“ Triunfou o Reno, desgraçadamente. E nós todos
estamos a nos afogar nessas águas pútridas que manam em abundância desde então,
sem previsão de cessar.”
Crise agravada pela institucionalização da heresia modernista, da
“Nouvelle Theologie” (em oposição ao Neo Escolasticismo), do secularismo,
laxismo e relativismo, algumas das bandeiras triunfantes no Concílio Vaticano
II.
A debandada de sacerdotes e religiosos nos anos que se seguiram ao
concílio foi um sinal de que as coisas não saíram como esperado e o ânimo no
escabroso caminho da vida religiosa arrefeceu. A lufada de ar fresco querida
por João XXIII trouxe um odor pestilento, perigoso para a vida eclesiástica e,
consequentemente, religiosa e laical. Não era para menos, um evento da
magnitude de um concílio ecumênico como aquele convocado pelo chamado “Papa
Buono” em 1959, deveria ter um cuidado meticuloso na seleção dos teólogos que
dele fariam parte na condição de peritos.
Mas, de caso pensado, os corifeus do Modernismo estavam ali em peso:
Congar, Lubac, Rahner, Daniélou, entre outros, gente suspeita e vigiada durante
os anos de Pio XII por suas ideias nada afinadas com o ensinamento perene e
saudável da Igreja. Eram inovadores, operários comprometidos com a demolição
das estruturas daquela instituição por eles considerada velha e carcomida. Não
seria a tal “lufada de ar fresco” uma referência sarcástica do papa Roncalli ao
tesouro doutrinal e litúrgico da Esposa do Cordeiro, tão incômodo para os
modernistas?
Precisava-se jogar janela à fora tudo o que não servia aos propósitos de
uma igreja renovada, nivelada ao rés-do-chão da modernidade, sem uma identidade
sólida, sem força persuasiva e moral, apenas mais uma entre cismáticos
ortodoxos, pagãos, judeus, protestantes, muçulmanos, ateus e quejandos. Os séculos
da Igreja monolítica, constantiniana e triunfalista, como zombavam aqueles
teólogos, bispos e cardeais comprometidos com a nova igreja, tinham chegado ao
fim. A ala progressista do concílio – liderada pela Alemanha, Holanda, França e
Bélgica teve força suficiente para solapar a resistência dos bispos, cardeais e
teólogos conservadores, ingênuos demais para uma reação imediata às tramas da
caterva modernista.
Triunfou o Reno, desgraçadamente. E nós todos estamos a nos afogar
nessas águas pútridas que manam em abundância desde então, sem previsão de
cessar. Uma reflexão sobre esse esgoto à céu aberto se faz necessária e é o que
pretendemos nos próximos artigos.
Donato Rossetto é jornalista especializado em religião e
colaborador dos portais Catolicismo Romano e Rádio Italiana.
Fonte: http://www.catolicismoromano.com.br/content/view/7731/29/
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