06/06/2017

O valor da beleza


Desta forma, a expressão do Belo auxilia na elevação moral e intelectiva, do qual a sociedade contemporânea está tão carente.

Paulo Roberto de Oliveira Santos
Valor e desvalor em pé de igualdade, indistinção entre bem e mal, certo e errado, verdadeiro e falso e belo e feio são algumas das confusões da era contemporânea. A inteligência não se desenvolve, a educação se reduz a treino sensório-motor ou doutrinação ideológica, o que resulta em uma ou várias gerações incapazes de perceber os erros da atualidade e ter real autonomia.
Sem dúvida, um dos fatores que desenvolve a inteligência é a formação do senso estético, algo que é quase totalmente desconhecido da maioria das pessoas na atualidade. O senso estético desenvolve a percepção do Belo, que ao lado do Verdadeiro, do Bom e do Uno, desenvolvem e formam a inteligência.
Nesse sentido, a Cristandade oferecia a seus fieis o ideal do Belo, a formação do senso estético, e o fazia através de seus vitrais, músicas, bem como da arquitetura de suas igrejas, mosteiros e catedrais. Isso era acessível a todos os fiéis, dos mais ricos aos mais pobres, não havendo preocupação frenética com a questão do acesso às obras de arte que existe na contemporaneidade.
Tamanha preocupação remete à chamada democratização da arte, o que não necessariamente forma o senso estético, fim último da obra de arte. Ao contrário, há a criação de diversas linguagens de expressão artística, de diversos espaços para produção e divulgação dessa chamada arte; isso se tornou um mercado, uma indústria, no qual a última coisa que realmente importa é a expressão da beleza, pois o que se busca de fato é o que vende. Entretanto, o que vende, muitas vezes, é a imoralidade, a vulgaridade, a fealdade, o erro, a ideologia, a doutrinação, a confusão. O que hoje se chama de arte e as pessoas que são aclamadas como artistas nada ou pouco contribuem com a formação do senso estético, com o desenvolvimento da inteligência, o que resulta na situação descrita anteriormente.
Ademais, a questão do acesso à arte faz com que as obras de arte se reduzam ao pouco senso estético que muitas pessoas tem, situação completamente contrária ao ideal de desenvolvimento e formação da inteligência, que supõe necessariamente elevação. Portanto, as obras de arte deveriam promover a elevação do ser humano, iniciando pela formação da inteligência, da qual o senso estético é imprescindível.
A inteligência sólida e robusta faz o ser humano conhecer o Verdadeiro, e rejeitar o aparente; desta forma, é possível ao homem conhecer o bem para escolhê-lo livremente, e assim, fazer de um ato de bondade uma prática, um hábito, promovendo sua elevação moral. O senso estético é parte intrínseca deste processo visto que a percepção do Belo é o primeiro passo para o conhecimento do Bem, da Verdade, o que remete o homem à Unidade para o qual foi criado, isto é, a felicidade ou beatitude.
Enfim, a formação do senso estético é fundamental para que o valor esteja acima do desvalor e para que haja real distinção, bem como percepção da superioridade do bem sobre o mal, do certo sobre o errado, do belo sobre o feio. Desta forma, a expressão do Belo auxilia na elevação moral e intelectiva, do qual a sociedade contemporânea está tão carente. Mérito da Cristandade, que sem a preocupação frenética do acesso à obra de arte, oferecia a expressão do Belo a seus fiéis.

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