CURSO
DE LITURGIA
PE. JOÃO BATISTA
REUS, S. J.
PROFESSOR
DO SEMINÁRIO CENTRAL DE SÃO LEOPOLDO, R. G. S.
§ 62. A SEMANA
O DOMINGO
249. A semana cristã é a continuação
da semana israelítica. Mas o sábado, como dia do culto divino, foi substituído
pelo domingo.
1. Os primeiros cristãos estavam acostumados a guardar o
sábado, o último dia da semana. Depois de acabar este dia (mais ou menos
às 6 horas da tarde), celebravam o santo mistério da missa e comunhão no
primeiro dia da semana. Assim sabemos que S. Paulo reuniu os cristãos de Trôade
para partir o pão eucarístico una sabbati, "no primeiro
dia depois do sábado". Em Corinto (1 Cor 16, 2) os cristãos se reuniram
pela primeira vez per unam sabbati.No Apocalipse de S. João (1, 10)
este dia pela primeira vez é chamado: dia do Senhor (dies dominica, domingo).
Em breve o domingo foi recebido
pelo uso geral, a ponto de ficarem as seitas mais antigas, p. ex., os
ebionitas, com o domingo ao lado do sábado, ao qual deram preferência. O
domingo foi chamado também dies solis, o dia do sol, pois que
Jesus Cristo é o verdadeiro sol de justiça e santidade.
250.2. A Igreja tem o poder de
substituir o sábado pelo domingo. Pois Jesus Cristo aboliu as leis
cerimoniais do antigo testamento pela sua morte. Por isso, avisa S.
Paulo os cristãos perseguidos por não observarem as leis
cerimoniais judaicas (Col 2, 16) que não se importassem com as
festas da lua nova ou do sábado. Pois tudo isso era figura do futuro,
que se achava cumprido em Jesus Cristo e por conseguinte não tinha
mais força obrigatória.
251.3. Motivos para celebrar o domingo.
1) A ressurreição de Jesus Cristo
no primeiro dia da semana, mistério fundamental da fé cristã. Por isso nos
domingos se recita o Sl 117, que traz as palavras da antífona pascoal:"Heec
dies quam fecit dominus: exsultemus et lwtemur in ea." O Senhor mesmo
aplicou estas palavras à sua ressurreição (Mt 21, 42): "Nunquam
legistis in scripturis: a domino factum est istud et est mirabile in oculis
nostris?" São Pedro alude ao mesmo salmo. (At 4, 11; 1 Ped 2, 7.)
Por isso, as antífonas das Laudes e Horas menores vêm acompanhadas de 1 ou 3
aleluias como no tempo pascal; não se jejua nem se reza de joelhos, p. ex., as
antífonas marianas, o anjo do Senhor. S. Agostinho explica este costume,
dizendo (Ep. 55, 28): Stantes oramus, quod est signum resurrectionis.
2) O dia da criação do mundo.
Lembrança disso há nas vésperas: Lucis Creator optime.
3) O dia dá descida do Espírito
Santo. Por isso o domingo era "o dia da Liturgia" e o tipo de todas
as festas, que durante o ano eclesiástico se celebravam com vigília e descanso dominical. (Piacenza, Reg. p. 29.)
252.Sendo comemoradas assim as três
Pessoas divinas no domingo, foi ele considerado como dedicado à SS. Trindade. Fala deste
santo mistério o hino das matinas: "Primo die quo Trinitas Beata
mundum condidit"; o responsório 8 com o Sanctus, Sanctus,
Sanctus, o símboloQuicumque, o prefácio da SS. Trindade.
Mas o domingo não foi igualmente
por toda parte considerado primeiro dia da semana. Em vários países era o
último dia da semana, porquanto esta começava pela segunda-feira. Pela
legislação eclesiástica e civil o domingo se tornou dia de descanso no sentido
cristão desde o século IV. Assistir à missa nos domingos tornou-se obrigação
para todos os adultos desde o princípio do século IV. (Sínodo de Elvira, 306.)
§ 63. DIVISÃO DOS DOMINGOS
253.1. Classes. No missal, p. ex., o
primeiro domingo do advento traz a rubrica: 1 classis. Semiduplex. É
uma contradição aparente. Pois os domingos são classificados segundo a
dignidade (p. ex., 1 classis) e o rito (p. ex., semiduplex).
a) Quanto ao rito, todos
os domingos são semiduplex com exceção de 3: Dominica
paschalis, Dominica iri Albis, Dominica Pentecostes.
b) Quanto à dignidade, distinguem-se
maiores e menores ou comuns (per annum).
c) Os domingos maiores dividem-se
em 2 classes conforme o seu respectivo privilégio de preferência.
aa. Os domingos da primeira
classe são preferidos na ocorrência (portanto não nas vésperas) a todas
as festas são 10: o 1° domingo do advento, os 4 domingos da quaresma e
os 4 seguintes até ao domingo da pascoela, e pentecostes. As festas incidentes
devem ser transferidas.
254.bb. Os domingos da segunda classe
são preferidos a todas as festas menos às de primeira classe. São
6: o 2°, 3° e 4° do advento, os três antecedentes à quaresma: setuagésima,
sexagésima e qüinquagésima.
2. Privilégios. Todos os domingos têm os
seguintes privilégios:
a) Neles nenhuma festa pode ser fixada para
sempre. Exceções: festa da S. Família, da SS. Trindade, de Cristo Rei ou de
outra festa por dispensa rara da S. C. dos Ditos.
b) Nenhuma festa pode ser transferida para
um domingo.
c) Nenhum ofício de domingo se
omite totalmente; quando impedido deve ser comemorado no ofício e na
missa com seu prefácio próprio, ao menos por via de regra, e a missa impedida
deve ser rezada na semana seguinte, conforme regras especiais.
3. Número. Nos livros litúrgicos são
indicados 53 domingos e 53 ofícios de domingos. Se A é letra dominical ou
(no ano bissexto) é uma delas (A g, bA), i. é, quando o 1° de janeiro cai num
domingo, ou, no ano bissexto no sábado, lodos os 30 ofícios depois de
pentecostes (24 mais 6 da epifania) têm o seu domingo, do contrário só 29, e um
ofício antecipado no sábado com os direitos de domingo. Pois, neste caso, são
só 52 domingos.
255.4. Vacantes são os
domingos sem ofício e sem comemoração. Ocorrem, às vezes, entre o dia 25
de dezembro e 13 de janeiro e são ocupados por festas.
Vagos (móveis) se chamam o 3°, 4°, 5° e
6° domingo depois da epifania, porque não são fixados num lugar certo, sendo
celebrados, ora depois da epifania, ora depois de pentecostes.
256.5. O primeiro domingo do mês é, na acepção civil, aquele
que cai no dia primeiro do mês ou vem logo depois dele. Este cômputo é necessário,
quando se trata de fixar uma festa num domingo determinado ou de ganhar
indulgências concedidas para certo domingo do mês. No cômputo propriamente
eclesiástico o primeiro domingo do mês é aquele que cai no dia primeiro ou que
vem mais perto dele. Se o dia primeiro do mês cai numa segunda ou terça ou
quarta-feira; o primeiro domingo é aquele que precede estes dias; se cai
nos outros dias, é o domingo seguinte. Faz exceção o primeiro domingo do
advento que é determinado em relação à festa de S. André. (30 de nov.) Este
cômputo decide o princípio das lições da s. escritura no ofício
divino.
§ 64. OS DIAS DA SEMANA
257.1. Nomes. O
nosso domingo era chamado pelos israelitas primeiro dia depois do sábado (una
= prima sabbati), os dias seguintes eram designados com o número
ordinal. Este modo foi recebido pela Igreja, mas modificado quanto ao primeiro
e último dia, que tomaram o nome de domingo e sábado. Além disso a Igreja
acrescentou ao número ordinal o termo feria,falando da Feria
secunda, Feria tertia. Quis significar que os clérigos devem deixar o
cuidado das outras coisas para "feriar" só para Deus. (In festo S.
Silvestri, 31 dec.)
Os pagãos falavam do dies
soils, lunce, martis, mercurii, jovis, veneris et saturni,termos
às vezes empregados também pelos s. padres dos primeiros séculos.
258.2. Dias principais. São os dias que, ainda hoje, no
ano eclesiástico têm uma posição especial na quaresma e nas quatro têmporas: a
quarta-feira, a sexta-feira e o sábado.
A sexta-feira, tanto no Oriente
como no Ocidente, foi consagrada à paixão de Jesus Cristo. Foi neste dia que o
Senhor foi pregado na cruz para satisfazer por nossos pecados. Em sinal de luto
e penitência guardava-se nele o jejum.
A quarta-feira lembra a
traição de Judas, que neste dia vendeu o divino Redentor por 30 siclos. Esta
circunstância motivou o jejum de penitência na quarta-feira.
O sábado era celebrado
no Ocidente do mesmo modo que no Oriente. No Ocidente encontramos pelo fim do
século III o uso de jejuar no sábado. Provavelmente tem a sua origem no fervor
dos cristãos que estenderam o jejum da sexta-feira até ao sábado (superponere jejunium). Nestes
três dias mencionados nem em Alexandria nem em Roma havia missa. Eram dias de
estação (statio), dias alitúrgicos. Provavelmente feria só
é a tradução do hebraico sabbatum, descanso. Pois S. Jerônimo
(Ad Gal. II, 4; ML 26 p. 378) chama a quarta-feira cristã quartam
sabbati.
259.3. O sábado, ao menos desde o fim do século X , é
consagrado à Maria Santíssima.
Durandus (IV, c. 1, n.° 30-35)
alega os motivos seguintes, que com reserva merecem ser mencionados.
1. Achava-se numa igreja de
Constantinopla uma imagem da Virgem SS., diante da qual pendia uma cortina que
a cobria toda. Esta cortina desaparecia na sexta-feira depois das vésperas sem
alguém a tocar, só por um milagre de Deus, para que a imagem pudesse ser vista
totalmente pelo povo. Depois das vésperas do sábado a cortina cobria outra vez
a imagem e ficava assim até à sexta-feira seguinte. Por causa deste milagre
determinou-se cantar sempre neste dia em honra da SS. Virgem.
2. Quando o Senhor estava morto e
os discípulos desesperaram da ressurreição, naquele sábado só nela ficou toda a
fé. Ela estava certa de que Cristo era filho de Deus e havia de ressurgir no
terceiro dia.
3. O sábado é a
porta do domingo, portanto a porta do céu, cujo símbolo é o domingo.Ora,
Maria é a porta do céu. Por isto a festejamos no dia que precede o
domingo.
4. A solenidade do filho
(sexta-feira) deve seguir-se imediatamente a solenidade da mãe.
5. Convém que no sábado, em que
Deus descansou da sua obra, haja alguma solenidade.
Quanto à 1ª razão é preciso notar
que uma crença popular e ingênua pode ser a causa próxima de uma devoção
fundada em motivos sólidos. A 2ª razão dificilmente se compõe com a promessa de
que S. Pedro nunca havia de vacilar na fé. Bento XIV (de fest. c. 5, n. 8) diz:"Nem
todos os teólogos defendem a sentença de que os apóstolos perderam a
fé, a qual era firme só na Virgem SSma. Pois Pedro, negando a Cristo, não
cometeu outra falta além de ter medo de confessar a Cristo aberta e livremente.
A sua alma contudo estava isenta de qualquer erro. Nem Cristo teria encomendado
sua mãe caríssima a S. João, se ele tivesse perdido a fé."
(Suarez, de fide disp. 9. sect. 3.)
O mesmo papa (de fest. B. M. V.
I. II c. 18 n. 2) escreve: Belarmino observa que Madalena estava
abrasada de grande fogo de caridade como se vê em Jo. 19 e 20. Ora, a caridade
não se pode separar da fé. Até acrescenta: Parece ser perigoso dizer que só na
Virgem SSma. ficou a verdadeira Fé. Desta maneira a Igreja teria perecido. Pois
uma pessoa não pode ser chamada Igreja, porquanto a Igreja é um povo e o reino
de Cristo. (Bellarm. t. II.controvers. 1. '3, de eccl. mil . c. 17.)
A 4ª razão será a decisiva.
Começou-se a jejuar na sexta-feira e continuou-se em honra da mãe. Stabat
iuxta crucem fesu Mater eius. (Jo 19, 25.)
No Liber sacramentorurn do
séc. VIII para cada dia da semana está assinalada uma missa votiva
própria. Pois não havendo muitas festas de santos não era possível evitar
arepetição da missa do domingo. Para aliviar a devoção pela mudança das
fórmulas da missa e para achar auxílio nas necessidades por missas especiais formou-se
o costume, fixado mais tarde por Pio V, de consagrar os dias da semana ao culto
de Deus trino e dos santos segundo a dignidade indicada na ladainha de todos os
santos: Deus, Maria, José e Apóstolos.
O domingo está consagrado à SS.
Trindade, com preferência considerada na unidade da essência divina.
A segunda-feira, sendo Maria SS. venerada no
sábado, dedicou-se à SS. Trindade, considerada expressamente na trindade das
Pessoas divinas, a terça-feira aos anjos, que têm o
terceiro lugar, a quarta-feira aos apóstolos que ocupam
o quarto lugar no céu. Com o conhecimento mais profundo da dignidade de São
José superior à dos apóstolos, a ele se deu o quarto lugar, logo depois dos
anjos, e a sua missa votiva (1883) foi marcada também para a quarta-feira. A
quinta-feira sempre esteve dedicada à SS. Eucaristia, a
sexta-feira à cruz, o sábado à Maria SSma.
A missa do Espírito Santo se
reservou para a quinta-feira, dia este, em que se realizou a ascensão de
Jesus Cristo, de que dependia essencialmente a abertura da porta celestial e
por conseguinte a descida triunfal do Espírito Santo. (lo 16, 7, Pref. de Sp.
S.) A segunda-feira é o dia das almas.
O ensejo desta instituição
parece ser uma suposta revelação divina em que se afirma ter outorgado Nosso
Senhor aos condenados repouso de seus tormentos todos os domingos em honra de
sua ressurreição. A notícia se acha no apocalipse apócrifo de São Paulo do séc.
IV e tornou-se opinião muito espalhada. Com o correr dos séculos o privilégio
dos condenados foi transferido para as almas do purgatório. Assim São Pedro
Damião, seguindo, como ele diz, "a piedosa opinião de homens
ilustres", ensina que as almas do purgatório no domingo estão livres dos
sofrimentos' mas devem voltar para as penas na segunda-feira.
Por isso é mister socorrê-las
neste dia. A
Igreja, com a sua solicitude maternal, sem adotar esta opinião, prescreve,
quando não obstam as rubricas, a oração "Fidelium" pelos defuntos e
permite a missa conventual de réquie na segunda-feira. (Franz:Messe i. d. Mittel pág. 144 MI. 145 pág. 564; 427; Durand IV, 1
n. 29.) O
fundamento dogmático decisivo para a Igreja é a comunhão dos santos. No domingo
se comemora a Igreja triunfante, logo depois na segunda-feira a Igreja
padecente, à maneira da festa de Todos os Santos e do dia de finados.
260.1. Segundo a dignidade, as
férias dividem-se em férias maiores e menores.Maiores são as férias do advento,
da quaresma, das quatro têmporas de setembro, da segunda-feira das Rogações.
As férias maiores são
privilegiadas ou não privilegiadas. As privilegiadas são 7: A
quarta-feira das cinzas e os 6 dias da semana santa (S. R. C. 1.0
nov. 1931). São preferidas a todas as festas.
As férias maiores não
privilegiadas são preferidas somente às festas simples e vigílias, mas são
comemoradas nos ofícios de 9 lições.
Menores ou per annum são
todas as férias fora das férias maiores. Não tem comemoração, quando se celebra
outro ofício.
261.2. Ofício. A féria menor não tem I vésperas,
principia, portanto, pelas matinas e termina com as vésperas e completas do
dia.
Precede um simplex, as
vésperas são da féria respectiva, porquanto o simplex não tem
II vésperas. Segue-se urna festa, embora simplex, o ofício da
féria termina com a noa, e as vésperas são da festa seguinte, sem comemoração
da féria. Ocorre um simplex ou simplificado numa féria maior,
as vésperas do dia anterior são da féria, como no saltério, com comemoração do simplex ou
simplificado. Pois não se rezam as vésperas de um ofício, que na sua maior
parte é simplificado. Pars maior trahit minorem.
262.3. Composição do ofício
ferial. Invitatório, hino, os 9 salmos e
antífonas (omitido o versículo do 1º, 2º noturno) e o versículo do 3º noturno
da féria respectiva. Lições e responsórios do próprio do tempo; no fim da 3ª lição
no tempo da páscoa — Te Deum, o qual fora deste tempo e na
segunda-feira das rogações se omite. Nas laudes se rezam nas férias menores as
antífonas e salmos da 1ª série; no advento, no tempo entre a setuagésima
até à semana santa, nas vigílias comuns (exceto a vigília da ascensão), nas
quatro têmporas, da 2ªsérie.
263.A capítula da féria respectiva. A oração, se
não houver própria, é a do domingo precedente. O sufrágio, fora do advento e do
tempo da paixão (no tempo pascalcommemoratio crucis), se não houver
comemoração de um duplex, de uma oitava, ou de um oitavo dia simplex, item
na sexta-feira depois da oitava da ascensão e na vigília de pentecostes.
As preces feriais recitam-se no
advento, na quaresma até à semana santa, inclusive, nas quatro têmporas, mesmo
se se fizer a comemoração de uma oitava, de um duplex ousemiduplex (A.
B. VIII, 3).
264.4. A prima é rezada como está indicado no
ordinário e saltério.
a) Se nas laudes se tomou a 2ª série,
a prima tem além dos 3 salmos costumados um quarto salmo, a saber, o primeiro
da 1ª série de laudes, que havia sido omitido e substituído pelo Miserere.
b) A capítula é: Pacem; só
nos dias de domingo antecipado e do tempo pascal: Regi.
c) Se houver preces feriais nas
laudes, há-os também na prima; se não, há dominicais.
5. Terça, sexta, noa como no ordinário e saltério.
Preces feriais, se houver na prima.
6. Vésperas como no ordinário,
saltério, e próprio do tempo. Sufrágio e preces feriais como nas laudes.
7. Completas como no ordinário e
saltério. Preces como na prima.
§ 66. AS QUATRO TÊMPORAS
265.1. Nome. Quatro têmporas ou só têmporas se
chamam a quarta-feira, a sexta-feira e o sábado das 4 semanas seguintes:
primeira da quaresma, primeira de pentecostes, terceira de setembro e terceira
de dezembro; nestas semanas há jejum.
2. Origem. Influíram provavelmente vários
elementos. Conforme uns autores as quatro têmporas são o vestígio da antiga
semana cristã com 3 dias de jejum; conforme outros, foram instituídas para
santificar o início das 4 estações do ano. Mais provável é que sejam resultado
de várias reflexões.
a) A idéia de jejum algumas vezes
por ano acha-se na escritura sagrada do antigo testamento. Estes textos
são citados nas lições dos sábados das têmporas de setembro. O profeta Zacarias
(8, 19) menciona quatro épocas de jejum para Israel. O Papa Leão Magno (Sermão
92; 79; 12) ensina que as têmporas fora da quaresma foram instituídas pelos
apóstolos.
266.b) Foi em Roma que primeiro se
celebravam as 3 têmporas do verão, outono e inverno. O número 3 se explica por
certas festas pagas que ocorriam três vezes por ano, feriae sementinae (inverno), feriae
messis (verão), feriae vindemiales (outono).
As têmporas contrabalançavam os excessos dos idólatras. Assim se explica o
fato, um tanto estranho, de que o Oriente não conhece as têmporas. O Líber Pontificalis diz
que o papa Calisto (+ 233) instituiu estas 3 têmporas.
c) S. Leão Magno menciona pela
primeira vez as quatro têmporas relacionando-as com as 4 estações do ano.
Deviam ser santificadas pelo jejum.
d) O Papa (Gelásio (+ 496)
acrescentou as ordenações sacerdotais que ainda hoje se fazem nestes dias.
(Cân. 1006, § 2) De Roma, as têmporas se propagaram para todas as igrejas de
rito romano. A sua época só foi fixada por Urbano II (1095).
Como foi costume antigo cristão
jejuar antes das ordenações (At 13, 2), a Igreja, guardando este costume,
conferia as ordens nos dias de jejum. Segundo Durandus (II e 1 n.34) as quatro
têmporas são as primícias do tempo, porque representam cada vez o inicio de uma
nova estação do ano. Os clérigos são as primícias do povo cristão, porquanto
estão em lugar dos levitas, os quais Deus reservou para si em troca dos filhos
primogênitos de cada família. Por isso convém, que as primícias do povo cristão
sejam consagradas a Deus junto com as primícias do tempo, as quatro têmporas.
267.3. A Liturgia das têmporas
tem na quarta-feira duas epístolas. A razão histórica é o antigo costume
romano e de outras Liturgias de ler duas lições antes do evangelho.
Beletho (c. 90) e Durando (VI, c.
8 n. 2) explicam as duas lições com a antiga regra de que, no sábado depois de
uma quarta-feira com duas lições na missa, se podem ordenar sacerdotes, e isto
seis vezes por ano. Na quarta-feira os candidatos eram examinados e por isso na
missa se acrescentava uma lição relativa ao sacerdócio, para significar que os
ordenandos devem ser versados no antigo e novo testamento para poder instruir o
povo.
Nos sábados das têmporas se lêem
seis lições, mas provavelmente antes eram doze, como ainda no sábado santo, por
causa do escrutínio dos catecúmenos antes do batismo. A quinta lição é sempre a
chamada lectio de camino ignis do profeta Daniel. A sua
significação é profunda. Como os três jovens passaram pela prova do fogo, assim
os candidatos ao sacerdócio devem passar pelas provas exigidas pela Igreja,
conforme a lei apostólica:Probentur primum et sic ministrent. (1 Tim 3, 10; Durando VI, c. 10, n. 3.) Depois. dela antigamente se
realizavam todas as ordenações, ao passo que hoje são distribuídas pelas várias
lições.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Antes de postar seu comentário sobre a postagem, leia: Todo comentário é moderado e deverá ter o nome do comentador. Comentário que não tenha a identificação do autor (anônimo), ou sua origem via link e ainda que não tenha o nome do emitente no corpo do texto, bem como qualquer tipo de identificação, poderá ser publicado se julgar pertinente o assunto. Como também poderá não ser publicado, mesmo com as identificações acima tratadas, caso o assunto for julga impertinente ou irrelevante ao assunto. Todo e qualquer comentário só será publicado se não ferir nenhuma das diretrizes do blog, o qual reserva o direito de publicar ou não qualquer comentário, bem como de excluí-los futuramente. Comentários ofensivos contra a Santa Madre Igreja não serão aceitos. Comentários de hereges, de pessoas que se dizem ateus, infiéis, de comunistas só serão aceitos se estiverem buscando a conversão e a fuga do erro. De indivíduos que defendem doutrinas contra a Verdade revelada, contra a moral católica, de apoio a grupos ou ideias que contrários aos ensinamentos da Igreja, ao catecismo do Concílio de Trento, ferem, denigrem, agridem, cometem sacrilégios a Deus Pai, Deus Filho, Deus Espírito Santo, a Mãe de Deus, seus Anjos, Santos, ao Papa, ao clero, as instituições católicas, a Tradição da Igreja, também não serão aceitos. Apoio a indivíduos contrários a tudo isso, incluindo ao clero modernista, só será publicado se tiver uma coerência e não for qualificado como ofensivo, propagador do modernismo, do sedevacantismo, do protestantismo, das ideologias socialistas, comunistas e modernistas, da maçonaria e do maçonismo, bem como qualquer outro tópico julgado impróprio, inoportuno, imoral, etc. Alguns comentários podem ser respondidos via e-mail, postagem de resposta no blog, resposta do próprio comentário ou simplesmente não respondido. Reservo o direito de publicar, não publicar e excluir os comentários que julgar pertinente. Para mensagens particulares, dúvidas, sugestões, inclusive de publicações, elogios e reclamações, pode ser usado o quadro CONTATO no corpo superior do blog versão web. Obrigado! Adm do blog.