"Aniquilai-me, pois, cada vez mais. Fazei que eu seja não como a pedra de um edifício, lavrada e polida pela mão do operário, mas como o obscuro grãozinho de areia, tirado da poeira do caminho."
“Meu Deus eis-me aqui na vossa presença, pobre, pequenino,
desprovido de tudo. Estou a vossos pés, abismado no meu nada. Desejaria possuir
alguma coisa para vô-la ofertar; mas nada mais sou que miséria. Só Vós sois o
meu tudo, a minha fraqueza. Meu Deus, agradeço-vos o terdes querido que eu nada
fosse perante Vós. Amo a minha humilhação, o meu nada. Agradeço-vos o terdes
afastado de mim certas satisfações do amor próprio, certas consolações de
coração. Agradeço-vos as decepções, as ingratidões, as humilhações. Reconheço
que de tudo isso havia mister e que esses bens poderiam ter-me conservado longe
de vós. Bendito sejais, meu Deus, quando me enviais provações. Gosto de ser
acabrunhado, esmagado, reduzido a nada por Vós. Aniquilai-me, pois, cada vez
mais. Fazei que eu seja não como a pedra de um edifício, lavrada e polida pela
mão do operário, mas como o obscuro grãozinho de areia, tirado da poeira do
caminho. Meu Deus, agradeço-vos terdes-me deixado entrever a doçura das vossas
consolações e agradeço-vos o terdes-me privado delas. Justo e bom é tudo quanto
fazeis. Bendigo-vos no meio da minha indigência e só lamento o não vos ter
amado ainda mais. Só desejo que seja feita a vossa vontade. Vós sois o Meu
Senhor e eu a vossa propriedade. Disponde e tornai a dispor de mim quanto
quiserdes. Destruí-me e atormentai-me. Quero ser reduzido a nada por vosso
amor. Como a vossa mão é bondosa, ó Jesus, mesmo no auge das provações. Oxalá
eu seja crucificado, mas crucificado por Vós. Assim seja”.
General Louis-Gaston de Sonis
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