“O
mal aflora os prazeres do corpo, sabe a importância do alimento e consequente a
fraqueza do homem por ele.”
Padre Juan Manuel Rodríguez de la Rosa
Queridos irmãos, ressoa em
minha mente as palavras do Senhor ao ser tentado no deserto: O homem
não vive só de pão, mas de toda a palavra de Deus. Maravilhosa lição e
ensinamento de Nosso Senhor Jesus Cristo; sábia, oportuna e correta, rica em
seu conteúdo, pequeno tesouro espiritual; ensinamento sublime e eterno, frase
direta, sem meias palavras, segura e firme; palavra cheia de autoridade divina;
frase que ultrapassa o tempo e o espaço, ensinamento que supera as limitações
humanas. Frase que penetra a alma do homem, que não o impede, se ele não quer
ouvir, porque a sua doutrina não depende do homem, aceitá-la ou não, mas como
está dito: O homem não vive só de pão, mas de toda a palavra de Deus.
Não podes compreender a plenitude da frase do Senhor o maligno, se
verdadeiramente a palavra de Deus é alimento para a alma. O demônio despreza a
Sua palavra, pois foi ela que o condenou ao fogo eterno, sem parar, sem
descanso, sem pausa, sem paz. Foi a autoridade da Palavra de Deus que subjugou
a sua rebelião o mergulhando na escuridão do abismo do mal e do sofrimento
eterno.
O mal aflora os prazeres do
corpo, sabe a importância do alimento e consequente a fraqueza do homem por
ele. De uma coisa boa como é a comida, entre as coisas preferidas, o homem faz
dela um ato pecaminoso quando a gula se apodera dele. A gula nos faz esquecer
de Deus, é inimiga da temperança, nos enfraquece, deixa a alma suscetível e frágil
à mercê do tentador que se espreita, esperando o momento certo. Ele, o mal,
sabe que quando a gula se apodera do corpo, o espírito está pronto para cair na
tentação do pecado. Muitos são os que fazem da comida, e dos prazeres da mesa,
um ídolo. Esse ídolo, que é o seu estômago, torna-os vulneráveis, fracos e o
que é mais importante, são obscurecidos pelo poder, pela beleza, pela força impedindo
o verdadeiro alimento que é a Palavra de Deus.
Há na Palavra de Deus um
alimento real, que gradualmente vai alimentando a alma e lhe dando sustento,
com a oração, que torna parte da sua vida; não mais parte, não, mas toda a vida
da alma. A Palavra faz o trabalho, operando na purificação da alma, aniquilando
a sua arrogância, colocando-a perante Deus. Com isso a alma deseja fazer toda a
vontade divina, quer agrada-Lo, quer consolá-Lo, quer retribuir a tanto Amor
recebido, assombrada e triste por sua infidelidade, por ter experimentado e
relacionado com a Palavra de Deus, que é o próprio relacionamento com Deus.
Quando a Igreja santamente pede
aos seus filhos no início da Quaresma que seja tempo de jejum e penitência, a
alma, com alegria e desejo fervoroso de obedecer, prepara para esse tempo
penitencial “lança” com humildade e amor o desejo de agradar ao Senhor em
realizar essa penitência. Há uma alegria na alma em poder oferecer esse pequeno
sacrifício a quem tanto deu e constantemente dá a ela. Há alegria na
penitência, em particular no jejum e na abstinência, porque podemos nos
transportar para aquele momento em que o Senhor pronunciou aquelas palavras
divinas, e podemos ouvi-las; e quando nos escutamos podemos acenar com a cabeça
e dizer: Sim, meu Senhor Jesus Cristo, é
verdade o que o diz, eu humildemente experimento, Sua Palavra é o alimento para
minha alma.
O tempo da penitência e do
jejum um momento muito especial para a alma que recebe o alimento da Palavra de
Deus, pois é o momento de arrependimento, de sacrifícios, de amor a Deus, momento
que a alma quer oferecer-lhe uma completa bondade, desapego das coisas terrenas
e esquecendo de si mesma, sacrificando em suas necessidades corporais de
comida. Para a alma que alimenta da Palavra de Deus é uma alegria imensa poder
oferecer esse pequeno sacrifício a quem se deu tanto por ela. A alma que se alimenta
da Palavra de Deus nunca deixará esses pequenos sacrifícios.
Com a Quarta-feira de Cinzas
inicia a Santa Quaresma, e a alma deseja oferecer ao longo dos quarentas dias
um tempo de penitência, do jejum e da abstinência, e com esta mortificação
física, também a mortificação dos sentidos, a mortificação dessa paixão
dominante que impede uma vida de graça, porque a penitência corporal só é
eficaz e agradável a Deus quando os verdadeiros frutos da conversão e a “morte”
de si mesmo,
Que alegria há entre o amor e o
sacrifício!
Padre Juan Manuel Rodríguez de la Rosa
Tradução Blog Salve Regina!
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