentos de Jesus Cristo. Recordemos a palavra de Deus
através de São Paulo:
A
ninguém fiqueis devendo coisa alguma, a não ser o amor recíproco; porque aquele
que ama o seu próximo cumpriu toda a lei. Pois os preceitos: Não cometerás
adultério, não matarás, não furtarás, não cobiçarás, e ainda outros mandamentos
que existam, eles se resumem nestas palavras: Amarás o teu próximo como a ti
mesmo. A caridade não pratica o mal contra o próximo. Portanto, a
caridade é o pleno cumprimento da lei.
A
palavra de Deus é clara: o verdadeiro amor ao próximo consiste no cumprimento
da Lei divina. Quem não cumpre a Lei de Deus não ama ao
próximo. A Lei é clara: não adulterarás, não matarás,
não furtarás, não cobiçarás. Esta é a Palavra de Deus, não há
alternativas, não há outras vias distintas à claridade e contundência da Lei de
Deus.
O
que propõe uma alternativa à Palavra de Deus não subiu à Cruz; é o sacerdote
que rejeita descer Cristo da Cruz; é o sacerdote que não quer crucificar-se e
aliviar a dor de Nosso Senhor. Desobedecer a Sua Palavra é afastar-se de Seu
Sacerdócio, é afastar-se do Calvário, é não querer ser cúmplice de Seu Amor
crucificado. Não pregar a integridade da Palavra de Deus é renunciar ao
sacerdócio de Cristo, à Sua Vida e à Sua Palavra, para continuar
sendo o homem mundano e carnal que era.
A Verdade nos libertará
São
João diz: Se permanecerdes na minha palavra, sereis meus
verdadeiros discípulos; conhecereis a verdade e a verdade vos livrará.
O sacerdote que permanece na Palavra de Deus é o seu verdadeiro discípulo,
porque conhece a Verdade, e a Verdade torna-o livre para pregá-la. A quem teme
ele? A quem temem o sacerdote, ou o Pastor para pregar a verdade? Qual o
sacerdote que não é verdadeiramente livre? Aquele que não vive seu sacerdócio
no e a partir do Calvário, o que se afastou da Cruz de Cristo; o que não quer
remover os santos cravos de Nosso Senhor; o que não quer se crucificar e
recolher o Salvador entre seus frágeis e pobres braços.
Da
Cruz o Senhor nos fala: Ele é Deus. Ele é o Salvador. Ele é o Mestre. Ele é o
Doutor da Lei. Ele é o Sumo e Eterno Sacerdote. Ele é a Palavra que se fez
carne. O Verbo eterno, imutável, preciso como espada de dois
gumes. Foi na Cruz que Ele quis mostrar a Sua onipotência, a Sua
sabedoria, o Seu Amor infinito.
Somente
da Cruz de Cristo podemos viver nosso sacerdócio, porque é um sacerdócio
crucificado, é um sacerdócio que não nos pertence, porque vivemos o sacerdócio
de Cristo. A nossa única razão de ser é refletir fidedignamente o Sacerdócio de
Jesus Cristo em nossas vidas. Não temos outra escolha ou alternativa. O que foi
feito, feito está. O que foi dito, dito está. O amor é o cumprimento da Lei.
A Palavra é eterna. Se permanecerdes na minha
palavra, sereis meus verdadeiros discípulos; conhecereis a verdade e a verdade
vos livrará.
O Magistério da Igreja que recebemos, fiel à Palavra
de Deus, é claro em matéria de moral e sobre o sacramento do matrimônio, o adultério é pecado mortal, e o que comunga em pecado
mortal, comunga a sua própria condenação eterna. Não há alternativa para a Lei
de Deus.
O
amor é o cumprimento da lei.
Ave
Maria Puríssima.
Pe.
Juan Manuel Rodriguez de la Rosa
Publicado
originalmente: Adelante la Fe – La inmutabilidad de la Palabra divina
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