08/02/2014

Comentários do Evangelho de São Marcos 10: 2-12 – Não se pode o marido separar de sua mulher para casar com outra.


Bíblia Sagrada reedição da versão do Padre Antônio Pereira de Figueiredo Volume X AD 1950 


São Marcos 
Capítulo 10
2.  E chegando os fariseus, lhe perguntavam: É lícito ao marido repudiar a sua mulher? O que eles diziam para o tentarem.
3.  Mas Ele respondendo, lhes disse: Que é o que vos mandou Moisés?
4.  Responderam eles: Moisés permitiu escrever libelo de divórcio e repudiar.


Comentários: MOISÉS PERMITIU – É certo que o legislador do povo de Deus deu tais preceitos, tanto o povo estava obdurado quanto estava longe de Deus de se comprazer em semelhante infração das disposições da ordem primitiva. A condescendência de Deus para com gerações moralmente enfraquecidas, e incapazes de suportarem inteiramente o jugo da lei, não obriga a abandonar para sempre os seus primeiros mandamentos, procurando restabelecer um dia o mais alto nível da perfeição moral que se aproximava do estado em que primeiro estivera constituído o homem antes da queda adâmica. Esse momento chegou com Jesus Cristo, que derrogou a prática do mosaico, Mt 5, 31 (Também foi dito: Qualquer que se desquitar de sua mulher, dê-lhe carta de repúdio.[1]), e elevou o matrimônio à dignidade de Sacramento, recebendo a união conjugal, por esta consagração sobrenatural, uma restauração e confirmação indiscutíveis da sua estabilidade natural e primitiva. No caso do adultério ficou apenas permitida a separação quoad thorum at habitionem, sem a permissão de tomar segundas núpcias durante a vida de qualquer dos cônjuges.

5.  Aos quais respondendo Jesus, disse: Pela dureza de vosso coração é que ele vos deixou escrito esse mandamento:
6.  Porém ao princípio da criação, fê-lo Deus macho e fêmea.
7.  Por isso deixará homem a seu pai, e a sua mãe, e se ajuntará a sua mulher.
8.  E serão dois numa só carne. Assim que eles já não são dois, mas uma só carne.
9.  O que Deus pois ajuntou, não o separe o homem.

Comentários: NÃO O SEPARE O HOMEM: Condenação categórica do divórcio. Moisés permite, em certos casos, o uso do libelo do repúdio pela dureza do coração, lê-se terminantemente no v. 5º. É evidente que a concessão mosaica tolerava essa quebra da dignidade do matrimônio, mas Jesus Cristo não quis conservar semelhante imperfeição do gênero humano, que ele vem levantar do abatimento em que jazia, e então terminantemente diz: O que Deus pois ajuntou não separe o homem. E este texto invalida as pretensões da Igreja grega cismática e outras seitas que entendem que o adultério é causa legítima de completo divórcio: a tradição dos Santos Padres, a prática da Igreja, sustentem firmemente a indissolubilidade matrimonial. O Concílio de Trento anatematiza os sectários do divórcio. Sess XXIV, can. 7[2], e Leão XIII expôs com tanta sublimidade como energia imutável doutrina da Santa Igreja no tocante à indissolubilidade do vínculo matrimonial, na Encíclica Arcanum de 10 de fevereiro de 1880. Sobre o assunto na impossibilidade de nos alargarmos nas considerações que ele suscita, diremos apenas que sob a influência do divórcio, a moralidade desce a passos agigantados; a pureza dos costumes desaparece; a paz do lar extingue-se; o amor foge; O interesse e o egoísmo reinam até se oblitera o sentimento mais santo, mais puro que na terra existe – O amor de mãe. O divórcio não é um progresso a caminho da liberdade, é um retrocesso para os tristes dias do paganismo; não é uma conquista de bem, é uma fonte de enormes males sociais, cuja consequência experimentam as nações, as famílias e os indivíduos.

10. E tornaram a fazer-lhe seus discípulos em casa perguntas sobre a mesma matéria.
11.E ele lhes disse: Qualquer que repudiar a sua mulher, e se casar com outra, comete adultério contra a sua primeira mulher.
12.E se a mulher repudiar a seu marido, e se casar com outro, comete adultério.


PEREIRA DE FIGUEIREDO, Padre Antônio. Evangelho de S. Marcos In: Bíblia Sagrada contendo O VELHO E O NOVO TESTAMENTO, reedição da versão do. Volume X. São Paulo, Brasil. Editora das Américas, 1950. Pág. 241 a pág. 243. NIHIL OBSTAT. Padre Antônio Charbel, S.D.B. São Paulo, 4 de junho de 1950. Imprimatur Paulo, Bispo Auxiliar. São Paulo, 7 de junho de 1950.
Comentários e anotações segundo os consagrados trabalhos de Glaire, Knabembauer, Lesêtre, Lestrade, Poels, Vigouroux Bossuet, etc. organizados pelo Padre Santos Farinha.
Edição aprovada pelo Eminentíssimo senhor D. Carlos Carmelo de Vasconcelos Motta – DD. Cardeal Arcebispo de São Paulo.

Nota editor:
[1] Na versão impressa não consta a citação do versículo, apenas a referência Mt 5, 31;
[2] Na versão impressa consta Sess IV, can. 7. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Antes de postar seu comentário sobre a postagem leia: Todo comentário é moderado e deverá ter o nome do comentador. Caso não tenha a identificação do autor (anônimo) ou sua origem via link não seja identificada e mesmo que não tenha o nome do emitente no corpo do texto, bem como qualquer tipo de identificação, poderá ser publicado se julgarmos pertinente ou interessante ao assunto, como também poderá não ser publicado, mesmo com as devidas identificações do autor se julgarmos o assunto impertinente ou irrelevante. Todo e qualquer comentário só será publicado se não ferir nenhuma das diretrizes do blog, o qual reservamos o direito de publicar ou não, bem como de excluí-los futuramente. Comentários ofensivos contra a Santa Madre Igreja não serão aceitos; de hereges, de pessoas que se dizem ateus, infiéis, de comunistas só serão aceitos se estiverem buscando a conversão e a fuga do erro. De indivíduos que defendem doutrinas contra a Verdade revelada, contra a moral católica, de apoio a grupos ou ideias que, contrários aos ensinamentos da Igreja, ao catecismo do Concílio de Trento, ferem, denigrem, agridem, cometem sacrilégios a Deus Pai, Deus Filho, Deus Espírito Santo, a Mãe de Deus, seus Anjos, Santos, ao Papa, ao clero, as instituições católicas, a Tradição da Igreja, também não serão aceitos. Apoio a indivíduos contrários a tudo isso, incluindo ao clero modernista, só será publicado se tiver uma coerência e não for qualificado como ofensivo, propagador do modernismo, do sedevacantismo, do protestantismo, das ideologias socialistas, comunistas e modernistas, da maçonaria e do maçonismo, bem como qualquer outro tópico julgado impróprio, inoportuno, imoral, etc. Alguns comentários podem ser respondidos via e-mail, postagem de resposta no blog, resposta no próprio comentário ou simplesmente não respondido. Reservo o direito de publicar, não publicar e excluir os comentários que julgar pertinente. Para mensagens particulares, dúvidas, sugestões, inclusive de publicações, elogios e reclamações, pode ser usado o quadro CONTATO no corpo superior do blog versão web. Obrigado! Adm do blog.