Seja por sempre e em todas partes conhecido, adorado, bendito, amado, servido e glorificado o diviníssimo Coração de Jesus e o Imaculado Coração de Maria.

Nota do blog Salve Regina: “Nós aderimos de todo o coração e com toda a nossa alma à Roma católica, guardiã da fé católica e das tradições necessárias para a manutenção dessa fé, à Roma eterna, mestra de sabedoria e de verdade. Pelo contrário, negamo-nos e sempre nos temos negado a seguir a Roma de tendência neomodernista e neoprotestante que se manifestou claramente no Concílio Vaticano II, e depois do Concílio em todas as reformas que dele surgiram.” Mons. Marcel Lefebvre

Pax Domini sit semper tecum

Item 4º do Juramento Anti-modernista São PIO X: "Eu sinceramente mantenho que a Doutrina da Fé nos foi trazida desde os Apóstolos pelos Padres ortodoxos com exatamente o mesmo significado e sempre com o mesmo propósito. Assim sendo, eu rejeito inteiramente a falsa representação herética de que os dogmas evoluem e se modificam de um significado para outro diferente do que a Igreja antes manteve. Condeno também todo erro segundo o qual, no lugar do divino Depósito que foi confiado à esposa de Cristo para que ela o guardasse, há apenas uma invenção filosófica ou produto de consciência humana que foi gradualmente desenvolvida pelo esforço humano e continuará a se desenvolver indefinidamente" - JURAMENTO ANTI-MODERNISTA

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Eu conservo a MISSA TRADICIONAL, aquela que foi codificada, não fabricada, por São Pio V no século XVI, conforme um costume multissecular. Eu recuso, portanto, o ORDO MISSAE de Paulo VI”. - Declaração do Pe. Camel.

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Ao negar a celebração da Missa Tradicional ou ao obstruir e a discriminar, comportam-se como um administrador infiel e caprichoso que, contrariamente às instruções do pai da casa - tem a despensa trancada ou como uma madrasta má que dá às crianças uma dose deficiente. É possível que esses clérigos tenham medo do grande poder da verdade que irradia da celebração da Missa Tradicional. Pode comparar-se a Missa Tradicional a um leão: soltem-no e ele defender-se-á sozinho”. - D. Athanasius Schneider

"Os inimigos declarados de Deus e da Igreja devem ser difamados tanto quanto se possa (desde que não se falte à verdade), sendo obra de caridade gritar: Eis o lobo!, quando está entre o rebanho, ou em qualquer lugar onde seja encontrado".- São Francisco de Sales

“E eu lhes digo que o protestantismo não é cristianismo puro, nem cristianismo de espécie alguma; é pseudocristianismo, um cristianismo falso. Nem sequer tem os protestantes direito de se chamarem cristãos”. - Padre Amando Adriano Lochu

"MALDITOS os cristãos que suportam sem indignação que seu adorável SALVADOR seja posto lado a lado com Buda e Maomé em não sei que panteão de falsos deuses". - Padre Emmanuel

“O conteúdo das publicações são de inteira responsabilidade de seus autores indicados nas matérias ou nas citações das referidas fontes de origem, não significando, pelos administradores do blog, a inteira adesão das ideias expressas.”

12/04/2013

55 ANOS DO VILIPÊNDIO CONCILIAR-ECUMENISTA DA VERDADE, e seus festejados gurus!



O argentino Jorge Bergoglio, agora Francisco, ajoelhado para receber uma «benção» protestante. Foi no dia 19 de junho 2006, no terceiro encontro fraterno da renovada comunhão de evangélicos e «católicos» no Luna Park de Buenos Aires, Argentina. Estavam presentes com o Arcebispo de Buenos Aires, Bergoglio e o Pregador da Casa Pontifícia, p. Raniero Cantalamessa. O ápice do encontro foi quando o cardeal caiu em joelhos para ser benzido por diversos pastores protestantes presentes, como está na foto. Nota-se o pastor protestante Carlos Mraida com a mão sobre a cabeça de Begoglio, à esquerda de Mraida na foto está o pastor Norberto Saracco da Igreja pentecostal da
Argentina. O monge barbudo de costas para a câmara è p. Cantalamessa capuchinho, grande inspirador da nova «praxis ecumenista-conciliar», a da «caridosa humilhação universal católica»!
Vamos continuar a rever aqui denúncias esquecidas da operação de desvios diabólicos que, desde que o Segredo de Fátima ficou mais claro (1960), causaram atentados contra a Verdade que continuam em ato.
Trata-se do Prefácio ao livro «Monseigneur Marcel Lefebvre: Rebelde ou Católico» do Magistrado Ricardo Henry M. Dip (O Expresso, São Paulo, 1977), escrito pelo insigne escritor e jornalista Lenildo Tabosa Pessoa, que tocou uma questão crucial.

PREFÁCIO
«No dia 26 de janeiro de 1955, a Suprema Sagrada Congregação do Santo Ofício, rebatizada depois com o nome de Congregação para a Doutrina da Fé, pôs no “Index” dos livros proibidos um trabalho de Josef Thomé intitulado «Der Mündige Christ” (“O cristão de maior idade”). O decreto de condenação foi aprovado por Pio XII no dia 29 do mesmo mês e publicado pelo “Osservatore Romano” no dia 3 de fevereiro.
«No dia seguinte, em um editorial de primeira página que tinha o mesmo título do livro (“Il cristiano maggiorenne”), o jornal vaticano afirmava que “não sem dor a Autoridade Eclesiástica se vê forçada a condenar livros escritos por católicos, que não tinham a intenção de combater a Igreja, mas antes pensavam em contribuir para tornar sua vida mais madura e fecunda”, acrescentando: “Quando, porém, tais livros desconhecem a própria natureza e a missão da Igreja de Cristo e visam a obter o seu “amadurecimento” por vias errôneas, a Autoridade Eclesiástica não pode dispensar-se do santo dever de proteger os fiéis contra doutrinas perigosas e métodos que conduzem a graves danos para a fé”. Dizia, em seguida, que nessa categoria de obras se inclui o livro de Josef Thomé, que, “dirigindo-se particularmente aos católicos leigos, e portanto a pessoas que geralmente não estão perfeitamente formadas na teologia, escreve de forma atraente e interessante, mas com tal falta de precisão lógica e de exatidão teológica que ao leitor menos avisado se toma impossível discernir o verdadeiro do falso”.
«O editorial passava, então, à análise doutrinária do livro, observando que ”o Autor fala muito de “Igreja”, mas não se vê claramente o que ela é em sua mente” e acrescentando: “Ele distingue uma Igreja invisível, que seria “o místico Corpo do Logos eterno”, e uma Igreja visível que, ligada ao tempo e ao espaço, seria um corpo formado por forças humanas. Esta Igreja visível, com sua organização hierárquica, seus dogmas e seu direito é aquela fundada por Jesus Cristo? O Autor deixa aos teólogos a missão de mostrar que a Igreja é fundada por Cristo. Segundo ele, a autoridade da Igreja sobre os fiéis baseia-se em sua experiência milenar. De uma autoridade imediatamente confiada a ela por seu divino fundador, Jesus Cristo, e representada pelo próprio Magistério da Igreja não se fala jamais nesse livro, nem se acena ao Espírito Santo dado por Cristo a sua Igreja para assisti-la no ensinamento e no governo das almas. De tais premissas se segue que o cristão de maior idade no seu “íntimo” não se deve deixar determinar por nenhum poder externo; o único poder ao qual ele pode submeter-se sem medo de errar é a própria consciência. Se a Igreja não reconhecer esse direito da consciência, os corajosos e maduros saem da Igreja e nela permanecerão somente os pequenos, os ingênuos, os “pagãos”. Os dogmas, embora exprimindo alguma verdade divina estável, não são senão sua veste, que muda segundo os tempos e os indivíduos; qualquer pessoa que sinta que o grau de verdade no qual se encontra não lhe convém mais, lance-se para o alto, em direção a um grau superior de verdade. A autoridade de ensinar e de dirigir não reside somente nos órgãos da Igreja hierárquica, mas existem também órgãos extraordinários: “apóstolos”, chamados imediatamente pelo Senhor, e “profetas”, impelidos pelo Espírito Santo do Deus vivente, os quais devem lutar, sem nada temer nem do alto nem de baixo, contra tudo o que na Igreja renegue, por seu torpor, o espírito vivente. O leigo que, fundado sobre sua situação concreta, sobre sua experiência, se ocupa dos deveres e dos problemas da Igreja, faz com isso mesmo correr forças transformadoras nas veias da Igreja entorpecida: e ela deve permitir-lhe falar com franqueza e liberdade, com linguagem clara, sincera, não embelezada. Somente assim a Igreja despertará de seu torpor impotente e infecundo”.
«Depois desse resumo das idéias de Josef Thomé, o “Osservatore Romano” dizia que “esta compilação de doutrinas que se deve classificar como pelo menos errôneas – e poder-se-ia acrescentar não poucas outras – bastará para demonstrar quão perigoso é este pequeno livro e quanto o Autor se afasta do ensinamento da verdadeira e visível Igreja, fundada por Cristo, guiada pelo Espírito Santo, dotada de autoridade doutrinária e disciplinar por seu próprio divino Fundador, infalível em seu ensinamento tanto ordinário quanto extraordinário”.
«O jornal vaticano recordava, por fim, que Pio XII condenara, na encíclica “Humani Generis”, muitas das teses expostas por Thomé em seu livro e fazia votos de que com esses autorizados ensinamentos o autor compreendesse a falsidade de suas idéias e pusesse suas forças e seu zelo a serviço “não de uma falaz miragem, mas daquela verdadeira Igreja de Cristo que é “coluna e fundamento da verdade” (I Tim. III, 15)”.
«Noticiando, em seu número de 19 de fevereiro de 1955, a condenação do livro, a autorizada revista dos jesuitas romanos “La Civiltà Cattolica”, muito ligada ao Vaticano, reproduzia amplos trechos de editorial do “Osservatore” e acrescentava, com palavras próprias, que examinando mais em particular o conteúdo da obra, “é fácil ver em quantos pontos o autor se afasta da doutrina tradicional da Igreja, reafirmada pelo reinante Pontífice na encíclica “Humani Generis” e ainda, há não muito tempo, nas duas alocuções ao Sacro Colégio e aos membros do episcopado reunidos em Roma para a canonização de Pio X e para o encerramento do Ano Mariano”.
«Em 1970, foi publicada na Itália uma segunda edição de “II Cristiano Maggiorenne” e, em seu número de 3 de abril de 1971, a mesma “Civiltà Cattolica” fez sua recensão, afirmando que o livro “tem antes de tudo um valor histórico-profético” e acrescentando: “Escrito em 1940, conseguiu obter a aprovação eclesiástica em 1949, mas foi posto no índice em 1955 e reabilitado depois do Vaticano II. Lendo-o agora, ainda que seja em uma segunda edição na qual o Autor introduziu retoques e inseriu o pensamento do Vaticano II, não suscita aquele interesse que teria podido suscitar antes do Concílio, mas põe certamente, para lá das considerações particulares, o problema da acolhida, na Igreja, de intuições e expressões proféticas que visam a uma liberação e a um amadurecimento, mas que por sua novidade suscitam reações agressivas. Os temas que o Autor trata são os mais familiares à problemática do Vaticano II: o emergir da dimensão “pessoal” da fé, … da liberdade, da responsabilidade. í aquela compreensível agressividade em relação a formas eclesiais que, segundo o Autor, bloqueiam o amadurecimento cristão; além disso, algumas vezes, o elogio incondicional de teólogos que sustentam a necessidade, para a Igreja alemã, de libertar-se do espírito “romano” para poder-se “germanizar”. Bastante equilibrado o último capítulo, A Igreja da fé”, no qual o Autor aceita a imperfeição como lei do modo ser terreno e se mostra consciente de que, não obstante todo empenho, a “Igreja de nosso último amor não poderá jamais realizar-se sobre a terra” (pág. 156)”.
«Transcrevemos todos esses textos, apesar de sua extensão e de não terem relação direta com o assunto deste livro, porque, na realidade, neles se pode facilmente descobrir a explicação e as causas profundas do “caso Lefebvre”. O que, antes do Concílio, era doutrina errônea e contrária aos ensinamentos do Magistério pontifício tornou-se depois manifestação de ”instituições e expressões proféticas” – a grande mania pós-conciliar – e o que era zelo da Igreja em defender, com a assistência do Espírito Santo, que a tornava ”infalível em seu ensinamento tanto ordinário quanto extraordinário”, a integridade da doutrina que lhe foi confiada por seu Fundador passou a ser manifestação de “reações agressivas”.
«Em outras palavras, contrariamente ao que afirmam, com leviandade, muitos bispos brasileiros, tanto “progressistas” quanto “ortodoxos”, a Igreja sofreu, com o Concílio, uma profunda transformação, que atingiu suas próprias posições doutrinárias antes apresentadas como imutáveis, e dificilmente conseguiria alguém descobrir na que nasceu do furacão conciliar a mesma dos séculos anteriores.
«Uma comparação entre as legislações anterior e posterior ao Concílio acerca do ecumenismo, por exemplo, é, a esse propósito, muito elucidativa. Uma Instrução do Santo Ofício, de 20 de dezembro de 1949 (cf. “Acta Apostolicae Sedis” – XLII – 1950- págs. 142 e ss.), reafirmando o ensinamento anterior das encíclicas “Satis cognitum”, “Mortalium animos” e “Mystici Corporis Christi”, concebia o ecumenismo como uma volta, ao seio da Igreja, dos cristãos dissidentes, com a aceitação integral de sua doutrina. E, levando em consideração que certas tentativas feitas tanto por pessoas particulares quanto por certas associações para promover essa reconciliação, “embora sendo inspiradas por ótimas intenções, nem sempre são fundadas sobre retos princípios” e, quando o são, “não estão isentas de certos perigos, como já foi provado pela experiência”, apresentava diretrizes que estão em franca contradição com a posterior legislação conciliar.
«A participação em reuniões do movimento ecumênico era reservada a sacerdotes idôneos ou a fiéis “conhecidos como bem instruídos e fortes na fé” e, mesmo assim, com especial autorização da autoridade eclesiástica, que devia proibir imediatamente tais reuniões se não apresentassem esperança de bons resultados – ou seja, de integral aceitação da doutrina católica pelos dissidentes – porque “a experiência ensina que as grandes reuniões desse gênero trazem pouco fruto e muito perigo”.
«Em tais reuniões, a Instrução proibia aos católicos aprovar ou admitir doutrinas que discordassem das verdades reveladas ou do ensinamento da Igreja mesmo se isso dissesse respeito apenas a questões sociais. Ao mesmo tempo, exortava-os a vigiar para que, “com o pretexto de que se deveria dar maior consideração a quanto nos une do que a quanto nos separa dos acatólicos, não seja favorecido o indiferentismo, sempre perigoso”. Devia-se evitar que, por um espírito chamado “irênico”, o ensinamento católico fosse acomodado às doutrinas dos dissidentes, como também “aquele modo de exprimir-se do qual têm origem opiniões falsas e esperanças falazes, que não podem jamais atuar-se; como, por exemplo, dizendo que não deve ser levado em tanta consideração o ensinamento dos Romanos Pontífices, contido nas encíclicas, sobre a volta dos dissidentes à Igreja, sobre a constituição da Igreja e sobre o Corpo Místico de Cristo; porque não é tudo de fé, ou (o que é ainda pior) porque em matéria de dogmas nem mesmo a Igreja Católica possui mais a plenitude de Cristo, mas pode ser aperfeiçoada pelas outras igrejas”. E, de modo coerente com essas premissas, a Instrução reiterava a absoluta proibição da chamada “communicatio in sacris”, ou seja, a participação de católicos e dissidentes nos mesmos atos de culto ou nos mesmos sacramentos.
«Note-se que a Santa Sé não fazia essas restrições por considerar que não havia, na ocasião, condições propícias à prática do ecumenismo, condições essas que poderiam eventualmente surgir depois, mas em nome da imutável defesa da integridade da doutrina.
«O decreto conciliar “Unitatis Redintegratio” e o Diretório aprovado por Paulo VI para o regulamentar contradizem todas as anteriores posições da Igreja acerca da matéria.
«O decreto diz, por exemplo, que pela celebração da Eucaristia nas igrejas orientais separadas de Roma, e que não aceitam o Papa, “se edifica e cresce a Igreja de Deus”, pelo que “certa communicatio in sacris, dadas oportunas circunstâncias e com aprovação da autoridade eclesiástica, não só é possível mas também se aconselha” (nº 15). O Diretório, por sua vez, partindo do pressuposto de que o movimento ecumênico “foi excitado pelo Espírito Santo” – que parece ter mudado de opinião acerca do assunto – sentencia: “Para fomentar a restauração da unidade entre todos os cristãos, não basta que os cristãos pratiquem entre si a fraterna caridade nas relações quotidianas da vida. Convém também que se permita certa comunhão no espiritual, ou seja, que os cristãos participem daqueles bens espirituais que lhes são comuns … Sob o nome de comunhão no espiritual se entendem todas as orações que se façam em comum, o uso em comum das coisas e lugares sagrados e tudo aquilo que própria e verdadeiramente se chama communicatio in sacris. Há communicatio in sacris quando alguém participa de qualquer culto litúrgico ou também dos sacramentos de alguma Igreja ou comunidade eclesial” (nºs 25, 29 e 30).
«O documento diz ainda que é oportuno que as celebrações comuns sejam feitas tanto nos templos católicos quanto nos protestantes e, citando o decreto “Unitatis Redintegratio”, apresenta esta obra –prima de ambigüidade: “A significação da unidade impede muitas vezes a comunhão. A procura da graça recomenda-a algumas vezes” (nº 38).
«O Diretório permite ainda a participação de católicos nos sacramentos das igrejas orientais separadas, inclusive na Penitência e na Eucaristia (nº 42 a 45), desde que haja causas justas, entre as quais se inclui o simples desejo de maior conhecimento (nº 50). Os sacerdotes orientais separados podem celebrar o culto em templos católicos
(nº 53) e os católicos que assistirem a suas missas, mesmo em templos não católicos, cumprem o preceito dominical (nº 47). Por outro lado, os protestantes podem, em certas circunstâncias, participar da Eucaristia católica (nº 55).
«Esse é apenas um dos aspectos da revisão e da negação de seu passado pela Igreja pós-conciliar, empenhada em uma autocrítica sem limites. No editorial de seu número de 19 de junho de 1976, referindo-se ao carisma da “profecia” – a engenhosa invenção conciliar que já vimos invocada a propósito do livro de Josef Thomé – a “Civiltà Cattolica” observava que “justamente foi dado novo valor hoje à função profética do povo de Deus, depois que os excessos do montanismo tinham, desde o século III, lançado sobre o profetismo uma sombra de descrédito”. Ou seja, durante dezessete de seus vinte séculos de existência – sobram apenas os três primeiros!
- a Igreja deixou de dar o devido valor a “um carisma do Espírito Santo que deve servir para a edificação da Igreja, para sua purificação e para sua santificação”, com a séria agravante de que isso ocorreu por influência de uma heresia!
«Em um número ainda mais recente, o dia 17 de setembro de 1977, a mesma autorizada revista – voltamos a recordar sua estreita ligação com o Vaticano – falava da função de complementariedade e de crítica que tem hoje a esperança cristã e, para não deixar dúvida quanto ao ponto a que pretendia chegar, acrescentava: “A fim de que esse discurso não pareça abstrato, pode ser iluminante ver como esta dúplice função da esperança cristã se pode exercitar também em relação à esperança marxista, que hoje no mundo é a mais difundida”. Reconhecendo “honestamente as esperanças verdadeiras das quais o marxismo é suscitador”, já que “contribuiu para desenvolver no mundo uma esperança de libertação, que é em si verdadeira e boa, que não deve ser frustrada”, o artigo, assinado pelo diretor da revista, padre Bartolomeo Sorge, S.J., reduzia o cristianismo a um mero complemento do marxismo, tentando suprir sua falta de transcendência sem modificar seus objetivos. Ou seja, o cristianismo procura realizar a “libertação” pretendida pelo marxismo através da destruição do sistema capitalista, como diz explicitamente o artigo – e, não tendo o sistema econômico próprio para pôr em seu lugar, é evidente que a substituição será feita pelo socialismo – para depois ir mais adiante, completando a “libertação” terrena com a salvação eterna, reduzida a uma espécie de “mais valia”.
«Essa peregrina doutrina não deve causar surpresa, se se tem presente que no dia 3 de março deste ano, 1977, o “Osservatore Romano”, órgão oficioso do Vaticano e, portanto, o jornal do Papa, publicou em sua primeira página, no local de destaque destinado a seus editoriais, um artigo de um certo Raniero Cantalamessa inexplicavelmente, não teve, no mundo, a repercussão justificada pela sua extrema gravidade.
Entre as inacreditáveis afirmações do artigo estava a de que o antigo critério da verdade objetiva (“verum est ens”) foi substituído, com o advento do historicismo, pelo “verum esr factum”, substituído, por sua vez, com a passagem do Iluminismo para o marxismo e o pensamento tecnológico moderno, pelo “verum est faciendum”, em virtude do que “a verdade que importa é o que fazer, isto é, a praxis” (“la verità che conta è il da farsi, cioè la prassi! “)!
«Pondo no passado os verbos que grifamos, o articulista do “Osservatore Romano” perguntava: “Se a Tradição tinha um seu lugar quando o primado era da verdade – e, indiretamente, do passado – que utilidade poderá ter agora que este primado é atribuído à praxis e portanto ao futuro?” E, com uma sinceridade e uma coragem
que deveriam servir de lição aos ingênuos ou tímidos que tentam reduzir tudo aos excessos dos “progressistas”, por um lado, e dos tradicionalistas, por outro, acrescentava: “Esta – queiramos admiti-lo ou não – é a verdadeira, profunda razão da crise da Tradição na Igreja e na teologia”.
«E, para não deixar dúvidas quanto à opção da Igreja pós-conciliar, dizia, pouco adiante, que, “nesta situação, dois são os perigos (e as tendências realmente em ato!)”, acrescentando: “O primeiro é a recusa global do novo princípio da verdade como praxis, com conseqüente retorno nostálgico à concepção da Tradição como tradicionalismo. É o caso de mons. Lefebvre e é significativo que nele a componente tradicionalista e anti-progressista vá de pari passu com a componente antimarxista”.
«Note-se que o perigo não está em que os católicos aceitem o novo princípio da verdade, mas em que não o aceitem. Por outro lado, sendo significativo que o tradicionalismo de mons. Lefebvre venha acompanhado do anti-marxismo, justamente porque ele não aceita ó novo critério de verdade, disso se segue que nos que o aceitam, como é o caso d,os que seguem a “ortodoxia” pós-conciliar, não há mais lugar para o anti-marxismo.
«Mais adiante, o artigo do “Osservatore Romano” citava como um problema que se arrasta sem ter sido jamais resolvido o de saber se existe alguma verdade ou instituição verdadeiramente apostólica que não se encontre de nenhuma maneira testemunhada na Escritura mas só na Tradição, acrescentando: “Se existe, qual é tal verdade ou instituição? (Pergunta, esta, à qual não se pôde jamais dar uma resposta convincente, nem mesmo no período em que se falou das duas fontes da Revelação). E se não, o que transmite em concreto a Tradição? Considero muito persuasiva a explicação teológica (mas advirto que se trata justamente de uma explicação teológica) que vai abrindo caminho e que o Concílio Vaticano II, deixando cair a fórmula das duas fontes da Revelação (“Dei Verbum”, nº 9), tornou pelo menos possível, e que se pode formular assim: objeto primeiro da Tradição é a interpretação da própria Escritura. A Tradição, em outras palavras, não seria senão a Escritura lida pela Igreja e na Igreja, ou, se se preferir, é a interpretação autêntica e sempre em progresso da Palavra de Deus que a Igreja recebeu dos apóstolos e que continua a desenvolver sob a ação do Espírito Santo. Como o Magistério, ela está portanto em função e a serviço da Palavra de Deus (cfr. “Dei Verbum” nº 10)”.
«A negação do critério objetivo da verdade e sua substituição pelo critério da “praxis” derrubam todo o edifício metafísico, sem o qual rui a própria estrutura do dogma. O. artigo do jornal vaticano não se limitava, porém, a atingir indiretamente essa estrutura, mas investia diretamente contra ela, negando a doutrina das duas fontes da Revelação e reduzindo a Tradição a uma simples maneira de ler a Escritura. Com isso, cai não somente um dogma expressamente definido, o da Assunção, fundado inteiramente na Tradição, mas o próprio valor da Escritura – a Igreja sempre ensinou, ao rejeitar a doutrina protestante sobre a Bíblia como única fonte da fé, que, sem a Tradição, fonte igualmente autorizada da Revelação, não se pode sequer provar a autenticidade da Escritura – e, com ele, todo o patrimônio doutrinário católico. De resto, se o critério de verdade é a “praxis”, o que estava errado ontem pode ser verdade hoje e o que era verdadeiro ontem constituir hoje um erro.»
O «guru» nomeado para explicar o inexplicável desvio naquela que é chamada «Sede da Verdade», foi o frade Raniero Cantalamessa, cujo trabalho de pregador de retiros no Vaticano o tornou voz televisiva de um destaque que deste então não conheceu ocasos, mas triunfos. Ele está em todas como se viu na foto junto ao cardeal Bergoglio abençoado por mãos protestantes. Mas não era o único, pelo contrário, aqui não haveria lugar para todos. Por isto nos limitamos a estes dois outros, Hans Kueng e Leonardo Boff, idolatrados pela imprensa do mundo… e mais alguém.
«O artigo do “Osservatore Romano” é de extrema gravidade e diz explicitamente que o Concílio Vaticano II deixou cair uma fórmula até então dogmática, abrindo o caminho para sua negação. A negação de um dogma possibilita, porém, a de todos os outros. Sob esse aspecto, pode-se afirmar que a crise que hoje atinge a Igreja é mais grave do que todas as outras que a atingiram ao longo de seus vinte anos de existência, com exceção, talvez da ocorrida no século IV, quando o Papa Libério e todo o episcopado aderiram à heresia ariana, deixando isolado, na defesa. da ortodoxia, o bispo Atanásio, hoje santo.
«Aliás, a semelhança entre o caso de Atanásio e o de mons. Lefebvre é impressionante, como se pode constatar com a simples leitura de duas afirmações do santo reproduzidas por Ricardo Dip no último capítulo de seu livro. Quando disseram a Atanásio que tinha contra si todos os bispos, o santo não hesitou em responder: “Isto demonstra que eles são contra a Igreja”. Por outro lado, observou: “Os católicos fiéis à Tradição, mesmo quando reduzidos a um punhado, eis que são a verdadeira Igreja de Jesus Cristo”.
«Como se vê, tinha-se então, como hoje, um conflito entre a Tradição, heroicamente defendida por um só bispo, e inovações doutrinárias patrocinadas pelo Papa e por todo o episcopado. O cardeal arcebispo de São Paulo, D. Paulo Evaristo Arns, teria dito então, se fosse contemporâneo de Atanásio, que ele estava parado na História e os cursilhistas da época, se existissem, teriam acrescentado que sua concepção do cristianismo era estática e não dinâmica. Entretanto, a posterior canonização de Atanásio, que chegara a ser excomungado (embora se tenha tratado de uma excomunhão por si mesma inválida, como será a de mons. Lefebvre, se chegar a ser aplicada), e o reconhecimento do erro do Papa e do episcopado mostraram de que lado estava a ortodoxia.
«A História se repete em nossos dias com a única diferença de que a heresia promovida a ortodoxia já não é o arianismo mas o modernismo, apresentado por Pio X, hoje também canonizado, não como uma simples heresia mas como o conjunto de todas as heresias.
« O modernismo não é, como o nome pode dar a entender, uma simples adesão ao que é novo, ou moderno, em oposição ao que é antigo. É, pelo contrário, uma complexa heresia, defendida, no começo do século, também por bispos e padres, e que tinha seu ponto de partida no propósito de promover uma atualização – ou “aggiomamento” – do cristianismo com base na filosofia moderna. Seus partidários pretendiam pôr a fé de acordo com o pensamento moderno, promovendo, como dizia um de seus líderes, Loisy, “uma reforma não somente dos estudos eclesiásticos, mas também do ensinamento católico em geral” e do chamado “regime intelectual da Igreja”.
«Em um interessante estudo escrito sobre o assunto (“Palabra”- Madrid- Agosto-setembro de 1973 – págs. 13 e ss.), Garcia de Haro observa que “o modernismo tenta apresentar-se e é, sem dúvida, sua principal alegação, como um cristianismo aberto às exigências do mundo contemporâneo: em diálogo com ele”. Qualquer pessoa que acompanhe, ainda que superficialmente, a atual crise da Igreja sabe que esse é também o objetivo do catolicismo pós-conciliar, como, aliás, admite claramente o artigo do “Osservatore Romano” ao qual fizemos referência acima.
«O modernismo foi condenado por Pio X, na encíclica “Pascendi”, de 8 de setembro de 1907, mas seus fautores, embora afastados de cátedras de ensino, continuaram, com algumas poucas exceções, no seio da Igreja, minando suas bases com a pregação de suas idéias. O Concílio Vaticano II não somente ofereceu a ocasião, mas foi ele próprio a causa de um ressurgimento da heresia, com uma virulência que não tinha no começo do século. Os erros condenados por Pio X passaram a constituir a nova ortodoxia e os defensores da Tradição tomaram-se os novos “hereges”.
«A autorizada confirmação dessa mudança e da renúncia da Igreja a sua própria missão é oferecida pelo próprio Papa Paulo VI, no infeliz discurso de encerramento do Concílio Vaticano II, no qual se encontra este inacreditável trecho: “O humanismo leigo e profano apareceu, finalmente, em toda sua terrível estatura e, em certo sentido, desafiou o Concilio. A religião do Deus que se fez homem encontrou-se com a religião – porque tal é – do homem que se faz Deus. O que sucedeu? Um choque, uma luta, uma condenação? Podia ter-se dado, porém não se produziu. A antiga história do samaritano foi a pauta da espiritualidade do Concílio. Uma simpatia imensa penetrou-o todo. O descobrimento das necessidades humanas – e são tanto maiores, quanto maior se faz o filho da terra – absorveu a atenção de nosso Sínodo. Vós, humanistas modernos, que renunciais à transcendência das coisas supremas, concedei-lhe ao menos este mérito e reconhecei nosso novo humanismo: também nós – mais do que ninguém – somos promotores do homem”.
«A Igreja pós-conciliar já não é, portanto, o fermento destinado a transformar a massa, nem seus ministros são mais as ovelhas enviadas para o meio dos lobos. Em vez disso, há entre a religião do Deus que se fez homem e a do homem que se faz Deus uma imensa simpatia e a Igreja tenta conquistar o apoio dos que renunciam à transcendência das coisas supremas não permanecendo fiel a si mesma e a sua doutrina, mas adotando, como diz explicitamente Paulo VI, um novo humanismo.
«Não foi certamente por acaso que a Igreja pós-conciliar aboliu o juramento antimodemista que todos os clérigos eram obrigados a fazer, antes da ordenação sacerdotal e da sagração episcopal, desde os tempos de Pio X.
«O Leitor terá observado que, ao citar provas dos desvios pós-conciliares, restringimo-nos aos próprios documentos do Concílio ou a manifestações de Paulo VI ou de órgãos autorizados e estreitamente ligados ao Vaticano, abstendo-nos de citar os inúmeros abusos cometidos em conseqüência das “aberturas” conciliares. Escolhemos esse caminho para mostrar que não têm razão os adversários de mons. Lefebvre quando afirmam que o Concílio foi perfeitamente ortodoxo e permaneceu fiel à doutrina da Igreja e que todos os abusos hoje em moda nascem de deturpações de seus ensinamentos, não se justificando, portanto, a atitude de “rebeldia” tomada pelo arcebispo. A verdade é que o próprio Concílio representa uma ruptura com o passado e com a doutrina ensinada pela Igreja; durante séculos, como verdade imutável e fruto da assistência direta do Espírito Santo.
«De resto, ainda que assim não fosse, os adversários de mons. Lefebvre deveriam perceber que o simples fato de lhes ser possível apoiar, ao longo de anos, sua débil argumentação sobre tais abusos atesta que nada se tem feito para por fim a eles e que, portanto, há uma evidente cumplicidade das autoridades eclesiásticas com essa situação. O fato, em si, bastaria para justificar a reação de mons. Lefebvre, uma vez que tais abusos não dizem respeito apenas a aspectos acidentais da vida religiosa, mas atingem a própria integridade da doutrina. Apesar disso, não são suspensos de ordens os bispos que pregam o marxismo, nem os sacerdotes que profanam a liturgia, nem os “teólogos” que negam dogmas, como Hans Kung, ou a própria divindade de Cristo, como Leonardo Boff. E se a afirmação parece, à primeira vista, desmentida pela redução ao estado leigo de Don Franzoni, a verdade é que o abade italiano há mais de dois anos vinha defendendo o divórcio – e, portanto, contradizendo um ponto da doutrina revelada – sem que nada lhe acontecesse, tendo sido punido apenas na ocasião em que mons. Lefebvre foi suspenso “a divinis”, em uma evidente manobra destinada a dar uma aparência de imparcialidade à perseguição ao arcebispo.
«Os inúmeros sacerdotes e bispos que defendem as posições defendidas por Franzoni, e dos quais há inúmeros exemplares no Brasil, continuam professando tranquilamente suas heresias, enquanto mons. Lefebvre, que não ensina uma só doutrina nova, foi punido por permanecer fiel ao que a Igreja ensinou durante séculos. Entretanto, sua atitude é a conseqüência direta dos solenes compromissos por ele assumidos, inclusive ao fazer, no momento de sua sagração episcopal, o juramento antimodernista. Quem relesse hoje a encíclica “Pascendi”, verificaria sem dificuldade, e talvez com espanto, que quase todas as reformas conciliares – dos grandes princípios contidos nos próprios documentos do Vaticano II e que constituem o “novo humanismo” de Paulo VI às mínimas inovações introduzidas na liturgia (no campo da música sacra, por exemplo) e catalogadas como “abusos” – são justamente as que Pio X condenou em 1907. A identidade é tão perfeita, que a “Pascendi” parece, em seus mínimos detalhes, um documento escrito por um Papa de nossos dias para pôr fim à situação nascida do Concílio.
«Em outras palavras, a situação atual é a mesma que mons. Lefebvre se comprometeu, nos momentos solenes de sua ordenação e de sua sagração episcopal, a rejeitar e combater. Sob esse aspecto, o grave não é que um bispo tome as atitudes que ele vem tomando; muito mais grave é que, em todo o episcopado mundial, só ele tenha coragem de tomá-las.
«O fato mais deplorável posto em evidência pela atual crise da Igreja é, sem dúvida, a falta de coragem de bispos, sacerdotes e fiéis em permanecer fiéis à doutrina que sempre professaram. Há vinte séculos vêm eles repetindo o ensinamento de São Paulo segundo o qual os pregadores de doutrinas novas devem ser considerados anátemas, ainda que sejam anjos do céu os apóstolos; muitos deles conhecem, certamente, através da História da Igreja, episódios como os de Santo Atanásio e de São Sofrônio, que tiveram problemas com os Papas Libério e Honório I por permanecerem fiéis à ortodoxia e hoje são apresentados pela própria Igreja a seus fiéis como exemplos, mas, no momento em que os fatos se repetem, poucos têm coragem suficiente para fazer o raciocínio rudimentar de que, se a Igreja esteve certa durante vinte séculos, quem está certo hoje é mons. Lefebvre e, se esteve errada, não pode hoje exigir credibilidade nem pretender com tanta segurança estar certa em suas divergências com o arcebispo.
«Apoiados em uma falsa concepção da obediência, muitos católicos podem admitir que Papas de ontem tenham errado, mas são incapazes de perceber a evidência de que o de hoje prega um “novo humanismo” ou promove reformas em aberta contradição com o que a Igreja apresentou, durante séculos, como a expressão única de verdades eternas e imutáveis. Não chegam sequer a perceber a contradição entre o ecumenismo pregado pelo Concílio e a atitude antiecumênica adotada em relação a mons. Lefebvre; ou entre a permissão dada aos católicos de assistir à missa e receber os sacramentos de sacerdotes cismáticos, que não reconhecem a autoridade do Papa, e a proibição de que assistam, em Ecône, aos ritos que a Igreja adotou durante séculos e que, segundo o Papa Pio V, não podiam jamais ser modificados; ou ainda a contradição entre a autorização para que todos inventem novos ritos e façam toda espécie de experiência e a proibição a Lefebvre de fazer a experiência da Tradição, segundo sua genial expressão.
«A mesma “Civiltà Cattolica” que classifica como “reações agressivas” a defesa da doutrina contra as heresias de Josef Thomé e lhe atribui “intuições e expressões proféticas”, nega a mons. Lefebvre o direito de ter intuições igualmente proféticas, ou melhor, nega ao Espírito Santo o direito de lhe conceder idêntico carisma e adota, em relação a ele, reações agressivas. De fato, a atitude mais comumente inspirada pelo ecumenismo e pelo universal amor pós-conciliar, em relação a mons. Lefebvre, tem sido a de ataques pessoais destituídos de qualquer aparência de caridade cristã, como ficou evidente por ocasião de sua passagem pelo Brasil. Numerosos bispos, sacerdotes e fiéis pós-conciliares vieram a público, através de pronunciamentos ou de cartas a jornais, atacar o prelado e criticar impiedosamente sua atitude. Ninguém se deu ao trabalho de examinar mais atentamente as razões profundas de sua conduta c até mesmo entre os que denunciam os abusos pós-conciliares há quem adote a atitude curiosa e inteiramente destituída de lógica de por o prelado em pé de igualdade com os “progressistas”, apresentando ambos os grupos como responsáveis pela prática de idênticos erros.
«Mas essa atitude é inspirada por um verdadeiro amor à Igreja e à verdade, ou não é, antes o fruto do medo de assumir a própria responsabilidade e do desejo de procurar um cômodo refúgio à sombra da autoridade?
«É, certamente, a pergunta que muitos farão depois de ler o livro de Ricardo Dip, que temos a honra de apresentar ao público brasileiro. Desenvolvendo uma sólida argumentação, o Autor mostra a falta de fundamento da “opinião tranqüilizante” de que mons. Lefebvre é um rebelde. Seu livro deixa evidente que a luta do corajoso arcebispo não constitui uma contestação nem um desafio à Igreja, mas é a luta de um Atanásio dos tempos modernos e que Lefebvre poderia repetir, com pleno direito, as palavras de Thomas Morus – outro “herege” condenado pelo episcopado de seu tempo e posteriormente elevado à glória dos altares – que abrem o capítulo V: “Se eu tenho contra mim todos os bispos, tenho por mim todos os santos e Doutores da Igreja”.

Lenildo Tabosa Pessoa
São Paulo, 11 de outubro de 1977

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