13/12/2016

13 de dezembro - Santa Luzia, Virgem e Mártir


"Adoro a um só Deus verdadeiro, e a Ele prometi amor e fidelidade."

O culto de santa Luzia, virgem e mártir de Siracusa no século IV, é lembrado em uma epígrafe das Catacumbas de Siracusa e tornou-se popular nos princípios da Idade Média.
A Missa faz-nos contemplar Santa Luzia que, resplendente de luz (Al.) e tendo nos lábios um cântico sublime (Intr.), vai ao encontro de Jesus para celebrar as núpcias eternas. Em sua vida terrena (281-304), ela soube triunfar das iniquidades e das ameaças do procônsul Pascásio e trazer sempre consigo o “óleo da Justiça”, isto é, a graça (Intr. E Gr.). Renunciou a todos os seus bens e à sua própria vida, para possuir o tesouro escondido – o Reino dos céus - , conquistar a pérola preciosíssima que é Cristo (Ev.), e apresentar-se ao esposo celeste, como Virgem pura e casta (Ep.). As jovens têm em Luzia, um nobre exemplo de firmeza e constância na fé e na virtude.
Santa Luzia é invocada contra as doenças dos olhos, por causa do seu nome que significa luz e porque se acredita que, tendo-lhe sido arrancados os olhos, foram-lhe imediatamente restituídos por Deus.
Missal Romano Cotidiano Latim-Português - Edições Paulinas – 1959

Em Siracusa, na Sicília, o natalício de santa Luzia, Virgem e Mártir, durante a perseguição de Dioclesiano. Esta nobre Virgem, quando alguns homens lascivos, a quem Pascásio Consular a mandara entregar para que o povo ultrajasse sua castidade, a quiseram levar, de modo nenhum pode ser movida, nem com o auxílio de cordas, nem com muitas juntas de bois. Pôde em seguida superar, sem receber dano algum, a pez, a resina, o azeite fervendo, e finalmente, ferida na garganta com uma espada, consumou seu martírio.
Martirológio Romano
*     *     *
SANTA LUZIA
Em 304, por volta de seus 18 anos, uma jovem de Siracusa não temeu admitir sua  em Cristo diante Governador da Sicília, que, por ordem do imperador Diocleciano, implacavelmente perseguia e matava cristãos.
Era bonita, de família rica e desde criança cultuava forte devoção a Santa Águeda da Catânia, uma virgem jovem sua conterrânea, que havia poucas décadas, em 254, fora martirizada por ter abraçado o Catolicismo. Por seu tocante exemplo, Santa Luzia fez voto perpétuo de virgindade.
Mas sua mãe, Eutíquia, embora muito cristã e responsável por sua formação religiosa, não quis recusar um pedido de casamento de um jovem de nobre família local. Ela era muito doente e queria mesmo ver casada sua recatada filha. Santa Luzia, porém, vendo agravar-se seu estado de saúde, levou-a ao túmulo de Santa Águeda, onde pediu por sua intercessão. E qual não foi sua surpresa quando Santa Águeda respondeu-lhe: "Luzia, minha irmã, por que pedes a mim aquilo que tu mesma podes obter para tua mãe?".
De fato, um milagre aconteceu naquele mesmo instante e Eutíquia voltou para casa perfeitamente sã. Nessa ocasião, Santa Luzia confessou-lhe o voto de virgindade que havia feito, bem como sua inquebrantável vontade de mantê-lo. Ainda em êxtase pela Graça alcançada, e admirada com a forte devoção da filha, prontamente consentiu que ela mantivesse o voto. Quis desfazer o trato do casamento, mas, percebendo que não seria fácil, permitiu que Santa Luzia distribuísse sua parte da herança entre os mais pobres, como já havia alguns anos era de seu desejo. Por não dispor mais de seus bens, talvez o jovem desistisse.
A reação dele, porém, foi inesperada, e revelou suas verdadeiras intenções: seu principal interesse era por sua riqueza. E logo foi ao governador da Sicília, denunciar Santa Luzia por prática de cristianismo, que à época o imperador romano tinha em conta de uma abominável religião. Ela, contudo, em nada se abalou, pois o exemplo de Santa Águeda era-lhe muito real. Tratou apenas de ir ao lugar onde se ocultava a igreja, para receber sua última Comunhão Eucarística, pois sabia que seria martirizada. Toda a cidade, massivamente já convertida, envolveu-se em grande comoção.
Levada a julgamento, de imediato o governador pediu-lhe que prestasse culto aos deuses pagãos, mas ela foi resoluta em defender sua fé: "Adoro a um só Deus verdadeiro, e a Ele prometi amor e fidelidade." E quando o carrasco, a um sinal do governador, ameaçou arrancar-lhe os olhos, uma terrível punição de então, ela mesma arrancou-os e colocou-os num prato, dizendo que preferiria perder a visão a renegar Jesus. Miraculosamente, porém, no mesmo instante seus olhos foram-lhe restituídos diante de todos.
O governador e toda corte estavam estupefatos! Porém, imaginando estar vendo um truque, e logo deixando-se levar pela ira, ao ouvir que ela havia feito voto de virgindade, ordenou que fosse imediatamente levada a um prostíbulo, para ser violentada. Entretanto, nem mesmo 10 fortes homens conseguiam movê-la do lugar onde estava. Profundamente admirado, mas sentindo-se também ultrajado, mandou que lhe jogassem, ali mesmo, óleo e resina ferventes, para que todos vissem. Feito isso, no entanto, nada lhe aconteceu. Sentenciou então que lhe cortassem a veia do pescoço à espada, o que finalmente a vitimou.
Visivelmente descontrolado, tomado de insana euforia, antes que a enterrassem, o governador determinou que sua cabeça fosse arrancada, amarrada pelos cabelos e arrastada pelas ruas, para servir de exemplo para quem ousasse converter-se ao Catolicismo.
Antes de ser levada a julgamento, porém, para tranquilizar sua mãe e demais amigos cristãos, Santa Luzia havia profetizado a morte de Diocleciano, e, com a ascensão de Constantino ao posto de imperador, o fim da perseguição aos cristãos, como de fato veio em breve a acontecer.
E menos de seis anos após sua morte, já era considerada por todo o povo como a padroeira de Siracusa, tão venerada na Sicília quanto a própria Santa Águeda. Pelo acontecido na corte, realizava muitos milagres quando pediam sua intercessão para a cura de doenças nos olhos ou mesmo de cegueira. Veio a ter tantos devotos que, apenas em Roma, chegou a ter vinte igrejas em sua homenagem, e a celebração de sua veneração ganhou ofício próprio.
Seu corpo foi sepultado sem a cabeça, pois fora despedaçada e queimada, mas, ainda que ocultamente, com todas as honrarias de um funeral cristão, e posto junto aos mártires da Igreja.
Em 1040, ainda intactas, seu corpo santo foi presenteado à imperatriz de Constantinopla, que era sua devota. Sua igreja e sepultura, no entanto, que datam de poucos anos depois do fim da perseguição aos cristãos, foram muito bem preservadas.
Igreja de Santa Luzia
Sepultura de Santa Luzia
Antiga Sepultura de Santa Luzia
Lápide da antiga sepultura
Mas em 1204, temendo sua profanação pelos muçulmanos que invadiam a Terra Santa, os cruzados trouxeram-no de volta a Itália, e depuseram-no na igreja de São Jeremias, em Veneza. 
Em poucos anos, contudo, por causa das grandes romarias que provocava entre o povo, e por falta de um lugar adequado, resolveram ocultá-lo temporariamente, temendo que fosse profanado ali mesmo, na própria Itália. E assim seu corpo terminou 'desaparecido' até 1894, quando finalmente foi identificada uma lápide, escrita em grego antigo, contendo seu nome.
Por esses tempos, aliás, dada a campanha de difamação que desde então vem sendo propagada pelo mundo, já se divulgava que sua história teria sido apenas uma lenda. Aberto o sepulcro, porém, seu corpo ainda não se havia decomposto por completo, como ainda hoje pode ser contemplado.
Capela de Santa Luzia
Corpo de Santa Luzia
Corpo de Santa Luzia
De relíquias suas, o osso do antebraço e fragmentos do braço esquerdo foram devolvidas à cidade de Siracusa, e são veneradas numa capela da Catedral da Natividade de Maria Santíssima.
Antebraço esquerdo de Santa Luzia
Úmero esquerdo de Santa Luzia
Reliquias de Santa Luzia
Ossodo braço de Santa Luzia
Santa Luzia, rogai por nós!

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