09/12/2016

A autêntica conversão é o desprezo ao pecado.


“A autêntica conversão é o desprezo ao pecado… Na Santa Cruz, na Santa Missa, o Senhor nos revela tudo o que quer de nós. É a Sua despedida. É o Seu Testamento para cada um de nós. Olha-nos pela última vez e nos diz o que precisamos e o que espera de nós”


Tradução Sensus fidei:
Queridos irmãos, a autêntica conversão a Deus, Uno e Trino, só pode ter lugar quando a alma sente verdadeiro horror ao pecado em sua própria vida, ao compreender o que o próprio Deus tem feito por ela. Quando a alma entende em toda profundidade e gravidade o significado da morte redentora e expiatória de Nosso Senhor Jesus Cristo na Santa Cruz, que foi por seus próprios pecados; quando a alma é capaz, mesmo que seja apenas por uma intuição, de chegar a compreender a dor física inaudita que Jesus suportou para expiar os pecados, e a sua dor espiritual pela perda eterna de tantas almas, somente então nela se produzirá a autêntica conversão.
Converter-se é renunciar ao pecado com todas as forças da alma. É o firme propósito de não mais pecar pelo resto da vida; é não querer minimamente ofender a Deus; é estar disposto a tudo antes que voltar a pecar novamente.
Nós unicamente experimentaremos o amor de Deus, quando meditando no Calvário, pudermos compreender até onde Deus nos amou, para que não perdêssemos a alma por mau uso de nossa liberdade. O amor de Deus apenas o experimentaremos desde a Santa Cruz; voltando nosso olhar apenas para Ele e contemplando o seu corpo flagelado e ensanguentado, vendo em cada ferida as pisadas de nossos pecados, só então nos surpreenderemos com o amor infinito de Deus.
A pregação de Nosso Senhor centrou-se em anunciar o Reino de Deus, a conversão a Ele, que é o caminho, a verdade e a vida. Quem não come a minha carne e bebe o meu sangue… disse Ele aos atônitos judeus, e duros de coração; e no perdão dos pecados, vai e não peques mais.
Ninguém pode dizer que tem experimentado o amor de Deus e viver em pecado, sem renunciar a Ele. Ninguém pode permanecer no pecado quando se encontrou com Jesus Cristo crucificado; é tão impossível como o sol não se pôr à noite e não sair pela manhã. Contemplando a Cristo crucificado, sentir sua respiração agonizante, cruzar nosso olhar com o seu, deter-se em cada uma de suas terríveis chagas em seu corpo, tudo e mais, produz tal impressão sobre a alma que apenas a mera ideia de voltar a pecar ou de permanecer na vida de pecado que leva, causa-lhe tamanha angústia que literalmente não poderia viver.
Queridos irmãos, repito, ninguém que verdadeiramente tenha se encontrado com o Amor de Deus pode desejar voltar a pecar.
No Calvário o Senhor nos diz o que espera de cada um.
Na Santa Cruz, na Santa Missa, o Senhor nos revela tudo o que quer de nós. É a Sua despedida. É o Seu Testamento para cada um de nós. Olha-nos pela última vez e nos diz o que precisamos e o que espera de nós.
Não estaríamos fantasiando no que, em seguida, poderia verdadeiramente ser um diálogo do Senhor com a alma. Olha, filho, quão longe cheguei para que não peques mais. Contempla-me e dize-me se queres voltar a pecar, se queres seguir em tua vida pecaminosa. Não te basta o que fiz por ti, não te é suficiente que um Deus morra crucificado para que não peques mais? Não te atenhas ao que dizem os teus pastores: que Deus te quer com a vida que levas. Eles agem como assalariados. Olha para mim e pensa se, de verdade, quero-te na situação de pecado em que te encontras. Contempla-me na Cruz e ouve-me, e encontrarás a verdade para a tua vida e a salvação de tua alma.
O Senhor nos adverte sobre a presença do maligno; esteve rondando a Santa Cruz. Diz-nos: aí está, ao teu lado; mas não hás de ter medo se estas comigo. Diz-nos e nos adverte no Santo Sacrifício.
É uma grande tragédia para a alma pensar que o demônio não existe e nem a condenação eterna.
Deus é bom demais, não pode castigar eternamente?
Muitos pensam assim! E sob esse falso pretexto preferem servir a suas paixões e inclinações concupiscentes antes de renunciar a si mesmos e seguir o Senhor. Mas nada é mais contrário à verdade e ao ensino de nossa Mãe Igreja. O castigo eterno não é contrário à Bondade de Deus. Deus criou tudo por amor; Ele fez o homem à Sua divina semelhança e o plenificou de dons, e lhe pediu fidelidade ao amor divino. Pode Deus permanecer indiferente à rebelião do homem, como se fosse um ser privado de amor e sentimentos?
Cremos na justiça divina porque acreditamos nas ternuras de seu Sagrado Coração. Não é Deus quem condena e a tormenta, são os próprios réprobos, aqueles que não querendo lançar-se às chamas do amor eterno, precipitam-se nas da Justiça eterna.
Apenas uma alma verdadeiramente convertida renuncia explicitamente às seduções do demônio, toma a sua cruz e segue o Mestre a caminho do Calvário; glorificando a Deus pelo conjunto infinito de suas perfeições, por sua justiça, por seu poder e santidade, por sua misericórdia e Amor infinito. O Amor que cria, que dá, que perdoa, que vivifica. O Amor que ordena, que repreende, que castiga.
Ave Maria Puríssima.
Pe. Juan Manuel Rodriguez de la Rosa.

Fonte: http://www.sensusfidei.com.br/2016/07/11/a-autentica-conversao-a-deus/

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