24/12/2024

Um conto de Natal: A última visita

Adoração dos Pastores, Caravaggio (1609)
"A história se passa em Belém ao amanhecer. A estrela acaba de desaparecer, o último peregrino deixou o estábulo e Jesus adormeceu".
Original: La Porte Latine
Tradução: Blog Salve Regina!

Suavemente a porta se abriu, empurrada, por assim dizer, por um sopro e não por uma mão, e uma mulher apareceu na soleira, coberta de trapos, tão velha e enrugada que, em seu rosto enrugado, sua boca parecia ser apenas mais uma ruga.

Quando Maria a viu, intrigou-se, quem é a mulher que entrou? O Menino Jesus dormia! O burro e o boi ruminavam pacificamente a palha e observavam a estranha avançar sem mostrar surpresa, como se já a conhecessem de muitos tempos.

A Virgem não tirou os olhos dela e cada passo dado parecia ser tão longo quanto a eternidade, vagarosos e compassados. A velha continuou a avançar e agora estava na beira da manjedoura. O Menino Deus continuava a dormir. Assim que a velha estava junto a manjedoura, Ele abriu olhos e sua Mãe viu que os olhos da mulher e os de seu Filho eram iguais e brilhavam com a mesma esperança.

Então a última visitante inclinou sobre a palha, enquanto sua mão procurava algo em meio aos trapos de sua vestimenta, algo que parecia estar guardado a séculos. Mari ainda olhava, assim como os animais, mas estes sem surpresa ou espanto, como se soubessem de antemão o que iria acontecer, apenas aguardavam o momento.

Por fim, depois de muito procurar, a velha finalmente tirou de seus rebanhos um objeto escondido em sua mão e o deu à criança.

Depois de todos os tesouros dos Reis Magos e das ofertas dos pastores, que presente era esse? De onde estava, Maria não conseguia ver. Ela só podia ver as costas dobradas pela idade, e que se dobravam ainda mais quando ela se inclinava sobre o berço. Mas o burro e o boi viram e ainda não ficaram surpresos.

Isso novamente durou muito tempo. Então a velha se levantou, como se aliviada do peso muito pesado que a puxava para a terra. Seus ombros não estavam mais curvados, sua cabeça ficou ereta, esguia, seu rosto milagrosamente recuperara a juventude, desapareceu toda ruga ou marcas do tempo. E quando ela se afastou do berço para voltar para a porta e desaparecer na noite de onde viera, Maria pôde finalmente ver qual era seu misterioso presente e viu quem era a visitante misteriosa.

Era Eva que acabara de dar à criança uma pequena maçã, a maçã do primeiro pecado (e de tantos outros que se seguiram!) E a pequena maçã vermelha brilhou nas mãos da criança recém-nascida como o globo do novo mundo que acabara de nascer com ele.

Jérôme e Jean Tharaud


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