Seja por sempre e em todas partes conhecido, adorado, bendito, amado, servido e glorificado o diviníssimo Coração de Jesus e o Imaculado Coração de Maria.

Nota do blog Salve Regina: “Nós aderimos de todo o coração e com toda a nossa alma à Roma católica, guardiã da fé católica e das tradições necessárias para a manutenção dessa fé, à Roma eterna, mestra de sabedoria e de verdade. Pelo contrário, negamo-nos e sempre nos temos negado a seguir a Roma de tendência neomodernista e neoprotestante que se manifestou claramente no Concílio Vaticano II, e depois do Concílio em todas as reformas que dele surgiram.” Mons. Marcel Lefebvre

Pax Domini sit semper tecum

Item 4º do Juramento Anti-modernista São PIO X: "Eu sinceramente mantenho que a Doutrina da Fé nos foi trazida desde os Apóstolos pelos Padres ortodoxos com exatamente o mesmo significado e sempre com o mesmo propósito. Assim sendo, eu rejeito inteiramente a falsa representação herética de que os dogmas evoluem e se modificam de um significado para outro diferente do que a Igreja antes manteve. Condeno também todo erro segundo o qual, no lugar do divino Depósito que foi confiado à esposa de Cristo para que ela o guardasse, há apenas uma invenção filosófica ou produto de consciência humana que foi gradualmente desenvolvida pelo esforço humano e continuará a se desenvolver indefinidamente" - JURAMENTO ANTI-MODERNISTA

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Eu conservo a MISSA TRADICIONAL, aquela que foi codificada, não fabricada, por São Pio V no século XVI, conforme um costume multissecular. Eu recuso, portanto, o ORDO MISSAE de Paulo VI”. - Declaração do Pe. Camel.

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Ao negar a celebração da Missa Tradicional ou ao obstruir e a discriminar, comportam-se como um administrador infiel e caprichoso que, contrariamente às instruções do pai da casa - tem a despensa trancada ou como uma madrasta má que dá às crianças uma dose deficiente. É possível que esses clérigos tenham medo do grande poder da verdade que irradia da celebração da Missa Tradicional. Pode comparar-se a Missa Tradicional a um leão: soltem-no e ele defender-se-á sozinho”. - D. Athanasius Schneider

"Os inimigos declarados de Deus e da Igreja devem ser difamados tanto quanto se possa (desde que não se falte à verdade), sendo obra de caridade gritar: Eis o lobo!, quando está entre o rebanho, ou em qualquer lugar onde seja encontrado".- São Francisco de Sales

“E eu lhes digo que o protestantismo não é cristianismo puro, nem cristianismo de espécie alguma; é pseudocristianismo, um cristianismo falso. Nem sequer tem os protestantes direito de se chamarem cristãos”. - Padre Amando Adriano Lochu

"MALDITOS os cristãos que suportam sem indignação que seu adorável SALVADOR seja posto lado a lado com Buda e Maomé em não sei que panteão de falsos deuses". - Padre Emmanuel

“O conteúdo das publicações são de inteira responsabilidade de seus autores indicados nas matérias ou nas citações das referidas fontes de origem, não significando, pelos administradores do blog, a inteira adesão das ideias expressas.”

19/07/2012

Então que todo o joelho se dobre na presença de Deus!


Sobre Comungar em Pé
Por
Um indigno filho de Maria

“Livrai-me, Senhor, de meus inimigos, porque é em vós que ponho a minha esperança. Ensinai-me a fazer vossa vontade, pois sois o meu Deus.
Que vosso Espírito de bondade me conduza pelo caminho reto”. (Sl 142, 9s) “...fazer vossa vontade, meu Deus, é o que me agrada, porque vossa lei está no íntimo de meu coração”.(Sl 39,9)

Dizia Santo Agostinho de Hipona:
"Vem, Senhor, iluminar as trevas do meu coração.
Concede-me a fé verdadeira, a esperança firme, a caridade perfeita e a clara visão para cumprir Tua Vontade”. (Santo Agostinho de Hipona)

E também dizia Santa Paula Frassinetti:
“Vontade de Deus, tu és o meu Paraíso!” (Santa Paula Frassinetti)

Ora caríssimos, o que importa é fazer a VONTADE DE DEUS!
Sobre comungar de pé, digo-vos que é da vontade de Deus que se comungue de joelhos e não de pé! Vejamos porque:

1º- “Por isso Deus o exaltou soberanamente e lhe outorgou o nome que está acima de todos os nomes, para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho no céu, na terra e nos infernos”.(Fl 2,9-10)

2º- “...Por minha vida, diz o Senhor, diante de mim se dobrará todo joelho, e toda língua dará glória a Deus” (Rm 14,11)

3º- “...todo joelho deve dobrar-se diante de mim...” (Is 45,23)

4º- "Vinde, inclinemo-nos em adoração, de joelhos diante do Senhor que nos criou" (Sl 94,6)

Ai esta bem colocado a vontade de Deus quando nos colocamos a sua Presença. Devemos nos AJOELHAR. Ora, por acaso não se acredita que Jesus Cristo é Deus? Por acaso o Sacramento da Eucaristia não é o Próprio Deus, feito carne. Não se diz: “HOC EST ENIM CORPUS MEUM - ISTO É O MEU CORPO”? Ora, se Jesus é Deus e Deus Verdadeiro, e se a Santa Eucaristia é o Próprio Deus, com o seu Corpo, Alma, Sangue e Divindade, então porque não se AJOELHA para recebê-lo?

Quem não se ajoelha para receber Nosso Senhor Jesus Cristo, ou não pode por motivo de doença, ou é orgulhoso (soberbo)!Se for por motivo de doença, ajoelhe com o seu coração! Mas se você é saudável e pode ajoelhar e não o faz, lembre-se da fala de São Pedro Apóstolo que diz sobre os soberbos:

"...revesti-vos de humildade, porque Deus resiste aos soberbos, mas dá a sua graça aos humildes" (I Pd 5,5).
E também São Tiago diz:
"Por isso, ele diz: Deus resiste aos soberbos, mas dá sua graça aos humildes" (Tg 4,6)

E o Espírito Santo disse:
"Assim como sai um hálito fétido de um estômago estragado, assim como a perdiz atrai para a armadilha, e o cabrito para os laços, assim é o coração dos soberbos, e daquele que está à espreita para ver a ruína do próximo" (Eclo 11,32).

Alguém poderá dizer: 'Eu não ajoelho, nem por isso eu arruíno o meu próximo!'.

Para quem pensa assim, trago a fala de Santa Catarina de Sena, que diz:
"O meu primeiro próximo sou eu mesmo" (Santa Catarina de Sena - O Diálogo)

E por isso São Bento de Núrsia, dizia em sua santa Regra, quanto aos monges dar e receber alguma coisa:
"...ninguém ouse dar ou receber alguma coisa sem ordem do Abade, nem ter nada de próprio, nada absolutamente, nem livro, nem tabuinhas, nem estilete, absolutamente nada, já que não lhes é lícito ter a seu arbítrio nem o próprio corpo nem a vontade" (São Bento - Regra)

E disse São Paulo Apóstolo:

"Não sabeis que sois o templo de Deus, e que o Espírito de Deus habita em vós? Se alguém destruir o templo de Deus, Deus o destruirá. Porque o templo de Deus é sagrado - e isto sois vós." (I Cor 3,16-17)

São Paulo Apóstolo, diz que nós somos o templo de Deus e que o Espírito Santo mora em nós, isto é depois do batismo, através da graça santificante. E não podemos expulsar o Espírito Santo, pecando mortalmente, pois isso é como destruir o templo, no qual fala o Santo Apóstolo, e quem morrer, ou seja pecar mortalmente, e não se emendar com Deus através do sacramento da Confissão até no último dia de sua vida; permanecendo em estado de pecado mortal, diz o Apóstolo: "Deus o destruirá", ou seja irá para o inferno! E ele termina dizendo que o nosso corpo é sagrado. Por isso que eu devo fazer a Vontade de Deus, rejeitando a minha, para não profanar o meu corpo, e não pecar mortalmente!

Também devemos lembrar que a Soberba é um dos SETE PECADOS CAPITAIS, ou sete vícios capitais. Vícios que são próprios do Demônio!

Se você pode ajoelhar e não o faz porque não o quer, você é soberbo e está arruinando a você mesmo!

Por ventura alguém poderá citar o tópico 90 da Declaração: REDEMPTIONIS SACRAMENTUM (CONGREGAÇÃO PARA O CULTO DIVINO E A DISCIPLINA DOS SACRAMENTOS), que diz:

«Os fiéis comunguem de joelhos ou de pé, de acordo com o que estabelece a Conferência de Bispos», com a confirmação da Sé apostólica. «Quando comungarem de pé, recomenda-se fazer, antes de receber o Sacramento, a devida reverência, que devem estabelecer as mesmas normas».

Ora veja como foi muito mal elaborada essa declaração, sobre o tópico acima. Pois pode o homem que recebeu autoridade de Deus ir contra o próprio Deus? Ora deveria essa declaração ter dito e citado as quatro passagens das Sagradas Escrituras que mandam comungar de joelhos, pois é da Vontade de Deus e é a Sua palavra; é a sua DOUTRINA!

Disse Deus sobre Sua palavra:

As minhas palavras, "são palavras sinceras, puras como a prata acrisolada, isenta de ganga, sete vezes depurada" (Sl 11,7)

“Passará o céu e a terra, antes que desapareça um jota, um traço da lei” (Mt 5,18)
Sabem porque? Nosso Senhor Jesus Cristo responde:

Porque “as palavras que vos tenho dito são espírito e vida!”(Jo 6,63)

E disse também:
"...bem-aventurados aqueles que ouvem a palavra de Deus e a observam!" (Lc 11,28)

Pois a Palavra de Deus é:

"É Viva, eficaz, mais penetrante do que uma espada de dois gumes e atinge até a divisão da alma e do corpo, das juntas e medulas, e discerne os pensamentos e intenções do coração" (Hb 4,12)

"É Doce" (Hb 6,5)

"É Cura para todas as coisas" (Sb 16,12)

"É Provada, é um escudo para quem se fia em Deus" (Pr 30,5)

"É Verdadeira e não permanece na mentira" (I Jo 10)

"É Semente incorruptível, viva e eterna" (I Pd 1,23)

"É Eterna" (I Pd 1,24; Is 40,8)

"Não se deixa acorrentar" (II Tm 2,9)

"É Pura" (II Sm 22,31; Sl 17,31)

"É Santa" (At 10,44)

"É o capacete da salvação e a espada do Espírito" (Ef 6,17)

"É sustentadora do Universo" (Hb 1,3)

"É Reta, e em todas as suas obras resplandece a fidelidade" (Sl 32,4)

E sobre a Doutrina disse:
"Tomai meu jugo sobre vós e recebei minha doutrina, porque eu sou manso e humilde de coração e achareis o repouso para as vossas almas. Porque meu jugo é suave e meu peso é leve" (Mt 11,29-30)

E disse São Paulo Apóstolo sobre a Doutrina de Nosso Senhor:
"Certa é esta doutrina, e quero que a ensines com constância e firmeza, para que os que abraçaram a fé em Deus se esforcem por se aperfeiçoar na prática do bem. Isto é bom e útil aos homens" (Tt 3,8)

E em outra parte disse o santo Apóstolo:
"Recomenda esta doutrina aos irmãos...alimentado com as palavras da fé e da sã doutrina que até agora seguiste com exatidão" (I Tm 4,6)

E São João Evangelista disse:
"Todo aquele que caminha sem rumo e não permanece na doutrina de Cristo, não tem Deus. Quem permanece na doutrina, este possui o Pai e o Filho"(II Jo 1,9)

E São Paulo Apóstolo faz uma crítica justa:
"Quem ensina de outra forma e discorda das salutares palavras de Nosso Senhor Jesus Cristo, bem como da doutrina conforme à piedade, é um obcecado pelo orgulho, um ignorante, doentio por questões ociosas e contendas de palavras. Daí se originam a inveja, a discórdia, os insultos, as suspeitas injustas, os vãos conflitos entre homens de coração corrompido e privados da verdade, que só vêem na piedade uma fonte de lucro" (I Tm 6, 3-5)

Para terminar, adverte-nos Nosso Amável Senhor Jesus Cristo:

"Aplicai os ouvidos para ouvir minha voz, sede atentos para escutar minha palavra!" (Is 28,23)."Eu não mudarei minha palavra dada" (Sl 88,35).Pois ela "é justiça no último dia" (Jo 12,48).E "ela não falha!" (Tb 14,6). Então, "não sejas incrédulo à minha palavra" (Eclo 16,29)."Quem menosprezar a minha palavra perder-se-á; quem respeitar o meu preceito será recompensado" (Pr 13,13).Pois "quem ouve as minhas palavras com atenção, encontra a felicidade" (Pr 16,20)

Então que todo o joelho se dobre na presença de Deus!

17/07/2012

O Cristo voador, o Cristo sem Cruz nas Igrejas, a nova moda


Pe. Juvan Celestino da Silva
Devemos de antemão nos lembrar que o Mistério de Cristo é inseparável do mistério da Cruz. Após Pedro responder que Jesus é o Messias (Mc 8,29); e para este título não se limitar a um triunfalismo imediato e próprio, Jesus acrescenta:
“O Filho do homem deve sofrer muito, ser rejeitado pelos anciãos, pelos chefes dos sacerdotes e pelos escribas, ser morte e depois de três dias ressuscitar” (Mc 8,320)
Um mundo sem Cruz sem o sinal da Cruz Salvadora de Jesus cairá facilmente numa idéia distorcida do cristianismo. Tornar –se – á em um cristianismo hedonista, e o Cristo tornar-se-á em um Cristo do prazer, um Cristo fashion.
Quanto a este perigo o Apóstolo Paulo dá uma dura nos cristãos da comunidade de gálatas:
“Ó Gálatas insensatos, quem vos fascinou, a vós ante olhos foi desenhada a imagem de Jesus Cristo crucificado?… sois tão insensatos que, tendo começado pelo espírito, agora acabais na carne?” (Gl 3,1-3)
Substituindo em nossas Igrejas a imagem do Crucificado por um Cristo triunfante, glorioso e sem a Cruz, corremos o risco de cairmos em uma heresia disfarçada que se nega a humanidade do Verbo Encarnado. Uma Igreja sem Cruz é uma Igreja herética, uma Igreja “protestantizada”. Devemos reconhecer com pesar que vivemos uma verdadeira crise na teologia da Cruz.
Já imaginaram celebrarmos uma Semana Santa sem Cruz? O que faremos na sexta-feira santa? O que apresentaremos ao povo do Cordeiro Imolado?
Pois na sexta-feira santa temos a adoração da Cruz, sim, por mais que nos soe estranho a Igreja diz: “A Adoração da santa Cruz de Nosso Senhor Jesus Cristo” (Cf.: Missal Romano)
Portanto, a Cruz de Nosso Senhor Jesus Cristo “é a única Cruz digna de adoração…” 
Na verdade esta imagem, até deve ser apresentada no Domingo da Ressurreição, mas não serve para está no lugar do Cordeiro Imolado. São duas as experiência pelas quais Jesus passa: morte de Cruz e a ressurreição. Uma não existe sem a outra. 
“Cristo voador” é um Cristo suspenso no ar, sem cruz sem razão de ser. Na verdade por mais que queiram representar o Cristo ressuscitado, a imagem foge totalmente da verdadeira experiência do cristão. Pois sem a Cruz na há salvação e como diz a carta aos hebreus:
“Segundo a Lei, quase todas as coisas se purificam com sangue; e sem efusão de sangue não há remissão” (Hb 9,22) 
“Cristo voador” que estão pendurando no presbitério em algumas Igrejas é um Cristo lavado e sem sangue, um Cristo enxuto, uma imagem sem graça, sem gosto, ou melhor, de mau gosto, porque está no lugar errado e na hora errada. Pois sabemos que a Igreja militante, é a Igreja da Cruz, do combate… da luta. A Igreja gloriosa nos espera para além deste mundo.
Além do mais, a Cruz não é o lugar do Cristo glorioso, a experiência gloriosa da ressurreição se deu no sepulcro, e o Cristo glorioso é o Cristo da ascensão, a Cruz é o lugar do martírio, e por sinal um lugar desconfortante, é um “caminho contra a corrente” do mundo.
Embora saibamos pela fé, que a ressurreição aconteceu, ninguém a testemunhou, só o santo sudário guardou o momento exato da ressurreição do Senhor, a experiência cristã é a da aparição do ressuscitado, que fora crucificado. Então pintar um Cristo voador e querer compará-lo ao Cristo ressuscitado é no mínino fantasioso, para não dizer folclórico. Embora alguns querem associá-lo à ascensão.
Este Cristo voador que estão colocando em algumas Igrejas é algo ridículo, um passo a mais para se eliminar o símbolo da Cruz das Nossas Igrejas e das nossas vidas, pois das escolas e ambiente públicos aos poucos já estão tirando. O modismo do Cristo voador é um perigo para a fé.
A Igreja não deve esconder o crucificado, sem incorrer na acusação de sentir vergonha da Cruz do Senhor, e quem tem vergonha da Cruz de Cristo se torna seu inimigo.
“Pois há muitos dos quais muitas vezes vos disse e agora repito, chorando, que são inimigos da cruz de Cristo” (Fl 3,18) 
São Paulo afirma que sem ressurreição “a nossa fé seria vã”, porém, sem a Cruz ela nem existiria. Pois sem a Cruz não haveria nem salvação nem a aurora da ressurreição. O anúncio de uma ressurreição que não passasse pela Cruz seria vazio. O túmulo está vazio, porque antes alguém esteve lá dentro. Sem a Cruz o Senhor não teria vencido a morte, o inferno, o mundo, o pecado e o medo. Portanto, “o Gólgota é a passagem obrigatória rumo à Ressurreição”.

Fonte: http://beinbetter.wordpress.com

O que Perdemos... e o Caminho pra Restauração e Abusos Litúrgicos



ABUSOS LITÚRGICOS...


15/07/2012

EPÍSTOLA A TODOS OS CRISTÃOS - Papa S. Urbano I


Papa São Urbano I

EPÍSTOLA A TODOS OS CRISTÃOS

Autor: Papa S. Urbano I
Tradução: Carlos Martins Nabeto

Urbano I foi papa da Igreja Católica entre os anos 222 e 230, nos tempos do imperador Alexandre Severo. Nesta carta, Urbano exorta os fiéis a perseverarem no antigo costume da posse comum de bens entre os cristão e explica a prática dos fiéis doarem bens à Igreja para a manutenção do clero e dos irmãos mais necessitados. Em outro ponto, fundamenta a primazia da sé episcopal nas igrejas. Convida também a considerar e respeitar o juízo do bispo sobre as pessoas tidas por perigosas para a comunidade.

Urbano, bispo, a todos os cristãos: na santificação do Espírito, em obediência e aspersão do Sangue de Cristo nosso Senhor, eu vos saúdo.
Convém a todos os cristãos, meus bem-amados irmãos, imitar Aquele cujo nome receberam. "De que serve, irmãos" - diz o apóstolo São Tiago - "que um homem diga que tem fé, se não tem obras?" [Tg 2,14]. "Irmãos: não queiram ser, muitos de vós, mestres, sabendo que receberão a maior condenação, já que em muitas coisas ofendemos a todos" [Tg 3,1-2]. "Deixai que aquele que é sábio e dotado de sabedoria entre vós, mostre o que ensina em suas ações realizadas com a humildade da sabedoria" [Tg 3,13].

I. A vida em comum e a razão pela qual a Igreja começou a possuir propriedades
Sabemos que vocês não ignoram que até hoje em dia o princípio de viver com todas as coisas em comum tem vigorado entre os bons cristãos e, pela graça de Deus, permanece sendo assim, sobretudo entre aqueles que foram escolhidos para a messe do Senhor, isto é, os clérigos, tal como lemos nos Atos dos Apóstolos: "A multidão dos fiéis tinha um só coração e uma só alma, e ninguém dizia que qualquer coisa que possuía era indigna, mas tinha [essa multidão] todas as coisas em comum. E, com grande vigor, os apóstolos davam testemunho da ressurreição do Senhor Jesus e graça abundante havia entre todos eles. Também ninguém entre eles passava por necessidade, pois todos os que possuíam terras ou casas, as vendiam, e traziam o seu valor aos pés dos apóstolos, e a distribuição era feita a cada pessoa segundo suas necessidades. E José, chamado Barnabé pelos apóstolos - o que significa 'filho da consolação' -, um levita natural do Chipre, as vendeu e depositou o seu valor aos pés dos apóstolos" [At 4,32-37]; e isso continua assim. E é por isso que os sumos sacerdotes e os demais, os levitas e o resto dos fiéis, perceberam que era mais vantajoso se entregassem às igrejas dirigidas pelos bispos, as heranças e campos que iam vendendo, pois assim poderiam organizar muito melhor a manutenção dos irmãos na fé, e ainda mais com as rendas das propriedades do que com o dinheiro que conseguiriam caso a vendessem; isto vale não apenas para o presente, como também para os tempos futuros, pois se começou a consignar às igrejas-mães a propriedade e as terras que iam vender, passando-se para o modo de viver com as rendas destas.

II. As pessoas e os usos em relação às propriedades eclesiásticas e os invasores destas
Em acréscimo, as propriedades que possuíam várias paróquias foram entregues aos bispos, que mantêm o cargo dos apóstolos. Isto é assim até hoje e deve continuar a ser sempre assim, no futuro. Dessas possessões, os bispos e os fiéis, que são seus administradores, devem satisfazer a todos os que desejam ter vida em comum, gerenciando as necessidades da melhor maneira possível, de tal sorte que ninguém seja encontrado passando necessidade entre eles. Por essa razão, as possessões dos fiéis são também chamadas oblações, pois que são oferecidas ao Senhor. Não devem, pois, ser desviadas para outros usos alheios aos pretendidos pela Igreja, em benefício dos irmãos cristãos anteriormente mencionados e dos pobres, pois estas são as oferendas dos fiéis, dinheiro da recompensa [pela remissão] dos pecados, patrimônio dos pobres doados ao Senhor pelos propósitos já mencionados.
Porém, se alguém agir de outro modo - que Deus não o permita! -, que tome cuidado para não vir a receber a condenação aplicada a Ananias e Safira; culpável de sacrilégio como foram aqueles que mentiram sobre o preço da propriedade, como lemos na passagem citada anteriormente nos Atos dos Apóstolos: "Um homem chamado Ananias, com Safira, sua esposa, vendeu sua possessão, porém reteve uma parte do preço com o prévio consentimento de sua esposa; trouxe uma parte e a depositou aos pés dos apóstolos. Entretanto, Pedro disse a Ananias: 'Como Satanás te tentou para mentir ao Espírito Santo, retendo parte do preço da terra? Ficando com ela, não era tua? E depois de vendida, não estava à tua disposição? Por que concebeste isto em teu coração? Não mentiste aos homens, mas a Deus'. E ouvindo isto, Ananias caiu por terra e expirou. E um grande temor veio sobre todos aqueles que ouviram estas coisas. Logo alguns jovens prepararam o seu corpo e o levaram para fora; e o enterraram. Aproximadamente três horas depois, sua esposa entrou sem saber o que havia acontecido. Pedro lhe perguntou: 'Dize-me: vendestes vós o campo por tal valor?'. Disse ela: 'Sim, pelo valor tal'. Então Pedro lhe disse: 'Como combinastes para tentar o Espírito de Deus? Vêde: os pés daqueles que enterraram o teu marido estão chegando à porta e levarão também a ti'. Nesse mesmo instante, ela caiu aos seus pés e morreu. E os jovens entraram, a encontraram morta e, levando-a, a enterraram ao lado do seu marido. E um grande temor sobreveio a toda a Igreja e a todos que ouviram estas coisas" [At. 5,1-11].
Irmãos: devemos guardar cuidadosamente estas coisas; devemos temê-las grandemente, pois a propriedade da Igreja não é propriedade pessoal, mas propriedade comum, propriedade oferecida a Deus; deve, pois, ser distribuída com o mais profundo espírito de temor, em espírito de fidelidade, sem outro motivo que os acima mencionados, para que não incorra em culpa de sacrilégio quem as desviam das mãos para as quais foram consignadas, a não ser que mereça a pena de morte de Ananias e Safira; a não ser que - o que é ainda pior - deva se tornar anátema (vem, Senhor Jesus!); a não ser que, ainda que seu corpo não caia morto como o de Ananias e Safira, sua alma, que é mais valiosa que o corpo, caia morta e seja separada da companhia dos fiéis, sendo atirada nas profundezas do inferno.
Portanto, todos devem prestar atenção a este problema e velar com fidelidade, evitando a desonra de tal usurpação, a não ser que as possessões dedicadas aos usos das coisas sagradas e divinas sejam corrompidas por qualquer grupo que as invada. E se alguém fizer assim, então, após a severa vingança que corresponde a esse crime, o rigor da justiça que deve ser empreendido contra tal sacrílego será o da condenação à infâmia perpétua: será preso ou exilado por toda a sua vida, pois, segundo o Apóstolo [1Cor. 5,5], devemos entregar tal homem a Satã, e deixar que seu espírito seja salvo no dia do Senhor.

III. No que se refere à tentativa de proibir à Igreja o direito de manter propriedades
Assim, pelo crescimento e modo de vida já mencionados, as igrejas dirigidas pelos bispos têm crescido com a ajuda do Senhor e a maior parte delas possuem, agora, propriedades; entre elas, não há um só homem que, escolhendo a vida em comum, seja mantido na pobreza, sem que receba todo o necessário do bispo e de seus ministros. Logo, se alguém no presente ou no futuro se levantar contra isto e tentar desviar estas propriedades, deixai que seja afligido pelo Juízo já citado.

IV. As Sés episcopais
Adicionalmente, a respeito do fato de que nas igrejas dos bispos se encontram assentos elevados e preparados como tronos, por meio dos quais se mostra o poder do exame e do juízo, e a autoridade para ligar e desligar, eis que tudo isto foi deixado pelo Senhor, pois o próprio Senhor diz no Evangelho: "Qualquer coisa que ligares na terra, será ligada no céu. E qualquer coisa que desligares na terra, será desligada no céu" [Mt. 18,18]. E, em outro lugar: "Recebam o Espírito Santo. A todo aquele que perdoardes os pecados, estes lhe serão perdoados; e a todo aquele que os reterdes, estes lhe serão retidos" [Jo. 20,22-23].

V. Ninguém deve relacionar-se com aqueles com quem o bispo não se relaciona, ou receber aqueles por ele excomungados
Estas coisas as temos colocado diante de vocês, amados, para que entendam o poder dos seus bispos, para que reverenciem a Deus neles e os amem como as suas próprias almas; para que não se relacionem com aqueles com quem eles não se relacionam, nem recebam aqueles que foram excomungados por eles. Pois o juízo de um bispo deve ser muito respeitado, ainda que ele possa julgar alguém injustamente, não obstante seu dever de cuidar-se com maior zelo.

VI. O compromisso assumido no Batismo e os se entregaram à vida em comum
Exortando a todos vocês, também admoestamos a todos aqueles que abraçaram a fé em Cristo, tomando de Cristo o nome de cristãos: não tenham nada de vão no cristianismo de vocês, mas mantenham irremovível o compromisso que assumiram no Batismo, de tal modo que possam ser encontrados sem reprovação, sempre dignos da Sua presença. E se qualquer de vocês assumiu a vida que possui todas as coisas em comum, assumindo o voto de não possuir qualquer propriedade pessoal, cuide-se para não fazer vã a sua promessa, mantendo com fidelidade este compromisso celebrado com o Senhor, de modo que possa merecer para si mesmo não a condenação, mas a recompensa, porque é melhor para um homem não assumir um voto do que assumi-lo e não o cumprir.
Aqueles que fizeram um voto ou tomaram para si a fé e não guardaram o seu voto ou permaneceram fazendo coisas perversas em suas vidas serão castigados com maior severidade que aqueles que passaram suas vidas sem um voto ou morreram sem fé, porém não sem realizar boas obras. Para esta finalidade, recebemos de presente da natureza uma inteligência racional, além da renovação do segundo nascimento, para que, segundo o Apóstolo, saibamos discernir bem as coisas do alto e as coisas da terra [Col. 3,2], pois a sabedoria deste mundo necessita de Deus [1Cor. 3,19].
Ora, amadíssimos, para o que nos leva a sabedoria deste mundo senão para buscar as coisas más, amar as coisas perecíveis, abandonar as coisas saudáveis e estimar como sem valor as coisas definitivas? Recomenda o amor ao dinheiro, do qual se diz: "O amor ao dinheiro é a raiz de todo o mal" [1Tim. 6,10]; e é isto que contém este mal de maneira especial, pois ainda que imponha o transitório, esconde da nossa vista o eterno; e ainda que saia em busca de coisas externas, não observa as coisas interiores; ainda que busque coisas estranhas, este é um mal que se faz estranho para consigo mesmo daquele que o faz.
Observe: o que impulsiona ao homem a sabedoria deste mundo? A viver em prazeres, quando está dito: "uma viúva que vive em prazer, está morta ainda que viva" [1Tim. 5,6]. Impulsiona o homem a alimentar a carne com os mais suaves deleites, com pecados, vícios e paixões, a pressionar a alma com imoderação na comida e no vinho, para reprimir a vida do espírito e pôr nas mãos do inimigo a espada que será usada contra si mesmo.
Observe: qual é o conselho que a sabedoria deste mundo oferece? Que aqueles que são bons deveriam, ao contrário, optar pelo mal; que, por um erro de mente, deveriam ser zelosos sendo pecadores; que não deveriam refletir sobre aquela terrível voz de Deus, "quando o mau for queimado como a erva" [Sal. 92,7].

VII. A imposição das mãos do bispo
Todos os fiéis devem receber o Espírito Santo após o batismo pela imposição das mãos dos bispos, de modo que possam ser chamados plenamente cristãos, já que quando o Espírito Santo é derramado sobre eles, o coração crente é preenchido para a prudência e a firmeza.
Recebemos o Espírito Santo para podermos ser feitos espirituais, pois o homem natural não recebe as coisas do Espírito de Deus [1Cor. 2,14]. Recebemos o Espírito Santo para podermos ser sábios e discernirmos entre o bem e o mal, para amar o justo e detestar o injusto, assim como para resistir à malícia e ao orgulho, resistindo ao luxo e diversos atrativos, bem como aos desejos impuros e indignos. Recebemos o Espírito Santo para que, acesos com o amor à vida e o ardor da glória, possamos ser capazes de elevar nossa mente das coisas terrenas para as coisas celestiais e divinas.

- Dado nas nonas de setembro, isto é, no quinto dia do mesmo mês, durante o consulado dos ilustríssimos Antonino e Alexandro.

13/07/2012

Bula Exsurge Domine do Sumo Pontífice Leão X


EXSURGE DOMINE
Leão X
15.06.1520

Tradução: José Fernandes Vidal

Erguei-vos, Senhor, e julgai vossa própria causa. Lembrai-vos de vossas censuras àqueles que estão o dia todo cheios de insensatez. Ouvi nossas preces, pois raposas avançam procurando destruir a vinha em cujo lagar só Vós tendes pisado. Quando estáveis perto de subir a vosso Pai, entregastes o cuidado, norma e administração da vinha, uma imagem da igreja triunfante, a Pedro, como cabeça e vosso vigário e a seus sucessores.
O javali da floresta procura destrui-la e toda fera selvagem vem devastá-la.
Erguei-vos, Pedro, e realizai o serviço pastoral divinamente confiado a Vós, como já dito. Prestai atenção à causa da santa Igreja Romana, mãe de todas as igrejas e mestra da fé, que Vós por ordem de Deus santificastes com vosso sangue. Bem que avisastes que viriam falsos mestres contra a Igreja Romana, para introduzir seitas ruinosas, atraindo sobre eles rápidas condenações. Suas línguas são de fogo, mal incansável, cheias de mortal veneno.
Eles possuem zelo amargo, discórdia em seus corações, vangloriam-se e mentem contra a verdade.
Suplicamos a vós também, Paulo, para erguer-vos. Fostes vós que esclarecestes e iluminastes a Igreja com vossa doutrina e com vosso martírio, como o de Pedro, Agora, um novo Porfírio se levanta que, como o outro do passado, cheio de erros assediou os santos apóstolos, e agora ataca os santos pontífices, nossos predecessores. Ele os reprova por violação a vosso ensinamento, em vez de implorá-los, e não tem pudor de atacá-los, de lamentá-los, e quando se desespera de sua causa, de rebaixar-se aos insultos. Ele é como os hereges" cuja última defesa" ,como disse Jerônimo,"é pôr-se a vomitar veneno de serpente com sua língua, quando vêem que suas causas estão para ser condenadas, e explodem em insultos quando se vêem vencidos". Embora tenhais dito que deveria haver heresias para testar a fé, ainda assim eles devem ser destruídos no próprio berço por vossa intercessão e ajuda, e, assim, não crescerão nem se tornarão fortes como vossos lobos.
Finalmente, que se levante toda a Igreja dos santos e a Igreja universal. Alguns, pondo de lado a verdadeira interpretação da Sagrada Escritura, estão ensandecidos pelo pai das mentiras. Sábios a seus próprios olhos, de conformidade com a antiga prática dos heréticos, interpretam essas mesmas Escrituras de modo diferente do inspirado pelo Espírito Santo, mas antes inspirados somente por seu próprio sentido de ambição, em consideração ao aplauso popular, como diz o Apóstolo. Realmente, torcem e adulteram as Escrituras. Consequentemente, de acordo com Jerônimo,"Não persiste mais o Evangelho de Cristo , mas um do homem, ou o que é pior, do demônio.
Que toda a santa Igreja de Deus, eu clamo, se levante, e com os santos apóstolos interceda perante o Deus Todo-Poderoso para extirpar os erros de sua ovelha, para banir todas as heresias dos campos da fé, e para que seja de seu agrado manter a paz e a unidade de sua santa Igreja.
Custa-nos expressar, em nossa tristeza e aflição, o que chegou aos nossos ouvidos, desde há algum tempo, através de notícias de homens de confiança e do rumor geral. Ai de nós, vimos ainda com nossos olhos e lemos os muitos e diversos erros. Alguns deles já foram condenados por concílios e constituições de nossos predecessores, e formalmente contêm até a heresia dos Gregos e Boêmios. Outros erros são ou heréticos, falsos, escandalosos, ou ofensivos ao ouvidos piedosos, assim como sedutores das mentes simples, originando-se de falsos intérpretes da fé que em sua orgulhosa curiosidade almejam a glória do mundo, e contrários ao ensinamento dos Apóstolos, desejam ser mais sábios do que poderiam ser. A loquacidade deles, não amparada pela autoridade das Escrituras, como disse Jerônimo, não ganharia confiança se não fizessem sua perversa doutrina parecer baseada até mesmo em testemunhos divinos, embora mal interpretados. No ponto de vista deles, o temor de Deus é coisa do passado.
Esses erros, por inspiração humana, tinham sido revividos e recentemente propagados entre os mais frívolos e ilustres da nação Germânica. Nós nos afligimos mais ainda que isso tenha acontecido ali porque nós e nossos predecessores sempre colocamos essa nação no mais alto de nossa afeição.
Depois que o império foi transferido pela Igreja Romana dos Gregos para esses germânicos , nossos predecessores e nós sempre escolhemos dentre eles advogados e defensores da Igreja. Realmente, é certo que esses germânicos , verdadeiros irmãos na fé católica , foram sempre encarniçados adversários das heresias, como testemunham aquelas louváveis constituições dos imperadores germânicos, em defesa da independência da Igreja, da liberdade, da expulsão e extinção de todos os hereges da Alemanha. Aquelas constituições formalmente emitidas e depois confirmadas por nossos predecessores, foram escritas sob as maiores penalidades, até mesmo perda de terras e soberania dos que os abrigasse ou não os expulsasse. Se elas fossem observadas hoje, nós e eles estaríamos obviamente livres deste distúrbio. Prova disto é a condenação e punição no Concílio de Constança da infidelidade dos Hussitas e Wyclifistas, assim como de Jerônimo de Praga.
Prova disto é o sangue dos Germânicos derramado tantas vezes em guerras contra os Boêmios. Uma prova final é a refutação, rejeição e condenação não menos instrutivas do que verdadeiras e santas, dos erros acima, ou de muitos deles, pelas universidades de Colônia e Louvaina, as cultivadoras mais devotadas e religiosas dos campos do Senhor. Poderíamos citar muitos outros fatos que decidimos omitir a fim de que não pareça estarmos compondo uma História.
Em virtude de nosso trabalho pastoral a nós comunicado por divino favor , não podemos sob nenhuma circunstância tolerar ou subestimar por mais tempo o veneno pernicioso dos erros acima sem prejuízo à religião cristã e dano à fé ortodoxa. Decidimos incluir no presente documento alguns desses erros. A substância deles é como se segue:
1.       É uma opinião herética, embora comum, que os sacramentos da nova Lei dão a graça do perdão àqueles que não lhes põem um obstáculo.
2.       É tratar com desprezo tanto Paulo como Cristo dizer que não permanece o pecado numa criança após o batismo.
3.       As inflamáveis fontes do pecado, mesmo que seja pecado não atual, retarda a partida da alma do corpo para o céu.
4.       Para alguém à hora da morte, a contrição imperfeita necessariamente lhe traz grande medo, o qual por si só é bastante para causar a punição do purgatório, e impedir a entrada no Reino.
5.       Não está fundamentado na Sagrada Escritura nem nos antigos e sagrados doutores cristãos que haja três partes na penitência: contrição, confissão e satisfação.
6.       Contrição que se adquire através de discussão, coleta e abominação dos pecados, pelos quais alguém reflete sobre seus anos na amargura de sua alma, ponderando na gravidade dos pecados, seu número, sua baixeza, a perda da felicidade eterna e a pena da condenação eterna, essa contrição torna-o um hipócrita, ou mais, de fato, um pecador.
7.       Há um dito altamente verdadeiro, e a doutrina concernente às contrições desse modo são muito mais dignas de atenção: "Não agir assim no futuro é a maior penitência ; a melhor penitência, uma nova vida."
8.       De modo algum alguém presuma de confessar pecados veniais, ou mesmo todos os pecados mortais, porque é impossível que saiba todos os pecados mortais. Daí, na Igreja primitiva somente os pecados mortais óbvios eram confessados.
9.       Enquanto quisermos confessar todos os pecados sem exceção, estaremos fazendo nada mais do que desejar nada deixar para perdão pela misericórdia de Deus.
10.  Os pecados não serão perdoados a ninguém a não ser que o padre os perdoe e a pessoa acredite que estão perdoados; do contrário o pecado permanecerá, salvo se a pessoa acredita que eles foram perdoados; na verdade a remissão do pecado e a concessão da graça não é suficiente, mas é necessário também acreditar que eles foram perdoados.
11.  De modo algum pode alguém ter segurança de ter sido absolvido por causa de sua contrição, mas por causa da palavra de Cristo: "Tudo o que desatardes, etc." Daí eu digo, acredite confiantemente, se você obteve a absolvição do padre, acredite firmemente de ter sido absolvido e você será verdadeiramente absolvido, seja qual tenha sido a contrição.
12.  Se numa impossibilidade aquele que confessa não esteve contrito ou o padre não absolveu seriamente, mas como de brincadeira, se não obstante a pessoa acredita que foi absolvida, ela verdadeiramente foi absolvida.
13.  No sacramento da penitência e da remissão do pecado o papa ou o bispo não faz mais do que o mais humilde padre; de fato, onde não há padre, qualquer cristão, mesmo uma mulher ou criança, pode igualmente fazê-lo.
14.  Ninguém deve responder ao padre que está contrito, nem o padre poderia perguntá-lo.
15.  Grande é o erro daqueles que se aproximam do sacramento da Eucaristia confiados em que se confessou, que não estão cônscios de nenhum pecado mortal, que antecipadamente fizeram suas preces e sua preparação; todos eles comem e bebem seu próprio julgamento. Mas se acreditam e confiam que obterão a graça , então esta fé sozinha torna-os puros e dignos.
16.  Parece que a Igreja num Concílio comum estabeleceu que o leigo pode comungar sob ambas as espécies; os Boêmios que comungam sob ambas as espécies não são hereges, mas são cismáticos.
17.  Os tesouros da Igreja, dos quais o papa concede indulgências não são os méritos de Cristo e dos santos.
18.  Indulgências são fraudes piedosas dos fiéis, e indultos de boas obras; e elas estão no número daquelas coisas que devem ser evitadas, e não no número daquelas que são vantajosas.
19.  Indulgências não são proveitosas para aqueles que realmente as ganham, para a remissão da pena devida ao pecado atual, sob o ponto de vista da justiça divina.
20.  São seduzidos aqueles que acreditam que indulgências são salutares e úteis aos frutos do espírito.
21.  As indulgências são necessárias somente para crimes públicos, e são concedidas apropriadamente somente para os rigorosos e impacientes.
22.  As indulgências não são necessárias nem úteis para seis espécies de homens, a saber: para os mortos e aqueles à morte, para os enfermos, para aqueles legitimamente impedidos, para aqueles que não cometeram crimes, para aqueles que cometeram crimes, mas não públicos, e para aqueles que se devotam a coisas melhores.
23.  Excomunhões são apenas penas externas e não privam o homem das orações espirituais comuns da Igreja.
24.  Os cristãos devem ser ensinados a apreciar as excomunhões preferentemente a temê-las.
25.  O Pontífice Romano, o sucessor de Pedro, não é o vigário de Cristo para todas as igrejas de todo o mundo, instituído pelo próprio Cristo na pessoa do abençoado Pedro.
26.  A palavra de Cristo a Pedro: "Tudo o que desatardes na terra," etc, se estende somente àquelas coisas atadas pelo próprio Pedro.
27.  É certo que não está sob o poder da Igreja ou do papa decidir sobre os artigos de fé, e muito menos sobre o que concerne às leis da moral e das boas obras.
28.  Se o papa com uma grande parte da Igreja pensou de tal ou tal modo, ele não poderia errar; ainda assim não é pecado ou heresia pensar o contrário, especialmente sobre matéria não necessária à salvação, até que uma alternativa seja condenada e a outra aprovada por um Concílio geral.
29.  Um meio foi dado a nós para enfraquecer a autoridade de concílios, para contradizer seus atos livremente, julgar seus decretos e corajosamente confessar tudo o que pareça verdade, seja o que for que tenha sido aprovado ou desaprovado por qualquer concílio.
30.  Algumas proposições de John Hus, condenadas pelo Concílio de Constança, são perfeitamente cristãs, totalmente verdadeiras e evangélicas; essas, a Igreja Universal não poderia condená-las.
31.  Em toda boa obra o justo peca.
32.  Uma boa obra muito bem feita é um pecado venial.
33.  É contra o desejo do Espírito Santo que heréticos sejam queimados.
34.  Ir guerrear contra os Turcos é resistir a Deus que pune nossas iniquidades através deles.
35.  Ninguém está certo de que não esteja sempre pecando mortalmente, por causa do vício profundamente oculto do orgulho.
36.  Livre arbítrio após o pecado é uma questão somente de palavra; e no que alguém faz enquanto está nele, peca mortalmente.
37.  O purgatório não pode ser provado pela Sagrada Escritura que está no Cânon.
38.  As almas do purgatório não estão certas de sua salvação, ao menos não totalmente. Nem está provado por nenhum argumento nem pelas Escrituras que elas estejam além do estado de obter méritos ou crescer no amor.
39.  As almas do purgatório pecam sem cessar, na medida que procuram descansar e detestam a punição.
40.  As almas libertas do purgatório pelos sufrágios dos vivos são menos felizes do que se elas prestassem satisfação por elas mesmas.
41.  Prelados eclesiásticos e príncipes seculares não agiriam mal se destruíssem todas as bolsas de dinheiro da mendicância.
Ninguém de mente sã é ignorante ou destruidor, pernicioso, escandaloso e sedutor das mentes fiéis e simples, como são esses vários erros, contrários como são eles a toda caridade e reverência para com a santa Igreja Romana que é a mãe de todos os fiéis e mestra da fé, destruidores como são eles do vigor da disciplina eclesiástica, particularmente da obediência. Essa virtude é a fonte e origem de todas as virtudes e sem ela qualquer um é prontamente levado a ser infiel.
Eis porque nós, na enumeração supra, importante como é, desejamos proceder com grande cuidado como é adequado, e cortar o avanço dessa praga e doença cancerosa, de modo que não se espalhe mais além no campo do Senhor como um nocivo espinheiro. Levantamos, portanto, uma inquirição cuidadosa, escrutínios, discussão, exame severo, e deliberação amadurecida com cada um dos irmãos, os eminentes cardeais da santa Igreja Romana, bem como com os priores e mestres gerais das ordens religiosas, ao lado de outros profissionais e mestres peritos na sagrada teologia, no direito civil e canônico. Concluímos que esses erros ou essas pessoas não são católicas, como dito acima, e não devem ser considerados como tais. Mas, antes, são contra à doutrina e à tradição da Igreja Católica, e contra a verdadeira interpretação das sagradas Escrituras recebida da Igreja. Agostinho afirmava que a autoridade desta tinha de ser aceita tão fielmente que confirmou não teria acreditado no Evangelho sem a autoridade da Igreja Católica que tinha se responsabilizado por ela. Por conseguinte, de acordo com esses erros, ou algum deles ou vários deles, claramente se segue que a Igreja que é guiada pelo Espírito Santo estaria em erro e sempre esteve errada. Isso é contra o que Cristo por ocasião de sua Ascensão prometeu a seus discípulos (como se lê no santo Evangelho de Mateus): "Estarei convosco até a consumação do mundo" ; está contra as determinações dos santos Padres, ou determinações e leis dos concílios e do supremo Pontífice. O mal de não concordar com essas leis, conforme o testemunho de Cipriano, poderá ser combustível e causa de toda heresia e cisma.
Com o conselho e consenso desses nosso veneráveis irmãos, com deliberação amadurecida sobre cada uma das proposições supra, e pela autoridade do Deus Todo-Poderoso, dos santos apóstolos Pedro e Paulo, e de nossa própria autoridade, nós condenamos, reprovamos, e rejeitamos completamente cada uma dessas teses ou erros como heréticos, escandalosos, falsos, ofensivos aos ouvidos piedosos ou sedutores das mentes simples, e contra a verdade católica. Listando-os, nós decretamos e declaramos que todos os fiéis de ambos os sexos devem considerá-los como condenados, reprovados e rejeitados... Nós os proibimos a todos em nome da santa obediência e sob as penas de uma automática excomunhão...
Ainda mais, por causa dos precedentes erros e de muitos outros contidos nos livros ou escritos e sermões de Martinho Lutero, nós do mesmo modo condenamos, reprovamos e rejeitamos completamente os livros e todos os escritos e sermões do citado Martinho, seja em Latim seja em qualquer outra língua , que contenham os referidos erros ou qualquer um deles ; e desejamos que sejam considerados totalmente condenados, reprovados e rejeitados.
Proibimos a todos e a qualquer um dos fiéis de ambos os sexos, em nome da santa obediência e sob as penas acima em que incorrerão automaticamente, de ler, sustentar, pregar, louvar, imprimir, publicar ou defendê-los. Incorrerão nessas penas se ousarem apoiá-las de qualquer maneira, pessoalmente ou através de quem quer que seja, direta ou indiretamente, tácita ou explicitamente, pública ou ocultamente, seja em suas casas ou em outros lugares públicos ou privados. Na verdade, imediatamente após a publicação desta carta, essas obras devem ser procuradas aonde possam se encontrar, cuidadosamente, pelos ordinários e outros (eclesiásticos e regulares), e sob todas e cada uma das penas acima deverão ser queimadas publica e solenemente na presença dos clérigos e do povo.
No quanto se refere ao próprio Martinho, ó bom Deus, de que nos descuidamos ou o que deixamos de fazer? Que caridade paternal omitimos para que pudéssemos fazê-lo retroceder de tais erros? Nós até lhe oferecemos salvo conduto e o dinheiro necessário para sua viagem, apressando-o a vir sem medo ou desconfiança de qualquer espécie, que seria refutado com total caridade, e falaria não secretamente mas abertamente e face à face, segundo o exemplo de nosso Salvador e do apóstolo Paulo. Se ele tivesse feito isso, estamos certos de que ele poderia ter mudado seu coração e poderia ter reconhecido seus erros. Ele reconsideraria ter encontrado todos esses erros na Cúria Romana que atacou tão erradamente, atribuindo-lhes mais do que poderia, porque derivados de boatos vazios de homens perversos . Poderíamos ter-lhe mostrado mais claramente do que à luz do dia que os pontífices Romanos , nossos predecessores, aos quais injuriosamente atacou passando além de toda decência, nunca erraram em suas leis ou constituições, as quais ele tentou censurar. Porque, de acordo com o profeta, nem falta óleo salutar nem o médico em Galaad.
Mas ele sempre recusou a ouvir-nos e, desprezando a citação prévia e cada uma e todas as aberturas, não se dignou a vir a nós. Até agora ele tem sido contumaz. Com um espírito difícil, continuou sob censura mais de um ano. O que é pior, acrescentando mal a mal, e tomando conhecimento da citação, rompeu em insensato apelo a um concílio futuro. Isso seguramente seria contrário à constituição de Pio II e Júlio II, nossos predecessores, na qual todos os que apelassem nesse sentido deveriam ser punidos com as penas de heréticos. Em vão implorou pela ajuda de um concílio, já que abertamente admite que não acredita em concílio.
Portanto, sem nenhuma nova citação ou demora, nós procedemos contra ele com sua condenação e execração, como contra alguém cuja fé é notoriamente suspeita e de fato seguramente herética, com toda a severidade de cada uma e todas as penas e censuras antes mencionadas. Contudo, com o conselho de nossos irmãos, imitando a misericórdia do Deus Todo-Poderoso que não quer a morte do pecador mas antes que ele se converta e viva, e esquecendo todas as injúrias feitas a nós e à Sé Apostólica, decidimos usar de toda a compaixão de que somos capazes. Ë nossa esperança, tanta quanto podemos ter, que ele passe por uma mudança interior tomando o caminho da brandura que lhe propusemos, volte e se afaste de seus erros. Nós o receberemos bondosamente como ao filho pródigo retornando ao abraço da Igreja.
Portanto, o próprio Martinho e todos aqueles que aderiram a ele, e aqueles que o abrigam e o apoiam, pelo coração cheio de misericórdia de nosso Deus e a aspersão do sangue de nosso Senhor Jesus Cristo pela qual e através de quem foi realizada a redenção do gênero humano e a edificação da santa madre Igreja, fique sabendo que de coração exortamos e suplicamos que pare de conturbar a paz, unidade e verdade da Igreja pela qual o Salvador rezou tão insistentemente ao Pai. Que ele se afaste de seus erros perniciosos, que possa voltar para nós. Se eles querem realmente obedecer, e nos pôr cientes por documentos legais que obedeceram, encontrarão em nós a afeição do amor de um pai, o acesso à fonte dos efeitos da caridade paternal e acesso à fonte da misericórdia e da clemência.
Nós ordenamos, contudo, a Martinho que enquanto isso não ocorrer, pare com toda pregação ou com o oficio de pregador...
[- Dado em Roma, em 15 de junho de 1520.]