Seja por sempre e em todas partes conhecido, adorado, bendito, amado, servido e glorificado o diviníssimo Coração de Jesus e o Imaculado Coração de Maria.

Nota do blog Salve Regina: “Nós aderimos de todo o coração e com toda a nossa alma à Roma católica, guardiã da fé católica e das tradições necessárias para a manutenção dessa fé, à Roma eterna, mestra de sabedoria e de verdade. Pelo contrário, negamo-nos e sempre nos temos negado a seguir a Roma de tendência neomodernista e neoprotestante que se manifestou claramente no Concílio Vaticano II, e depois do Concílio em todas as reformas que dele surgiram.” Mons. Marcel Lefebvre

Pax Domini sit semper tecum

Item 4º do Juramento Anti-modernista São PIO X: "Eu sinceramente mantenho que a Doutrina da Fé nos foi trazida desde os Apóstolos pelos Padres ortodoxos com exatamente o mesmo significado e sempre com o mesmo propósito. Assim sendo, eu rejeito inteiramente a falsa representação herética de que os dogmas evoluem e se modificam de um significado para outro diferente do que a Igreja antes manteve. Condeno também todo erro segundo o qual, no lugar do divino Depósito que foi confiado à esposa de Cristo para que ela o guardasse, há apenas uma invenção filosófica ou produto de consciência humana que foi gradualmente desenvolvida pelo esforço humano e continuará a se desenvolver indefinidamente" - JURAMENTO ANTI-MODERNISTA

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Eu conservo a MISSA TRADICIONAL, aquela que foi codificada, não fabricada, por São Pio V no século XVI, conforme um costume multissecular. Eu recuso, portanto, o ORDO MISSAE de Paulo VI”. - Declaração do Pe. Camel.

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Ao negar a celebração da Missa Tradicional ou ao obstruir e a discriminar, comportam-se como um administrador infiel e caprichoso que, contrariamente às instruções do pai da casa - tem a despensa trancada ou como uma madrasta má que dá às crianças uma dose deficiente. É possível que esses clérigos tenham medo do grande poder da verdade que irradia da celebração da Missa Tradicional. Pode comparar-se a Missa Tradicional a um leão: soltem-no e ele defender-se-á sozinho”. - D. Athanasius Schneider

"Os inimigos declarados de Deus e da Igreja devem ser difamados tanto quanto se possa (desde que não se falte à verdade), sendo obra de caridade gritar: Eis o lobo!, quando está entre o rebanho, ou em qualquer lugar onde seja encontrado".- São Francisco de Sales

“E eu lhes digo que o protestantismo não é cristianismo puro, nem cristianismo de espécie alguma; é pseudocristianismo, um cristianismo falso. Nem sequer tem os protestantes direito de se chamarem cristãos”. - Padre Amando Adriano Lochu

"MALDITOS os cristãos que suportam sem indignação que seu adorável SALVADOR seja posto lado a lado com Buda e Maomé em não sei que panteão de falsos deuses". - Padre Emmanuel

“O conteúdo das publicações são de inteira responsabilidade de seus autores indicados nas matérias ou nas citações das referidas fontes de origem, não significando, pelos administradores do blog, a inteira adesão das ideias expressas.”

28/06/2012

Bispo Usurpa Lugar de Jesus

João Batista Klein
 24.06.2012 - "Caríssimos, estando eu muito preocupado em vos escrever a respeito da nossa comum salvação, senti a necessidade de dirigir-vos esta carta para exortar-vos a pelejar pela fé confiada de uma vez para sempre aos santos. Pois certos homens ímpios se introduziram furtivamente entre nós, os quais desde muito tempo estão destinados para este julgamento; eles transformam em dissolução a graça de nosso DEUS e negam JESUS CRISTO, nosso único Mestre e Senhor." (Jd. 3-4)
Existe um ditado popular, apesar de não concordar com todos, que diz o seguinte:
"Uma imagem vale mais do que mil palavras..."

Está aqui abaixo uma foto que é um escândalo para um autêntico católico:


Catedral da Imaculada Conceição – Osório/R.S.
A cadeira do Bispo como centro das atenções do Altar, enquanto Jesus é posto de lado.
Vejam o grau de apostasia em que chegou esse bispo, certamente com a conivência de alguns de seus padres.
"Ninguém de modo algum vos engane. Porque primeiro deve vir a apostasia e deve manifestar-se o homem da iniqüidade, o filho da perdição, o adversário, aquele que se levanta contra tudo o que é divino e sagrado, a ponto de TOMAR LUGAR NO TEMPLO DE DEUS, e apresentar-se como se fosse DEUS." (2 Ts.2, 3-4)
Estimado irmão católico, mesmo que você não tenha estudado e se formado em teologia, como por exemplo um padre, ou até um bispo, e portanto não conheça profundamente a Doutrina, nem os Dogmas da nossa autêntica Igreja Católica, aquela que segue FIELMENTE as orientações do Papa Bento XVI, porém ainda mantém sua fé viva, a ponto de continuar tendo o máximo de respeito e zelo pelo Divino e o Sagrado, imagine a seguinte situação:
Alguém tendo poder para tal, resolve retirar o DEUS Altíssimo junto com o Seu Trono (o Sacrário) do lugar mais importante e destacado de Seu Palácio (a Catedral), o centro, e deslocá-lo para o lado, ou seja, um local secundário, na extremidade do salão principal. Ainda por cima, como se já não tivesse praticado violência suficiente, apodera-se da sua posição, a que Lhe pertence por direito e fato, e ali se aboleta...
Pergunto-lhe: Será que você que acredita piamente em Sua presença real na Hóstia Consagrada, teria coragem de atentar assim, tão violentamente contra DEUS? E mais, será que quem é capaz de praticar tão tremendo ato acredita mesmo em seu coração que a Hóstia Consagrada é JESUS Eucarístico, em Corpo, Sangue,  Alma e Divindade?
Todos nós sabemos que a verdade do nosso coração não se revela em nossas palavras, mas principalmente nas atitudes que tomamos.
"Desde o tempo em que for suprimido o holocausto perpétuo (Eucaristia) e quando for estabelecida a abominação do devastador (anticristo), transcorrerão mil duzentos e noventa dias. Feliz quem esperar e alcançar mil trezentos e trinta e cinco dias! Quanto a ti, vai até o fim. Tu repousarás e te levantarás para (receber) tua parte de herança, no fim dos tempos." (Dn. 12,11)
Em conseqüência de fatos lamentáveis como esse, muitos poderão nos questionar:
"Afinal, Católicos, vocês constroem Catedrais e Igrejas para que? Para alimentar o egocentrismo de alguns bispos e padres?"
Não, nós católicos sempre construímos nossas Capelas, Igrejas e Catedrais para termos um lugar santificado, onde pudéssemos instalar o Trono (Sacrário) de nosso Rei (JESUS Eucarístico); adorá-Lo, louvá-Lo e bendize-Lo com nossas orações, e principalmente a Santa Missa. Se hoje alguns pensam e agem de outras formas, esses são os claros sinais da apostasia, que caracterizam o período de provação e purificação da Esposa do Cordeiro, juntamente com todos aqueles que hão de se salvar, nessa antevéspera de Seu retorno. Também está escrito que muitos não acreditariam. Eles estão por aí, são os escarnecedores e zombadores; normalmente impiedosos apóstatas, além é claro de cínicos e fingidos.
"Nota bem o seguinte: nos últimos dias haverá um período difícil. Os homens se tornarão egoístas, avarentos, fanfarrões, soberbos, rebeldes aos pais ingratos, malvados, desalmados, desleais, caluniadores, devassos, cruéis, inimigos dos bons, traidores, insolentes, cegos de orgulho, amigos dos prazeres e não de DEUS, ostentarão a aparência de piedade, mas desdenharão a realidade. Dessa gente, afasta-te!" (2 Tm. 3, 1-5)
Concluindo este texto pensemos: Quantos filhos de DEUS se dirigem diariamente a essa Catedral, e lá chegando, na porta da entrada, ajoelham-se e fazem o sinal da Cruz para... a cadeira do bispo! Ato contínuo dirigem-se para dentro e ajoelhando-se no corredor central, ocorre o que: Rezam... olhando para a cadeira do bispo! Sim, pois JESUS está lá no canto, só, abandonado!!!
Já pensaram na tristeza de nosso Senhor ao ver tudo isso?
Católicos da cidade de Osório, é dever de todos vocês fazerem JESUS voltar para o Centro de Sua Casa, a Catedral. É nosso Salvador e Redentor que importa, não o bispo.
Nota: Você que continua sendo um autêntico católico, e portanto ama e respeita a Santíssima Eucaristia, envie-nos e-mails apontando as capelas, igrejas e catedrais pelo Brasil e o mundo, onde nosso Salvador JESUS CRISTO foi retirado do centro de Sua Casa e relegado ao lateralismo secundário que os apóstatas satanizados deste final de tempos o condenaram.
Envie também seu protesto, em defesa de JESUS Eucarístico para a diocese de Osório-R.S.
“Velai sobre o rebanho de DEUS, que vos é confiado. Tende cuidado dele, não constrangidos, mas espontaneamente; não por amor de interesse sórdido, mas com dedicação; não como dominadores absolutos sobre as comunidades que vos são confiadas, mas como modelos do vosso rebanho. E, quando aparecer o supremo Pastor, recebereis a coroa imperecível de glória.” (I Pd. 5, 2-4)

Colaboração de João Batista Klein, Porto Alegre-RS,



Quando os sacerdotes são castigo de Deus


São João Eudes:
O maior sinal da ira de Deus sobre um povo e a mais terrível punição que sobre ele pode descarregar neste mundo é permitir que, em castigo dos seus crimes, venha a cair nas mãos de pastores que mais o são de nome do que de fato, que mais exercitam contra ele a crueldade de lobos famintos que a caridade de solícitos pastores, e que, em lugar de o alimentar cuidadosamente, o dilacera e devora com crueldade; que, em vez de levar o povo a Deus, o vende a Satanás; que em lugar de o encaminhar para o Céu, o arrasta com eles para o inferno; e, em vez de serem o sal da terra e a luz do mundo, são o seu veneno e as suas trevas.

Porque nós, sacerdotes e pastores, disse São Gregório, o grande, seremos condenados diante de Deus como "assassinos das almas que, todos os dias, vão para a morte eterna pelo nosso silêncio e nossa negligência". Diz também este mesmo Santo: “Nada há que tanto ultraje a Nosso Senhor (e, por conseguinte, que mais provoque a Sua ira e atraia mais maldições sobre os pastores e sobre o rebanho, sobre os sacerdotes e sobre o povo) como os exemplos de uma vida depravada dados por quem Ele estabeleceu para correção dos demais; quando pecam os que devem reprimir pecados"; quando os sacerdotes não cuidam da salvação das almas, quando não se preocupam mais do que em satisfazer as suas inclinações, quando todas as suas afeições terminam em coisas da terra; quando se alimentam com avidez da vã estima dos homens; quando para satisfazerem as suas ambições abandonam os trabalhos de Deus para se entregarem aos do mundo; quando, ocupando um lugar de santidade, se ocupam de questões terrenas e profanas e não mais pregam a verdadeira fé, a única que indica O Caminho, A Verdade e A Vida.


Quando Deus permite que isto suceda é prova muito certa de que está encolerizado contra o seu povo, sendo este o maior castigo que lhe pode enviar neste mundo. Por isso Nosso Senhor diz incessantemente a todos os católicos: "Convertei-vos a Mim e dar-vos-ei pastores segundo o Meu Coração". O maior efeito da misericórdia de Deus dirigido ao Seu povo e a mais preciosa graça que pode outorgar-lhe é dar-lhe sacerdotes segundo o Seu Coração, que não buscam mais do que a Sua glória e a eterna salvação das almas.


Extraído do blog: http://osegredodorosario.blogspot.com.br/

27/06/2012

"Tiraram o Senhor e não sabemos onde o puseram". (São João 20, 2)








Encíclica do Papa Pio XI que condena o Ecumenismo

Carta Encíclica do Sumo Pontífice
Papa Pio XI

Mortalium Animos

Sobre a Promoção da verdadeira
 Unidade de Religião
AOS REVMOS. SENHORES PADRES PATRIARCAS, PRIMAZES, ARCEBISPOS, BISPOS E OUTROS ORDINÁRIOS DOS LUGARES EM PAZ E UNIÃO COM A SÉ APOSTÓLICA.

Veneráveis irmãos:
Saúde e Bênção Apostólica.

1. Ânsia Universal de Paz e Fraternidade

Talvez jamais em uma outra época os espíritos dos mortais foram tomados por um tão grande desejo daquela fraterna amizade, pela qual em razão da unidade e identidade de natureza – somos estreitados e unidos entre nós, amizade esta que deve ser robustecida e orientada para o bem comum da sociedade humana, quanto vemos ter acontecido nestes nossos tempos.

Pois, embora as nações ainda não usufruam plenamente dos benefícios da paz, antes, pelo contrário, em alguns lugares, antigas e novas discórdias vão explodindo em sedições e em conflitos civis; como não é possível, entretanto, que as muitas controvérsias sobre a tranqüilidade e a prosperidade dos povos sejam resolvidas sem que exista a concórdia quanto à ação e às obras dos que governam as Cidades e administram os seus negócios; compreende-se facilmente (tanto mais que já ninguém discorda da unidade do gênero humano) porque, estimulados por esta irmandade universal, também muitos desejam que os vários povos cada dia se unam mais estreitamente.

2. A Fraternidade na Religião. Congressos Ecumênicos

Entretanto, alguns lutam por realizar coisa não dissemelhante quanto à ordenação da Lei Nova trazida por Cristo, Nosso Senhor.

Pois, tendo como certo que rarissimamente se encontram homens privados de todo sentimento religioso, por isto, parece, passaram a Ter a esperança de que, sem dificuldade, ocorrerá que os povos, embora cada um sustente sentença diferente sobre as coisas divinas, concordarão fraternalmente na profissão de algumas doutrinas como que em um fundamento comum da vida espiritual.

Por isto costumam realizar por si mesmos convenções, assembléias e pregações, com não medíocre freqüência de ouvintes e para elas convocam, para debates, promiscuamente, a todos: pagãos de todas as espécies, fiéis de Cristo, os que infelizmente se afastaram de Cristo e os que obstinada e pertinazmente contradizem à sua natureza divina e à sua missão.

3. Os Católicos não podem aprová-lo

Sem dúvida, estes esforços não podem, de nenhum modo, ser aprovados pelos católicos, pois eles se fundamentam na falsa opinião dos que juogam que quaisquer religiões são, mais ou menos, boas e louváveis, pois, embora não de uma única maneira, elas alargam e significam de modo igual aquele sentido ingênito e nativo em nós, pelo qual somos levados para Deus e reconhecemos obsequiosamente o seu império.

Erram e estão enganados, portanto, os que possuem esta opinião: pervertendo o conceito da verdadeira religião, eles repudiam-na e gradualmente inclinam-se para o chamado Naturalismo e para o Ateísmo. Daí segue-se claramente que quem concorda com os que pensam e empreendem tais coisas afasta-se inteiramente da religião divinamente revelada.

4. Outro erro. A união de todos os Cristãos. Argumentos falazes

Entretanto, quando se trata de promover a unidade entre todos os cristãos, alguns são enganados mais facilmente por uma disfarçada aparência do que seja reto.

Acaso não é justo e de acordo com o dever – costumam repetir amiúde – que todos os que invocam o nome de Cristo se abstenham de recriminações mútuas e sejam finalmente unidos por mútua caridade?

Acaso alguém ousaria afirmar que ama a Cristo se, na medida de suas forças, não procura realizar as coisas que Ele desejou, ele que rogou ao Pai para que seus discípulos fossem "UM" (Jo 17,21)?

Acaso não quis o mesmo Cristo que seus discípulos fossem identificados por este como que sinal e fossem por ele distinguidos dos demais, a saber, se mutuamente se amassem: "Todos conhecerão que sois meus discípulos nisto: se tiverdes amor um pelo outro?" (Jo 13,35).

Oxalá todos os cristão fossem "UM", acrescentam: eles poderiam repelir muito melhor a peste da impiedade que, cada dia mais, se alastra e se expande, e se ordena ao enfraquecimento do Evangelho.

5. Debaixo desses argumentos se oculta um erro gravíssimo

Os chamados "pancristãos" espalham e insuflam estas e outras coisas da mesma espécie. E eles estão tão longe de serem poucos e raros mas, ao contrário, cresceram em fileiras compactas e uniram-se em sociedades largamente difundidas, as quais, embora sobre coisas de fé cada um esteja imbuído de uma doutrina diferente, são, as mais das vezes, dirigidas por acatólicos.

Esta iniciativa é promovida de modo tão ativo que, de muitos modos, consegue para si a adesão dos cidadão e arrebata e alicia os espíritos, mesmo de muitos católicos, pela esperança de realizar uma união que parecia de acordo com os desejos da Santa Mãe, a Igreja, para Quem, realmente, nada é tão antigo quanto o re-convocar e o reconduzir os filhos desviados para o seu grêmio.

Na verdade, sob os atrativos e os afagos destas palavras oculta-se um gravíssimo erro pelo qual são totalmente destruídos os fundamentos da fé.

6. A verdadeira norma nesta matéria

Advertidos, pois, pela consciência do dever apostólico, para que não permitamos que o rebanho do Senhor seja envolvido pela nocividade destas falácias, apelamos, veneráveis irmãos, para o vosso empenho na precaução contra este mal. Confiamos que, pelas palavras e escritos de cada um de vós, poderemos atingir mais facilmente o povo, e que os princípios e argumentos, que a seguir proporemos, sejam entendidos por ele pois, por meio deles, os católicos devem saber o que devem pensar e praticar, dado que se trata de iniciativas que dizem respeitos a eles, para unir de qualquer maneira em um só corpo os que se denominam cristãos.

7. Só uma religião pode ser verdadeira: A revelada por Deus

Fomos criados por Deus, Criador de todas as coisas, para este fim: conhecê-lO e serví-lO. O nosso Criador possui, portanto, pleno direito de ser servido.

Por certo, poderia Deus ter estabelecido apenas uma lei da natureza para o governo do homem. Ele, ao criá-lo, gravou-a em seu espírito e poderia portanto, a partir daí, governar os seus novos atos pela providência ordinária dessa mesma lei. Mas, preferiu dar preceitos aos quais nós obedecêssemos e, no decurso dos tempos, desde os começos do gênero humano até a vinda e a pregação de Jesus Cristo, Ele próprio ensinou ao homem, naturalmente dotado de razão, os deveres que dele seriam exigidos para com o Criador: "Em muitos lugares e de muitos modos, antigamente, falou Deus aos nossos pais pelos profetas; ultimamente, nestes dias, falou-nos por seu Filho" (Heb 1,1 Seg).

Está, portanto, claro que a religião verdadeira não pode ser outra senão a que se funda na palavra revelada de Deus; começando a ser feita desde o princípio, essa revelação prosseguiu sob a Lei Antiga e o próprio crisot completou-a sob a Nova Lei.

Portanto, se Deus falou – e comprova-se pela fé histórica Ter ele realmente falado – não há quem não veja ser dever do homem acreditas, de modo absoluto, em deus que se revela e obedecer integralmente a Deus que impera. Mas, para a glória de Deus e para a nossa salvação, em relação a uma coisa e outra, o Filho Unigênito de Deus instituiu na terra a sua Igreja.

8. A única religião revelada é a Igreja Católica

Acreditamos, pois, que os que afirma serem cristão, não possam fazê-lo sem crer que uma Igreja, e uma só, foi fundada por Cristo. Mas, se se indaga, além disso, qual deva ser ela pela vontade do seu Autor, já não estão todos em consenso.

Assim, por exemplo, muitíssimos destes negam a necessidade da Igreja de Cristo ser visível e perceptível, pelo menos na medida em que deva aparecer como um corpo único de fiéis, concordes em uma só e mesma doutrina, sob um só magistério e um só regime. Mas, pelo contrário, julgam que a Igreja perceptível e visível é uma Federação de várias comunidades cristãs, embora aderentes, cada uma delas, a doutrinas opostas entre si.

Entretanto, cristo Senhor instituiu a sua Igreja como uma sociedade perfeita de natureza externa e perceptível pelos sentidos, a qual, nos tempos futuros, prosseguiria a obra da reparação do gênero humano pela regência de uma só cabeça (Mt 16,18 seg.; Lc 22,32; Jo 21,15-17), pelo magistério de uma voz viva (Mc 16,15) e pela dispensação dos sacramentos, fontes da graça celeste (Jo 3,5; 6,48-50; 20,22 seg.; cf. Mt 18,18; etc.). Por esse motivo, por comparações afirmou-a semelhante a um reino (Mt, 13), a uma casa (Mt 16,18), a um redil de ovelhas (Jo 10,16) e a um rebanho (Jo 21,15-17).

Esta Igreja, fundada de modo tão admirável, ao Lhe serem retirados o seu Fundador e os Apóstolos que por primeiro a propagaram, em razão da morte deles, não poderia cessar de existir e ser extinta, uma vez que Ela era aquela a quem, sem nenhuma discriminação quanto a lugares e a tempos, fora dado o preceito de conduzir todos os homens à salvação eterna: "Ide, pois, ensinai a todos os povos" (Mt 28,19).

Acaso faltaria à Igreja algo quanto à virtude e eficácia no cumprimento perene desse múnus, quando o próprio Cristo solenemente prometeu estar sempre presente a ela: "Eis que Eu estou convosco, todos os dias, até a consumação dos séculos?" (Mt 28,20).

Deste modo, não pode ocorrer que a Igreja de Cristo não exista hoje e em todo o tempo, e também que Ela não exista hoje e em todo o tempo, e também que Ela não exista como inteiramente a mesma que existiu à época dos Apóstolos. A não ser que desejemos afirmar que: Cristo Senhor ou não cumpriu o que propôs ou que errou ao afirmar que as portas do inferno jamais prevaleceriam contra Ela (Mt 16,18).

9. Um erro capital do movimento ecumênico na pretendida união das Igrejas cristãs

Ocorre-nos dever esclarecer e afastar aqui certa opinião falsa, da qual parece depender toda esta questão e proceder essa múltipla ação e conspiração dos acatólicos que, como dissemos, trabalham pela união das igrejas cristãs.

Os autores desta opinião acostumaram-se a citar, quase que indefinidamente, a Cristo dizendo: "Para que todos sejam um"... "Haverá um só rebanho e um só Pastos"(Jo 27,21; 10,16). Fazem-no todavia de modo que, por essas palavras, queriam significar um desejo e uma prece de cristo ainda carente de seu efeito.

Pois opinam: a unidade de fé e de regime, distintivo da verdadeira e única Igreja de Cristo, quase nunca existiu até hoje e nem hoje existe; que ela pode, sem dúvida, ser desejada e talvez realizar-se alguma vez, por uma inclinação comum das vontades; mas que, entrementes, deve existir apenas uma fictícia unidade.

Acrescentam que a Igreja é, por si mesma, por natureza, dividida em partes, isto é, que ela consta de muitas igreja ou comunidades particulares, as quais, ainda separadas, embora possuam alguns capítulos comuns de doutrina, discordam todavia nos demais. Que cada uma delas possui os mesmos direitos, que, no máximo, a Igreja foi única e una, da época apostólica até os primeiros concílios ecumênicos.

Assim, dizem, é necessários colocar de lado e afastar as controvérsias e as antiqüíssimas variedade de sentenças que até hoje impedem a unidade do nome cristão e, quanto às outras doutrinas, elaborar e propor uma certa lei comum de crer, em cuja profissão de fé todos se conheçam e se sintam como irmãos, pois, se as múltiplas igrejas e comunidades forem unidas por um certo pacto, existiria já a condição para que os progressos da impiedade fossem futuramente impedidos de modo sólido e frutuoso.

Estas são, Veneráveis Irmãos, as afirmações comuns.

Existem, contudo, os que estabelecem e concedem que o chamado Protestantismo, de modo bastante inconsiderado, deixou de lado certos capítulos da fé e alguns ritos do culto exterior, sem dúvida gratos e úteis, que, pelo contrário, a Igreja Romana ainda conserva.

Mas, de imediato, acrescentam que esta mesma Igreja também agiu mal, corrompendo a religião primitiva por algumas doutrinas alheias e repugnantes ao Evangelho, propondo acréscimos para serem cridos: enumeram como o principal entre estes o que versa sobre o Primado de Jurisdição atribuído a Pedro e a seus Sucessores na Sé Romana.

Entre os que assim pensam, embora não sejam muitos, estão os que indulgentemente atribuem ao Pontífice Romano um primado de honra ou uma certa jurisdição e poder que, entretanto, julgam procedente não do direito divino, mas de certo consenso dos fiéis. Chegam outros ao ponto de, por seus conselhos, que diríeis serem furta-cores, quererem presidir o próprio Pontífice.

E se é possível encontrar muitos acatólicos pregando à boca cheia a união fraterna em Jesus Cristo, entretanto não encontrareis a nenhum deles em cujos pensamentos esteja a submissão e a obediência ao Vigário de Jesus Cristo enquanto docente ou enquanto governante.

Afirmam eles que tratariam de bom grado com a Igreja Romana, mas com igualdade de direitos, isto é, iguais com um igual. Mas, se pudessem fazê-lo, não parece existir dúvida de que agiriam com a intenção de que, por um pacto que talvez se ajustasse, não fossem coagidos a afastarem-se daquelas opiniões que são a causa pela qual ainda vagueiem e errem fora do único aprisco de Cristo.

10. A Igreja Católica não pode participar de semelhantes reuniões

Assim sendo, é manifestamente claro que a Santa Sé, não pode, de modo algum, participar de suas assembléias e que, aos católicos, de nenhum modo é lícito aprovar ou contribuir para estas iniciativas: se o fizerem concederão autoridade a uma falsa religião cristã, sobremaneira alheia à única Igreja de Cristo.

11. A verdade revelada não admite transações

Acaso poderemos tolerar – o que seria bastante iníquo-, que a verdade e, em especial a revelada, seja diminuída através de pactuações?

No caso presente, trata-se da verdade revelada que deve ser defendida.

Se Jesus Cristo enviou os Apóstolos a todo o mundo, a todos os povos que deviam ser instruídos na fé evangélica e, para que não errassem em nada, quis que, anteriormente, lhes fosse ensinada toda a verdade pelo Espírito Santo, acaso esta doutrina dos Apóstolos faltou inteiramente ou foi alguma vez perturbada na Igreja em que o próprio Deus está presente como regente e guardião?

Se o nosso Redentor promulgou claramente o seu Evangelho não apenas para os tempos apostólicos, mas também para pertencer às futuras épocas, o objeto da fé pode tornar-se de tal modo obscuro e incerto que hoje seja necessários tolerar opiniões pelo menos contrárias entre si?

Se isto fosse verdade, dever-se-ia igualmente dizer que o Espírito Santo que desceu sobre os Apóstolos, que a perpétua permanência dele na Igreja e também que a própria pregação de Cristo já perderam, desde muitos séculos, toda a eficácia e utilidade: afirmar isto é, sem dúvida, blasfemo.

12. A Igreja Católica: depositária infalível da verdade

Quando o Filho unigênito de Deus ordenou a seus enviados que ensinassem a todos os povos, vinculou então todos os homens pelo dever de crer nas coisas que lhes fossem anunciadas pela "testemunha pré-ordenadas por Deus" (At. 10,41). Entretanto, um e outro preceito de Cristo, o de ensinar e o de crer na consecução da salvação eterna, que não podem deixar de ser cumpridos, não poderiam ser entendidos a não ser que a Igreja proponha de modo íntegro e claro a doutrina evangélica e que, ao propô-la, seja imune a qualquer perigo de errar.

Afastam-se igualmente do caminho os que julgam que o depósito da verdade existe realmente na terra, mas que é necessário um trabalho difícil, com tão longos estudos e disputas para encontrá-lo e possuí-lo que a vida dos homens seja apenas suficiente para isso, com se Deus benigníssimo tivesse falado pelos profetas e pelo seu Unigênito para que apenas uns poucos, e estes mesmos já avançados em idade, aprendessem perfeitamente as coisas que por eles revelou, e não para que preceituasse uma doutrina de fé e de costumes pela qual, em todo o decurso de sua vida mortal, o homem fosse regido.

13. Sem fé, não há verdadeira caridade

Estes pancristãos, que empenham o seu espírito na união das igrejas, pareceriam seguir, por certo, o nobilíssimo conselho da caridade que deve ser promovida entre os cristãos. Mas, dado que a caridade se desvia em detrimento da fé, o que pode ser feito?

Ninguém ignora por certo que o próprio João, o Apóstolo da Caridade, que em seu Evangelho parece ter manifestado os segredos do Coração Sacratíssimo de Jesus e que permanentemente costumavas inculcar à memória dos seus o mandamento novo: "Amai-vos uns aos outros", vetou inteiramente até mesmo manter relações com os que professavam de forma não íntegra e incorrupta a doutrina de Cristo: "Se alguém vem a vós e não traz esta doutrina, não o recebais em casa, nem digais a ele uma saudação" (2 Jo. 10).

Pelo que, como a caridade se apóia na fé íntegra e sincera como que em um fundamento, então é necessário unir os discípulos de Cristo pela unidade de fé como no vínculo principal.

14. União Irracional

Assim, de que vale excogitar no espírito uma certa Federação cristã, na qual ao ingressar ou então quando se tratar do objeto da fé, cada qual retenha a sua maneira de pensar e de sentir, embora ela seja repugnante às opiniões dos outros?

E de que modo pedirmos que participem de um só e mesmo Conselho homens que se distanciam por sentenças contrárias como, por exemplo, os que afirmam e os que negam ser a sagrada Tradição uma fonte genuína da Revelação Divina?

Como os que adoram a Cristo realmente presente na Santíssima Eucaristia, por aquela admirável conversão do pão e do vinho que se chama transubstanciação e os que afirmam que, somente pela fé ou por sinal e em virtude do Sacramento, aí está presente o Corpo de Cristo?

Como os que reconhecem nela a natureza do Sacrifício e a do Sacramento e os que dizem que ela não é senão a memória ou comemoração da Ceia do Senhor?

Como os que crêem ser bom e útil invocar súplice os Santos que reinam junto de Cristo - Maria, Mãe de Deus, em primeiro lugar - e tributar veneração às suas imagens e os que contestam que não pode ser admitido semelhante culto, por ser contrário à honra de Jesus Cristo, "único mediador de Deus e dos homens"? (1 Tim. 2,5).

15. Princípio até o indiferentismo e o modernismo

Não sabemos, pois, como por essa grande divergência de opiniões seja defendida o caminho para a realização da unidade da Igreja: ela não pode resultar senão de um só magistério, de uma só lei de crer, de uma só fé entre os cristãos. Sabemos, entretanto, gerar-se facilmente daí um degrau para a negligência com a religião ou o Indiferentismo e para o denominado Modernismo. os que foram miseravelmente infeccionados por ele defendem que não é absoluta, mas relativa a verdade revelada, isto é, de acordo com as múltiplas necessidades dos tempos e dos lugares e com as várias inclinações dos espíritos, uma vez que ela não estaria limitada por uma revelação imutável, mas seria tal que se adaptaria à vida dos homens.

Além disso, com relação às coisas que devem ser cridas, não é lícito utilizar-se, de modo algum, daquela discriminação que houveram por bem introduzir entre o que denominam capítulos fundamentais e capítulos não fundamentais da fé, como se uns devessem ser recebidos por todos, e, com relação aos outros, pudesse ser permitido o assentimento livre dos fiéis: a Virtude sobrenatural da fé possui como causa formal a autoridade de Deus revelante e não pode sofrer nenhuma distinção como esta.

Por isto, todos os que são verdadeiramente de Cristo consagram, por exemplo, ao mistério da Augusta Trindade a mesma fé que possuem em relação dogma da Mãe de Deus concebida sem a mancha original e não possuem igualmente uma fé diferente com relação à Encarnação do Senhor e ao magistério infalível do Pontífice romano, no sentido definido pelo Concílio Ecumênico Vaticano.

Nem se pode admitir que as verdade que a Igreja, através de solenes decretos, sancionou e definiu em outras épocas, pelo menos as proximamente superiores, não sejam, por este motivo, igualmente certas e nem devam ser igualmente acreditadas: acaso não foram todas elas reveladas por Deus?

Pois, o Magistério da Igreja, por decisão divina, foi constituído na terra para que as doutrinas reveladas não só permanecessem incólumes perpetuamente, mas também para que fossem levadas ao conhecimento dos homens de um modo mais fácil e seguro. E, embora seja ele diariamente exercido pelo Pontífice Romano e pelos Bispos em união com ele, todavia ele se completa pela tarefa de agir, no momento oportuno, definindo algo por meio de solenes ritos e decretos, se alguma vez for necessário opor-se aos erros ou impugnações dos hereges de um modo mais eficiente ou imprimir nas mentes dos fiéis capítulos da doutrina sagrada expostos de modo mais claro e pormenorizado.

Por este uso extraordinário do Magistério nenhuma invenção é introduzida e nenhuma coisa nova é acrescentada à soma de verdades que estando contidas, pelo menos implicitamente, no depósito da revelação, foram divinamente entregues à Igreja, mas são declaradas coisas que, para muitos talvez, ainda poderiam parecer obscuras, ou são estabelecidas coisas que devem ser mantidas sobre a fé e que antes eram por alguns colocados sob controvérsia.

16. A única maneira de unir todos os cristãos

Assim, Veneráveis Irmãos, é clara a razão pela qual esta Sé Apostólica nunca permitiu aos seus estarem presentes às reuniões de acatólicos por quanto não é lícito promover a união dos cristãos de outro modo senão promovendo o retorno dos dissidentes à única verdadeira Igreja de Cristo, dado que outrora, infelizmente, eles se apartaram dela.

Dizemos à única verdadeira Igreja de Cristo: sem dúvida ela é a todos manifesta e, pela vontade de seu Autor, Ela perpetuamente permanecerá tal qual Ele próprio A instituiu para a salvação de todos.

Pois, a mística Esposa de Cristo jamais se contaminou com o decurso dos séculos nem, em época alguma, poderá ser contaminada, como Cipriano o atesta: "A Esposa de Cristo não pode ser adulterada: ela é incorrupta e pudica. Ela conhece uma só casa e guarda com casto pudor a santidade de um só cubículo" (De Cath. Ecclessiae unitate, 6).

E o mesmo santo Mártir, com direito e com razão, grandemente se admirava de que pudesse alguém acreditar que "esta unidade que procede da firmeza de Deus pudesse cindir-se e ser quebrada na Igreja pelo divórcio de vontades em conflito" (ibidem).

Portanto, dado que o Corpo Místico de Cristo, isto é, a Igreja, é um só (1 Cor. 12,12), compacto e conexo (Ef. 4,15), à semelhança do seu corpo físico, seria inépcia e estultície afirmar alguém que ele pode constar de membros desunidos e separados: quem pois não estiver unido com ele, não é membro seu, nem está unido à cabeça, Cristo (Cfr. Ef. 5,30; 1,22).

17. A obediência ao Romano Pontífice

Mas, ninguém está nesta única Igreja de Cristo e ninguém nela permanece a não ser que, obedecendo, reconheça e acate o poder de Pedro e de seus sucessores legítimos.

Por acaso os antepassados dos enredados pelos erros de Fócio e dos reformadores não estiveram unidos ao Bispo de Roma, ao Pastor supremo das almas?

Ai! Os filhos afastaram-se da casa paterna; todavia ela não foi feita em pedaços e nem foi destruída por isso, uma vez que estava arrimada na perene proteção de Deus. Retornem, pois, eles ao Pai comum que, esquecido das injúrias antes gravadas a fogo contra a Sé Apostólica, recebê-los-á com máximo amor.

Pois se, como repetem freqüentemente, desejam unir-se Conosco e com os nossos, por que não se apressam em entrar na Igreja, "Mãe e Mestra de todos os fiéis de Cristo" (Conc. Later 4, c.5)?

Escutem a Lactâncio chamado amiúde: "Só... a Igreja Católica é a que retém o verdadeiro culto. Aqui está a fonte da verdade, este é o domicílio da Fé, este é o templo de Deus: se alguém não entrar por ele ou se alguém dele sair, está fora da esperança da vida e salvação. é necessário que ninguém se afague a si mesmo com a pertinácia nas disputas, pois trata-se da vida e da salvação que, a não ser que seja provida de um modo cauteloso e diligente, estará perdida e extinta" (Divin. Inst. 4,30, 11-12).

18. Apelo às seitas dissidentes

Aproximem-se, portanto, os filhos dissidentes da Sé Apostólica, estabelecida nesta cidade que os Príncipes dos Apóstolos Pedro e Paulo consagraram com o seu sangue; daquela Sede, dizemos, que é "raiz e matriz da Igreja Católica" (S. Cypr., ep. 48 ad Cornelium, 3), não com o objetivo e a esperança de que "a Igreja do Deus vivo, coluna e fundamento da verdade" (1 Tim 3,15) renuncie à integridade da fé e tolere os próprios erros deles, mas, pelo contrário, para que se entreguem a seu magistério e regime.

Oxalá auspiciosamente ocorra para Nós isto que não ocorreu ainda para tantos dos nossos muitos Predecessores, a fim de que possamos abraçar com espírito fraterno os filhos que nos é doloroso estejam de Nós separados por uma perniciosa dissensão.

Prece a Nosso Senhor e a Nossa Senhora. Oxalá Deus, Senhor nosso, que "quer salvar todos os homens e que eles venham ao conhecimento da verdade"(1 Tim. 2,4) nos ouça suplicando fortemente para que Ele se digne chamar à unidade da Igreja a todos os errantes.

Nesta questão que é, sem dúvida, gravíssima, utilizamos e queremos que seja utilizada como intercessora a Bem-aventurada Virgem Maria, Mãe da graça divina, vencedora de todas as heresias e auxílio dos cristãos, para que Ela peça, para o quanto antes, a chegada daquele dia tão desejado por nós, em que todos os homens escutem a voz do seu Filho divino, "conservando a unidade de espírito em um vínculo de paz" (Ef. 4,3).

19. Conclusão e Bênção Apostólica

Compreendeis, Veneráveis Irmãos, o quanto desejamos isto e queremos que o saibam os nossos filhos, não só todos os do mundo católico, mas também os que de Nós dissentem. Estes, se implorarem em prece humilde as luzes do céu, por certo reconhecerão a única verdadeira Igreja de Jesus Cristo e, por fim, n'Ela tendo entrado, estarão unidos conosco em perfeita caridade.

No aguardo deste fato, como auspício dos dons de Deus e como testemunho de nossa paterna benevolência, concedemos muito cordialmente a vós, Veneráveis Irmãos, e a vosso clero e povo, a bênção apostólica.

Dado em Roma, junto de São Pedro, no dia seis de janeiro, no ano de 1928, festa da Epifania de Jesus Cristo, Nosso Senhor, sexto de nosso Pontificado.

Pio, Papa XI.

Fonte: http://www.vatican.va/holy_father/pius_xi/encyclicals/documents/hf_p-xi_enc_19280106_mortalium-animos_po.html
EXTRAÍDO DO SITE VOLTA PRA CASA: http://www.voltaparacasa.com.br

23/06/2012

Os maus cristãos


Por Santo Agostinho, bispo de Hipona (354-430).

Conserva tudo isso gravado no teu coração e invoca a Deus, em quem crês, que te guarde das tentações do diabo. Sê cauteloso para que se não insinue em ti o inimigo que, para o mal-intencionado alívio de sua condenação, procura descobrir companheiros com quem seja condenado.

Ele ousa tentar os cristãos não só por meio dos que odeiam o nome cristãos e, lamentando que toda a terra esteja tomada por esse nome, desejam ainda servir como escravos aos ídolos e supertições diabólicas: tenta-os também, algumas vezes, através dos que a pouco lembramos, esses que cortados da unidade da Igreja como de uma videira podada são chamados heréticosou cismáticos. Outras vezes, procura experimentá-los e seduzi-los por meio dos judeus.  

Mas o que cada um deve é tomar o maior cuidado para não ser tentado e iludido por homens que se encontram na própria Igreja católica - esses que, como palha, a Igreja tolera até o tempo da debulha. 

Deus é paciente com eles porque, através do exercício de sua perversidade, confirma a fé e a prudência dos eleitos. E também porque muitos se tornam melhores e, condoídos das próprias almas, voltam com grande entusiasmo a agradar a Deus. E graças à paciência divina, nem todos acumulam ira para o dia da cólera do justo Juízo de Deus: muitos, a mesma paciência do Onipotente os conduz à mais salutar das dores, a da penitência. 

Enquanto isso, exercita-se por meio deles não só a tolerância mas também a misericórdia dos que já estão no caminho reto. 

Hás de ver muitos ébrios, avaros, trapaceiros, jogadores, adúlteros, fornicadores; verás a muitos que se atam com remédios sacrílegos, ou se entregam aos encantadores, astrólogos e advinhos de quaisquer artes ímpias. 

Hás de notar, ainda, que enchem as igrejas nos dias de festa as mesmas turbas que enchem os teatros nos dias solenes dos pagãos: e vendo-os, serás tentado a imitá-los. 

Por que digo verás o que, já no presente, com certeza sabes? (...)Não ignoras certamente que muitos, que se dizem cristãos, praticam todos esses atos que em poucas palavras lembrei. E talvez não ignores que algumas vezes praticam faltas mais graves - esses mesmos que se chamam de cristãos. 

E, se vens com a intenção de, despreocupado, praticar os mesmos atos, muito te enganas: de nada te servirá o nome de Cristo quando começar a julgar severamente Aquele que antes se dignara socorrer misericordiosamente. [1]

Ele o anunciou e o diz no Evangelho: "Nem todo aquele que me diz 'Senhor, Senhor', entrará no reino dos céus, mas o que faz a vontade de meu Pai. Muitos me dirão naquele dia 'Senhor, Senhor, em teu nome comemos e bebemos'"[2].

A condenação é o fim de todos os que perseveram em tais ações. Quando vires, portanto, muitos não 'só as praticarem mas também defendê-las e aconselhá-las, conserva-te na Lei de Deus e não sigas os prevaricadores[3]. Na verdade, não serás julgado segundo o sentimento deles, mas segundo a verdade dele.

[1] 2Pd. 2, 12ss;
[2] Mt. 7, 21-22; Lc. 13,26;
[3] Fl. 3,18.

Fonte: 
A Instrução dos Catecúmenos - Santo Agostinho; Ed. Vozes, Petrópolis - RJ, 2005. 

"Destruir a Missa"


Qual é a crise que estamos atravessando atualmente? Manifesta-se, no meu entender, sob quatro aspectos fundamentais para a Santa Igreja.
Manifesta-se, à primeira vista, acredito eu, e me parece que é um dos aspectos mais graves, porque, para mim, se se estuda a história da Igreja, dá-se conta de que a grande crise que atravessou o século XVI, crise espantosa, que arrebatou à Santa Igreja, milhões e milhões de almas, regiões inteiras, Estados na sua totalidade, esta crise foi, antes de tudo, uma crise do culto litúrgico; e que, se atualmente existem divisões entre aqueles que se dizem cristãos, há que se atribuir mais que a outras causas à forma de celebrar o culto litúrgico; e se os protestantes se separaram da Igreja, a causa principal é que os instigadores do protestantismo, como Lutero, disseram, desde o primeiro momento: “Se queremos destruir a Igreja temos que destruir a Santa Missa”. Esta foi a chave de Lutero.
Tinha-se dado conta de que, se chegasse a por as mãos na Santa Missa, se conseguisse reduzir o Sacrifício da Missa a uma pura refeição, a uma comemoração ou recordação, a uma significação da comunidade cristã, a uma rememoração ou memorial da Paixão de Nosso Senhor e, como consequência, que ficasse mais débil o mais sagrado que há na Igreja, o mais santo que nos legou Nosso Senhor, o mais sacrossanto, ele conseguiria destruir a Igreja. E certamente, conseguiu, por desgraça, arrebatar à Igreja nações inteiras, obrando dessa forma.

A Missa, um sacrifício
Pois bem. Hoje existe uma tendência, que ninguém pode negar, de pôr as mãos sobre a Santa Missa. Chega-se a alterar coisas que são essenciais na Santa Missa. E quais são estas coisas essenciais, na Santa Missa? Em primeiro lugar, a Santa Missa é um sacrifício. Um sacrifício não é uma refeição. Mas, na atualidade, se quis desterrar até a palavra sacrifício. Se fala de Ceia Eucarística, se fala de comunhão eucarística…, se fala de tudo o que se quer, com tal de não mencionar sequer a palavra sacrifício.
E apesar disso, a Missa é, essencialmente, um sacrifício, o Sacrifício da Cruz; não é outra coisa. Substancialmente, o Sacrifício da Cruz e o Sacrifício da Missa são a mesma coisa e o mesmo e único Sacrifício.
Não há outra mutação que na forma de oblação. Nosso Senhor se ofereceu de uma forma sangrenta, cruenta, no altar da Cruz, sendo Ele mesmo o Sacerdote e a Vítima. E sobre nossos altares, se oferece, sendo igualmente o Sacerdote e a Vítima, por ministério dos sacerdotes.
Somente o sacerdote é o Ministro consagrado pelo Sacramento da Ordem, configurado, pelo Caráter, ao Sacerdócio de Nosso Senhor Jesus Cristo, oferecendo o Sacrifício da Missa, na pessoa de Cristo: “in persona Christi”.

A presença real
Se se tira a Transubstanciação da Missa… Já que vos falei de Sacrifício, falemos agora da segunda coisa necessária, essencial, que é a Presença Real de Nosso Senhor, na Sagrada Eucaristia. Se se elimina a Transubstanciação… Esta palavra é de uma importância capital, porque, ao suprimi-la, se omite a presença real, e deixa, portanto, de haver Vítima.
Deixa de haver Vítima para o Sacrifício. E, portanto, deixa de haver Missa. Dizendo de outra maneira: deixa de existir Sacrifício e nossa Missa é vã. Ficamos sem Missa. (Deixou de ser o Sacrifício que nos deu Nosso Senhor, na Santa Ceia e na Cruz, e que mandou os Apóstolos o perpetuarem sobre o altar). É o segundo elemento indispensável. Primeiro, o Sacrifício, logo, a Presença Real. Falemos agora do Caráter sacerdotal do Ministro.

É o sacerdote, não os fieis
É o sacerdote o que recebeu o encargo, de Deus Nosso Senhor, para continuar o Sacrifício. E de nenhuma forma os fieis. É certo que os fieis têm de se unir ao Sacrifício, unir-se de todo coração, com toda a sua alma, à Vítima, que está sobre o altar, como deve fazer também o sacerdote. Mas os fieis não podem oferecer, de forma alguma, o Santo Sacrifício, “in persona Christi”, como o sacerdote.
O sacerdote está configurado ao Sacerdócio de Cristo, está marcado para sempre, para a eternidade. “Tu es sacerdos in aeternum”… Somente ele pode oferecer verdadeiramente o Sacrifício da Missa, o Sacrifício da Cruz. E, por conseguinte, somente ele pode pronunciar as palavras da Consagração.

De joelhos!
Não é normal que os leigos se coloquem ao redor do altar e que pronunciem todas as palavras da Missa, junto com o sacerdote. Porque eles não são sacerdotes no sentido próprio em que o é o sacerdote consagrado. Tampouco podemos considerar como coisa normal o ter suprimido todo sinal de respeito à Real Presença. À força de não ver nenhum respeito à Sagrada Eucaristia, acaba por não se crer na Presença Real. E quem se atreverá a chegar, por tal caminho, a coisa parecida, depois de meditar a divina Palavra, segundo a qual “ao nome de Jesus, que se dobre todo joelho, no céu, na terra e nos infernos”? Se somente ao nome há que ajoelhar-se, vamos permanecer de pé, quando está presente em realidade, na Sagrada Eucaristia?
Ao lugar onde se oferece um sacrifício, se dá o nome de altar. Por isso, não se pode aceitar, como substituto do altar, uma mesa comum, destinada às refeições, que, segundo recordava São Paulo, se encontram nos refeitórios das casas, para comer e beber. O altar tem que ser peça que não se traslade e onde se oferece e se derrama o sangue. No momento em que se converte o altar em mesa de refeitório se deixa de ser altar.

Tomado do protestantismo
Suprimir todos os altares que são verdadeiramente tais, pôr, em seu lugar, uma mesa de madeira, diante do altar que foi solenemente consagrado, é, precisamente, fazer desaparecer a noção de Sacrifício, que vimos é de importância capital para a Igreja Católica. E é desta forma como chegou e se consolidou o protestantismo. Por esta desaparição da ideia de Sacrifício, passou a Inglaterra inteira ao cisma e logo à heresia.
… Deslizando, deslizando, pouco a pouco, vamos tornar-nos protestantes, sequer sem dar-nos conta.


(Granby, Canada, 14/03/71)
Retirado do Livro “La Misa Nueva – Mons. Marcel Lefebvre” Editora ICTION, Buenos Aires 1983.

História e teologia de uma tradução traidora

Por todos ou por muitos?


Quando começaram a ser usadas as traduções da Missa de Paulo VI, muitos fiéis católicos não puderam ocultar sua surpresa ao ouvir as palavras da consagração do cálice: “Este é o cálice de meu Sangue, Sangue da aliança nova e eterna, que será derramada por vós e por todos os homens para o perdão dos pecados”. Em efeito, o texto latim da nova liturgia dizia em realidade: “pro vobis et pro multis – por vós e por muitos”. Atribuiu-se isto naqueles tempos à traição das traduções.
Ora, a encíclica do Papa João Paolo II ‘Eucaristia de Ecclesia’ parece assumir a tradução errada, desta vez inclusive no texto latino: “Accipite et bibite omnes: hic calix novum aeternumque testamentum est in sanguine meo, qui pro vobis funditur et pro omnibus in remissionem pecatorum. (Ver Marc. 14, 24; Luc. 22, 20; 1 Cor. 11, 25). (No 2).

Versões Latinas e Gregas da Bíblia
Se consultarmos as versões latinas e gregas do Evangelho, e as edições críticas que mencionam as variantes do texto que chegou até nós, não encontraremos nada parecido. Em todos os textos da Sagrada Escritura acerca da narração da instituição da Sagrada Eucaristia (Marc. 14, 24; Mat. 26, 28), lemos ‘pro multis’, por muitos, e não ‘pro omnibus’, por todos.
É certo que o mau exemplo veio desde acima, pois um texto do concilio Vaticano II deixava já entrever este deslizamento: “… de sorte que o que uma vez obrou-se para todos em ordem à salvação, alcance seu efeito em todos no decurso dos tempos”. (Decreto ad Gentes, 3)

Interpretação do Catecismo
Poderíamos pensar que é um assunto de pouca importância e que as querelas bizantinas não influem muito sobre a fé do povo e sua salvação. Lendo o Catecismo do Concilio de Trento, percebe-se que não é assim: “As palavras que se ajuntam ‘por vós e por muitos’, foram tomadas parte de São Mateus, parte de São Lucas. A Santa Igreja, guiada pelo Espírito de Deus, coordenou-as numa só frase, para que exprimissem o fruto e a vantagem da Paixão”.
De fato, se considerarmos sua virtude, devemos reconhecer que o Salvador derramou Seu Sangue pela salvação de todos os homens. Se atendermos, porém, ao fruto real que os homens dele auferem, não nos custa compreender que sua eficácia se não estende a todos, mas só a muitos homens.
Dizendo, pois, ‘por vós’, Nosso Senhor tinha em vista, quer as pessoas presentes, quer os eleitos dentre os judeus, como o eram os Discípulos a quem falava, com exceção de Judas.
No entanto, ao acrescentar ‘por muitos’, queria aludir aos outros eleitos, fossem eles judeus ou gentios. Houve, pois, muito acerto em não dizer ‘por todos’, visto que o texto só alude aos efeitos a Paixão, e esta sortiu efeito salutar unicamente para os escolhidos.
Tal é o sentido a que se referem aquelas palavras do Apóstolo: ‘Cristo se ofereceu uma só vez para apagar os pecados de muitos’ (Hb. 9, 28); e também as que disse Nosso Senhor no Evangelho de São João: ‘Eu rogo por eles; não rogo pelo mundo, mas por estes que Vós me destes, porque eles são Vossos’ (Jo. 17, 9). (II, 4, No 24).

Distinguir entre a virtude e o efeito
O miolo da questão resume-se assim: se Jesus Cristo ofereceu sua vida no Calvário para todos os homens, pode-se dizer que todos se salvarão?
O Magistério da Igreja, no Concilio de Trento, respondeu muito claramente a esta pergunta no seu decreto sobre a justificação: “mas, ainda quando ‘Ele morreu por todos’ (2 Cor. 5, 15), nem todos, porém, recebem o benefício de sua morte, mas apenas aqueles a quem se comunica o mérito da sua Paixão” (Cap. 3; D.B. 795; D.S. 1523).
Procuremos compreender com Santo Tomás de Aquino o que significa o texto tridentino.
Quando o Aquinate fala da virtude da Paixão do Senhor, faz uma distinção dizendo que a morte redentora é suficiente para a salvação de todos os homens, mas que sua eficácia real não os salvará todos: “a Paixão de Cristo foi suficiente para todos e de sua eficácia se aproveitarão muitos” (IIIa, Q78, Art. 3, arg. 8).
É certo que a vontade divina é soberanamente eficaz, mas realiza-se segundo a natureza de cada criatura: infalivelmente quando se trata de criaturas sem alma e por tanto sem liberdade, condicionalmente quando se trata de criaturas gozando de livre arbítrio. E quem diz livre arbítrio, afirma também a possibilidade de falhar: “Deus quer com vontade antecedente que todos os homens se salvem, mas com vontade conseguinte quer que alguns se condenem, porque assim o requer a sua justiça” (Ia, Q19, Art. 6, ad 1um). “Por muitos, e também por todos, porque se consideramos o caráter suficiente, ‘Ele é a propiciação pelos nossos pecados, e não somente pelos nossos, mas também pelos de todo o mundo’ (1Jo. 2, 2). Mas se considerarmos o efeito [da Paixão], não produz efeito mais do que para os que se salvam, e isto pela culpa dos homens” (Sobre São Mateus, Cap. 26, v. 28).

Aplicação Litúrgica
Destes princípios gerais sobre a Teologia da Providência, Santo Tomás passa à aplicação litúrgica. Daí a explicação que da às palavras da Liturgia para a consagração do Cálice: “O Sangue de Cristo foi derramado suficientemente por todos, mas é eficaz apenas pelos eleitos. E para que se não acredite que tinha sido derramado apenas pelos judeus que receberam a promessa, disse: ‘por vós’ que são os judeus, e ‘por muitos’, isto é para a multidão dos Gentis” (Sentencias, Liv. IV, Dist, 8, Quest. 2, Art. 2, qc. 3, ad 7um). “Este Sangue foi derramado para remissão dos pecados, não apenas por muitos, mas por todos segundo 1 Jo. 2, 2: ‘Ele é a propiciação pelos nossos pecados, y não apenas pelos nossos, senão pelos do mundo tudo’. Porém, já que alguns se fazem indignos de receber tal efeito, em quanto à eficácia é derramado por muitos, para aqueles para os quais a Paixão produz efeito” (Sobre os Corintios, Cap. 11, lect. 6).
Por isso é sumamente conveniente que, nas próprias palavras da consagração do Preciosíssimo Sangue, estejam indicados os frutos reais e efetivos do sacrifício do Calvário. Temos de reconhecer que se todos podem alcançar a salvação, nem todos a aproveitarão do mesmo modo.

Isto não é Jansenismo?
Alguns poderiam objetar que semelhante jeito de falar se parece muito mais ao Jansenismo do que à doutrina católica, e que suscita mais temor e tremor do que esperança e caridade.
Há um abismo, porém, entre o rigorismo jansenista, condenado pela Igreja como contaminação das idéias calvinistas dentro da Igreja, e a doutrina de Nosso Senhor, transmitida até nós pela Igreja católica.
É certo que “Deus quer que todos os homens sejam salvos” (1 Tim. 2, 4) e que “a vontade de Deus é vossa santificação” (1 Tes. 4, 3). A vontade de Deus de salvar todo homem é irrefutável.
Mas por outra parte, Nosso Senhor não nos deixa ignorar as dificuldades para realizar este divino desígnio: “Entrai pela porta estreita, porque dilatada é a porta, e espaçosa a senda que leva à perdição, e são muitos quem entram por ela. Que estreita é a porta e apertada a senda que leva à vida, e quão poucos são os que dão com ela!” (Mat. 7, 13-14). “Muitos são os chamados e poucos os eleitos” (Mat. 22, 14). “Disse-lhe um: ‘Senhor, são poucos os que se salvam?’ Ele lhe disse: ‘esforçai-vos para entrar pela porta estreita porque vos digo que muitos serão os que procuram entrar e não poderão’” (Luc. 13, 23-24).
Daí o conselho do Apóstolo para nós trabalharmos à nossa salvação “com temor e tremor” (Fil. 2, 12) e as palavras de São Gregório Magno: “Muitos abraçam a Fé, mas poucos chegam até o reino celestial. Olhai que estamos muitos aqui reunidos para a festa de hoje e, no entanto, quem conhece os poucos que pertencem ao número dos eleitos? A voz de todos pronuncia o Nome de Jesus Cristo, mas não a vida de todos reproduz a vida de Jesus Cristo. A maior parte dos que seguem Deus com os lábios, afastam-se dEle com seus costumes” (Homilia 19 super Ev.).
Santo Tomás de Aquino explica na Suma Teológica a razão de tal dificuldade para corresponder à graça superabundante da Paixão redentora:
“O bem proporcionado ao estado comum da natureza acontece amiúde, enquanto a falta deste bem acontece poucas vezes. Mas o bem que ultrapassa o estado comum da natureza acontece poucas vezes, e sua falta a miúdo.
Por isto vemos que são mais numerosos os homens dotados de inteligência suficiente para o manejo de sua vida diária, enquanto os que carecem dela, -chamados de tolos ou idiotas-, são muito menos; mas os que alcançam um conhecimento profundo das coisas inteligíveis são em proporção pouquíssimos.
Pois, como a bem-aventurança eterna, que consiste na visão de Deus, está por cima do estado comum da natureza, y principalmente em quanto está privada da graça pela corrupção do pecado original, os que se salvam são os menos numerosos.
E, porém, nisto mesmo descobre-se a imensidade da misericórdia divina, que eleva alguns a um gênero de salvação do que muitos se vem privados, segundo o curso ordinário e a inclinação da natureza” (Ia, Q23, Art. 7, ad 3um).

Com São Pio X
Após conhecermos esta doutrina constante da Igreja, tão importante para a salvação das almas, não podemos senão nós rebelar contra as insinuações da Nova Teologia contemporânea e nós alegrar da recente decisão da Santa Sé corrigindo as traduções errôneas da fórmula de consagração do cálice. Nisso segue-se o exemplo do Papa São Pio X: “Faz alguns tempos, Pio X recebia um sacerdote, cujo nome calaremos, conhecido pelas suas opiniões modernistas. O Santo Padre fez-lhe fortes observações: ‘o senhor faz uma má obra e extravia a Igreja’. O religioso intentou replicar: ‘Desculpe-me Santo Padre, eu quis alargar um pouco a porta!’ Então, Pio X estourou: ‘O quê! Quer ampliar a porta quando Nosso Senhor declara que é estreita. O que resulta disso, de querer ampliar a porta? Pois, os que estão adentro saem, e entre os que estão fora, ninguém entra!’”.

Pe F. Knittel, FSSPX