CAPÍTULO I
O QUE É UM PROTESTANTE
A definição não é fácil, porque o protestantismo, pela sua divisão e sua
adaptação a todos os erros, é uma heresia que muda de forma e de fundo,
conforme a situação e os países onde se implanta.
O sábio Webster define-o, dizendo que um protestante é um cristão
que protesta contra as doutrinas e
práticas da Igreja católica. Querendo definir a seita de Lutero, o grande dicionarista não encontrou uma definição doutrinal positiva; caracteriza-a por uma aversão comum.
práticas da Igreja católica. Querendo definir a seita de Lutero, o grande dicionarista não encontrou uma definição doutrinal positiva; caracteriza-a por uma aversão comum.
É que, como salientou o P. Leonel Franca, os descendentes de Lutero não
são irmãos, são conjurados. A sua unidade é o acesso da unidade católica, é a
unidade católica hostilizada.
A religião verdadeira é necessariamente uma coisa positiva, tendo dogma,
moral e culto, determinados e positivos.
É a nota distintiva da Igreja católica o ter os seus dogmas positivos
e divinos, o ter o seu culto majestoso e expressivo.
As outras seitas religiosas, embora falsas e de origem humana, possuem
entretanto certo número de ensinamentos positivos que constituem um como
fundamento dogmático; o protestantismo está muito abaixo de qualquer
outra seita e não possui nada de positivo; é uma negação de tudo o que afirma a
Igreja católica.
Quando a Igreja católica diz: sim! o protestantismo diz: não. – quando Ela
diz: não, o protestantismo clama: sim; de modo que o protestantismo é a negação
da doutrina católica.
O protestante, como bem diz o nome por que é conhecido, é um homem que
protesta.
Não se deve mais dizer: é um cristão; porque há protestantes
quem nem acreditam no batismo e não são batizados validamente, ficando
simplesmente pagãos.
É um homem que protesta contra a Igreja católica, contra o ensino de
Jesus Cristo, e, por cúmulo, protestam contra a palavra divina, servindo-se
desta mesma palavra.
Não acredita mais em Deus; só acredita na bíblia que ele torce,
interpreta, rasga, ou adora, conforme os seus caprichos.
Para ele, a bíblia não é mais um livro divino, cujo conteúdo é a
expressão da palavra divina; é um ídolo, que ele consulta como os antigos
agoureiros romanos consultavam o voo dos pássaros para conhecer a
vontade divina, ou os astrólogos consultavam os astros para conhecerem o
destino. O nome mudou; a coisa ficou.
Em vez de consultarem as aves, como os romanos, ou os astros, como os gregos,
o protestante consulta a Bíblia, dando ele mesmo, ao texto, o sentido de que
precisa e que mais se adapta a seu capricho ou seu interesse.
Todo livro precisa de uma interpretação autêntica, feita por uma
autoridade competente senão é uma letra morta, e a letra morta só pode dar a
morte, enquanto o espírito da interpretação autêntica dá vida.
É o que clara e energicamente exprime S. Paulo: “A letra mata e o
espírito vivifica (2Cor. 3,6). E ainda: Para que sirvamos em
novidade de espírito, e não na velhice da letra (Rm. 7,9). Os judeus
estavam na velhice da letra; Cristo trouxe a novidade de espírito e os
protestantes rejeitam este espírito.
Como tal os protestantes não tem dogma, tornando-se destarte em vez de
cristãos verdadeiros judeus.
Porque o dogma exige uma verdade contida na sagrada escritura, e
declarada autêntica pela autoridade competente.
O protestante tem a bíblia (embora falsificada e truncada), porém não
possui nenhuma autoridade superior, idônea para declarar uma palavra ter tal
sentido, e exprimir tal verdade.
Não tem moral fixa, estável, porque basta crer e fazer o que
quiserem, como diz Lutero, o que exclui toda moral.
Não tem culto público, porque o culto é a expressão da crença e sendo a
crença individual, o culto igualmente deve ser individual.
Eis o protestante isolado, separado de tudo, sem dogma, sem moral, sem
culto, sem autoridade, sem regra de fé firme. Nada de positivo nele... tudo é
negativo: é um protestante: isto é, um revoltoso, um crítico, um censor, um
zombeteiro, que procura destruir sem nada edificar... que procura arrancar a fé
católica, para substituí-la pela revolta, pela negação, pelo nada.
E como o protestantismo fica em pé? Tem um duplo apoio: a ignorância e a
revolta. Nos pastores tem outro apoio: o interesse, a ganância, o lucro.
Cada pastor é um aventureiro, um verdadeiro explorador, que procura
viver e enriquecer-se à custa dos ignorantes.
Ele mesmo não acredita naquilo que ensina, porém é um meio lucrativo de
cavar a vida, de garantir o futuro e deixar um pecúlio aos filhos.
Os protestantes dividem-se em duas categorias:
1º - Os ignorantes, iludidos e enganados pelos finórios que se intitulam
pastores.
2º - Os pastores, enganadores, por interesse, verdadeiros mercenários
que enganam para ganhar a vida
Os primeiros são vítimas, dignos de compaixão. Os segundos são uns
tratantes sem consciência que, para ganharem a vida, perdem as almas dos
incautos.
Dos primeiros, Deus terá talvez misericórdia; para os segundos só pode
ter anátemas, como os que dirigiu aos fariseus de seu tempo: Ai de vós,
hipócritas, que percorreis o mar e a terra para fazer um prosélito... e
depois... o fazeis filho do inferno, duas vezes mais do que vós (Mt.
12,15).
CAPÍTULO II
POR QUE OS PROTESTANTES PROTESTAM
Por que eles protestam? Porque é da essência mesma da seita. No dia em
que os protestantes deixarem de protestar, deixarão de ser protestantes, como o
bêbado, deixando de beber, deixa de ser bêbado, como o brigador, ao deixar as
rixas, deixa de ser brigador, ou como o ladrão, deixando de tirar o alheio,
deixa de ser ladrão.
Protestar é a própria essência do protestantismo; nisto está
a sua razão de ser.
No dia em que os protestantes deixassem de se reformar, de protestar,
diz Sabatier, professor na faculdade protestante de Paris, no dia em que
reconhecessem a autoridade exterior, como regra e prova de fé, nesse dia
deixariam de ser protestantes, nesse momento se suicidariam.
É por isso que hoje se hoje, nos círculos adiantados da seita, que os
protestantes que ainda estão com Lutero, não o compreendem.
Lutero conquistou-lhes o direito de protestar. Seus verdadeiros
discípulos, os herdeiros genuínos do espírito de tal pai, serão os que usarem
de igual direito para protestar contra ele, como eles protestam contra Roma. Os
que vivem depois reivindicarão, com igual energia, a prerrogativa de protestar
contra a geração presente. É assim e só assim que se pode conservar o
protestantismo: protestando e protestando sempre.
O célebre Maistre tem uma frase profunda neste mesmo sentido: “O
protestantismo, diz, ele, conserva apenas o mesmo nome, mudando continuamente
sua fé, porque seu nome sendo meramente negativo e exprimindo apenas a renúncia
ao catolicismo, menos ele acredita, mais ele protesta, e melhor protestante
ele é”. (Do Papa, I. IV, cc 5)
Para compreender o protestantismo é preciso ter diante dos olhos este
princípio básico: que a sua essência é a negação, é o protesto, é a revolta
contra Roma.
Divide-se o protestantismo em centenas, devia-se dizer milhares de
seitas, em desacordo entre elas, combatendo-se mutuamente... nenhum ponto
doutrinal lhes é comum, o único laço que os liga todos é o ódio à Igreja
católica, e o protesto contra tudo o que esta Igreja ensina, de modo que toda a
religião protestante consiste em fazer objeções contra a Igreja católica...
Objeções!... sempre e só objeções, sem quererem escutar a resposta.
Um bispo protestante – pois, para melhor macaquear a Igreja verdadeira,
certas seitas ainda têm bispos – o bispo de S. David definiu a sua
religião: a abjuração do papismo.
Eis o que é um protestante, e eis a razão por que ele protesta. É a sua
essência, a sua razão de ser... Protesta... deve protestar..., e no dia em que
não protestar mais deixa de ser protestante para ser de novo católico.
Para dar a este protesto uma capa ou aparência de razão, o protestante
vem com a bíblia, que o condena a cada passo, porém, ele não quer
ver a condenação, quer protestar, e ei-lo a formular as objeções
mais absurdas e mais extravagantes.
Pouco importa que a própria bíblia refute as suas objeções; ele não quer
ver, e não vê, pela razão muito simples que não há pior cego que aquele
que não quer ver.
Não protesta nem contra o espiritismo, nem contra o budismo, nem contra
o positivismo, nem contra o bolchevismo... não; só protesta contra a Igreja
católica, porque só ela possui a verdade, e esta verdade é o alvo do seu
protesto e a mira das suas objeções.
Protestam pois contra a Igreja, contra a autoridade da Igreja, contra os
seus dogmas, contra os sacramentos, contra o culto, contra tudo o que forma a
doutrina básica da Igreja verdadeira.
A Igreja católica é a única baseada sobre São Pedro e seus sucessores. –
Guerra pois ao papa e toda a autoridade!
A Igreja possui dogmas revelados, que formam a base do seu ensino.
Guerra pois a estes dogmas!
A Igreja possui uma moral pura, santa, um sacerdócio virgem. Guerra pois
ao celibato e tudo o que é puro!
A Igreja possui um culto majestoso, atraente, manifestação da sua fé e
de seu amor. Guerra pois ao culto da Igreja!
A igreja honra de um culto de super veneração a imaculada Mãe de Deus, e
de um culto de veneração aos Santos. Guerra pois a Cristo, guerra à Virgem
santa, guerra aos santos!
O protestantismo não possui santo nenhum!... a Igreja católica os conta
por milhares... Então grita-se: “São ídolos... adoram as imagens... são
idólatras!...”
Pobres protestantes. Os ídolos são eles, estes ídolos dos quais o
profeta dizia: Têm olhos e não enxergam, têm ouvidos e não ouvem; têm
língua e não falam (Ez. 12,2).
Eis por que o protestante protesta e contra quê ele protesta. É um
ignorante pelo orgulho; é um revoltoso impelido pelo fanatismo, é um ateu
envolvido na capa de uma bíblia... conservando só a capa, sendo ele mesmo o
texto da bíblia, isso é, sua própria vontade, pela livre interpretação.
Oh! Eu sei, o povo ignorante em sua simplicidade nem pensa nisso; ele se
deixa seduzir pelos mercenários gananciosos, pelos tais pastores, que vivem à
custa da sua simplicidade. Os culpados são estes vendidos que,
para ganharem dinheiro, vendem e perdem as almas dos outros, depois de terem
vendido a própria alma.
Fonte
e obra completa: http://obrascatolicas.blogspot.com.br/2013/02/luz-nas-trevas-pe-julio-maria.html
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