08/10/2017

Luz do mundo debaixo do tapete

“Vós sois a luz do mundo. Não pode esconder-se uma cidade situada sobre um monte; nem acendem uma lucerna, e a põem debaixo do alqueire”.


Paulo Roberto de Oliveira dos Santos
Nenhum sistema econômico ou modelo de sociedade é perfeito; na verdade, a maioria procura oferecer respostas a questões imediatas, pontuais, efêmeras, que tendem a mudar conforme a dinâmica da criatividade humana, que tende a avançar e desejar sempre algo para além daquilo mesmo que vivencia em um dado momento histórico.
Essa força criativa, que impulsiona sempre para além, para a superação certamente é uma consequência da própria efemeridade e inconstância das realidades humanas, materiais, o que tem como consequência a transcendência. Isso significa que o homem jamais se realiza na matéria, na imanência, mas quer tem sempre como fim algo para além da realidade presente.
Assim sendo, pouco adiantam propostas éticas, ecológicas, econômicas, sociais ou de qualquer outra natureza que se apresentem como capazes de resolver os problemas da vida humana, já que a realização deste ser está sempre para além do imediatismo e do aqui e agora.
Assim sendo, o que é imperativo é que o homem conheça o bem a ser desejado para que incline sua vontade à busca e posse desse bem. Tal obra exige um pleno desenvolvimento da inteligência, para que o homem conheça o bem honesto, deleitável, perfeito, e não apenas o bem útil ou, pior, o bem aparente. Após o conhecimento (racional) do bem, é necessário inclinar perfeitamente a vontade a esse bem conhecido. Ora, tal obra é justamente o objeto da educação. Por isso, mais que qualquer sistema ou modelo de sociedade, é necessária uma obra educativa plena, que dê autonomia, liberdade e plenitude ao homem.
Na história da Civilização Ocidental, nenhuma outra instituição promoveu tal obra com maior agudeza e eficiência que a Igreja Católica. O ensino, intrínseco à obra e missão desta, fez surgir escolas, universidades, obras filosóficas e teológicas de grande profundidade, além de obras literárias baseadas em valores elevados e sublimes. Enfim, a obra educativa da Igreja, ao longo de sua bimilenar história, tem feito surgir pessoas com verdadeiro apreço e zelo pela verdade, pela virtude, que tem se aplicado à descoberta dos erros e apontamento dos princípios.
Tendo em vista a fenomenal obra educativa operada pela Igreja Católica, evidencia-se mais uma vez a crise está mergulhada na atualidade, talvez a pior de sua história. O fundamento da verdade parece estar ausente do próprio ensino da Igreja, o que tem levado seus representantes e guias a se ocuparem mais em concordar com o discurso do politicamente correto do que em ensinar a verdade, seja à luz da lei natural, seja à luz da revelação divina. No presente momento, a ocupação dos pastores da Igreja parece ser transformá-la em uma instituição filantrópica de escala mundial empenhada em fazer prosperar tudo aquilo que o globalismo dita, seja a questão ambiental, sejam as ideias socialistas em economia, seja a união das duplas homossexuais, seja o amor livre e pecaminoso.
O fato de cardeais, bispos, clérigos e notórios estudiosos leigos católicos estarem sendo continuamente ignorados pelo papa, apesar da gravidade de certas declarações e atos deste e apesar das retas intenções acerto nas proposições daqueles, demonstra a gravidade do presente momento. A perversa crise espiritual, moral e intelectual do homem contemporâneo é demonstração da falta de solidez no ensino atual da Igreja, bem como da falência da obra educativa operada por ela ao longo de sua história.
Obviamente, houve, ao longo de séculos, um árduo e intencional trabalho no sentido de laicizar e até mesmo ateizar a sociedade em todas as áreas. Entretanto, nas últimas décadas, importantes atos e palavras de representantes da Igreja tem feito-a mais se afeiçoar ao mundo do que ser-lhe a luz e o sal. Não deveria a Igreja, corpo místico de Cristo, seguir iluminando o mundo invés de conformar-se com ele?
Certamente, tal recusa e falta de sentido no ensino e na monumental obra educativa da Igreja implicam na perda de sentido do homem contemporâneo, que busca na matéria a possibilidade de realização e felicidade. Não estão faltando aqueles que, invés de conformarem-se com o mundo, apontam o caminho para o céu?

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