“Quem quiser vir após mim,
renuncie a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me”.
Pe. David Francisquini
Pilatos, o governador romano que cometeu o crime mais
monstruoso de toda a História, não foi movido a praticá-lo por qualquer ódio
ideológico; tampouco visava à conquista de novas riquezas, nem a comprazer a
alguma Salomé. Neste particular difere de Herodes, que para salvaguardar seu
trono, seu bem-estar e suas riquezas, perpetrou covardemente a matança dos
Santos Inocentes.
Aliás, os grandes tiranos da História —
Lenine, Stalin, Hitler, entre outros — por ambição ideológica e ódio a Deus, à
Igreja e à Fé, inundaram a Terra com o sangue de mártires.
Pilatos, mesmo afirmando que não encontrou
crime algum em Nosso Senhor Jesus Cristo, entretanto O condenou. O que o teria
movido?
Plinio Corrêa de Oliveira considera numa de
suas meditações sobre a Via Sacra que Pilatos foi levado a condenar o Justo
pelo receio de desagradar a César Augusto. Portanto, não queria complicação
política que pudesse indispor o povo judeu contra o jugo romano. Pilatos foi
mole, indolente, numa palavra, cúmplice daquela pérfida orquestração contra a
vida de Nosso Senhor.
Ao querer contemporizar com a mentalidade
que grassava no povo judeu, pareceu-lhe que condenando Nosso Senhor à
flagelação e à coroação de espinhos, contentaria com isso os judeus, livrando-O
da sentença de morte.
Utilizou-se da política característica dos
covardes, isto é, de “ceder para não perder”, sempre condenada ao fracasso mais
rotundo. Depois de flagelado e “coroado”, Pilatos apresentou Jesus à populaça
açulada, mas ela não se contentou e exigiu do governador a morte do Justo.
Grande lição. Quanto mais se cede, mais o
inimigo prevalece. Em muitas ocasiões, é preciso saber dizer um “não”
categórico, pois não se pode fazer concessões, nem mesmo contemporizar com o
mal, pois entre a verdade e o erro, entre o bem e o mal há um ódio
irreconciliável. Não há paz entre os que são de Deus e os que são da serpente,
entre a raça da Virgem e a do demônio.
Pilatos não quis seguir a via da verdade,
da inocência, as regras de um julgamento reto e justo, mas quis ajustar a
verdade ao erro, a justiça à mentira e à iniquidade. Com o gesto infame de
“lavar as mãos”, quis isentar-se da culpa pelo sangue inocente que seria
derramado. E para estar bem com todos, entregou Nosso Senhor ao populacho para
ser crucificado.
Partindo de um governador romano que na
condição de juiz reprovasse o Inocente, caberia apenas uma condenação: a morte
de cruz, pois não podia haver um crime mais ignominioso e que causasse maiores
sofrimentos do que esse.
Santo Tomás afirma que o Homem-Deus quis
morrer ostensivamente pregado na cruz, pois entre todos os gêneros de morte,
nenhum era mais execrável. Ele o fez para ostentar como o pecado é ignominioso.
Esse gênero de morte foi conveniente por
excelência para a satisfação dos pecados de nossos primeiros pais, por terem
comido do fruto da árvore contra a vontade de Deus. Convinha que, para
satisfazer esse pecado e obedecer à vontade do Padre Eterno, Cristo consentisse
em ser pregado no madeiro para recuperar o que Adão perdeu por desobediência.
A sua divina presença santificou a Terra.
Andou sobre ela para difundir o Evangelho e operar estupendos milagres,
purificando-a com o preciosíssimo sangue vertido. Ao ser elevado na Cruz,
santificou o ar que envolvia a Terra e, assim, atraiu a Si todas as coisas.
A figura da cruz, diz Santo Tomás, ao se
expandir de um centro único em quatro extremos opostos, significa o poder e a
providência de Nosso Senhor esparsos por toda parte, que dela pendente com uma
mão atrai o povo fiel e com a outra o povo pagão.
Ao ser condenado à morte injusta na cruz,
Jesus Cristo tinha escolhido esse gênero de morte para que fosse o Mestre de
todas as dimensões — da largura, da altura, do comprimento e da profundidade —,
como símbolo das boas obras, da estabilidade e da perseverança, da esperança
perfeita e da graça gratuita.
Como Mestre da Verdade, prega em sua
Cátedra, ou seja, a Cruz: “Quem quiser vir após mim, renuncie a si
mesmo, tome a sua cruz e siga-me”.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Antes de postar seu comentário sobre a postagem leia: Todo comentário é moderado e deverá ter o nome do comentador. Caso não tenha a identificação do autor (anônimo) ou sua origem via link não seja identificada e mesmo que não tenha o nome do emitente no corpo do texto, bem como qualquer tipo de identificação, poderá ser publicado se julgarmos pertinente ou interessante ao assunto, como também poderá não ser publicado, mesmo com as devidas identificações do autor se julgarmos o assunto impertinente ou irrelevante. Todo e qualquer comentário só será publicado se não ferir nenhuma das diretrizes do blog, o qual reservamos o direito de publicar ou não, bem como de excluí-los futuramente. Comentários ofensivos contra a Santa Madre Igreja não serão aceitos; de hereges, de pessoas que se dizem ateus, infiéis, de comunistas só serão aceitos se estiverem buscando a conversão e a fuga do erro. De indivíduos que defendem doutrinas contra a Verdade revelada, contra a moral católica, de apoio a grupos ou ideias que, contrários aos ensinamentos da Igreja, ao catecismo do Concílio de Trento, ferem, denigrem, agridem, cometem sacrilégios a Deus Pai, Deus Filho, Deus Espírito Santo, a Mãe de Deus, seus Anjos, Santos, ao Papa, ao clero, as instituições católicas, a Tradição da Igreja, também não serão aceitos. Apoio a indivíduos contrários a tudo isso, incluindo ao clero modernista, só será publicado se tiver uma coerência e não for qualificado como ofensivo, propagador do modernismo, do sedevacantismo, do protestantismo, das ideologias socialistas, comunistas e modernistas, da maçonaria e do maçonismo, bem como qualquer outro tópico julgado impróprio, inoportuno, imoral, etc. Alguns comentários podem ser respondidos via e-mail, postagem de resposta no blog, resposta no próprio comentário ou simplesmente não respondido. Reservo o direito de publicar, não publicar e excluir os comentários que julgar pertinente. Para mensagens particulares, dúvidas, sugestões, inclusive de publicações, elogios e reclamações, pode ser usado o quadro CONTATO no corpo superior do blog versão web. Obrigado! Adm do blog.