Uma cidade antiga não era formada com o tempo, pelo lento crescimento do número dos homens e das construções, mas sim em um só momento em um dia, bastava que famílias, as fratrias e as tribos concordasse em se unir, e, principalmente, em adotar o mesmo culto, terem os mesmos deuses, era erguida, para ser o santuário desse culto comum, onde os deuses pudessem ser adorados.
Assim como o altar das famílias os mantinham unidos a seu redor nas casas, o culto de uma cidade mantinha os seus moradores unidos sob os mesmos deuses e celebravam os atos religiosos no mesmo altar, que ficava fechado dentro de um edifício. Os gregos chamavam Pritaneu ou o edifício que encerrava o lar (fogo sagrado a lareira), e os romanos templo de Vesta ou o lar sagrado da cidade. O altar de uma cidade era o local mais sagrado, sobre o qual o fogo dos deuses estava sempre aceso.
Na religião das famílias, o fogo doméstico, era o símbolo do culto dos mortos, ficando sob uma pedra, chamada de lareira, onde era depositado o corpo do antepassado que passava a repousar no local e o fogo ali se acendia para honrá-lo e mantê-lo vivo, representando sua alma imortal.
O culto do lar doméstico era restrito aos familiares, somente a quem era da família podia tomar parte no mesmo, assim também o culto, quando passou a ser na cidade, era restrito aos cidadãos, vetado a participação de estrangeiros. Cada cidade seus próprios deuses, que pertenciam somente aquela cidade, por mais vizinhas que fossem, duas sociedades eram totalmente distantes, não apenas os limites que as separavam, mas os deuses, que não eram os mesmos, as cerimônias, as preces, as crenças. O culto em uma cidade era proibido aos habitantes de outra cidade, por mais próxima que fosse; os deuses de uma cidade rejeitavam as homenagens e as preces de quem não fosse ali residente.
Quando havia guerras entre cidades, era mais fácil a cidade vencida sujeitar-se do que se unir. O vitorioso podia fazer os habitantes de uma cidade conquistada escravos, mas jamais os tornavam concidadãos do vencedor. Os vencidos quando não se tornavam escravos, eram expulsos e suas terras tomadas, eram despojados de tudo e os vencedores cuidavam para que os derrotados não participassem de sua religião.
Em guerras não eram apenas os exércitos de homens que combatiam, mas também um exército de deuses. Cada exército carregava consigo seus deuses, que combatiam com os soldados, que os defendiam, e eram por eles protegidos. Durante os combates, lutavam não só contra os soldados, também contra os deuses. Podiam fazer prisioneiros, não só os soldados inimigos, também seus deuses. Cada exército carregava suas estátuas, seu altar, suas insígnias, seus oráculos, seus áugures e adivinhos.
O vencedor podia fazer o que bem queria com o vencido, matavam os homens, mulheres e crianças eram escravizados, propriedades queimadas, árvores derrubadas, animais mortos, a colheita do vencido era ofertada aos deuses dos vencedores, uma região fértil transformada em deserto, uma cidade era suprimida, destruía a religião, a política, os cultos, seus deuses eram esquecidos, cada família se apagava. Com a queda do culto, as leis caíam, o direito civil, a família, a propriedade, tudo o que se apoiava na religião.
Roma
Roma não foi diferente das demais cidades antigas, a religião da cidade esteve sempre em vigor, mas a população romana era composta de várias outras e seu culto uma união de vários outros.
No início era proibido casamento com povos de outras cidades, mas com o tempo e vendo a necessidade iniciaram uma permissão, o que foi necessário estabelecer um vínculo de caráter religioso, adotando os vários cultos de vários povos, o primeiro foi com os sabinos.
Roma começou um período de longas guerras, terminando com tratados religiosos que permitia o culto em ambas as cidades, quando não havia o tratado religioso, o vencido era totalmente exterminado, cidades, culto, povos, tudo.
Em determinado tempo, Roma deixou de ser colônia, destruindo primeiro Alba e apossando dos direitos e a supremacia religiosa. Sustentou longas guerras para obter a superioridade religiosa entre os latinos, erguendo templos, obrigando os conquistados a participar das festas, das orações, das carnes sagradas das vítimas, adotava todos os cultos das cidades conquistadas, lutava para possuir os deuses, bem como as cidades. Não impunha seus deuses aos povos vencidos, Roma queria conquistar novos deuses, não renunciando aos seus. Zelava pelos seus protetores e buscava aumentá-los, queria ter mais cultos e deuses do que qualquer outra cidade, Roma estava, assim, em comunhão religiosa com todos os povos.
Panteão de Roma
O "pantheon" é um nome de origem grega que teria como significado "de todos os deuses" ("pan "todos" + "theon "deuses").
Marco Agripa foi um político romano, cônsul, amigo, genro e comandante de Otávio Augusto e também arquiteto. Foi responsável pela construção muitos edifícios de Roma. Conquistou muitas vitórias importantes, especialmente a Batalha de Ácio, em 31 a.C., contra Marco Antônio e Cleópatra, que deixou Otávio como único imperador em Roma. Agripa era sogro do futuro imperador, Tibério, avô de Calígula e bisavó de Nero.
Por volta de 27 a.C., Agripa teria mandado construir o Panteão, a primeira construção durou até ano 80 d.C., quando um incêndio a destruiu, foi reconstruída, porém em 110 um raio destruiu a segunda construção, então Adriano fez a segunda reconstrução, por volta de 125, que seria a que conhecemos hoje.
O templo era usado como dedicação a todos os deuses de todos os povos onde o império romano conquistou, ficou assim até a queda do império, quando foi fechado e caiu no desuso.
No século VII, o imperador bizantino Flávio Focas Augusto manifestou o interesse de demolir o templo, porém o papa Bonifácio IV solicitou que o templo fosse entregue para a Igreja para transformá-la em uma basílica, aceitando o imperador a solicitação do pontífice, prepara-se a transferência.
O exorcismo e a consagração:
Como era um templo pagão, dedicado aos vários deuses, a primeira ação da Igreja seria o exorcismo, um primeiro passo para transformar, um lugar tão infame em lugar de culto ao Deus Verdadeiro, tarefa que ficou a cargo do papa, bispo de Roma.
Aos treze de maio do ano de 609, o papa Bonifácio IV, com uma comitiva de sacerdotes, políticos, militares e gente do povo, foram até as portas do templo que estava fechado desde a queda do império, ajuntando ao máximo próximo da porta principal do edifício.
Quando o pontífice chegou na entrada, antes de mandar abri-la, de seu interior ouviu-se gritos, gemidos, lamúrias, blasfêmias, choros. Pessoas que estavam mais próximas da porta se assustaram, mas o papa mandou que fosse aberto as portas, iniciando as primeiras orações de exorcismo.
Ao abrir, os sons tornaram altos e numa frequência que abalou os que acompanhavam o papa, muitos caíram por terra, tapando os ouvidos, menos Bonifácio IV, que prosseguiu com o exorcismo, sem se abalar com o que estava acontecendo. Por algum tempo o papa manteve-se firme, rezou e mandou que os demônios dali saíssem em nome de Nosso Senhor Jesus Cristo e de Sua Santíssima Mãe.
Logo, cessaram os gritos e os demônios abandonaram o local. O templo foi purificado e consagrado, as estátuas dos deuses pagãos foram retiradas e vinte e oito carregamento de relíquias dos mártires das catacumbas de Roma foram para lá e as depositadas em um relicário abaixo do altar.
Mas nem por isso o antigo templo, agora Igreja de Santa Maria e dos Mártires, deixou de ser esfoliado seus tesouros ao longo do tempo e hoje, o que é uma Igreja, dedicada a Nossa Senhora e aos Mártires é tratada apenas como o Panteão romano, alguns sites negando inclusive a atribuir-lhe o que realmente é hoje há mais de mil e oitocentos anos, uma basílica, que ainda celebra Missa, infelizmente o Novus Ordo, mas é uma Igreja, esquecendo que o fim do local era comum a muitos edifícios em Roma, a destruição, que só foi evitada pela intervenção da Igreja.
Todos os santos
A Igreja não poderia deixar que um templo construído a todos os deuses pagãos continuasse ao serviço do paganismo e mesmo fechado ainda serviria de lembrança de uma prática tão horrenda, rememorando os sacrifícios humanos realizados nas diversas festas pagãs e mais ainda na cidade que se tornou a sede da Igreja de Cristo.
Já no oriente no século V, se comemora uma festa a todos os mártires e no ocidente há registros da festa no século VI, onde era celebrada no Primeiro Domingo Depois de Pentecostes. Com a transformação do antigo templo na Igreja de Santa Maria e dos Mártires, em 13 de maio, a celebração em Roma passou a ser neste dia, mas foi o papa Gregório IV que no século IX passou a comemoração para o dia 1º de novembro em toda a Igreja latina.
Hoje, infelizmente, muitos dos que se dizem católicos agarram nas teorias anticristãs dos protestantes, ateus, gnósticos, modernistas, maçons, ou seja, de tudo o que não presta, para atacar a Igreja e o culto e a intercessão dos santos, dizendo que teria surgido entre os cristãos como uma influência do paganismo ou que a festa a eles dedicados, assim como a todas as festas católicas, seria para substituir uma comemoração pagã, como fazem em relação ao Natal e como a Igreja proibia a adoração de falsos deuses, os católicos teriam arrumado um jeito e inventando os santos que seriam como uma espécie de “divindades”, um absurdo.
A veneração e intercessão dos santos está presente na Igreja, desde as suas origens mais remotas, temos testemunhos dos Santos Padres e de muita literatura das épocas apostólicas para confirma essa prática.
A cristianização de Roma foi um processo gradual, lento, que comportou a conversão de antigos locais de culto, dedicados outrora às divindades pagãs em basílicas. O paganismo ficou por muito tempo em Roma, assim como em todos os locais em que a Igreja chegou, foi longo o tempo para extirpá-lo e infelizmente hoje está de volta, um paganismo pior que o dos tempos passados, pois é um paganismo, envolto em apostasia e ateísmo, e ainda como consequência de que, quem deveria lutar contra, muitas vezes estão do lado dos inimigos.
Louvamos a Nossa Senhora da Conceição e a Todos os Santos, para que socorram a Igreja, tirando de seu interior as ervas daninhas que estão a serviço do mal.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Antes de postar seu comentário sobre a postagem, leia: Todo comentário é moderado e deverá ter o nome do comentador. Comentário que não tenha a identificação do autor (anônimo), ou sua origem via link e ainda que não tenha o nome do emitente no corpo do texto, bem como qualquer tipo de identificação, poderá ser publicado se julgar pertinente o assunto. Como também poderá não ser publicado, mesmo com as identificações acima tratadas, caso o assunto for julga impertinente ou irrelevante ao assunto. Todo e qualquer comentário só será publicado se não ferir nenhuma das diretrizes do blog, o qual reserva o direito de publicar ou não qualquer comentário, bem como de excluí-los futuramente. Comentários ofensivos contra a Santa Madre Igreja não serão aceitos. Comentários de hereges, de pessoas que se dizem ateus, infiéis, de comunistas só serão aceitos se estiverem buscando a conversão e a fuga do erro. De indivíduos que defendem doutrinas contra a Verdade revelada, contra a moral católica, de apoio a grupos ou ideias que contrários aos ensinamentos da Igreja, ao catecismo do Concílio de Trento, ferem, denigrem, agridem, cometem sacrilégios a Deus Pai, Deus Filho, Deus Espírito Santo, a Mãe de Deus, seus Anjos, Santos, ao Papa, ao clero, as instituições católicas, a Tradição da Igreja, também não serão aceitos. Apoio a indivíduos contrários a tudo isso, incluindo ao clero modernista, só será publicado se tiver uma coerência e não for qualificado como ofensivo, propagador do modernismo, do sedevacantismo, do protestantismo, das ideologias socialistas, comunistas e modernistas, da maçonaria e do maçonismo, bem como qualquer outro tópico julgado impróprio, inoportuno, imoral, etc. Alguns comentários podem ser respondidos via e-mail, postagem de resposta no blog, resposta do próprio comentário ou simplesmente não respondido. Reservo o direito de publicar, não publicar e excluir os comentários que julgar pertinente. Para mensagens particulares, dúvidas, sugestões, inclusive de publicações, elogios e reclamações, pode ser usado o quadro CONTATO no corpo superior do blog versão web. Obrigado! Adm do blog.