31/07/2014

A Vida Religiosa III


"O Globo" - 10/08/1974

Gustavo Corção 

Foi num dos anos 40 . A pedido de Alceu Amoroso Lima formulado em abril de 1941, no Mosteiro de São Bento, no dia do Batismo de minha filha Maria Luisa - já assumira eu a vice-presidência do centro Dom Vital e a direção da revista A Ordem, com o apoio de Fábio Alves Ribeiro. Poucos anos depois tive a sorte de adoecer, creio que uma inflamação de vesícula biliar, que me obrigou a ficar meio acamado, e forçado a interromper por alguns dias a cadeia tirânica de aulas e aulas.
Benditas cólicas, naquele tempo já nos abríramos, Fábio e eu, sobre o mal-estar que nos causavam certas singularidades do movimento litúrgico, que não nos soavam como de bom quilate católico . Nessa semana de resguardo, Fábio trouxe-me diversos livros, entre os quais dois volumes de Garrigou Lagrange: Perfection Chrétiene et Contemplation, que

A Vida Religiosa II


"O Globo" - 03/08/1974

Gustavo Corção 

No artigo de quinta-feira lembrei o que nos ensinaram vinte séculos de cristianismo, e que até anteontem era trivial conhecimento no mundo católico. Refiro-me à importância que sempre teve o monaquismo, como quilate do valor propriamente cristão de uma sociedade e como esplendor da Igreja. Sempre que a Igreja esteve em perigo ou em crise, foram religiosos que a vieram escorar, como no tempo de São Francisco e de São Domingos, que o Papa Inocêncio III viu em sonho acorrerem para o arrimo do cristianismo. Foi a crise da vida religiosa que formou caldo de cultura de onde saiu o desastre do protestantismo. Lutero era um religioso, um homem de votos e clausura, tornado traidor e trânsfuga.
Não admira, pois, que na crise medonha que hoje assola a civilização e desmantela a Igreja, os frades e as freiras ponham tamanho empenho em tomar a dianteira da

30/07/2014

A Vida Religiosa I


"O Globo" - 01/08/1974

Gustavo Corção 

Li nos jornais a notícia da reunião de centenas de religiosos, sob os auspícios da Conferência dos Religiosos, e logo me alarmei na previsão dos disparates que jorrarão para tristeza e vergonha dos que permanecem católicos e, principalmente, dos religiosos que permanecem verdadeiramente fiéis a seus votos. Já me chegam recortes e opúsculos previstos, mas, antes de me espalhar nos comentários dessa matéria, quero hoje responder a uma questão central que foi brutalmente lançada pelo conferencista de uma das sessões: “A vida religiosa” - disse o conferencista - “não tem apoio nas Sagradas Escrituras”.
Ora, essa afirmação é inexata e leviana. Em muitos pontos poderíamos assinalar o apoio negado, mas contentemo-nos, no momento, com o magno texto em que Santo Tomás e

29/07/2014

O acontecimento capital do século XX

A perda da fé pela Hierarquia católica
Até bem pouco tempo as pessoas mais ou menos cultivadas, em geral, estimavam que o acontecimento capital do século XX fora a Revolução Russa, com a conseqüência da expansão mundial do comunismo. Mas depois da queda do Muro de Berlim (1989) e a dissolução auto-imposta da União Soviética, de um dia para outro o esquecimento desceu sobre o marxismo e sobre sua realização pratica. Então, que outro acontecimento? Poderia haver um mais importante do que as revoluções, as duas Guerras Mundiais, os genocídios, a chegada do homem à lua e outros acontecimentos e fenômenos terríveis e extraordinários do século que terminou?  Para nós há um acontecimento de extrema gravidade, capaz de suscitar a justa cólera de Deus em relação ao mundo: a perda da Fé por grande parte da hierarquia católica, que emergiu a partir do Concilio Ecumênico Vaticano II (1962–1965). Naturalmente nos referimos à fé tal como resulta dos documentos oficiais do Magistério atual.

26/07/2014

ALÉM DAS ESTRELAS QUE LADRAM

Hélio Drago
Parece que os compêndios de lógica inculcam a ingênuos principiantes a sólida e errônea convicção da quase impossibilidade de serem cometidos certos sofismas.
A didática, querendo marcar com nitidez a falácia, torna-a por seus exemplos tão inaceitável, que conduz o incipiente estudante a supor com superior desdém: “Esse erro jamais cometerei”.
O primeiro tipo de sofisma apresentado pelos manuais é o de termo equívoco, geralmente assim exemplificado:

25/07/2014

Gustavo Corção - Amor, casamento, divórcio

Se eu asseverar que existem muitos casais infelizes, e que o número deles tende a crescer, tornando-se uma componente considerável de nossa crise social, creio que ninguém exigirá de mim as estatísticas comprovantes. Há certas coisas que saltam aos olhos; e tenho para mim que a maioria dos inquéritos e dos levantamentos estatísticos só serve para mostrar, com o adorno das cifras, o que todo o mundo está cansado de saber. Chego até a pensar que muitas dessas pesquisas sociológicas são movidas por um gosto semi-consciente de desvalorizar o bom-senso, ou de levar ao descrédito os mais elementares princípios. No caso vertente, e para descobrir que as famílias estão funcionando mal, eu não preciso andar de porta em porta com um impertinente questionário. Basta-me observar a rua, os bondes, os cafés, para poder concluir que as casas já não retêm as pessoas. A febre nas ruas prova a agonia das casas. E como a felicidade conjugal está vinculada à casa, ao equilíbrio, ao poder de retenção da casa, posso deduzir do aspecto publicado nas ruas as infelicidades escondidas nas casas.

24/07/2014

Do esgoto do mundo à salvação dos nossos filhos

Dom Lourenço Fleichman OSB

O que me leva a escrever hoje é a constatação, cada dia mais evidente, da dificuldade que as famílias católicas têm para viver neste mundo enlouquecido e transviado. O espetáculo que estamos assistindo, e que não se limita ao carnaval, mas ao ano todo, e a todos os anos, é de meter medo. Nossas famílias, nossas melhores famílias, não conseguem se isentar deste mundo. Todos pactuam  com práticas diversas de destruição do que resta de decência e de família. Digo "família" porque já não há mais nada de sociedade a ser preservado, já não temos mais o que defender! Tudo está destruído. Mas talvez ainda possamos lutar dentro de nossas famílias, ou dentro de nossos corações.
Ora, é justamente esta constatação da destruição de todas as realidades sadias da  antiga sociedade que explica a dificuldade das pessoas em não se contaminar.  Explico.
Dentro de uma sociedade em vias de corrupção, as pessoas teriam de sair de casa

23/07/2014

Quem foram os Reis Magos?


'A viagem dos Magos' (1894), Jacques-Joseph Tissot
 (1836-1902), pintor francês.
Um antigo documento conservado nos Arquivos Vaticanos lança uma certa luz, embora indireta e sujeita a caução, sobre a pessoa dos Reis Magos que foram adorar o Menino Jesus na Gruta de Belém. A informação foi veiculada por muitos órgãos de imprensa e páginas da Internet.
O documento é conhecido como “A Revelação dos Magos”. Provavelmente seja algum “apócrifo”, nome dado aos livros não incluídos pela Igreja Católica na Bíblia. Portanto, não são “canônicos”, apesar de poderem ser de algum autor sagrado.

22/07/2014

JESUS CHOROU!

    JESUS CHOROU! na morte de Lázaro

    Porque Cristo chorou, senão para ensinar aos homens que deviam chorar”.  Disseram então os Judeus: – Vede como o amava! Mas que significa dizer – o amava? Não veio para chamar os justos, mas os pecadores, para que fizessem penitência. O Evangelista repete intencionalmente que Nosso Senhor chorou e gemeu, para manifestar-nos que realmente se revestiu da natureza humana.”  (S. Agostinho).
    A agonia de Nosso Senhor Jesus Cristo no Horto constitui, de certo modo, o maior Mistério da nossa Redenção. Nosso Senhor, enquanto Homem, contemplou na visão beatífica, bem como nas ideias infusas, de forma absolutamente eminente, todas as dores morais do Homem, todos os abandonos, todas as ingratidões, todas as apostasias, todos os deicídios, toda a inutilidade consequente dos Seus sofrimentos para tantos homens. A Pessoa Divina do Verbo sofreu realmente na Sua Natureza Humana.

21/07/2014

São Tomás de Aquino - Qual o modo possível de se manifestar a verdade

São Tomás de Aquino - Qual o modo possível de se manifestar a verdade

Suma contra os gentios – Cap III; Livro I


1. Não há um só modo de se manifestar toda a verdade. Boécio cita-o, qualificando como muito bem dito (Sobre a Trindade 2; PL 64, 125OA), o seguinte texto do filósofo: É próprio daquele que tem a razão bem ordenada, tentar apreender a realidade de cada coisa, enquanto o permitir a natureza desta (I Ética 1, 109ab; Cmt 3, 36). Assim sendo, é necessário, em primeiro lugar, mostrar qual o modo possível de se manifestar a verdade proposta.

2. Há, com efeito, duas ordens de verdades que afirmamos de Deus. Alguns são verdades referentes a Deus e que exercem toda capacidade da razão humana, como, por exemplo, Deus ser trino e uno. Outras são aquelas as quais a razão pode admitir, como, por exemplo, Deus ser, Deus ser uno, e outras semelhantes. Estas os filósofos, conduzidos pela luz da razão natural, provaram, por via demonstrativa, poderem ser realmente atribuídas a Deus.

19/07/2014

O TEMPO DA HISTÓRIA E O ABSURDO DA DIALÉCTICA MODERNA

Dialérica

Escutemos o Papa Pio XII, num passo da encíclica “Humani Generis”, de 12 de Agosto de 1950:

18/07/2014

São Luís Maria Grignion de Montfort, Um grande pregador, um grande perseguido

Em 1970, em Prólogo redigido para a edição argentina de seu livro “Revolução e Contra-Revolução”, o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira mostrava a relação existente entre a devoção a Nossa Senhora e a temática de seu estudo. Em nossa edição de agosto/1989 (n" 464) reproduzimos o mencionado tema. O mesmo Prólogo, entretanto, contém alguns rasgos importantes da tenda e obra do grande apóstolo mariano do século XVIII, São Luís Maria Grignion de Montfort, cuja festa se comem
ora neste mês. Sendo a presente matéria ainda medita no Brasil, aproveitamos esta ocasião para levá-la ao conhecimento de nossos leitores. Os subtítulos são nossos.
Plinio Corrêa de Oliveira

MUITOS SÃO HOJE - fora dos meios progressistas, é claro - os católicos que conhecem e admiram a obra do grande e fogoso missionário popular do século XVIII, São Luís Maria Grignion de Montfort.

17/07/2014

NÃO ao relativismo! O Bem deve ser distinguido do Mal

Leo Daniele
Se existe — dizem alguns — um “Bem nem tão bom” e um “Mal nem tão mau”, por que não fundi-los em uma média? Não ficaríamos todos mais felizes?
Outros dizem que o conveniente é “fazer aquilo de que se gosta”. Se alguém está fazendo aquilo de que gosta, seja ele um drogado, um depravado ou um pequeno estelionatário, não há por que condenar sua conduta, desde que ele não chegue ao extremo de prejudicar o próximo, matando, assaltando bancos ou fazendo coisas do gênero.
O Bem e o Mal, dizem, são ideias superadas que em breve poderão ir para um museu de conceitos ultrapassados, pois são algo que não se sustenta mais, que não combina com o nosso tempo, ao sopro da moderníssima e “salutar” indefinição de tudo. O Bem e o Mal seriam dois preconceitos de antigamente...

16/07/2014

Não revele o que deve calar e não cale o que deve revelar


São Gregório Magno - Regula Pastoralis – Cap. IV: 

Que o pastor guarde um discreto silêncio e tenha uma palavra útil; não revele o que deve calar e não cale o que deve revelar. Uma palavra indevida leva ao erro, um silêncio excessivo mantém no erro aqueles que deveriam ser instruídos. Temendo perder a simpatia popular, acontece, frequentemente, que pastores imprudentes não dizem onde encontrar o bem e, então, segundo a palavra da Verdade, não cuidam do rebanho, a eles confiado, com a dedicação do pastor, mas agem como mercenários que fogem quando vem o lobo, escondendo-se no seu silêncio. Assim, o Senhor os admoesta, por meio do profeta, dizendo: Canes muti non valentes latrare(Is 56,10). E se lamente deles: Non ascendistis ex adverso, neque opposuistis murum pro domo Israel, Ut staretis in praelio in die Domini(Ez 13,5). Subir contra o inimigo é contrastar os poderes deste mundo,

14/07/2014

A ignorância entre os cristãos

I — As causas da ignorância
O presente século (século XIX — N.T.) concedeu a si mesmo o faustoso título de “século das luzes”. A pretensão é manifesta, o direito não é tão claramente demonstrado. O século XIX não mudou em nada as condições da humanidade dos séculos anteriores; e, se bem que tenhamos a honra (?) de sermos filhos deste grandioso século XIX, no entanto a verdade é que somos filhos de Adão, e que nascemos trazendo conosco o pecado original e o que dele decorre, a ignorância e a concupiscência.
A ignorância! não somente a simples ignorância que é o não-saber, mas a ignorância combinada com a dificuldade de aprender, com a repugnância em fazer esforço para chegar a saber: esta chaga é grande, e em todos os homens ela produz frutos e frutos muito amargos, é preciso convir, mas são frutos que a maior parte dos homens carrega com uma resignação fácil demais e muitas vezes com uma satisfação que se poderia tomar como sinal de uma felicidade idiota.

12/07/2014

OS FALSOS DEVOTOS E AS FALSAS DEVOÇÕES À SANTÍSSIMA VIRGEM

São Luís Maria Grignion de Monfort
sao luiz maria grignion de montfort
São Luís Maria Grignion de Monforte
"Não é possível expressar quanto a Santíssima Virgem estima o Rosário sobre todas as demais devoções, e quão magnânimo é ao recompensar os que trabalham para pregá-lo, estabelecê-lo e cultivá-lo. Recitado enquanto são meditados os mistérios sagrados, o Rosário é manancial de maravilhosos frutos e depósito de toda espécie de bens. Através dele, os pecadores obtêm o perdão; as almas sedentas se saciam; os que choram acham alegria; os que são tentados, a tranqüilidade; os pobres são socorridos; os religiosos, reformados; os ignorantes, instruídos; os vivos triunfam da vaidade, e as almas do purgatório (por meio de sufrágios) encontram alívio. Perseverai, portanto, nessa santa devoção, e tereis a coroa admirável preparada no Céu para a vossa fidelidade”. 

09/07/2014

O CONCEITO CATÓLICO DE TOLERÂNCIA


Escutemos o Papa Pio XI, em excertos de uma epístola dirigida ao Cardeal Cerejeira, Patriarca de Lisboa, em 10 de Novembro de 1933:

08/07/2014

Santo Agostinho - Meditação sobre Gênesis - Livro XII: "No princípio Deus criou o céu e a terra"

Capítulo VII - A matéria: origem

E essa matéria, qualquer que fosse, de onde originou, senão de Ti, de quem provem tudo, enquanto existem? Tanto mais distante de Ti, quanto mais de Ti diferem. Com razão, aqui não se trata de distância espacial. Portanto Tu, Senhor, não és aqui uma coisa e acolá outra. Tu sempre, sempre, sempre és o mesmo, "Sanctus, Sanctus, Sanctus Dominus Deus omnipotens".¹ Tu no princípio que de Ti procede, na Tua Sabedoria nascida da Tua substância, do nada criaste algo. Fizeste o céu e a terra, não da Tua substância, pois assim seriam iguais ao Teu Filho unigênito, e, portanto, idênticos a Ti. E não seria totalmente justo que fosse igual a Ti o

07/07/2014

A INTEGRIDADE DA FÉ

A fé opera no cristão uma renovação sobrenatural, eleva a alma às coisas celestes e, como diz São Leão, dá à alma impulso em direção ao bem incorruptível, em direção à verdadeira luz, quer dizer, em direção ao próprio Deus. 

Mas para que a fé produza no cristão a operação que lhe é própria, é preciso que seja pura, que seja íntegra. 

Ora, a fé em sua pureza, em sua integridade, é uma fé rara.Magnum est, dizia Santo Agostinho, Magnum est in ipsa intus catholica, integram habere fidem. Traduzindo: Mesmo dentro da Igreja, é uma grande coisa haver uma fé íntegra.

05/07/2014

A deslealdade suprema para com Deus é a heresia

S.Domingos queimando o livro herético dos albigenses.
O livro que se encontra no ar, i.e,  levitando, é o seu livro, que por
 milagre, e para a conversão daqueles povos, ficou incólume.

04/07/2014

É pecado atender a Missa do Novo Ordo?


Nossa reação imediata a tal questão é emocional: de raiva ou frustração em concordância de que a assistência á Missa Nova é incompreensível e pecaminosa; ou de compaixão, em concordância de que parece impossível que milhões e milhões de Católicos que assistem a mesma todos os Domingos, estejam pecando todas as vezes que a atendem. Nos dois casos consideram-se primariamente a moralidade subjetiva -a intenção da pessoa- antes de considerar a moralidade da ação, que é determinada pela razão do ato em si.

03/07/2014

Ser Católico é um crime contra a humanidade.

A história da Igreja é com efeito, nada mais que a amplificação da jornada terrena do Salvador: é como se ele vivesse o seu ministério no mundo como um longo processo pelo qual, sem motivo algum,  foi colocado no banco dos réus e, no final, injustamente condenado. Da mesma forma é com a Igreja consciente de exercer seu próprio ministério no mundo vivendo em seu interior a mesmíssima contradição. Andrea Torquato Giovanoli assim nos explica de modo surreal.



02/07/2014

Nossa Senhora do Pilar - Zaragoza - Espanha

Nossa Senhora do Pilar - Espanha.
Data: 02 de janeiro do ano 40 da era Crista - século I

01/07/2014

A CONVERSÃO DAS PESSOAS E A CONVERSÃO DAS NAÇÕES


A cristianização da Rus de Kiev ocorreu no final da década de 980, quando Vladimir, o Grande, foi batizado e batizou a sua família e toda a população de Kiev num evento que ficou conhecido como Batismo de Kiev. No local do batismo está hoje a Catedral de S. Vladimir. Dai a cristianização continuou na Rússia.