20/04/2013

Suger, abade de Saint Denis: não poupar arte nem riqueza no culto sagrado

O Abade Suger (1081-1151) foi abade de Saint-Denis (França), desde 1122 até sua morte.
Hábil diplomata, foi conselheiro de Luís VI e de Luís VII e Regente durante a Segunda Cruzada. Foi chamado de “pai da monarquia francesa”.
 
O abade Suger aos pés de Jesus Cristo, 
vitral da abadia de Saint-Denis
Suger formulou uma justificação filosófica para a vida e a arte, notadamente para suas realizações arquitetônicas. Compartilhando o sentir medieval, ele concebia os monumentos como obras de teologia.
O abade Suger foi grande teólogo, poeta, patrono das artes e organizador das funções litúrgicas.


Ele pregou a via da elevação da alma até a contemplação das coisas divinas a partir da beleza material retamente aproveitada.

A sua influencia na arquitetura gótica foi prodigiosa, especialmente pelas maravilhas introduzidas na Basílica abacial de Saint-Denis.


Esta basílica é a necrópole dos reis da França, e subsiste até hoje, não longe do centro de Paris.

Ele escreveu:
“No que concerne à beleza dos vasos sagrados, nós acreditamos, que devemos esculpi-los primorosamente, com uma nobreza externa que corresponda à dignidade com a qual nós os manipulamos no Santo Sacrifício da Missa.
Pois, em todas as coisas sem exceção ‒ seja pela matéria ou pelo espírito ‒ nós devemos servir o Redentor o mais perfeitamente possível. 
E é por isso que nada será suficientemente precioso, nem suficientemente belo, nem suficientemente esplêndido para conter as Sagradas Espécies. 
No Antigo Testamento, os judeus empregavam vasos e utensílios de ouro para recolher o sangue dos bodes, veados e vacas sacrificadas.
Os cristãos no poderiam ornar com pedras preciosas os cálices de ouro que contêm o sangue de Cristo?
A beleza da casa de Deus deve, com maior razão, dar aos fiéis como que um antegosto da beleza do Céu.
A visão da beleza multicolor das pérolas, com freqüência, me liberou das preocupações da vida exterior elevando minha alma pelo deleite dos esplendores

sensíveis até a consideração das virtudes diversas de que elas são o símbolo. 
Esta visão me deu a ilusão de me encontrar, por assim dizer, numa terra estrangeira que de maneira alguma era a terra de lama deste baixo mundo, mas ainda não era a pura região do Céu. 
Assim, parece-me que por meio do regozijo com a beleza material, nós podemos, com a ajuda de Deus, sentirmos transportados, por via anagógica (elevação da alma na contemplação das coisas divinas, êxtase, arrebatamento, enlevo), até a fruição espiritual da beleza suprema”.


(Fonte: apud Edgar de Bruyne, “Le conflit des esthétiques”, Albin Michel, Paris, 1998, p. 143).

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