03/03/2018

Com a corda no pescoço

 Sim, tenho medo do inferno; Ainda mais receoso, de pensar em ficar sem meu Amado, sem meu Deus, o que prometi há muitos anos em dar-lhe meu coração e minha vida.



Padre Lucas Prados
A alguns dias, estava com um dos doentes que regularmente visito, quando o seu acompanhante me disse:
- Ficou sabendo que o sr. Fulanico morreu esta manhã?
Fulanico, eu o conhecia bem. Não tinha chegado aos cinquenta anos. Havia casado na Igreja, teve muitos filhos, não faz muito tempo separou de sua mulher e se foi morar com outra. A nova esposa, que eu conhecia, era uma mulher da Igreja, catequista de sua Paróquia.
Pelo que fiquei sabendo, Fulanico tinha saído para levar alguns trabalhadores no campo e na volta, sentiu mal enquanto dirigia, teria descido do carro e próximo de uma das rodas do veículo foi encontrado já morto. Ele havia decidido viver as margens de Deus. Segundo quem o conhecia não era uma má pessoa; na verdade eu nunca o via na Igreja, salvo quando seu filho pequeno foi fazer a primeira comunhão.
Há duas semanas passadas fiquei sabendo da morte de uma paroquiana, uma jovem mulher que sofria de câncer. Em várias ocasiões a visitava em sua casa, tentando mostrar a gravidade da situação moral em que estava, que deveria ser corrigida o mais breve possível, porque a doença avançava. Na minha insistência ela sempre dizia:
- Padre não estou pronta.
- Veja, sua doença está avançada.
Ela me respondeu:
- Sinto, Padre, mas não posso rezar.
Um mês antes de sua morte, fui vê-la no hospital e o seu coração continuava duro como pedra.
- Olhe em breve você irá encontrar com Deus e sua vida sempre esteve muito distante Dele.
O que consegui ouvir foi a promessa de que iria confessar e receberia os sacramentos antes de morrer.
Uma semana despois de sua morte, sua mãe veio até a mim para pedir uma Missa para o seu descanso eterno. Eu, com receio perguntei.
- Sabe se sua filha se confessou e recebeu a Extrema-unção?
- Sim Padre. Dois dias antes de morrer veio um sacerdote, ela confessou e recebeu os sacramentos – Disse sua mãe.
Há dois meses uma jovem, que foi catequista em uma das paróquias em que atendia, aproximou-se com uma criança nos braços.
- Olá Pepita! Como vai sua vida?
- Bem. Padre Lucas, estou aqui para que o senhor batize meu filho.
- Está casada? – Perguntei-lhe.
- Não, não estou casada. E no momento não penso em fazê-lo. Talvez no futuro.
Percebi que a Pepita que eu conhecia, quando foi minha catequista, não estava mais ali. Foi tragada pelo mundo.
Situações como essas já vi em muitas pessoas durante os meus trinta e três anos de sacerdócio; e minha pergunta é esta: como você pode viver tão calmamente com a corda no pescoço não sabendo se terá que aparecer hoje perante o Todo-Poderoso?
Falo constantemente sobre isso. Na semana passada, falando sobre a Transfiguração do Senhor, aproveitei a oportunidade para falar sobre o céu, o inferno e de estar preparado para o nosso encontro com Deus. Você acha que alguém ouviu essas palavras?
A situação moral em que a grande maioria dos católicos se encontram é de pecado mortal, mas eles não querem reconhecer. Passando uma grande parte de suas vidas assim.
Mas você vai me dizer:
“Padre, o senhor está exagerando!
Desculpe, mas não estou exagerando. De acordo com as estatísticas oficiais, menos de 10% dos católicos frequentam a missa semanalmente; menos de 10% dos católicos confessam uma vez por ano. Todas essas pessoas já estão em pecado mortal. E nessa situação, eles permanecerão se não remediarem. Se você está esperando o momento final de sua vida para se converter e confessar, certamente você não tem chance. Segundo experiência própria, menos de 5% das pessoas que morrem receberam os sacramentos. Quando uma pessoa idosa fica doente e tem a saúde agravada, ela é levada rapidamente para o hospital, mas aí, a menos que a família ligue, o padre não aparece. A pessoa morre sem receber os sacramentos; e como ela normalmente viva em um estado de pecado mortal, vai direto para o inferno.
Muitas pessoas se acostumaram a viver com a corda no pescoço e não percebem a grave situação em que se encontram. Não só por causa do tremendo castigo do inferno que aguarda a grande maioria, mas também porque se privam da maior alegria que pode ter na Terra: a de ser amigo de Deus.
Acho difícil de entender como alguns sacerdotes e bispos celebram a Santa Missa com suas almas em pecado grave. Não compreendo o motivo de bispos negarem que a Missa Tridentina seja celebrada em suas dioceses e, por outro lado, eles não levantam a menor oposição ante das concentrações pró-aborto e em favor dos movimentos homossexuais. Como padre, fico feliz quando uma pessoa me pede ajuda para retornar às graças de Deus; Mas também fico horrorizado em pensar que uma pessoa foi condenada por minha causa, por não ter ido procura-lo.
Eu não sou um sacerdote santo, mas procuro ser mais santo quanto posso e fiel ao meu sacerdócio. Quando falho com Deus, procuro o mais rápido possível aproximar da Confissão e não deixo que passe um dia sem recuperar o estado de graça. Sim, tenho medo do inferno; Ainda mais receoso, de pensar em ficar sem meu Amado, sem meu Deus, o que prometi há muitos anos em dar-lhe meu coração e minha vida.
Não consigo entender coimo uma grande quantidade de católicos que ficam com a corda ao redor do pescoço, vinte e quatro horas por dia, por anos e anos, não fazem nada para livrar do pecado e viver em estado de graça.
Tradução: Blog Salve Regina!

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