“Uma
atividade inicialmente prazerosa passa a ser buscada cada vez mais, até um
ponto em que prejudica a escola ou o trabalho e afeta os relacionamentos
pessoais”
Sergio Bertoli
“Foi a experiência mais tenebrosa, desesperadora e
solitária da minha vida. Eu me sentia no fundo de um abismo. Tudo ao meu redor
era silêncio: silêncio dos amigos, da família e, aparentemente, até de Deus.
Vivia completamente sem esperança de que alguém me estenderia a mão para me
resgatar.”
Assim se inicia o artigo intitulado
“Aprisionados pela pornografia”, publicado no jornal “Correio Braziliense”
(18-3-18), de autoria de Gabriela Vinhal e Hellen Leite. As palavras são de
“Sônia” (nome fictício), uma viciada em sites de pornografia.
A matéria em nenhum momento aborda o
aspecto religioso e moral, sem dúvida o mais importante, mas abunda em
referências cientificas, opiniões de estudiosos e psicólogos. Esse lapso mostra
o quanto ela é “insuspeita”, pois alguém poderia dizer: “Aí vai mais uma
opinião religiosa sobre pornografia”…
Segundo Fábio Augusto Caló, especializado
em terapia sexual no Instituto de Psicologia Aplicada (Inpa), “esta
trajetória se assemelha à de pessoas que se tornam dependentes de substâncias
químicas. Uma atividade inicialmente prazerosa passa a ser buscada cada vez
mais, até um ponto em que prejudica a escola ou o trabalho e afeta os
relacionamentos pessoais”.
Especialistas dizem o caminho tomado por
Sônia não é raro e pode levar a quadros de desespero quando a pessoa acha que
perdeu o controle sobre a própria vontade. “Não é incomum que o
dependente enfrente sérios riscos de suicídio e também se coloque em situações
que podem afetar sua saúde física”.
O tema está diretamente ligado à era
digital. Impressiona a afirmação de Caló: “Com a internet, a pessoa
abre 15 vídeos de uma vez. Ela pode adiantar cenas, ver diferentes tipos de
sexo. A quantidade de estímulos a que fica exposta em uma hora é muito maior do
que a de um indivíduo, há 40 anos, teria ao longo da vida inteira.”
Dados da revista americana “The Week”
indicam que 12% dos sites — cerca de 76 milhões de endereços — são dedicados a
“conteúdo explícito”. Um só site pornográfico recebeu por dia, em 2017, a
visita de 81 milhões de pessoas (sic!) de todo o mundo. O Brasil é o 10º lugar
no ranking dos países que mais buscam esse mesmo portal.
A facilidade de acessar conteúdos assim na
internet é tal, que até crianças estão sujeitas ao consumo dessas imagens e
vídeos.
Assim como acontece com todos os outros
vícios, quanto mais se afunda no consumo da pornografia, menos satisfação se
recebe e mais difícil se torna abandoná-lo. O que parecia um mundo de
felicidades, um “paraíso”, torna-se um inferno.
Nossa conclusão não é a mesma do “Correio
Braziliense”, cujo artigo aconselha a busca de ajudas meramente científicas e
naturalistas.
Todo este assunto é novidade para quem não
tem formação religiosa verdadeira, mas não surpreende os que acompanham o
desvario dos acontecimentos anunciados por Nossa Senhora em Fátima.
Por sua vez, aqueles a quem incumbiria
condenar, invectivar e repreender, se calam, omitem-se, para dizer pouco.
Uma pergunta que inevitavelmente vem ao
espírito é: até onde nos conduzirá essa marcha de depravação em depravação?
Segundo os autores de vida espiritual, se o homem não colocar um basta nas suas
tendências más, não há limites aonde ele não possa chegar. Já se divisam no
horizonte aberrações que me poupo de citar aqui por respeito aos leitores.
O alerta em relação aos vícios,
especialmente aos de impureza, vem sendo abordado há dois mil anos. Aliás, até
muito antes. O Antigo Testamento está repleto de elogios à virtude da
castidade. Nosso Senhor Jesus Cristo e os Apóstolos a louvaram magnificamente;
os primeiros Padres da Igreja, os Santos, os Doutores, exaltaram-na de maneira
toda especial.
Nada disto é novidade para um bom católico.
Antes de tudo, a Doutrina da Igreja nos ensina que sem a graça de Deus — que
nunca falta a quem pede — jamais conseguiríamos praticar a virtude da pureza,
que nos faz semelhantes aos Anjos do Céu.
Enquanto este mundo não se converter à
totalidade da moral ensinada pela única Igreja verdadeira do único Deus
verdadeiro, não há abismo em que não se precipite.
Peçamos Àquela que foi concebida sem pecado,
a Imaculada Mãe de Deus, que nos ajude a preservar essa santa virtude, ou a
recuperá-la, para que se realizem assim em nós as palavras do Divino
Mestre “Bem aventurados os puros de coração, porque eles verão a Deus”(Mt 5,8).
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