“Desmascarando João Calvino:
Conquistando a ferro e fogo países
católicos pela Europa, cometeu atrocidades em nome de sua nova e falsa
doutrina.”
João Carlos Bulla
Nascido em Noyon, na França, e
adotando o protestantismo em 1533, foi para a Basileia em 1534. Passando por
Genebra, implantou com uma severa disciplina a todos os cidadãos o
protestantismo. Seu principal órgão administrativo era o “Consistório”, composto
por pregadores e anciãos que vigiavam a pureza da fé, inquirindo suspeitos e
julgando-os. As consequências de tal órgão são descritas por Bihlmayer-Tuechle:
“Com o objetivo de controle,
faziam-se várias vezes no ano visitas a domicílio e conforme o caso recorria-se
também às denúncias e à espionagem paga. Os transgressores eram colhidos pela
admoestação, deploração e excomunhão (exclusão da ceia sagrada) e obrigados a
fazer penitência pública. Os grandes pecadores, como os sacrílegos, os
adúlteros e os adversários obstinados da nova fé, eram entregues ao Conselho da
cidade para o castigo. Foram pronunciadas muitas condenações à morte (58 até
1546) e mais ainda ao exílio. A tortura foi usada da forma mais rigorosa. A
cidade teve que submeter-se, embora a contragosto, à disciplina férrea de
Calvino. Todas as festas religiosas desapareceram, exceto os domingos. O culto
foi reduzido à pregação, à oração e ao canto dos salmos; quatro vezes por ano
era distribuída à comunidade a sagrada ceia, com pão e vinho ordinário. As
vestes de luxo, os bailes, o jogo de cartas, o teatro e divertimentos
semelhantes eram severamente condenados.”
Jerônimo Bolsec, monge carmelita
apóstata, de Paris, discordou da doutrina da predestinação, e foi exilado em
1551. O humanista e médico espanhol descobridor da circulação do sangue, Miguel
Servet, foi queimado vivo em 27 de outubro de 1553.
No ano de 1547, James Gruet
atreveu-se a publicar uma nota criticando Calvino e por isso foi preso,
torturado duas vezes ao dia durante um mês e sentenciado à morte por blasfêmia,
tendo os pés pregados a uma estaca e sua cabeça cortada.
Os irmãos Comparet, no ano de 1555,
foram acusados de libertinagem, executados e esquartejados. Os restos mortais
foram expostos em diferentes partes de Genebra.
Na Suíça, as doutrinas de Calvino
absorveram as ideais do reformador Zwínglio, de Zurique. A propagação do
calvinismo neste país foi através de destruições e martírios. Dentre os
mártires, está São Fidelis de Sigmaringem, morto em 1622. Trabalhando em favor
dos pobres como advogado, foi frade capuchinho, sendo enviado para a região de
Rezia (localidade com população predominantemente calvinista). Teve êxito em
suas pregações, provocando a fúria dos seguidores do reformador. Estes,
fingindo uma conversão à fé católica, convidaram-no para pregar em Gruesch. São
Fidelis subiu no púlpito e logo avistou um cartaz com os dizeres: “Esta é tua
última prédica”. Começando a pregação, tentaram lhe dar um tiro, sem sucesso.
Continuando firme, São Fidelis terminou e dirigiu-se para a porta da igreja, e
um bando de homens o trucidaram a golpes de barras de ferro e punhais, tanto
que sua perna esquerda foi amputada.
Na Holanda, o calvinismo foi também
muito violento. Segundo o historiador protestante Kervin de Lettenhove: “Os calvinistas
(queux) eram os mais abomináveis piratas de todos os tempos… A sua estupidez
era sem igual. Queriam fazer ressoar em toda parte seu grito de guerra: ‘A
palavra de Deus segundo Calvino’. Saqueavam as igrejas e conventos e infligiam
aos religiosos um trato tal que poucos paralelos se encontram na história dos
povos”.
Em Brielle foram presos clérigos e
leigos. Entre eles, estava o cônego Bervourt Hanszoon, que tendo recusado
alojamento para a concubina do carrasco (um católico apóstata) foi atirado num
poço cheio de lama e morreu. Do mesmo modo outros três sacerdotes foram
executados. Nesta cidade, foram queimados vivos 84 sacerdotes, e outros 19
morreram pela tortura severa. De acordo com o livro “Na Luz perpétua”
(1937, vol. II, Pe. João Baptista Lehmann, p. 29-31):
“Quando no século XVI as heresias de
Lutero e Calvino conseguiram insinuar-se na Holanda, lá, como na Alemanha e na
Suíça, foram causadores de graves distúrbios. Os calvinistas rebelaram-se
contra o governo do rei Filipe II e, chefiados pelo príncipe de Orange, tomaram
à força armada algumas cidades, entre estas a de Gorkum.
O governador retirou-se para o
castelo em companhia de alguns católicos, dois párocos, onde frades
franciscanos e alguns sacerdotes seculares. Os calvinistas, senhores que se
fizeram da cidade, forçaram o castelo à rendição. Esta se efetuou sob a
condição, porém, de ser garantido livre egresso a todos. Os calvinistas,
desprezando esta combinação, aprisionaram o comandante, todos os clérigos e
dois cidadãos, dos quais um foi enforcado imediatamente.
Os sacerdotes eram de preferência
alvo do furor calvinista. Maus tratos revezavam com ameaças de morte e
finalmente foram todos metidos num calabouço subterrâneo. No dia de
sexta-feira, lhes deram carne a comer. Querendo eles, porém, observar a
abstinência, tiveram de suportar toda a sorte de sofrimentos e injúrias.
Ergueram em sua presença uma força
ameaçando-os com a morte, se não quisessem negar a fé no Santíssimo Sacramento.
Ao vigário, padre Nicolau Van Poppel um dos bandidos pôs a arma na testa e
berrou aos ouvidos: ‘Anda, padre! Como é? Tantas vezes declaraste no púlpito
que estavas pronto a dar a vida pela fé. Pois então, dize! Estás mesmo
disposto?’ O padre respondeu: ‘Dou a minha vida com muito prazer, se é em testemunho
da minha fé e principalmente do artigo por vós rejeitado, o da presença real de
Jesus no Santíssimo Sacramento’. Perguntado pelos tesouros, que supunham
estarem escondidos no castelo, padre Nicolau não soube dar informações a
respeito. O calvinista lançou-lhe então uma corda ao pescoço, puxou-o de um
lado para o outro, até que caiu como morto.
Chegara a vez dos franciscanos. Ao
frei Nicásio Pick puseram o mesmo cordão ao pescoço, arrastaram-no à porta do
cárcere. Lá chegando, meteram a corda por cima da porta e puxando com força,
suspenderam a vítima a altura considerável, para imediatamente deixarem cair.
Isto praticaram com diabólico prazer. Afinal a corda rebentou e o pobre padre
caiu pesadamente ao chão, sem mais dar sinal de vida. Para verificar se estava
vivo ou morto, os soldados trouxeram velas, queimaram-lhe a testa, o nariz, as
pálpebras, as orelhas, a boca e finalmente a língua.
Como o padre não desse mais sinal de
vida, deram-lhe pontapés e disseram com ar de desprezo: ‘É um frade, que
importa?’ Mas o padre não estava morto, tanto que no dia seguinte os bandidos
tiveram sua satisfação de poder continuar as crueldades.
Durante toda a noite os padres
estiveram entregues à sanha daqueles demônios em figura humana. Não havia nada
que abrandasse o furor dos endiabrados hereges. Davam bofetadas nos religiosos,
com tanta força e brutalidade, que lhes corria o sangue pelo nariz e pela boca.
O padre Willehad, um venerável ancião de noventa anos, repetia a cada bofetada
que recebia, a jaculatória: ‘Deus seja louvado!’. Os algozes, sentindo-se
fatigados de tanto bater, ajoelhavam-se diante dos padres e entre risos de
escárnio, arremedavam a confissão, proferindo nesta ocasião obscenidades e
blasfêmias horríveis e asquerosas.
Em outra ocasião, amarraram os religiosos
dois a dois e obrigaram-nos a andarem em fila, imitando a procissão e a cantar
o ‘Te Deum’ e tudo isto sob a algazarra satânica da soldadesca desenfreada.
Depois puseram dados nas mãos das vítimas para assim, à guisa do jogo, tirar a
sorte quem deles primeiro havia de subir à forca. O padre Guardião exclamou:
‘Não se faz mister de jogo, estou pronto, porque já passei por esta delícia’.
Os católicos de Gorkum envidaram
todos os esforços para libertar os prisioneiros. Para este fim, dirigiram uma
petição ao príncipe de Orange. Os calvinistas suspeitando qualquer reação,
tiraram aos franciscanos o hábito e despacharam-nos, com outros sacerdotes, na
noite de 5 a 6 de julho, para Brielle, à residência do clerófobo conde Lumam
von Marc.
A pena se nega a fazer a descrição de
tudo que aqueles religiosos tiveram de sofrer, dos verdugos e do populacho
fanático. Em Dordrecht estava à espera um navio, que devia levá-los até
Brielle. Antes do embarque, um bando de calvinistas arrastou os mártires a um
lugar perto do rio, onde estava aparelhada uma forca. Como cães raivosos,
atiraram-se sobre as pobres vítimas e o ar encheu-se de insultos e vitupérios
como estes: ‘Eis aí a vossa Igreja! Ide, rezai a vossa Missa’. Em seguida,
obrigaram-nos a passarem três vezes em volta da forca, sendo a última vez com
os joelhos no chão, sob o canto da ‘Salve Rainha’. Enquanto os religiosos se
puseram a obedecer esta ordem ridícula e estapafúrdia, choviam-lhes bengaladas
e pedradas às costas. O padre vigário Jerônimo de Weert, vendo estas
indignidades, não mais se conteve e disse: ‘Que estou presenciando? Estive
entre turcos e infiéis, mas coisa igual a esta eu nunca vi!’.
Finalmente o triste cortejo chegou a
Brielle. Lá o esperava o conde Lumm, com dois pregadores da seita e alguns
magistrados. Todos se empenharam para conseguir dos prisioneiros a renúncia à
fé, em particular ao dogma da real presença de Jesus Cristo no Santíssimo
Sacramento. Foram baldados os esforços. Os mártires unanimemente rejeitaram as
propostas feitas e preferiram continuar na prisão. O cárcere que os recebeu,
era uma pocilga muito imunda.
Uma ordem do príncipe de Orange, de
por em liberdade os prisioneiros, não foi cumprida. O conde Lumm, embriagado de
ódio e vinho, mandou-os levar, alta noite, às ruínas do convento Rugem, que
pouco antes tinha sido incendiado pelos calvinistas.
Restara ainda o celeiro. O padre
Guardião foi lá mesmo enforcado, depois de ter animado os irmãos à constância.
Depois deles, foram estrangulados todos os companheiros. O fanatismo dos
calvinistas nem respeitou os cadáveres dos mártires. Cortaram-lhes o nariz, as
orelhas e levaram-nos como troféus de vitória nos capacetes e chapéus. Os
católicos resgataram por muito dinheiro os corpos dos santos irmãos e
transportaram-nos para Bruxelas.”
O professor Dr. Udson Rubens Correa
relata alguns acontecimentos na Escócia, Dinamarca, Suécia, Suíça, Alemanha e
Estados Unidos:
“Escócia: O poder civil aboliu por
lei o catolicismo e obrigou todos a aderir à igreja calvinista presbiteriana.
Os padres permaneceram, mas tinham de escolher outra profissão. Quem era
encontrado celebrando missa era condenado à morte. Católicos recalcitrantes
foram perseguidos e mortos, igrejas e mosteiros arrasados, livros católicos
queimados. Tribunais religiosos (inquisições) foram criados para condenar os
católicos clandestinos. (Westminster Review, Tomo LIV, p. 453).
Dinamarca: O protestantismo foi
introduzido por obra e graça de Cristiano II, por suas crueldades apelidado de
‘o Nero do Norte’. Encarcerou bispos, confiscou bens, expulsou religiosos e
proclamou-se chefe absoluto da Igreja Evangélica Dinamarquesa. Em 1569 publicou
os 25 artigos que todos os cidadãos e estrangeiros eram obrigados a assinar
aderindo à doutrina luterana. Ainda em 1789 se decretava pena de morte ao
sacerdote católico que ousasse pôr os pés em solo dinamarquês (Origem e
Progresso da Reforma, p. 204, Editora Agir, 1923, em IRC).
Suécia: Gustavo Wasa suprimiu por lei
o Catolicismo. Jacopson e Knut, os dois mais heróicos bispos católicos, foram
decapitados. Os outros obrigados a fugir junto com padres, diáconos e
religiosos. Os seminários foram fechados, igrejas e mosteiros reduzidos a pó. O
povo indignado com tamanha prepotência pegou em armas para reivindicações. (A
Reforma Protestante, p. 203, 7a edição, em IRC. 1958).
Suíça: O Senado aprovou a proibição
do catolicismo e proclamou o protestantismo religião oficial. Os mártires foram
inumeráveis. (J. B. Galiffe. Notices généalogiques, etc, tomo III, p. 403).
Holanda: Aqui foram as câmaras dos
Estados Gerais a proibir o catolicismo. Com afã miserável tomaram posse dos
bens da Igreja. Martirizaram sacerdotes, religiosos e leigos. Fecharam igrejas
e mosteiros. A fama e a marca destes fanáticos chegou até ao Brasil. Em 1645
nos municípios de Canguaretama e São Gonçalo do Amarante, ambos no atual Rio
Grande do Norte, cerca de 100 católicos foram mortos entre os quais dois
padres, mulheres, velhos e crianças simplesmente porque não queriam se batizar
na religião dos invasores holandeses.
Em 1570 foram enviados para o Brasil
para evangelizar os índios o Pe. Inácio de Azevedo e mais 40 jesuítas. Vinham a
bordo da nau S. Tiago quando em alto mar os interceptou o ‘piedoso’ calvinista
Jacques Sourie. Como prova de seu evangélico zelo mandou degolar friamente todos
os padres e irmãos e jogar os corpos aos tubarões (Luigi Giovannini e M.
Sgarbossa in II santo dei giorno, 4â ed. E.P, p. 224, 1978).
Estados Unidos: Para a jovem terra
recém-descoberta fugiram os puritanos e outros protestantes que negavam a
autoridade do rei da Inglaterra ou da Igreja Episcopal Anglicana. Fugiram para
não serem mortos. Ao chegarem na América repetiram com os indígenas a
carnificina que condenavam. O ‘escalpe’ do índio era premiado pelo poder
público com preços que variavam conforme fossem de homem maduro, velho, mulher,
criança ou recém-nascido. Os ‘pastores’ puritanos negavam que os peles
vermelhas tivessem alma e consideravam um grande bem o extermínio da nobre
raça.”
Pois bem, desmascarada a heresia
calvinista, ao menos historicamente.
___________
FONTES:
AQUINO, Felipe. Para entender
a Inquisição. Lorena: Cléofas, 2012. Págs. 199 a 203.
Sobre os Mártires de Gorkum:
http://caiafarsa.wordpress.com/mortos-pelos-calvinistas-por-nao-negarem-a-fe-na-presenca-real-de-jesus-no-santissimo-sacramento/
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