“Judas, homicida e o mais criminoso
do mundo, virou o rosto para não ver o céu e nem o Senhor dos céus”
Padre Juan Manuel
Rodrigues de la Rosa
Queridos irmãos, Nosso Senhor Jesus
Cristo não abandona nenhuma de suas ovelhas, são elas que se perdem unicamente
por si mesmas, negando a serem “encontradas” pelo Bom Pastor. A alma tem
liberdade para perdesse eternamente. Eis o exemplo de Judas.
Estando o Senhor a mesa com seus
discípulos, depois de lavar seus pés e de dar-lhes o Santo Sacramento de seu
Corpo e de seu Sangue, disse: “O que come o pão comigo levantará o seu
calcanhar contra mim. Desde agora vo-lo digo, antes que suceda, para quando
suceder, creiais que sou o que sou (Jo 13,18-19). Tendo Jesus dito estas
coisas, turbou-se no espírito (21). O que causou a turbação no Senhor?
Como verdadeiro homem ele turbou-se, como está escrito, mas não como um
qualquer, que turbam e afligem com uma verdadeira perturbação espiritual, sem
conhecer os limites que causa no seu interior. Ele turba em plena paz de
espírito, é o Verbo que se fez carne. Não pode, a Sabedoria divina que tudo faz
e ordena, perturbar-se. Não se turba pela injuria que foi cometida contra Ele,
pois sua infinita caridade não pode alterar-se; turbou-se pelo único motivo que
pode incomodar o próprio Deus, Senhor dos Céus e da Terra: a perca de uma de
suas ovelhas. A queda de uma alma.
O ladrão entrou em Seu
redil e roubou uma de suas ovelhas, para matá-la e perde-la. O diabo havia
entrado no coração de Judas e tinha convencido que o entregasse. Para o
discípulo entregar o Mestre, o servo entregar o Senhor, o filho da perdição
entregar o Rei dos céus. Judas consentiu que o diabo o persuadisse para que
traísse o Mestre. Não só pela persuasão, houve também o consentimento, o
demônio era o dono de seu coração. Porque sem o consentimento, a persuasão não
causaria dano algum. O demônio pode aconselhar o mal, pode sugerir prazeres
carnais; mas não pode forçar à vontade, nem pode permanecer na mente sem
consentimento da pessoa. O Senhor turbou-se, porque o tentador havia invadido a
alma do traidor e tirou o seu estado de graça.
Após turbar-se, para que Judas soubesse
do motivo, lhe disse: Em verdade, em verdade vos digo que um de vos há
de me entregar (Jo 13, 21). Estas palavras já seriam suficientes para
que Judas se convencesse e se arrependesse, pois viu que o que passava em seu
coração era conhecido pelo Senhor; poderia ter se consternado com a bondade e a
doçura do Redentor, pois Ele estava dizendo que sabia o que estava acontecendo,
ocultando dos demais apóstolos, sem deixá-los a saber, mas não se
arrependeu.
Os outros
apóstolos ao ouvir o Mestre se perguntaram quem poderia cometer tal ofensa, e
cada um indagou ao Senhor: Sou porventura
eu? (Mc 14, 19). Estavam temorosos de si mesmo, meditando cada um si havia
algo oculto neles, assim é a consciência dos humildes e simples, não como a do
malvado traidor, que demonstrou o que era quando perguntou ao Mestre: Sou eu porventura? (Mt 26, 25). Pode
haver uma pergunta mais hipócrita e cheia de maldade? Traidor, falso, homicida,
ladrão e ganancioso, não perguntou para ouvir a verdade da boca da Verdade,
se não para não aparecer com o seu silêncio culpado perante os demais que
perguntaram. Sem que os outros apóstolos entendessem, mas o traidor sim, o
Mestre o refutou: Tu o disseste (Mt
26, 25). Judas entendeu, mas não arrependeu, os outros não entenderam. O
Senhor deixou algo mais claro para ver se o criminoso se arrependesse: E, na verdade o Filho do homem vai, segundo
o que está decretado; mas, ai daquele homem, por quem será entregue! (Lc
22, 22). Melhor fora a tal homem que não
tivesse nascido. (Mt 26, 24). Oh coração de pedra o de Judas, oh mente do
traidor mais dura que o diamante, que a pederneira ou o ferro, a quem as
palavras da Sabedoria divina não puderam abrandar, nem a eterna aflição! É irrevogável
a sentença da maldição. Por isso melhor não
tivesse nascido tal homem.
Judas, homicida
e o mais criminoso do mundo, virou o rosto para não ver o céu e nem o
Senhor dos céus. Muito menos quis escutar a assustadora reprimenda da Justiça
divina. Não quis recordar sua vocação por ter sido chamado ao número dos doze
discípulos, nem a graça de curar, nem do mandato de levar a palavra de Deus,
nem a dignidade do apostolado, para que tivesse a honra no último julgamento. Logo,
pela cegueira da ambição perdeu tudo ao entregar o Senhor. Não seguiu ao
Senhor com um coração reto, pois dele se disse: Era ladrão, e, tendo a bolsa, roubava o que se lançava nela (Jo 12,
6). Nunca teria caído tão facilmente se tivesse lançado seus alicerces de sua
casa sobre a pedra de Cristo, mas, ao não fazê-lo, colocou os pés no
desfiladeiro e não tendo apoio separou-se do caminho da verdade, do caminho da
vida.
O que fazes, faze-o depressa.
Pedro,
inquieto pela ocultação do Mestre, desejava saber quem era o traidor, fez um
sinal para o discípulo amado para que ele perguntasse a Jesus, que respondeu: É aquele que a quem eu der um bocado de pão
molhado. E tendo molhado um bocado de pão, deu-o a Judas Iscariotes, filho de
Simão. E, atrás do bocado, entrou nêle Satanás (Jo 13, 26-27). Judas, separado
da companhia dos outros, permaneceu obstinado para entregar o Senhor, conforme
é dito dele profeticamente: E amou a
maldição: venha, sobre ele; não quis a benção; afasta-se ela dele (Sl 108,
17), e assim toda a justiça veio sobre ele, como está escrito no Salmo (7,16): Abriu e cavou uma cova, e caiu nessa (mesma) cova, que fez. Porque na cova do mal
que havia preparado para seu Senhor, nela afundou miseravelmente. Porque a
morte do Senhor foi no tempo e na carne; a dele foi na alma e na
eternidade. Judas ao não receber o Senhor espiritualmente e ao receber o pedação
de pão, recebeu a Satanás em sua alma, como está escrito.
Os que se
perderão, por sua própria vontade se perdem, rejeitam a intercessão em alcançar
uma graça. Fecham os ouvidos do coração para entender a Lei, fazendo com que
suas súplicas e sua vida se tornem desprezíveis a Deus. Pela razão de suas
maldades desejam cumprir os desejos do mal plantados em seus corações, o que se
torna um presságio certíssimo de suas condenações. Judas preparou entregar traiçoeiramente
o Mestre, e obtendo permissão por Ele mesmo, ao ouvir: O que fazes, faze-o depressa (Jo 13, 27). O que tem em mente, porá
em ação; não terá obstáculo algum; sem oposição de ninguém será o dono de seu
próprio propósito. Desprezará a misericórdia, não terás perdão, receberá
em dinheiro, mas perderá a vida: O que
fazes, faze-o depressa. Nenhum, porém, dos que estavam à mesa percebeu porque lhe
dizia isto. Porque alguns, como Judas era o que tinha a bolsa, julgavam que
Jesus lhes dissera: Compra as coisas que nos são precisas para o dia da festa;
ou que desse alguma coisa aos pobres (Jo 13, 27-29).
Judas não merecia a ver a luz do Verbo
Judas
afastou-se da presença do Mestre e dos demais apóstolos, não suportava a força
da luz interior, porque tinha a consciência obscura, e conhecendo o seu próprio
crime, não podia sofrer um exame de sua consciência e da sua inocência. Assim
como as luzes que emanam dos olhos santos, assim são sempre odiosas aos
pecadores. Por isso os que estão na perdição buscam sempre a obscuridade, e
tomado pela cegueira da mente, meditam na escuridão. Judas não teria sido
privado do brilho da inocência senão com humildade, devoção e perseverança,
suplicasse o perdão do Senhor, porque a bondade divina não pode deixar de
perdoar aqueles que buscam com o coração e lágrimas de dor e arrependimento.
O Senhor nega
as gotas de sua graça somente aos que, cheios de desconfianças, desesperam de
poder chegar as fontes de misericórdia. Assim como Judas, assassino nefasto de
seu Senhor, de sua própria alma. Desprezou arrepender-se ao Salvador,
e não confessou a vergonha de sua iniquidade, pereceu com uma morte cruel.
Com portas de ferro obstruiu as entradas de sua casa interior, e a reforçou com
ferrolhos para que a salvação não chegasse em si. Preferiu aumentar a escuridão
interior, os mais escuros cantos de sua alma do que com humildade confessar ao
Senhor Jesus Cristo. Finalmente como se fez indigno de uma graça superior,
separou-se do grupo dos Santos Apóstolos de Cristo. Saiu só, acusado,
descoberto, condenado a porem práticas os malvados planos de sua alma.
Então já
era noite. Para o filho das trevas escuridão, para os outros, luz do meio-dia.
Para Ele, que colocou o Sol da justiça é a mais brilhante luz da Sabedoria. Mas
Cristo não ausentou e nem negou sua presença ao sacrifício. Todos estavam dispostos
a unir-se, mas ele, o traidor separou-se d’Ele. Ele poderia ter aberto os
olhos, mas não mereceu ver a luz do Verbo.
Padre Juan Manuel Rodriguez de la Rosa
Nota: Serviu de inspiração ao artigo a belíssima
obra de San Lorenzo Justiniano: Sacrificio
triunfador de Cristo Mediador. Edicep. Valencia.
1995.
Tradução: Blog Salve Regina!
Na realidade, judas cometeu deicídio sem que pudesse ter presente 20 séculos de Dogma e de Santidade. Contudo, os heresiarcas do Vaticano 2 não hesitaram em calcar aos pés, monstruosamente, a herança mais Sagrada, mais nobilitante e mais sobrenaturalmente transformante da História da Humanidade. SÃO MUITO MAIS CRIMINOSOS DO QUE JUDAS! Alberto Carlos Rosa Ferreira das Neves Cabral -Lisboa
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