"Pelas palavras insinuam as idéias, e as idéias
preparam o caminho para os fatos".
Monsenhor Henri Delassus.
Todas
essas fórmulas pérfidas foram criadas há dois séculos. Sob o reino do
filosofismo, foi "tolerância" e "superstição" que passaram
de boca em boca; sob o do Terror, foi "fanatismo" e
"razão"; sob a Restauração, "ancien régime",
"dízimo", "privilégios"; sob o Segundo Império,
"progresso"; por ocasião da recente perseguição na Alemanha,
"Kulturkampf"; na França, em 16 de maio, "governo dos
párocos". Hoje, o que está mais em voga, juntamente com
"clericalismo",6 "ciência", "democracia" e
"solidariedade": a ciência contra a fé, a democracia contra toda
hierarquia religiosa, social e familiar; a solidariedade dos plebeus contra
todos os que opõem obstáculo ao livro gozo dos bens deste mundo, os ricos que
os possuem e os padres que proíbem a injusta cobiça; solidariedade também entre
todos os povos que, de uma extremidade à outra do mundo, se devem auxiliar
mutuamente para quebrar o jugo da propriedade, da autoridade e da
religião.
Graças à confusão das idéias, reina
atualmente, a mais deplorável
divergência
de pontos de vista, a mais perfeita
anarquia intelectual.
Acima
de todas essas palavras reina há um século a divisa: "Liberdade,
igualdade, fraternidade". A seita faz com que ressoe por toda a parte,
conseguiu inscrevê-la nos edifícios públicos, nas moedas, em todos os atos da
autoridade legislativa e civil. "Essa fórmula_ diz o I Malapert num de
seus discursos às lojas_7 foi fixada por volta da metade do último século
(XVIII) por Saint Martin (fundador do iluminismo francês). Todas as oficinas a
aceitaram e os grandes homens da revolução fizeram dela a divisa da república
francesa". "Liberdade, igualdade, fraternidade_ essas três palavras
dispostas nessa ordem, diz ainda o I Malapert_ indicam o que deve ser uma
sociedade bem regrada", coisa que ela será quando o contrato social tiver
chegado a suas últimas conseqüências, tiver dado seus últimos frutos. Weishaupt
e os seus disseram abertamente o que pretendiam tirar dessa fórmula: primeiro a
abolição da religião e de toda autoridade civil; depois a abolição de toda
hierarquia social e de toda propriedade.
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Todas as idéias estão confusas
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Eis
o que essas três grandes palavras dizem aos iniciados, eis o que eles têm no
pensamento, eis onde eles querem nos fazer chegar. Eles fizeram com que
as palavras fossem adotadas; pelas palavras insinuam as idéias, e as idéias
preparam o caminho para os fatos. Não devemos pois nos espantar se,
por ocasião da admissão nas lojas, os postulantes ao carbonarismo devem dizer,
no juramento que são obrigados a prestar: "Juro empregar todos os momentos
de minha existência em fazer triunfar os princípios de liberdade, de igualdade,
de ódio à tirania, que constituem a alma de todas as ações secretas e públicas
da Carbonara. Prometo propagar o amor à igualdade em todas as almas sobre as
quais me for possível exercer alguma ascendência. Prometo, se não for possível
restabelecer o reino da liberdade sem combate, fazê-lo até à morte"8.Eis
o dever bem marcado, e bem traçadas as etapas para realizá-lo inteiramente:
espalhar as palavras, propagar as idéias, fazer a coisa triunfar,
pacificamente, se for possível, se não por uma guerra de morte.
Não
é somente entre as classes degradadas, ignorantes ou sofredoras que essa
fraseologia exerce suas devastações. Ela causa igualmente vertigem nas classes
superiores da sociedade, fato que a seita considera bem mais vantajoso para a
finalidade pretendida. Graças à confusão das idéias introduzidas por
ela nos espíritos, reina atualmente nas classes que são chamadas por sua
posição a dirigir a sociedade, a mais deplorável divergência de pontos de
vista, a mais perfeita anarquia intelectual.
Voltamos
à confusão de Babel; todas as idéias estão confusas e, nessa confusão,
numerosos cristãos são arrastados mais facilmente do mundo para o sulco dos
erros maçônicos. As pessoas não desconfiam dessas correntes, abandonam-se às
suas ondas com placidez, e isto porque a maior parte das palavras que para aí
as arrastam podem servir para exprimir idéias cristãs, assim como se prestam a
exprimir as idéias mais opostas ao espírito do cristianismo. Le Play deixou-nos
sua observação a esse respeito. "Nenhuma fórmula composta de palavras
definidas conseguiria satisfazer simultaneamente aqueles que creem em Deus e
aqueles que consideram essa crença como o princípio de todas as degradações.
Mas aquilo que não pode ser obtido por um arranjo de palavras torna-se fácil
com palavras que comportam, segundo a disposição de espírito dos que as leem ou
ouvem, sentidos absolutamente opostos"9.
Notas e Referências do autor:
6- O "governo dos párocos" serviu para fazer passar a lista de Gambetta e para constituir o governo dos franco-maçons. O medo do "clericalismo" faz fechar os olhos às piores tiranias. Com medo de serem acusados de favorecer esse monstro, os católicos proibem-se de ser clericais. Por ocasião da aprovação do nome de Gayraud, Lemire disse da tribuna: "Meu colega e eu não somos clericais". No dia 27 de novembro de 1899, a mesma coisa: "Permitir-me-ei observar que nem o abade Gayraud, nem o abade Lemire são aqui deputados do catolicismo. Não aceitei no passado e não aceitarei no futuro que a Câmara seja transformada num lugar de discussões teológicas ou filosóficas" (Diário Oficial de 28 de novembro de 1899).
7- Chaîne d’Union, 1874, p. 85.
8- Saint-Edme, Constitution et Organisation des Carbonari, p. 110.
9- L’Organisation du Travail, p. 355.
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Fonte: Livro A Conjuração Anticristã - Tomo II, Cap. XXXV - A perversão das Idéias; por Monsenhor Henri Delassus. IMPRIMATUR Cameraci, die 12 Novembris 1910. A. MASSART, vic. gen. Domus Pontificiae Antistes.
Disponível em: http://www.salverainha.com.br/downloads/Monsenhor_HENRI_DELASSUS-II.pd
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