“Diante de uma pluralidade de posturas das diversas
religiões e confissões cristãs sobre a homossexualidade, a Igreja precisa
encontrar seu caminho e ser mais sensível, tratando do assunto “com ternura” e
sem medo.”
Pe. João Batista de A. Prado Ferraz Costa
Diante
dos últimos acontecimentos na Igreja – refiro-me ao sermão do bispo de Caicó, à
correspondência do Vaticano sobre o batismo de crianças “educadas” por
parceiros homossexuais e à inacreditável declaração de Bergoglio a um bispo
canadense: a Igreja não precisa preocupar-se tanto com a escassez de sacerdotes
porque o futuro da Igreja está mais na Bíblia do que na Eucaristia -, diante de
fatos de uma gravidade assombrosa, creio que não há católico que não se
pergunte em seu íntimo que será da Igreja dentro de poucos anos.
Os
chamados católicos Ecclesia Dei
Adflicta depositam todas suas esperanças em purpurados da ala
conservadora como um Sarah ou um Burke ou quem sabe até um Muller (Que
conservará este?), na expectativa de que num próximo conclave um deles venha a
ser eleito papa e possa sanar a confusão reinante na Igreja, debelar a anarquia
crescente e impedir o caos. Desejam um papa Napoleão que, com energia, impeça
os excessos e consolide a revolução do Vaticano II e a doure com o brilho de
uma aguada liturgia de “São João XXIII”. Almejam só a Pax liturgica.
Sinceramente,
não me parece que seja o melhor remédio para o letal câncer modernista que
devasta a Igreja. Equivaleria a combater apenas os efeitos, seria um paliativo
sem remover as causas do mal.
Neste
ponto, cumpre reconhecer que Francisco I é, sim, fiel à letra e ao espírito do
Vaticano II. É preciso também reconhecer que a melhor interpretação do Vaticano
II, no que diz respeito à ética sexual e familiar, é a que, em linguagem muito
simples e acessível a todos, expôs o cardeal Carlo Maria Martini SJ em seu livro Diálogos noturnos em Jerusalém, obra
importantíssima para entender bem todo o pontificado de Francisco I.
Com
efeito, diz o cardeal Martini: “Os moralistas falavam do fim primário da
sexualidade. Também aqui o Concílio Vaticano II abriu um horizonte mais amplo,
reconhecendo conscientemente a mesma importância no companheirismo e no amor
mútuo dos esposos.” (o. c. p. 124)
Em seguida, o cardeal tem o mérito de tirar as últimas consequências desta
ruptura do Vaticano II com todo o magistério tradicional da Igreja, dizendo que
cobra da Igreja uma atitude de reserva e discrição em relação ao tema da
homossexualidade. E fazendo uma exegese das passagens bíblicas sobre a questão,
diz que as palavras fortes da Sagrada Escritura contra a homossexualidade na verdade
constituem apenas uma condenação de uma prática muito comum na antiguidade
quando homens tinham, para seu prazer, jovens e amantes masculinos, ao lado da
sua família. (Ibidem). E encerra o
assunto dizendo que, diante de uma pluralidade de posturas das diversas
religiões e confissões cristãs sobre a homossexualidade, a Igreja precisa
encontrar seu caminho e ser mais sensível, tratando do assunto “com ternura” e
sem medo.
De
maneira que, se os católicos neoconservadores hoje estão perplexos com a nova
orientação impressa por Francisco à caminhada da Igreja em nossos dias,
deveriam reconhecer que houve um grande equívoco ao longo pontificado de João
Paulo II em querer impedir que o Vaticano II produzisse todos os seus frutos
amargos no campo da fé e da moral. Realmente, pensar que uma declaração Dominus Iesus, sobre a Igreja e o
ecumenismo, ou as diversas instruções sobre ética sexual e moral conjugal
fossem suficientes para a preservação da fé e da moral e, ao mesmo tempo,
promover um moderno panteão nos vários congressos de Assis, ou ainda defender o
uso de preservativos pelos prostitutos como um mal menor, como o fez Bento XVI,
pensar assim é uma ilusão.
O
correto, o justo, teria sido reconhecer humildemente que D. Lefebvre e D. Mayer
tinham razão em suas críticas ao Vaticano II e ter a clarividência de desarmar
a bombas de tempo contidas nos vários documentos conciliares, bombas que mais
cedo ou mais haveriam de explodir. Pensar que uma teologia baseada em um
tomismo aberto e em diálogo com as diversas correntes de pensamento
contemporâneo, tal como se ensina nas faculdades e seminários “conservadores”,
uma teologia à de Lubac, Danielou, Congar bastasse para conter o avanço do
modernismo é um erro grosseiro. A história do mundo moderno mostra que o “centro”,
aliado à “esquerda” sempre saiu perdendo, mais cedo ou mais tarde. Durante o
longo pontificado de João Paulo II houve a nomeação só de um D. Pestana,
inimigo declarado da teologia da libertação, ao passo que foram criados
inúmeros bispos e cardeais que hoje aplaudem Francisco. De modo que nós “da
direita”, em certo sentido, podemos alegrar-nos com a vitória dos modernistas
radicais. João Paulo II disse a D. Helder: “Irmão dos pobres e meu irmão”, mas
consta que zombou de D. Lefebvre quando leu o primeiro manifesto episcopal de
1983.
Hoje,
o desastre é impossível de ser reparado. O fato é que o papa Francisco goza de
uma popularidade enorme dentro da Igreja e no mundo. Ele tem feito e continuará
a fazer o que a imensa maioria dos católicos que frequentam as paróquias querem
e almejam. Quantas meninas “acólitas” e leitoras não sonham em fazer batizados?
Quantas ministras da Eucaristia e freiras não sonham ser diaconisas e oficiar
casamentos e proferir uma homilia durante as celebrações? Aliás isso já é realidade
e muitos lugares. Já se pode lobrigar que, dentro de alguns anos, as crianças
educadas por pares “homoafetivos” e hoje batizadas nas paróquias de inúmeras
dioceses vão defender o “casamento homossexual” canônico.
Realmente,
se é verdade que o conclave que elegeu o cardeal Bergoglio foi influenciado
pela oligarquia mundialista representada pelos Clintos e Soros das altas
esferas do poder oculto global, só podemos esperar que tal grupo de poder que
se assenhoreou do Vaticano não o desocupe enquanto não realizar todos os seus
objetivos.
Na
história da Igreja lemos que o desastroso papa Bento IX (1033-1048), uma
calamidade, um castigo permitido por Deus a sua Igreja, renunciou ao papado
quando o arcipreste João Graciano, mestre do futuro grande papa São Gregório
VII, valendo-se de um recurso extremo, lhe ofereceu vultosa soma. E o
historiador Pe. Rivaux observa que Bento IX e outros pontífices semelhantes,
que fizeram um grande mal à Igreja, foram impostos à Igreja por intrigas do
mundo e cita um autor célebre: “Por conseguinte, se houve maus papas, foi o
mundo, e não a Igreja, que os fez” (Cf. Tratado
de História Eclesiástica, Rivaux, v. 1, p.585, Editora Pinus. 2011,
Brasília).
Costuma-se
dizer, e com razão, que hoje vivemos a Paixão da Igreja. Pio XII já dizia
“alonga-se o sábado santo da Igreja”. A situação, desde então, só se agravou e
ninguém sabe como e quando terminará a paixão do Corpo Místico de Cristo.
Quando Nosso Senhor predisse pela primeira vez sua paixão, São Pedro disse a
Jesus: “Longe de ti, Senhor, essa ideia; não te há de acontecer isso”. Na
segunda e na terceira predições da paixão, os evangelistas dizem que os
discípulos não entendiam nada. Creio que se pode dizer que só não entendiam o
mistério da ressurreição, pois São Pedro tinha entendido bem que Nosso Senhor
anunciara um grande sofrimento iminente.
Pois
bem. Hoje devemos estar conscientes do drama da Igreja. Devemos orar e reparar
tanta injúria e tanta traição feitas à Igreja que é nossa mãe e mestra. Devemos
sofrer e não buscar paliativos para um mal que não podemos eliminar. Devemos
estar preparados para o pior. Mas não podemos perder a esperança e a confiança: Ad nos, triunfans, éxsules, Regina, verte
lumina, caeli ut beátam pátriam, te, consequámur, áuspice.” (Hino das
primeiras vésperas da Assunção).
Que
a Rainha das Vitórias nos auxilie na luta para chegarmos à Igreja triunfante do
céu.
Anápolis, 11 de agosto de 2017.
São Tibúrcio e Santa Susana mártires
Tem toda a razão. Mas o tempo de ferro da Santa Igreja (séc X e XI) TAMBÉM TEVE PAPAS FALSOS; disso não tenho dúvida. Mas havia Clunny e outros mosteiros de homens Santos. Agora não há praticamente nada
ResponderExcluirApenas uma porção de casos únicos. Pois que até a F.S.S.P.X. apostatou, ao menos nos seus chefes. A maçonaria conquistou a face humana do Corpo Místico, eliminando o Nome Católico da História visível.
Como diz: Bergoglio limita-se a explicitar os principios malditos do Vaticano 2. E na realidade, quem é que se incomodará com qualquer sombra de MORAL se há liberdade religiosa?
Alberto Carlos Rosa Ferreira das Neves Cabral - Lisboa
ResponderExcluirRoosevelt Maria de Castro , meu amigo e irmão , tenho o maior apresso por suas publicações em minha comunidade , todos os seus artigos são maravilhosos e muito esclarecedores , eu não tenho muito estudo como você meu querido irmão , por isso desde já lhe peço desculpas , mas temos que ficar atentos no que está acontecendo neste momento com a Igreja de Jesus , ela não pertence a nenhum Papa ou qualquer cidadão deste mundo , mas também temos que fortes e nos apegar mais a Jesus , já que Ele declarou que as portas do Inferno não prevalecerão sobre Sua Igreja , que nós possamos unir forças e sermos os cadeados desta porta , para que ela não se escancare para os que estão querendo destruí-la , estão querendo implodir a Igreja de Jesus com ideias humanas . Meu querido irmão , que Deus sempre o abençoe .