Anjo, cemitério de Comillas, Espanha. |
"Exemplo de causar arrepio e espanto foi a intenção dos revolucionários de 1789 de demolir a Catedral de Notre-Dame de Paris"
O
ponto central da Mensagem de Fátima é penitência ou castigo purificador?
Exatamente. A iminência de um
grande Castigo.
Muitos pregadores imaginam que, anunciando-o, assustariam seus ouvintes, e assim não o fazem. Ora, a missão dos profetas tem sido frequentemente de convocar o povo à penitência, anunciando castigos.
Se forem ouvidos, o castigo se desviará. Se não forem ouvidos, o castigo se desencadeará.
É uma questão de fidelidade a Nossa Senhora anunciar a Mensagem de Fátima na sua inteireza.
Na verdade, há um ponderável número de almas que, por si mesmas, formaram a noção do desconcerto do mundo moderno, e de que, sem uma intervenção extraordinária da Providência, esse mundo não tem conserto.
Tais almas cultivam, no segredo dos seus corações, a esperança dessa intervenção e se sentiriam confirmadas ao ouvir o mesmo diagnóstico dos lábios dos pastores da Igreja.
Não é, pois, de temer que almas assim se assustassem com a profecia do Castigo; pelo contrário, exultarão com o prenúncio da vitória do bem sobre o mal.
Como o profeta Simeão ficou consolado ao ver o Messias nos braços da Santíssima Virgem: “Agora, Senhor, podeis deixar partir o vosso servo em paz, porque os meus olhos viram a vossa salvação” (Lc 2, 29-30).
Muitos pregadores imaginam que, anunciando-o, assustariam seus ouvintes, e assim não o fazem. Ora, a missão dos profetas tem sido frequentemente de convocar o povo à penitência, anunciando castigos.
Se forem ouvidos, o castigo se desviará. Se não forem ouvidos, o castigo se desencadeará.
É uma questão de fidelidade a Nossa Senhora anunciar a Mensagem de Fátima na sua inteireza.
Na verdade, há um ponderável número de almas que, por si mesmas, formaram a noção do desconcerto do mundo moderno, e de que, sem uma intervenção extraordinária da Providência, esse mundo não tem conserto.
Tais almas cultivam, no segredo dos seus corações, a esperança dessa intervenção e se sentiriam confirmadas ao ouvir o mesmo diagnóstico dos lábios dos pastores da Igreja.
Não é, pois, de temer que almas assim se assustassem com a profecia do Castigo; pelo contrário, exultarão com o prenúncio da vitória do bem sobre o mal.
Como o profeta Simeão ficou consolado ao ver o Messias nos braços da Santíssima Virgem: “Agora, Senhor, podeis deixar partir o vosso servo em paz, porque os meus olhos viram a vossa salvação” (Lc 2, 29-30).
O comunismo internacional comemorou
O secretário-geral do partido
comunista espanhol, Santiago Carrillo (1915-2012), questionado por alguns
“camaradas” se a colaboração com os católicos não mudaria o conteúdo ideológico
do partido, respondeu com uma pergunta:
“Desde que começamos esta política, quantos
camaradas vocês conhecem que se tornaram crentes? Por outro lado, quantos
católicos se tornaram comunistas?” (Santiago Carrillo, Mañana España, Colección
Ebro, Paris, 1975, p. 232.).
A pergunta dispensou resposta...
Quarta folha do 3º Segreo em que a Irmã Lúcia descreve o Anjo com espada de fogo. |
A pergunta dispensou resposta...
No âmbito diplomático, cumpre
assinalar outra manifestação importante de ralliement: a chamada Ostpolitik vaticana.
O Cardeal Agostino Casaroli, Secretário de Estado da Santa Sé sob o pontificado de Paulo VI e condutor dessa política, declarou em 1974, quando esteve em Cuba, que os católicos desse país se consideravam felizes sob o regime ali vigente.
Era uma maneira clara de indicar que tal política visava a “queda das barreiras ideológicas” entre Igreja e comunismo.
Tal abertura da Igreja ao comunismo não passou despercebida aos próceres do partido.
O Cardeal Agostino Casaroli, Secretário de Estado da Santa Sé sob o pontificado de Paulo VI e condutor dessa política, declarou em 1974, quando esteve em Cuba, que os católicos desse país se consideravam felizes sob o regime ali vigente.
Era uma maneira clara de indicar que tal política visava a “queda das barreiras ideológicas” entre Igreja e comunismo.
Tal abertura da Igreja ao comunismo não passou despercebida aos próceres do partido.
Assim, Roger Garaudy (1913-2012), elemento de destaque
do Partido Comunista Francês, escreveu em livro: “A grande novidade do Vaticano
II — expressa no texto Gaudium et
Spes, de 1966 [sic! é de 1965] — era a abertura ao mundo, a renúncia à
pretensão de governá-lo, para, pelo contrário, servi-lo, à luz da humildade
evangélica, reconhecendo ‘a autonomia das realidades terrestres’. [...]
Mons. Cesar Zacchi recepciona Fidel Castro no Palácio da Nunciatura em Havana |
“Em nenhum outro lugar do mundo, a não ser na
América Latina, esta mensagem sobre a missão libertadora da Igreja teve eco
maior.
“Partindo de uma situação histórica de miséria e de opressão, e das práticas concretas das ‘comunidades eclesiais de base’, nasceram desta dupla experiência, a partir de 1970, as teologias da libertação.
“Elas se baseavam na opção evangélica preferencial pelos mais desprovidos” (Roger Garaudy, Intégrismes, Pierre Belfond, Paris, 1990, pp.50-51).
“Partindo de uma situação histórica de miséria e de opressão, e das práticas concretas das ‘comunidades eclesiais de base’, nasceram desta dupla experiência, a partir de 1970, as teologias da libertação.
“Elas se baseavam na opção evangélica preferencial pelos mais desprovidos” (Roger Garaudy, Intégrismes, Pierre Belfond, Paris, 1990, pp.50-51).
O enigmático silêncio do Concílio sobre o comunismo
Hoje é sabido que João XXIII
desejava imperiosamente que nessa Magna Assembleia estivessem presentes
representantes do Patriarcado de Moscou.
O governo soviético russo concordou em dar autorização para que a Igreja Ortodoxa Russa enviasse esses representantes, com a condição de que o Concílio se abstivesse de qualquer condenação do comunismo.
O Papa aceitou essa condição.
Esse fato explica que a petição de 213 Padres conciliares em sentido oposto — isto é, de que o Concílio condenasse os erros do marxismo, do socialismo e do comunismo (Cfr. Catolicismo, n° 157, janeiro de 1964, p. 5) — não tivesse sido levada em conta nem por João XXIII nem por Paulo VI.
O governo soviético russo concordou em dar autorização para que a Igreja Ortodoxa Russa enviasse esses representantes, com a condição de que o Concílio se abstivesse de qualquer condenação do comunismo.
O Papa aceitou essa condição.
Esse fato explica que a petição de 213 Padres conciliares em sentido oposto — isto é, de que o Concílio condenasse os erros do marxismo, do socialismo e do comunismo (Cfr. Catolicismo, n° 157, janeiro de 1964, p. 5) — não tivesse sido levada em conta nem por João XXIII nem por Paulo VI.
Observadores da Igreja cismática russa chegam ao Concílio Vaticano II, patrocinados pela KGB |
A Gaudium et spes limitou-se
a uma análise ultracompreensiva das diversas formas de ateísmo (GS n°s 19, 20 e
21), análise essa que desfecha numa declaração de que “credentes et non credentes” “devem contribuir para a reta
edificação deste mundo no qual vivem em comum”, “o que certamente não pode ser
feito sem um sincero e prudente diálogo” (GS n° 21).
Mas é possível haver “um sincero e prudente diálogo” com dirigentes ateus de um Estado laico assanhado contra a Igreja, como a Gaudium et spes descreve?
Como imaginar, pois, que esses governantes se prestassem a colaborar para uma “reta edificação deste mundo no qual vivem em comum”? — Era uma esperança frustra, como provaram os 50 anos decorridos desde então.
O 3° Segredo de Fátima nos apresenta uma imensa fileira de leigos católicos de todas as condições sociais, precedidos por Papa, bispos e sacerdotes, religiosos e religiosas, que sobem uma escabrosa montanha, no cimo da qual são recebidos a tiros e setas por um grupo de soldados. Esta cena evoca os pelotões de fuzilamento de regimes comunistas...
Tal lembrança teria sido inoportuna em tempos de ralliement com o comunismo!
Mas é possível haver “um sincero e prudente diálogo” com dirigentes ateus de um Estado laico assanhado contra a Igreja, como a Gaudium et spes descreve?
Como imaginar, pois, que esses governantes se prestassem a colaborar para uma “reta edificação deste mundo no qual vivem em comum”? — Era uma esperança frustra, como provaram os 50 anos decorridos desde então.
O 3° Segredo de Fátima nos apresenta uma imensa fileira de leigos católicos de todas as condições sociais, precedidos por Papa, bispos e sacerdotes, religiosos e religiosas, que sobem uma escabrosa montanha, no cimo da qual são recebidos a tiros e setas por um grupo de soldados. Esta cena evoca os pelotões de fuzilamento de regimes comunistas...
Tal lembrança teria sido inoportuna em tempos de ralliement com o comunismo!
Assim, se revelado em 1960 e
oportunamente comentado, o 3° Segredo levantaria dificuldades para tal
política. Seus mentores consideraram mais seguro não divulgá-lo.
O Castigo anunciado em Fátima significará a destruição do mundo até seus
alicerces?
O Cardeal Silva Henriquez, então arcebispo de Santiago do Chile abraça o presidente marxista Salvador Allende |
É muito sugestivo que, no 3°
Segredo, se descreva “uma grande cidade meio em ruínas”. O que está “meio em
ruínas” não está totalmente destruído.
Portanto, do que existe hoje, algo ficará de pé. Pode-se pensar que a destruição será seletiva...
Na encíclica Immortale Dei, Leão XIII observava que, em tempos passados — e é intuitiva a remissão dele à Idade Média —“a sociedade civil deu frutos superiores a toda expectativa, frutos cuja memória subsiste e subsistirá, consignada como está em inúmeros documentos que artifício algum dos adversários poderá corromper ou obscurecer”.
Se tais “documentos”, “artifício algum dos adversários poderá corromper ou obscurecer”, a fortiori se deve inferir que Deus os preservará, ao desencadear o Castigo.
Que documentos são esses?
A memória do passado subsiste não apenas em documentos históricos, mas também no cerne das leis e das instituições consolidado ao longo dos séculos; bem como, de modo ainda mais visível, nos monumentos que o tempo e os homens não destruíram.
Exemplo de causar arrepio e espanto foi a intenção dos revolucionários de 1789 de demolir a Catedral de Notre-Dame de Paris — essa joia da Cristandade medieval.
Ela chegou a ser posta à venda e surgiu até um comprador. Com as perturbações da Revolução, o comprador não chegou a pagar e a compra se desfez.
Portanto, do que existe hoje, algo ficará de pé. Pode-se pensar que a destruição será seletiva...
Na encíclica Immortale Dei, Leão XIII observava que, em tempos passados — e é intuitiva a remissão dele à Idade Média —“a sociedade civil deu frutos superiores a toda expectativa, frutos cuja memória subsiste e subsistirá, consignada como está em inúmeros documentos que artifício algum dos adversários poderá corromper ou obscurecer”.
Se tais “documentos”, “artifício algum dos adversários poderá corromper ou obscurecer”, a fortiori se deve inferir que Deus os preservará, ao desencadear o Castigo.
Que documentos são esses?
A memória do passado subsiste não apenas em documentos históricos, mas também no cerne das leis e das instituições consolidado ao longo dos séculos; bem como, de modo ainda mais visível, nos monumentos que o tempo e os homens não destruíram.
Exemplo de causar arrepio e espanto foi a intenção dos revolucionários de 1789 de demolir a Catedral de Notre-Dame de Paris — essa joia da Cristandade medieval.
Ela chegou a ser posta à venda e surgiu até um comprador. Com as perturbações da Revolução, o comprador não chegou a pagar e a compra se desfez.
O cumprimento da mensagem de Fátima cem anos depois?
Agora, com a aproximação do
centenário de Fátima, os revolucionários de nossos dias tentam desferir o
assalto derradeiro à civilização cristã.
Eles investem com ódio cego contra os princípios sagrados da família que ainda restam de pé, e pretendem, entre outros maléficos desígnios, transtornar a própria natureza biológica do homem, propugnando o que chamam Ideologia de Gênero.
Segundo esta, não se nasce homem ou mulher, mas cada um se faz homem ou mulher segundo seus pendores pessoais. Uma concepção inaudita!
É consolador ver que muitos de nossos contemporâneos, que antes assistiam passivamente as investidas revolucionárias, hoje começam a reagir e criam obstáculos inesperados a essa ousadia final da Revolução*.
Eles investem com ódio cego contra os princípios sagrados da família que ainda restam de pé, e pretendem, entre outros maléficos desígnios, transtornar a própria natureza biológica do homem, propugnando o que chamam Ideologia de Gênero.
Segundo esta, não se nasce homem ou mulher, mas cada um se faz homem ou mulher segundo seus pendores pessoais. Uma concepção inaudita!
É consolador ver que muitos de nossos contemporâneos, que antes assistiam passivamente as investidas revolucionárias, hoje começam a reagir e criam obstáculos inesperados a essa ousadia final da Revolução*.
Uma coisa é certa: Nossa Senhora assegurou: “Por fim, o meu Imaculado Coração triunfará!” |
Diante do exposto, pode-se
prognosticar que o processo revolucionário não alcançará a destruição total que
almeja — dos princípios, instituições e monumentos da civilização cristã —, mas
se chocará contra a resistência de um pequeno, mas crescente número de almas
fiéis.
Não sem profunda emoção se vê surgir, na cena final do 3° Segredo, a inesperada fileira dos que estavam longe de Deus, e que, reaproximando-se d’Ele, são ungidos com o sangue dos mártires, recolhido pouco antes por dois Anjos, em regadores de cristal, sob os braços da Cruz.
A esses beneficiários ignotos do sangue dos mártires, segundo o princípio enunciado por Tertuliano, caberá juntar com amor os restos da Cristandade e reedificar sobre eles a civilização cristã do futuro, elevando-a ao máximo esplendor, não alcançado durante a Idade Média.
Para isso, deverão remover todos os escombros do Estado laico, igualitário e ateu que tiverem restado na face da Terra e reconstruir sobre eles uma “civilização cristã, austera e hierárquica, fundamentalmente sacral, anti-igualitária e antiliberal”, como ensina o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira em Revolução e Contra-Revolução*.
Tudo com um tônus profundamente marial, segundo preconiza São Luís Grignion de Montfort, no Tratado da Verdadeira Devoção (n° 217):
— “Quando virá o dia em que as almas respirarão Maria, como o corpo respira o ar?”
Não sabemos quando isso ocorrerá. Uma coisa, porém, é certa: tal se dará efetivamente, pois Nossa Senhora assegurou, no final do 2° Segredo: “Por fim, o meu Imaculado Coração triunfará!”
Não sem profunda emoção se vê surgir, na cena final do 3° Segredo, a inesperada fileira dos que estavam longe de Deus, e que, reaproximando-se d’Ele, são ungidos com o sangue dos mártires, recolhido pouco antes por dois Anjos, em regadores de cristal, sob os braços da Cruz.
A esses beneficiários ignotos do sangue dos mártires, segundo o princípio enunciado por Tertuliano, caberá juntar com amor os restos da Cristandade e reedificar sobre eles a civilização cristã do futuro, elevando-a ao máximo esplendor, não alcançado durante a Idade Média.
Para isso, deverão remover todos os escombros do Estado laico, igualitário e ateu que tiverem restado na face da Terra e reconstruir sobre eles uma “civilização cristã, austera e hierárquica, fundamentalmente sacral, anti-igualitária e antiliberal”, como ensina o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira em Revolução e Contra-Revolução*.
Tudo com um tônus profundamente marial, segundo preconiza São Luís Grignion de Montfort, no Tratado da Verdadeira Devoção (n° 217):
— “Quando virá o dia em que as almas respirarão Maria, como o corpo respira o ar?”
Não sabemos quando isso ocorrerá. Uma coisa, porém, é certa: tal se dará efetivamente, pois Nossa Senhora assegurou, no final do 2° Segredo: “Por fim, o meu Imaculado Coração triunfará!”
(Fonte: CATOLICISMO, outubro 2016)
Visto
em:https://aparicaodelasalette.blogspot.com.br/2017/03/o-silencio-do-vaticano-ii-sobre-o-3.html
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