01/05/2020

A Igreja e a ampliação de horizontes

 "É evidente que, para vislumbrar e construir o futuro, é necessário se atentar ao passado, corrigindo seus erros e preservando todo o legado positivo trazido à atual geração."


Paulo Roberto Oliveira dos Santos

A ampliação de horizontes é marca constante da Santa Madre Igreja desde sua fundação por Nosso Senhor Jesus Cristo. A zelo apostólico e a pregação para os não judeus, no primeiro século; os sangrentos sacrifícios em função da perseguição romana; a manutenção das bases que permitiram a construção da civilização ocidental, ao longo da Idade Média, o que inclui o ardor guerreiro para impedir que Europa caísse nas mãos dos muçulmanos; os empreendimentos marítimos para levar o Evangelho às regiões mais longínquas do mundo, no mundo moderno; a luta contra as heresias protestante, modernista e Teologia da Liberação, nas últimos séculos. Cada uma destas, bem como diversas outras missões e trabalhos empreendidos pelos filhos da Igreja levaram povos, nações e pessoas a ampliar seus horizontes em diversos aspectos: filosóficos, educacionais, estéticos, jurídicos, políticos, científicos.

Por todas estas razões, é falaciosa a argumentação de que a Santa Madre Igreja precisa ampliar seus horizontes, especialmente, quando se considera que a Santa Igreja é corpo místico de Cristo que, sendo Deus, não pode enganar-se nem nos enganar. Mas para não haver confusão, é necessário o seguinte questionamento: o que se entende por ampliar horizontes?

Se por ampliar horizontes se entende ampliar o conhecimento, buscar e defender a verdade, praticar a caridade, especialmente para com os mais necessitados, praticar a virtude cristã, criar condições para que as pessoas desenvolvam-se intelectual e moralmente, ampliar e aprofundar a liberdade, aprimorar os padrões filosóficos, educacionais, estéticos, jurídicos, políticos, científicos, tudo à luz de Cristo, então sim, é necessário ampliar horizontes e isso já se faz presente na história da Santa Madre Igreja.

Se, porém ampliar horizontes significar que a Igreja deve se equiparar a instituições filantrópicas, colocar-se em pé de igualdade doutrinário com outras religiões, omitir-se perante a verdade para não constranger a opinião pública e o consenso em geral, praticar pseudo virtudes pregadas pelo pós-modernismo, então cabe perguntar: os pastores da Santa Madre Igreja devem obedecer a Deus ou ao mundo? A Santa Madre Igreja deve ser amoldar ao século ou deve ser sal da terra e luz do mundo? Este tipo de ampliação de horizonte não levaria à criação de uma igreja sem Cristo, de um catolicismo sem fundamentos?

A crise que se instalou na Igreja há cerca de 50 anos, também com pretexto de ampliação de horizontes, tem trazido para a Santa Madre Igreja, como resultados práticos, a redução da quantidade de pessoas que professam o catolicismo e, entre os que o professam, seria lícito e legítimo questionar se ainda podem ser chamados fiéis, exatamente porque muitos querem maior “ampliação de horizontes”, uma pregação moldada à opinião pública, às “virtudes” pós-modernistas e à preguiça espiritual, enfim, uma doutrina e uma prática pastoral que corrobore e justifique o ateísmo prático vivido por muitos “católicos”. Para o mundo em geral, a crise da Igreja apresenta como resultados a imoralidade tanto no âmbito privado quanto no público e a consolidação da desagregação familiar; a crise da Santa Igreja Católica resulta da crise filosófica, educacional, estética, jurídica e políticos do Ocidente, que se espalha desde a Revolução Francesa, mas os pastores da Igreja não tem sido capazes de combate-la, ao contrário, criaram as condições para que tal situação invadisse a Igreja, processo que aprofunda a crise do mundo ocidental.

Cabe, mais uma vez, a verdadeira ampliação de horizontes, a quebra de paradigmas e a ruptura com as estruturas maléficas que causam tamanha desagregação eclesiásticas e social. Tal intento tem como ponto de partida a restauração da liturgia e das práticas pastorais da Igreja em conformidade com o depósito da fé, defendido ao longo de 2000 mil anos pela tradição católica. É evidente que, para vislumbrar e construir o futuro, é necessário se atentar ao passado, corrigindo seus erros e preservando todo o legado positivo trazido à atual geração. Não há dúvidas que, para o resgate da tradição católica e para o reordenamento do Ocidente, que atualmente sofre com um vácuo civilizacional, haverá a necessidade de muito tempo de uma pregação heroica e, provavelmente, o derramamento do sangue de novos mártires.

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