15/03/2016

OS MANDAMENTOS DA LEI DE DEUS E A NATUREZA HUMANA

“A FÉ LIBERTA E PRESERVA A RAZÃO DOS ERROS E ENRIQUECE-A COM MÚLTIPLOS CONHECIMENTOS.”

Alberto Carlos Rosa Ferreira das Neves Cabral

Escutemos o Papa Leão XIII, em passagens da sua encíclica“Aeterni Patris”, promulgada em 4 de Agosto de 1879:
«Sabemos perfeitamente que não faltam aqueles, que dimensionando exageradamente as forças da natureza humana, sustentam que a inteligência do homem, ao se submeter à autoridade Divina, decai da sua dignidade natural, e como que curvada sob o jugo da escravidão, sofre um atraso no seu caminho, e é impedida de avançar para o cume da Verdade e grandeza.
Mas estas afirmações estão cheias de erro e de engano; e no fim de contas, possuem o objectivo de que  os homens, no máximo da sua loucura, e não sem culpa de ingratidão, recusem as verdades mais sublimes, e rejeitem espontâneamente o benefício Divino da Fé, da qual derivaram, com vantagem para a sociedade, as fontes de todos os Bens.
Efectivamente, sendo a mente humana ENCERRADA EM LIMITES BEM ESTREITOS, está submetida à ignorância e ao erro. Ao contrário, a Fé Cristã, apoiando-se na Autoridade de Deus, é Mestra seguríssima da Verdade, e ninguém, ao segui-la, é preso pelos laços do erro, nem sacudido pelos flutos de opiniões incertas. Por isso são óptimos filósofos OS QUE UNEM O ESTUDO DA FILOSOFIA AO OBSÉQUIO DA FÉ CRISTÃ, POIS A PRÓPRIA INTELIGÊNCIA AVANTAJA-SE DO LUME DAS VERDADES DIVINAS; E COM ISSO NÃO SE LHE RETIRA NADA DE DIGNIDADE, MAS ATÉ SE LHE ACRESCENTA MUITÍSSIMO EM NOBREZA, CERTEZA E ACUME.
E quando eles, ao confutar as sentenças que são contrárias à Fé,  e ao aprovar as que concordam  com ela, usam a força do seu engenho, usam digna e ùtilmente da razão; de facto, nas primeiras descobrem as causas dos erros e reconhecem os vícios das argumentações sobre as quais eles se baseiam; e nas segundas chegam a encontrar motivos convincentes para demonstrá-las sòlidamente e convencer toda a pessoa sábia. Ora, quem negasse que este empenho e exercício aumenta as riquezas da mente e desenvolve as suas forças, haveria também de sustentar o absurdo de que não favoreça ao proveito do engenho humano o saber distinguir o verdadeiro do falso. Justamente, portanto, o Sagrado Concílio do Vaticano (I)lembra com as palavras seguintes os insignes benefícios propiciados à razão pela Fé: “A FÉ LIBERTA E PRESERVA A RAZÃO DOS ERROS E ENRIQUECE-A COM MÚLTIPLOS CONHECIMENTOS.”Por isso, o homem ajuizado não deveria acusar a Fé como inimiga da razão e das verdades naturais, mas antes, na alegria do ânimo, deveria saber dar dignas Graças a Deus, porque entre as muitas causas da ignorância, e entre os flutos dos erros, brilhou para ele a Fé Santíssima, a qual, como estrela amiga, e com toda a segurança, lhe indica o porto da Verdade.»   
Os ímpios de todos os tempos e lugares sempre proclamaram que Deus é um estorvo para a liberdade e dignidade do homem. E porque o fazem? Em primeiro lugar porque a sua concepção de Deus é aberrante, mesmo monstruosa; concebem Deus como um FENÓMENO ENTRE FENÓMENOS, e talvez por isso, estremecem de horror perante a perspectiva de submissão de um fenómeno a outro fenómeno. A chave de toda a impiedade consubstancia-se assim no erro supremo quanto à concepção de Deus. Mas esse erro é CEM POR CENTO IMPUTÁVEL A UMA VONTADE INTRÌNSECAMENTE CORROMPIDA. Já no Antigo Testamento, era recorrente a adoração de falsos “deuses” que Deus Nosso Senhor punia, não só pontualmente, com mortes súbitas, mas também com castigos muitos prolongados, tais como, os quarenta anos que o povo eleito vagueou pelo deserto, sob a chefia de Moisés, como castigo da sua idolatria. Cumpre todavia salientar que no Antigo Testamento os conceitos religiosos eram muito menos apurados que na Era Cristã; pois que a Revelação estava ainda incompleta, pois como diz São Paulo: “A Lei foi o nosso Pedagogo para nos conduzir a Cristo” (Gal 3,24). Todavia, a vida Sobrenatural no Antigo Testamento constituía uma realidade, a Graça existia, mas era menos participada pelos homens dessa época remota, do que veio a ser após a promulgação do Evangelho. Tudo isto se compreenderá melhor se pensarmos que Nosso Senhor Jesus Cristo é que nos franqueou a Porta do Céu; com a Sua Cruz, com o Seu Sacrifício de valor Infinito, com a Dignidade Infinita da Sua Natureza Humana, como Causa Instrumental Primária de todas as Graças, sem prejuízo, evidentemente, da Mediação Universal da nossa querida Mãe do Céu.
Afirma-se frequentemente que a Lei de Deus constitui algo de aviltante para o homem, no mínimo, seria um incómodo pertencente a épocas ja totalmente ultrapassadas, nas quais a humanidade viveria ainda a sua infância. Esta falsíssima compreensão da Lei de Deus é tão profundamente errada, quanto decorre da já citada aberração do conceito de Deus.
Os santos depositavam em Deus toda a sua Esperança de felicidade, mesmo já neste pobre mundo, porque sabiam que na perfeição moral residia todo o seu Bem. Efectivamente, a felicidade é constitutiva da integração plena do ente nas Leis do Ser. PORQUE AS LEIS QUE REGEM OS ENTES, ORDENANDO-OS ESSENCIALMENTE PARA DEUS NOSSO SENHOR, CONSAGRAM ASSIM, CONSTITUTIVAMENTE, O BEM E A FELICIDADE DOS MESMOS ENTES. QUANTO MAIS A CRIATURA ESPIRITUAL SE APROXIMA OBJECTIVAMENTE DA SUA FINALIDADE, QUE É DEUS, MAIS FELIZ É. PORQUE A LEI DIVINA NÃO É EXTRÍNSECA À NATUREZA, NOMEADAMENTE À NATUREZA HUMANA, POIS QUE NEM SEQUER DIMANA DE UM DECRETO ARBITRÁRIO DE DEUS, ESTRANHO A ESSA MESMA NATUREZA. A LEI DIVINA ESTÁ, METAFÍSICA E TEOLÒGICAMENTE, AO SERVIÇO DA INTEGRIDADE DA NATUREZA, E TAMBÉM DA NATUREZA HUMANA, E É INTRÌNSECAMENTE CONFORME À VERDADE E AO BEM ABSOLUTO E INCRIADO. O mundo desconhece isto! Sempre desconheceu, mesmo em épocas de triunfo exterior da Fé Cristã. Porque mesmo quando a Fé triunfa exteriormente, frequentemente até por razões políticas, muitas vezes o interior continua longe de Deus, em virtude da chaga do pecado original e dos pecados actuais; o Antigo Testamento constitui um diuturno testemunho e uma perene acusação contra a religião puramente exterior; e o próprio Nosso Senhor Jesus Cristo em toda a Sua peregrinação por este mundo verberou contìnuamente a hipocrisia, sob todas as suas formas. Infelizmente a miséria humana sempre se apropriou, de uma forma ou de outra, da mediocre exterioridade de vida da grande maioria dos homens, impondo-lhes oportunìsticamente fórmulas políticas para eles cegamente servirem, em detrimento do verdadeiro interesse público, bem como do autêntico Bem Religioso das almas, com proveito para os tiranos de corpos e almas, sorvedores das mais legítimas aspirações Sobrenaturais das pessoas de Bem. Por tudo isto a Virtude é ridicularizada, os Bons perseguidos, e a IGNORÂNCIA RELIGIOSA ATINGE AS RAIAS DO ABSURDO.
  1. João V (1705-1750), por infelicidade, Rei de Portugal e Brasil, possuía uma concepção puramente decorativa da Religião; ao mesmo tempo que procurava obter da Santa Sé o Título de Rei Fidelíssimo, para ùnicamente satisfazer o seu tremendo orgulho pessoal, em cumplicidade com parte da nobreza, praticava lenocínio em larga escala, nos conventos femininos, tornados assim lupanares de satanás. Terá sido, provàvelmente, a corte europeia mais depravada da época. Um Rei assim indigno, NÃO PERDE AUTOMÀTICAMENTE O SEU CARGO, MAS CASO NÃO SE EMENDE, NUM DIREITO INTERNACIONAL TEMENTE A DEUS, DEVE SER DEPOSTO PELO ROMANO PONTÍFICE. Todavia, na época de D.João V, a vida internacional encontrava-se quase inteiramente penetrada de iluminismo, e a Religião Católica tornava-se progressivamente um simples ornamento do estado, segundo os já citados princípios da exterioridade religiosa.
É certo que as consequências do pecado original impulsionam desordenadamente a alma para os bens terrenos, e a tal ponto, que consagra, subjectivamente, a esses bens contingentes tudo aquilo que devia dedicar e imolar a Deus Nosso Senhor; mas como esses bens são finitos, EM VEZ DE SACIAREM A ALMA, CAVAM NELA UM VAZIO COMO QUE INFINITAMENTE NEGATIVO, UM PRÉ-INFERNO. Nesta monstruosa época EM QUE O DIABO DE APOSSOU DA CÁTEDRA DA VERDADE E DO BEM, O VAZIO ACIMA REFERIDO FOI INSTITUCIONALIZADO E TENDE A TORNAR-SE OBRIGATÓRIO SOB PENA DAS MAIS GRAVES SANÇÕES SOCIAIS E ATÉ LEGAIS. Pois não é que por essa Europa fora se vai aprovando legislação no sentido de tornar obrigatória, sob pena de prisão ou multa, a crença no holocausto tal como a Judeu-maçonaria no-lo apresenta? Aí está como os inimigos da Fé Católica interpretam o conceito de liberdade de expressão de pensamento, QUANDO LHES CONVÉM. Mas tal não nos deve surpreender, porque a tradição cultural e revolucionária francesa tende a coagir as pessoas a “libertarem-se”, enquanto que a tradição e cultura liberal de raiz Britânica pretende, em princípio, apenas criar condições para uma tal “libertação” – MAS NÃO A IMPÕE! Esta divergência é constitutiva da distinção entre a franco-maçonaria e a denominada maçonaria regular. Mas não julguemos que a maçonaria dita regular é menos perigosa, POIS TAMBÉM CONDUZ EFICAZMENTE AO ATEÍSMO, EMBORA LEVE MAIS TEMPO PARA LÁ CHEGAR.  
É falso que a ciência e a técnica alterem a natureza e a condição humana; enquanto tal, a condição humana é absolutamente imutável, pois foi definida por um Decreto Eterno da Sabedoria e Providência Divina. O homem certamente que pode, pela sua indústria, atenuar as dores e as misérias da sua condição, dilatando as suas comodidades, mas tal em nada diminui ou altera a Obra Divina e a Ideia do mundo Eternamente concebida. O recto progresso científico e técnico, enquanto tal, aprofunda a Obra Divina, não a nega, e aprofunda-a precisamente  porque a explicita nas suas virtualidades mais ricas, nobilitanto igualmente a própria inteligência humana, centelha da Inteligência Divina, e Sua Participação pela Fé.  Não olvidemos que  a criatura não pode criar, nem mesmo como causa instrumental, mas PODE TRANSFORMAR, SUBSTANCIAL E ACIDENTALMENTE, combinando as leis físicas e químicas já conhecidas, de modo a extrair funções úteis e proveitosas à vida e comodidade humana. Porque segundo a filosofia Tomista, a causa contém virtualmente o efeito, e da potencialidade das substâncias podem ser hauridas uma infinidade de consequências enriquecedoras da realidade. Neste quadro conceptual se pode realmente inferir que um recto progresso científico e técnico foi querido por Deus como desenvolvimento e corolário da Obra dos Seis Dias da Criação. O Sétimo dia, o descanso de Deus Nosso Senhor, consubstancia-se no maravilhoso facto de estar terminada a Obra QUE A DEUS COMPETIA, QUE SÓ DEUS PODERIA REALIZAR; E ENTÃO COMEÇAR AQUELA QUE DEVERIA CONSTITUIR A OBRA E O TRABALHO DO HOMEM, O VERDADEIRO PROGRESSO MATERIAL DO HOMEM, QUE SÓ O SERIA, SE FOSSE PERFEITAMENTE ENQUADRADO, REALIZADO E ILUMINADO POR MOTIVOS SOBRENATURAIS, POIS QUE SÓ O LUME DA FÉ, ESPERANÇA E CARIDADE, PODE CONFERIR SENTIDO A QUALQUER PROGRESSO MATERIAL, NA EXACTA MEDIDA EM QUE SÓ NA CONTEMPLAÇÃO SOBRENATURAL DA ESSÈNCIA DIVINA PODE O HOMEM ENCONTRAR O VERDADEIRO REPOUSO ETERNO, QUE MERECEU PELAS SUAS OBRAS, COMO DEUS ENCONTROU O SEU REPOUSO, EM SI MESMO, NA SUA ASSEIDADE, APÓS HAVER CRIADO O MUNDO PARA SUA MAIOR GLÓRIA E PARA FELICIDADE SOBRENATURAL DA CRIATURA ESPIRITUAL.
LOUVADO SEJA NOSSO SENHOR JESUS CRISTO
Lisboa, 25 de Fevereiro de 2016

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