“Com
efeito, não há um ato mais excelente na Terra do que a Missa, por se tratar do
sacrifício do Homem-Deus que se renova em nossos altares”
Padre David Francisquini
Tanto
pelo seu cerimonial quanto pelo sacrifício que nela se realiza — a renovação e
perpetuação do próprio holocausto do Calvário —, a Santa Missa é um mistério
tão sublime, que sua grandeza e esplendor, sua santidade e profundidade, sua
nobreza e excelência ultrapassam o conhecimento dos mortais. No entanto, tudo
isso está contido nessa celebração que é o centro da Igreja Católica Apostólica
Romana enquanto instituição divina.
A Missa, por sua ação sacrifical, representa simbolismo único ao
indicar que o próprio Deus enviou a Vítima para redimir e salvar o gênero
humano. No Gólgota, Jesus Cristo morreu uma só vez por todos, com o
derramamento de seu sangue e de sua morte física. No altar, essa imolação é
renovada diariamente de forma incruenta, e os seus infinitos frutos são
aplicados aos membros da Igreja, misticamente, sob as espécies do pão e do
vinho.
O santo sacrifício tem por finalidade honrar a Deus como convém
num ato de adoração, render-Lhe graças pelos benefícios recebidos, aplacá-Lo e
dar-Lhe a devida satisfação pelos nossos pecados,a fim de alcançarmos todas as
graças necessárias à nossa eterna salvação.
Missa significa enviada, de acordo
com São Tomás de Aquino. “Ide, o envio está feito”, ou, no
sentido literal, “ide, foi enviada”. Daí deriva o nome de missa.
“Ite missa est“, a Vítima é enviada por meio de um Anjo para que seja
aceita por Deus.
Nesse ato litúrgico
adornado e enriquecido por sinais, gestos, orações, reverências e cruzes há uma
beleza encantadora para a piedade cristã. O que se realiza não são apenas
simbolismos, mas uma realidade, pois o próprio Cristo é sacerdote e vítima,
através da ação ministerial do celebrante. Até as alfaias sacerdotais
utilizadas nesse cerimonial embelezam a Missa, pela variedade de simbolismos. O
sinal da cruz na casula do paramento românico indica tratar-se de um sacrifício
que está sendo renovado.
Cabe salientar que a Missa
tradicional é de uma riqueza incomparável no campo litúrgico, exegético, moral
e teológico, constituindo um verdadeiro tratado dessas matérias. Ela invoca a
intercessão dos santos, da Virgem Maria e dos santos exponenciais do sacrifício
do Antigo Testamento, que se perpetua ao longo dos séculos.
Com efeito, não há um ato
mais excelente na Terra do que a Missa, por se tratar do sacrifício do
Homem-Deus que se renova em nossos altares debaixo das espécies do pão e do
vinho, sendo o sacrifício da antiga Lei prefigura do sacrifício de Cristo. Por
isso exclamava o Salmista que suas delícias estavam na casa de Deus, a alegria
da sua juventude.
Então, o júbilo dos filhos
de Deus é o de se encontrar com o Senhor dos Exércitos, que Se imola e Se
oferece a Deus Pai. Ao estarem na casa do Senhor, seus pés não param, porque a
casa de Deus está edificada como uma cidade cujas partes estão em perfeita e
mútua união.
Em seu livro As
excelências da Santa Missa, São Leonardo de Porto-Maurício, da Ordem dos
Frades Menores, narra que Santo Isidoro, simples lavrador, tomava o cuidado de
nunca faltar à Missa pelas manhãs. Deus, para demonstrar-lhe o quanto prezava
essa devoção, mandava seus anjos lavrar o campo de Isidoro enquanto ele se
encontrava na igreja.
Não é de esperar que Deus faça para o comum dos fiéis milagres tão
sensíveis e de tal monta, mas de muitas maneiras irá Ele recompensá-los por
esse ato de piedade.
Outro exemplo citado na
mesma obra é o de São Venceslau, Rei da Boêmia, que com muita humildade fazia
questão de acolitar diariamente a Missa. Além de presentear as igrejas com
joias preciosas de seu tesouro, costumava confeccionar com as próprias mãos as
hóstias destinadas ao Santo Sacrifício. E sem diminuir em nada a sua dignidade
real, cultivava um trigal, e desde a preparação da terra até a colheita, ele
próprio moía os grãos, preparava a farinha e as hóstias e as apresentava aos
sacerdotes para se tornarem o Corpo, o Sangue, a Alma e a Divindade de Jesus
Cristo.
Como é bom o Senhor, que
fez maravilhas e Se entregou a nós em sacrifício para expiação dos nossos
pecados! Não há como explicar e nem sequer realçar a grandeza do sacerdócio
católico, porque é outro Cristo que imola em união com Ele esse sacrifício
perene que liga Deus aos homens. Com efeito, nem os Anjos possuem tal poder
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