"Manifestação da Federação Pró-Europa Cristã diante do Parlamento de Luxemburgo, no dia em que se votou a legalização do aborto nesse país."
Parlamento Europeu: "direitos" para robôs, mordaça para defensores da família
Alejandro
Ezcurra Naón
Os povos da Europa estão mostrando uma recusa cada
vez maior a esse mastodonte burocrático, totalitário e asfixiante chamado União
Europeia (UE). O voto popular a favor do “Brexit” foi apenas uma amostra do
crescente fosso que separa a UE das reais aspirações dos cidadãos de seus
países-membros.
Um dos organismos da UE mais
contestados é o Parlamento Europeu, incumbido de legislar sobre normas comuns
aos países do bloco. A principal causa de tal recusa são as imposições
ideológicas desse organismo contra a família e contra a própria natureza
humana.
Da alucinação à realidade
Não creia o leitor que
exageramos: a Comissão de Assuntos Jurídicos do Parlamento Europeu acaba de
aprovar um rascunho de relatório que propõe conceder personalidade jurídica aos
robôs autônomos “mais sofisticados”, atribuindo-lhes “o
status de pessoas eletrônicas (sic!) com direitos e obrigações
específicos, inclusive de reparar qualquer dano que possam causar”.
Segundo a autora do relatório, a
deputada luxemburguesa Mady Delvaux, a humanidade está entrando no umbral de
uma “nova revolução industrial”, na qual os robôs também poderiam
ficar sujeitos a certas “obrigações”, inspiradas aparentemente nas
chamadas “Três Leis da Robótica”, enunciadas pelo publicitado autor
de ciência-ficção Isaac Asimov em seu conto Runaround (Círculo
vicioso), de 1941.
Ora, essa ficção visionária
parece estar a caminho de se tornar uma absurda realidade legal.
Mas, o que sucederia se um robô
“saísse do manual” e gerasse situações de perigo? A relatora já tem a resposta:
inserir previamente em todos os robôs um “interruptor mortal” através
do qual eles possam ser desativados caso funcionem “fora das leis
estabelecidas”.
Dependendo de seu
nível de sofisticação, estabelecer-se-iam diversos “níveis de
imputabilidade” para os robôs infratores: a “responsabilidade
pessoal” (sic) de cada um aumentaria proporcionalmente à sua maior
autonomia.
Ou seja, teríamos uma
espécie de “código penal” alternado para robôs, com diferentes sanções que vão
da “pena de morte” a castigos menores.
Felizmente, para
alívio de nossa atormentada espécie humana, em meio a tanta loucura Delvaux faz
uma ressalva: “Um robô não é um ser humano e nunca será humano. [...]
Pode mostrar empatia, mas não pode sentir empatia” (pelo menos não se
deu conta…). Prescreve, ademais, que nenhum robô deverá parecer “emocionalmente
dependente”, nem manifestamente humano, nem aparentar “que ama ou
que está triste” (1).
Para a deputada
Delvaux, a interação diária de homens com o que ela chama de “entes
inteligentes não humanos” ou Inteligência Artificial, suscita
problemas derivados da complexidade desses últimos, inclusive a “clara
possibilidade” de que, apesar de serem produtos de nossa própria
criação, nos superem “tanto mentalmente (sic) quanto
fisicamente”; em outras palavras, que o feitiço robótico se volte contra o
feiticeiro humano… (2).
Perseguição à vista?
Este não é o único
disparate que se cozinha no Parlamento Europeu. A eurodeputada ecologista Heidi
Hautala encomendou no ano passado à lobista pró-aborto polonesa Elena
Zacharenkel um relatório contra as instituições e personalidades que se opõem
aos supostos “direitos sexuais e reprodutivos” e à “igualdade
de gênero”, bandeiras da atual revolução cultural. O texto foi apresentado
no dia 12 do corrente mês de janeiro.
Segundo o portal espanhol Actual, “na
lista negra desta peculiar caça às bruxas está em primeiro lugar o Vaticano (?),
e depois 500 movimentos pró-vida e pró-família de 30 países da Europa” —
entre os quais as agrupações Mum, Dad and Kids, One of us, CitizenGo,
etc. –, ou personalidades como Sophia Kuby, Gregor Puppinck, os espanhóis Jaime
Mayor Oreja e Ignacio Arsuaga, entre outros.
E, evidentemente, nesse libelo
acusatório não poderia faltar a TFP: a relação destaca a Federação
Pró-Europa Cristã (FPEC) [foto acima], com sede em Bruxelas,
que aglutina TFPs e associações afins de 17 países europeus para ações
conjuntas em defesa dos valores familiares. Menciona também que a FPEC é
dirigida pelo Duque Paul von Oldenburg [Foto abaixo] e surgiu do “movimento
ultraconservador [...] Tradição, Família, Propriedade”. E acusa os membros
das TFPs de promoverem “uma cruzada no século XXI para levar a cabo uma
revolução cristã”(3), quando deveria dizer uma Contra-Revolução.
Essas menções à FPEC e às TFPs,
vindo de onde vieram — dos antros da Ideologia de Gênero — são
sumamente honrosas para nós e para as demais entidades da lista, pois seu
reconhecimento da eficácia de nossa luta em defesa da civilização cristã
equivale a uma condecoração implícita.
O libelo reconhece, por exemplo,
que em certas ocasiões as entidades visadas pelo seu alarme “são
capazes de ativar dezenas de milhares de aderentes” em mobilizações
que “conseguiram influenciar o desenvolvimento de políticas da UE”.
Duque Paul von Oldenburg, diretor da Federação pró- Europa Cristã e da TFP alemã, é um dos “inimigos” da revolução cultural denunciados num informe del Parlamento Europeu. |
Por isso, convoca a “opor-se à
proliferação dos movimentos anti-choice”, assinalando que para isso “é
crucial que os progressistas [leia-se: as esquerdas alinhadas com a
revolução sexual] apresentem soluções concretas para esses desafios
[...] a fim de rebaterem eficazmente a visão promovida pelas forças
conservadoras”.(4)
Quais seriam essas soluções
concretas? Anteriormente, a esse tipo de denúncias seguiam-se um estrondo
publicitário e uma encarniçada perseguição contra os denunciados. Mas, hoje, o
Parlamento Europeu, a própria UE e as esquerdas em geral estão de tal modo
desacreditadas perante o público, que provavelmente o libelo ficará apenas como
mais um estalido de ódio contra a Igreja Católica e a civilização cristã,
sonoro, mas impotente.
E, enquanto isso, dentro e fora
da Europa, um número cada vez maior de pessoas perguntam: “Para que serve o
Parlamento Europeu?”.
____________
Notas:
[1]
https://www.rt.com/viral/373450-robot-kill-switches-status/
[2]
http://audiovisual.europarl.europa.eu/Assetdetail.aspx?ref=I131667
[3]
http://www.actuall.com/familia/caza-de-brujas-en-el-parlamento-europeo-contra-quienes-defienden-la-vida-y-la-familia/
[4] http://www.heidihautala.fi/wp-content/uploads/2017/01/SRHR-Europe-Study-_-Elena-Zacharenco.pdf
(*) Matéria traduzida do original em castelhano por
Hélio Dias Viana.
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