"HOJE MAIS DO QUE NUNCA, SÓ NOS RESTA A CONFIANÇA EM DEUS; E COMO MEDIANEIRA PERANTE O TRONO DIVINO, AQUELA QUE UM NOSSO PREDECESSOR, NO PRIMEIRO CONFLITO MUNDIAL, MANDOU INVOCAR COMO RAINHA DA PAZ".
Alberto Carlos Rosa Ferreira das Neves Cabral
Escutemos o Papa Pio XII, em excertos da Mensagem radiofónica, em língua portuguesa, dirigida ao Povo Português, em 31 de Outubro de 1942, no encerramento do Jubileu das Aparições de Nossa Senhora de Fátima:
«A gratidão pelo passado é penhor de confiança para o futuro. Deus exige de nós que Lhe rendamos Graças pelos benefícios recebidos, não porque precise dos nossos agradecimentos, mas para que estes o provoquem a conceder-nos benefícios ainda maiores. Por isso é justo confiar que também a Mãe de Deus, aceitando o vosso rendimento de Graças, não deixará incompleta a Sua Obra, e vos continuará indefectível o patrocínio até hoje dispensado, preservando-vos de mais graves calamidades.
Mas para que a confiança não seja presumida, é preciso que todos, conscientes das próprias responsabilidades, se esforcem por não desmerecer o singular favor da Virgem Mãe, antes, como bons filhos, agradecidos e amantes, conciliem cada vez mais o Seu Maternal carinho; é necessário que escutando o conselho materno que Ela dava nas bodas de Caná, FAÇAMOS TUDO O QUE JESUS NOS DIZ; e Ele diz a todos para que façam penitência; que emendem a vida e fujam do pecado, que é a causa principal dos grandes castigos com que a Justiça do Eterno penitencia o mundo; que em meio deste mundo paganizante e materializado, em que toda a carne corrompeu os seus caminhos, sejam o sal e a luz que preserva e ilumina, cultivem esmeradamente a pureza, reflictam nos seus costumes a austeridade santa do Evangelho, e dasassombradamente e a todo o custo, como protestava a juventude católica em Fátima, vivam como católicos sinceros e convictos a cem por cem! Mais ainda: Que cheios de Jesus Cristo, difundam em torno de si, ao perto e ao longe, o perfume de Nosso Senhor Jesus Cristo, e com a prece assídua, particularmente com o terço quotidiano, e com os sacrifícios que o zelo generoso inspira, procurem às almas pecadoras a vida da Graça e a vida Eterna. (…)
Mas vós não vos desinteressais (quem pode desinteressar-se ?) da imensa tragédia que atormenta o mundo. Antes, quanto mais assinaladas são as mercês que hoje agradeceis a Nossa Senhora de Fátima, quanto mais segura é a confiança que n’Ela depositais, relativamente ao futuro, quanto mais perto de vós a sentis, protegendo-vos com Seu manto de Luz, tanto mais trágica aparece, pelo contraste, a sorte de tantas Nações dilaceradas pela maior calamidade da História.
Temerosa manifestação da Justiça Divina! Adoremo-la tremendo; mas não duvidemos da Divina Misericórdia, porque o Pai que está nos Céus, não a esquece, nem nos dias da Sua ira.
Hoje, que o quarto ano de guerra amanheceu mais sombrio ainda, num sinistro alastrar do conflito, HOJE MAIS DO QUE NUNCA, SÓ NOS RESTA A CONFIANÇA EM DEUS; E COMO MEDIANEIRA PERANTE O TRONO DIVINO, AQUELA QUE UM NOSSO PREDECESSOR, NO PRIMEIRO CONFLITO MUNDIAL, MANDOU INVOCAR COMO RAINHA DA PAZ.»
A Mensagem de Fátima encerra uma riqueza Sobrenatural tão profunda, que a eleva, em certo sentido, acima de todas as outras Aparições Marianas. É evidente que as intervenções Divinas na História Humana, efectuadas após o termo da Revelação Sobrenatural, possuem todas, quanto ao seu Fundamento, que é a Providência Divina, e ao seu Fim supremo, que é a Glória de Deus e a Salvação das almas, a mesma dignidade intrínseca; todavia o seu alcance, digamos, extrínseco e quantitativo é assaz diferente.
A Mensagem de Nossa Senhora de Lurdes é excelsa, impressionante no que concerne à Predestinação Sobrenatural das almas, à sua vida interior, ao mistério da actuação da Graça; todavia, as Aparições de Fátima, invocando todo o tesouro Sobrenatural da Mediação Mariana na ascensão das almas para Deus Nosso Senhor, são contudo mais importantes na projecção Eclesiástica e Histórica que possuem – e que iluminam.
Podemos afirmar, sem receio de errar, que as Aparições de Fátima constituem a chave não só da História do século XX, mas sobretudo do eclipse social e cultural, total, da Santa Madre Igreja, com a sua face humana conquistada pela maçonaria internacional. Quaisquer Aparições, ainda que extrínsecas à Revelação, são sempre estritamente Sobrenaturais, pois nelas se exerce a infinita Misericórdia salvífica de Deus Nosso Senhor.
A Providência Divina quis que o nosso caminho para Deus fosse ilustrado e amparado, também por uma figura maternal; efectivamente, se na Terra, a nossa geração, a nossa educação, se encontram, na Ordem Natural, a cargo de um pai e de uma mãe – assim também devia acontecer na Ordem Sobrenatural. Por isso se afirma com inteira justiça que Maria Santíssima é a nossa querida Mãe do Céu. A própria Santa Madre Igreja, ainda que institucionalmente constitua uma Pessoa Moral de Direito Divino, a sua acção docente e pastoral deve preferencialmente combinar a severidade do Pai com a doçura da Mãe. Santo Agostinho dizia que o Verbo de Deus, fazendo-Se Homem, nobilitou o sexo masculino, na sua função própria; nascendo de uma mulher, nobilitou igualmente o sexo feminino, na sua função própria. Consequentemente a Sabedoria da Santa Igreja, que é a Sabedoria de Deus, nunca pode deixar de moderar a autoridade severa com a suavidade maternal. E não se diga, que por ser exercida, exclusiva e necessàriamente, por varões, a autoridade eclesiástica, nunca pode ser maternal. Ontològicamente, Històricamente, foi a mulher que foi formada a partir do homem, e não o contrário; portanto o varão, permanecendo integralmente varão, pode e deve encerrar em si uma determinada virtualidade de pensar e agir também, em certos casos, segundo uma perspectiva ontológica feminina, ainda que dirigida por uma personalidade masculina; só assim será verdadeiramente homem. Neste quadro conceptual, a autoridasde eclesiástica, só se dignifica, se souber integrar em si a plenitude da virilidade, concebida segundo a perspectiva original de perfeição da espécie.
A Sabedoria Divina é infinita; a Revelação é, e só pode ser, essencialmente varonil, Paternal; na Sagrada Escritura e na Sagrada Tradição manifesta-se o concurso eficaz da causalidade principal de Deus, e da causalidade instrumental do homem (isto é, do varão, autor dos Livros santos, ou transmissor originário da Tradição); consequentemente, o conteúdo da Revelação depende imediatamente, todo de Deus, e imediatamente, todo do homem; além disso, a Sagrada Tradição constitui como que a forma da Revelação, e a Sagrada Escritura a matéria; pois as regras hermenêuticas, e até mesmo a identificação do conjunto dos Livros Sagrados – SABÊMO-LO PELA SAGRADA TRADIÇÃO.
O Magistério da Santa Igreja sempre rejeitou liminarmente que Nossa Senhora, enquanto Mediadora Universal, pudesse ter qualquer causalidade instrumental na irradiação dos Bens da Graça. Todavia será através da sensibilidade maternal de Maria, que o Céu comunicará aos homens, sobretudo nos últimos 200 anos, quais os desígnios Eternos da Divina Providência. Existe assim uma delicadeza celeste, um equilíbrio, e um paralelismo extrínseco, entre a economia das coisas naturais, e a economia das realidades Sobrenaturais.
O próximo centenário de Fátima, deverá ser estudado à Luz desta mesma economia Sobrenatural. Sabemos que em 1967, Montini utilizou as comemorações do cinquentenário, e a visita a Fátima, como uma compensação, oferecida à ala conservadora da Igreja, que amargamente o recriminava pelas mortais inovações conciliares. Nessa época, ainda existia em todos os países da antiga cristandade, uma muito pequena fina-flor, integralmente católica, e que não aceitava o concílio.
Nossa Senhora prometeu que o Seu Imaculado Coração triunfaria; o que significa evidentemente o triunfo do Sagrado Coração de Jesus, pois a Soberania de Ambos é eternamente indissolúvel. Tal só pode significar não apenas o TRIUNFO ESCATOLÓGICO DO BEM SOBRE O MAL, MAS AINDA UMA RESTAURAÇÃO, PELO MENOS QUALITATIVA, DA SANTA MADRE IGREJA, COMO INSTITUIÇÃO DE VERDADE E DE SANTIDADE. ISSO IMPLICA, PREFERENCIALMENTE, A DENÚNCIA PÚBLICA E O DERRUBE PELA FORÇA DO PODER ANTI-CRISTO NO ESTADO DO VATICANO.
Nossa Senhora anunciou a conversão da Rússia. Para esta se efectivar é suficiente que a fina-flor representativa desta Nação se converta, À FÉ CATÓLICA TRADICIONAL, E NÃO A QUALQUER OUTRA. Com o auxílio da Rússia, seria menos difícil a conquista do Estado Soberano do Vaticano para a causa Católica, com a consequente eleição de um Papa.
Poderão argumentar que estamos sonhando. Todavia, o fundamento das minhas asserções é a própria Mensagem de Fátima, que não sendo intrìnsecamente de Fé, está, contudo, extrìnsecamente, perfeitamente enquadrada pela mesma Fé Teologal. Quem escreve estas linhas, nutriu as suas primeiras, e no entanto tão profundas, impressões Sobrenaturais, em íntimo contacto com os mistérios de Fátima.
O Portugal moderno só pode justificar a sua existência, em Fátima, e por causa de Fátima. Quando D.João IV (1640-1656) depôs a sua Coroa Real aos Pés de Nossa Senhora, declarando-A Rainha e Padroeira de Portugal – ESSE TERÁ SIDO, PORVENTURA, O ÚLTIMO ACTO FORMAL INTRÌNSECAMENTE CATÓLICO DE UM CHEFE DE ESTADO PORTUGUÊS; desde aí foi a decadência; e a partir de Pombal até hoje – O ATEÍSMO DE ESTADO. Como negar pois que Portugal só se justifique por Fátima, e por causa de Fátima?
O CENTENÁRIO DE FÁTIMA DEVE CONSTITUIR, POIS, OCASIÃO PARA UMA DENÚNCIA VIGOROSÍSSIMA, TREMENDA, DOS PAPAS DO DIABO, DOS PAPAS DA MORTE DE DEUS; E UMA EXALTAÇÃO SOBRENATURAL DA SOBERANIA DOS CORAÇÕES DE JESUS E MARIA COMO ÚNICO FUNDAMENTO DA ORDEM SOCIAL.
LOUVADO SEJA NOSSO SENHOR JESUS CRISTO
Lisboa, 4 de Julho de 2015
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