18/05/2017

A CONDIÇÃO HUMANA É ESSENCIALMENTE IMUTÁVEL


“Creio igualmente com firme fé, que a Santa Igreja, guardiã e mestra da palavra revelada, foi instituída, imediata e directamente, pelo mesmo verdadeiro e histórico Jesus Cristo”

Alberto Carlos Rosa Ferreira das Neves Cabral
Escutemos o Papa São Pio X, em passagens do JURAMENTO ANTI-MODERNISTA, integrado na encíclica “Sacrorum Antistitum”, promulgada em 1 de Setembro de 1910:
«Eu abraço firmemente e acolho total e singularmente o que o Magistério infalível da Santa Igreja definiu, afirmou e proclamou, sobretudo aqueles capítulos da Doutrina que contradizem directamente os erros deste tempo.
Primeiro: Confesso que Deus, Princípio e Fim de todas as coisas, pode ser conhecido com certeza, e também pode ser demonstrado com a luz natural da razão, por meio das coisas que foram feitas, isto é, por meio das obras visíveis da Criação, como Causa por meio dos efeitos.
Segundo: Admito e reconheço as provas externas da Revelação, isto é, as Acções Divinas, antes de tudo, os milagres e as profecias, como sinais certíssimos da origem Divina da Religião Cristã, e os considero ser PERFEITAMENTE ADAPTADOS À INTELIGÊNCIA DE TODAS AS GERAÇÕES, E DE TODOS OS HOMENS, TAMBÉM OS DESTE TEMPO.
Terceiro: Creio igualmente com firme Fé, que a Santa Igreja, Guardiã e Mestra da Palavra Revelada, foi instituída, imediata e directamente, PELO MESMO VERDADEIRO E HISTÓRICO JESUS CRISTO, ENQUANTO VIVIA ENTRE NÓS, e que ela foi edificada sobre Pedro, Príncipe da Hierarquia Apostólica, e sobre os seus sucessores, para sempre.
Quarto: Acolho sinceramente a Doutrina da Fé, transmitida até nós pelos Apóstolos, por meio dos Padres Ortodoxos, no mesmo sentido, E SEMPRE COM O MESMO CONTEÚDO, e por isso afasto totalmente A HERÉTICA INVENÇÃO DA EVOLUÇÃO DOS DOGMAS, QUE PASSAM DE UM SIGNIFICADO A OUTRO, DIFERENTE DAQUELE QUE ANTES RETINHA A IGREJA. Do mesmo modo condeno cada erro com que, ao Divino Depósito entregue por Cristo à Sua Esposa para ser por ela fielmente guardado, VEM SUBSTITUÍDA A INVENÇÃO FILOSÓFICA, OU A CRIAÇÃO DA CONSCIÊNCIA HUMANA, LENTAMENTE FORMADA COM O ESFORÇO DOS HOMENS, APERFEIÇOANDO-SE PARA O FUTURO, NUM PROGRESSO INDEFINIDO.
Quinto: Por certo terei fixo e sinceramente confesso que a Fé NÃO É SENTIMENTO RELIGIOSO CEGO QUE IRROMPE DA OBSCURIDADE DO SUBCONSCIENTE, POR IMPULSO DO CORAÇÃO, E POR INCLINAÇÃO DA VONTADE MORALMENTE FORMADA, MAS VERDADEIRO ASSENTIMENTO DO INTELECTO, E VERDADE RECEBIDA DO EXTERIOR, MEDIANTE A ESCUTA, PELOS QUAIS, SOB O FUNDAMENTO DA AUTORIDADE DE DEUS SUMAMENTE VERAZ, NÓS CREMOS QUE SÃO VERDADEIRAS TODAS AS COISAS QUE DE DEUS, CRIADOR E SENHOR NOSSO, FORAM DITAS, ATESTADAS E REVELADAS. (…)
Declaro-me enfim, totalmente avesso, em geral, ao erro com o qual os modernistas consideram que, na Sagrada Tradição, nada há de Divino, ou algo de muito pior, ADMITEM-NO DE MODO PANTEÍSTA, FAZENDO COM QUE NADA MAIS RESTE SENÃO O SIMPLES FACTO DE IGUALAREM-SE OS FACTOS COMUNS DA HISTÓRIA; declaro pertencer àqueles homens que continuam, através das gerações que se sucedem, com o seu empenho, habilidade e engenhosidade, a Escola iniciada por Nosso Senhor Jesus Cristo e Seus Apóstolos. CONSERVO, PORTANTO, E CONSERVAREI ATÉ AO ÚLTIMO SUSPIRO DA MINHA VIDA, A FÉ DOS PADRES NO CARISMA CERTO DA VERDADE QUE FOI, É, E SERÁ SEMPRE NA SUCESSÃO DO EPISCOPADO DOS APÓSTOLOS; NÃO PARA QUE SE MANTENHA O QUE PODE PARECER MELHOR E MAIS ADAPTADO, SEGUNDO A CULTURA PRÓPRIA DE CADA ÉPOCA, MAS PARA QUE NÃO SEJA NUNCA ACREDITADA E COMPREENDIDA DE MODO DIFERENTE, A ABSOLUTA E IMUTÁVEL VERDADE ANUNCIADA DESDE O INÍCIO PELOS APÓSTOLOS.»
·         *Há imensas pessoas que pensam que a eclosão da ciência e da técnica, sobretudo nos últimos cem anos, modificaram essencialmente a humana condição; e que ao substituir as categorias do mundo Bíblico por uma visão científica do Universo, determinariam irrevogàvelmente o fim do Catolicismo Integrista.
Todavia, no que concerne à condição humana, a única descontinuidade ontológica consistiu precisamente no pecado original, em consequência do qual, a Humanidade, na pessoa da sua família original, decaiu da privilegiada condição, Sobrenatural, Preternatural e Natural, em que havia sido criada, soçobrando numa era negra de pecado, em que, quantitativamente, o mal suplantaria em muito o Bem, neste paupérrimo mundo.    
Tal como refere o Juramento anti-modernista, as conquistas da ciência e da técnica NÃO MODIFICARAM, NEM PODIAM MODIFICAR, A CONSTITUIÇÃO ONTOLÓGICA DOS HOMENS, OS PRIMEIROS PRINCÍPIOS E AS CARACTERÍSTICAS E LIMITAÇÕES DA SUA INTELIGÊNCIA, OS PRIMEIROS PRINCÍPIOS DA SUA OPERAÇÃO MORAL.
Poder-se-á argumentar da seguinte forma: São Tomás ensina que cada espécie é única e em si mesma inalterável. Como conciliar isto com a realidade de Adão e Eva no Paraíso Terrestre?
Sem dúvida que cada espécie é metafísica e ontològicamente única, e enquanto tal imutável. É certo que na Ordem Natural a espécie humana é por definição mortal e passível; neste quadro conceptual, como pôde o homem ser imortal e impassível no Paraíso Terrestre? Apenas o pôde ser por PRIVILÉGIO EXTRÍNSECO, SOBRENATURAL E PRETERNATURAL. O Paraíso Terrestre foi providenciado como um lugar verdadeiramente celestial, sòmente inferior à própria Visão Beatífica da Eternidade. Ora o sofrimento e a morte, em si mesmos naturais, constituem uma privação de ser indigna da abundância dos Bens Sobrenaturais presentes no Paraíso Terrestre; exactamente por isso, os Dons Preternaturais da imortalidade e da impassibilidade só puderam ser facultados ao Homem, estritamente em ordem aos Sobrenaturais.
Conclui-se portanto que a imutabilidade natural da espécie só pode ser parcial e extrìnsecamente modificada pela elevação ao estado Sobrenatural, com necessário enriquecimento em Dons Preternaturais.
Os Anjos gozam, na Ordem Natural, de uma santidade ontológica e substancial estritamente natural. Cada Anjo, que recorde-se constitui em si mesmo uma espécie, pelo facto de ser criado, só pode possuir uma impecabilidade e uma santidade inerentes à perfeição específica da própria natureza. Tal sucede porque os Anjos são formas espirituais não limitadas, nem limitáveis, pela matéria. A pecabilidade dos Anjos só lhes advém pela sua elevação à Ordem Sobrenatural.
Assim se compreende como Adão e Eva não foram simplesmente reduzidos ao estado de natureza danada e totalmente imerecedora de Graças ulteriores – PORQUE PELA REDENÇÃO, COM EFEITOS ETERNOS, DE NOSSO SENHOR JESUS CRISTO, LHES FOI MINISTRADA A GRAÇA DA PENITÊNCIA. Mas não recuperaram os Dons Preternaturais, permanecendo com uma grave ferida na natureza, QUE A GRAÇA MEDICINAL E A GRAÇA ELEVANTE NÃO SARAM TOTALMENTE.
Neste enquadramento, jamais a ciência e a técnica poderiam alterar a condição humana, nem mesmo acidentalmente. A morte, a doença, o sofrimento, as guerras, continuam a integrar a condição humana, hoje como ontem. Há quem pense que, pelo menos, será possível eliminar a guerra; mas a História do século XX, e a actual situação internacional, bem demonstram que os homens continuam intrìnsecamente maus, na sua grande maioria, e que pelo contrário, é de esperar um incremento do factor bélico com a escassez inevitável e progressiva, por exemplo do petróleo, e a longo prazo, também da água potável. Poderão igualmente argumentar que os progressos da medicina alteraram a condição humana, mas não é verdade, o facto dos homens viverem mais vinte ou trinta anos, se não fizerem penitência, só agravará substancialmente o amaríssimo oceano de pecados que é este mundo.
Quanto ao pseudo-argumento do derrube das categorias Bíblicas pelo conhecimento científico: É certo que embora a Revelação tenha encarnado numa História Sagrada absolutamente verdadeira, a Sagrada Escritura e a Tradição, E POR ISSO MESMO TAMBÉM O MAGISTÉRIO DA SANTA MADRE IGREJA, não possuem funcionalmente o objectivo de ensinar aos homens, de forma científica, a constituição íntima das coisas visíveis; mas pelo contrário, ministrar aos homens o conhecimento e o amor Sobrenatural das coisas de Deus, utilizando analogias simples extraídas do quotidiano concreto da vida no campo, como sempre fez Nosso Senhor Jesus Cristo nos Evangelhos. A Inerrância Bíblica deve ser compreendida na base do que ficou expresso: Ausência de todo e qualquer erro formal no texto Sagrado. Não se pode olvidar que a Sagrada Escritura possui como Autores Deus e o homem – o Primeiro como Causa Principal, o segundo como causa instrumental; consequentemente, o texto Sagrado DEPENDE, IMEDIATAMENTE, TODO DE DEUS E TODO DO HOMEM.
Quando em Malaquias 1,11 é revelada por Deus a existência futura de um Sacrifício perfeitíssimo e Universal, que jamais seria superado ou igualado, o Profeta explana a Revelação Divina com os recursos naturais de que dispõe, como homem situado no seu tempo e na sua cultura; assim, exprime esse Sacrifício futuro com as categorias conceptuais próprias dos sacrifícios de animais que conhecia, ou seja – ACTUA COMO CAUSA INSTRUMENTAL!
O argumento das categorias Bíblicas, portanto, não colhe.
Poderão ainda acrescentar: Mas será possível acreditar nos milagres Bíblicos numa época em que o homem foi à Lua e transplanta, com êxito, corações e fígados? Se o homem consegue tais êxitos é porque Deus Nosso Senhor lhe outorgou a inteligência proporcionada, sim, PORQUE O HOMEM NÃO É O SEU SER, NÃO É A SUA INTELIGÊNCIA. Aliás o homem não cria nada, apenas transforma, substancial e acidentalmente, os materiais com que Deus enriqueceu o planeta onde vive, combinando as leis físicas e químicas, que conhece cientìficamente, de modo a produzir utilidades que lhe apurem a qualidade de vida, o que em si mesmo, é perfeitamente legítimo.
Todavia, o denominado progresso científico e técnico, conquanto real, em última análise, é ilusório, visto que nunca, nem o Anjo, nem os homens, nem inteligência alguma criada, poderão exaurir todo o cognoscível científico, pois não possuem as chaves das Essências, as chaves do Ser, e consequentemente jamais poderão alterar essencial e até acidentalmente, a sua condição. Com a arrepiante agravante, de no Género Humano, em virtude do pecado original, enquanto que o conhecimento científico e técnico se transmite fàcilmente de geração em geração, o mesmo se não pode dizer da Sabedoria Religiosa, Filosófica e Moral. Muito provàvelmente será esta incomensurabilidade, que agudizada, acarretará as catástrofes bélicas e ecológicas do próximo século.
LOUVADO SEJA NOSSO SENHOR JESUS CRISTO
Lisboa, 20 de Abril de 2017
Alberto Carlos Rosa Ferreira das Neves Cabral

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