1. A Santíssima Virgem
amava a obediência
Quando da embaixada de
S. Gabriel não quis tomar outro nome senão o de escrava. “Eis aqui a escrava do
Senhor”. Com efeito, testemunha S. Tomás de Vilanova, essa fiel escrava do
Senhor nunca o contrariou, nem por ações, nem por pensamentos. Obedeceu sempre
e em tudo à divina vontade, completamente despida de toda vontade própria. Ela
mesma declarou que Deus se tinha agradado de sua obediência. “Ele olhou a
baixeza de sua serva”. A humildade própria de uma serva é ser sempre pronta a
obedecer. Por sua obediência, reparou Maria o dano causado pela desobediência
de Eva, afirma S. Irineu. “Como a desobediência de Eva causou a morte ao gênero
humano, assim pela obediência foi a Virgem, para si e para a humanidade, a
causa da salvação”.
2. A obediência de
Maria foi muito mais perfeita que a de todos os santos
É óbvia a razão disso.
Pois todos os homens sendo inclinados ao mal por causa do pecado original,
sentem dificuldades na prática do bem. Mas tal não se deu com a Santíssima
Virgem. Isenta da culpa original, nada tinha que a impedisse de obedecer a
Deus, escreve S. Bernardino de Sena. Como uma roda segue facilmente o impulso
que lhe é dado, movia-se também a Virgem a cada impulso, com prontidão. Viveu
observando e executando fielmente o divino beneplácito, continua o mesmo Santo.
Bem lhe ficam as palavras dos Cânticos: A minha alma se derreteu, assim que meu
amado falou (5, 6). Na opinião de Ricardo, a alma da Virgem se liquefazia,
semelhante a um metal derretido, estando disposta a tomar todas as formas que Deus
lhe quisesse dar.
3. Maria mostra, com
efeito, quanto era pronta na obediência
Para agradar a Deus,
quis obedecer ao imperador romano, fazendo uma longa viagem de 30 milhas a
Belém. Fê-la nos rigores do inverno, quando esperava dar à luz o seu filhinho.
Sobre isso era tão falta de recursos, que se viu reduzida a ver nascer-lhe o
filho numa estrebaria. Mostrou-se igualmente pronta ao receber o aviso de S.
José, pondo-se imediatamente a caminho, na mesma noite, para a viagem ainda
mais longa e penosa do Egito. Aqui pergunta Silveira por que razão a
necessidade de fugir para o Egito foi revelada a S. José, e não à
bem-aventurada Virgem, a quem a viagem devia custar ainda mais. Responde então:
Foi para que ela desse modo pudesse exercer a obediência. Porém Maria
demonstrou sobretudo sua heróica obediência à divina vontade, quando ofereceu o
Filho à morte. Na grandeza de sua constância, dizem o Vulgato Ildefonso e S.
Antonino, estaria disposta a crucificá-lo, se houvessem faltado os algozes.
4. À exclamação da
mulher que o interrompia com as palavras: “Bem-aventurado o ventre que te
trouxe e os peitos que te amamentaram”, respondeu o Salvador: Antes,
bemaventurados aqueles que ouvem a palavra de Deus e a põem em obra (Lc 11,
27-28)
S. Beda, o Venerável,
assim comenta a passagem: Maria era mais bem-aventurada por sua obediência a
Deus, do que por motivo de sua dignidade como Mãe do Senhor. Razão é essa pela
qual muito lhe agradam por isso as almas amantes da obediência. Apareceu ela um
dia a um religioso franciscano, chamado Acúrcio. Mas eis que da cela o chamam
para confessar um enfermo. Deixou-a, portanto, o religioso, mas de volta a
encontrou ainda. A Virgem o estava esperando e muito lhe louvou a obediência.
Pelo contrário, repreendeu outro religioso que, ouvindo o sino chamar para o
refeitório, se demorou a concluir certas devoções.
5. Também falou a
Virgem a S. Brígida da segurança que há em obedecer ao diretor espiritual, e
disse-lhe que a obediência, a quantos a praticam, leva-os ao paraíso
Donde, dizia S. Filipe
Néri, que Deus não pede conta do que fizemos por obediência, porque tornou essa
virtude uma obrigação para nós. “O que vos ouve, a mim ouve; o que vos
despreza, a mim despreza” (Lc 10, 16). A S. Brígida disse também a Mãe de Deus
que, pelo merecimento de sua obediência, havia ela obtido do Senhor a graça de
alcançar o perdão a todos os pecadores, que arrependidos a ela recorressem.
Ó amável Rainha e Mãe,
rogai a Jesus que nos conceda, pelos méritos de vossa obediência, a graça de
seguir fielmente as ordens de Deus e as disposições de nossos diretores
espirituais. Amém
Fonte: Glórias de Maria - Santo Afonso de
Ligório
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