"Poderíamos ainda tratar de muitos outros pontos sobre Lutero (como a sua moral péssima), para mostrar como foi catastrófica a sua reforma, que arrastou grande parte da Europa para erros tão escandalosos, tão absurdos, tirando-a da verdadeira Igreja de Nosso Senhor Jesus Cristo."
Sermão para o 5º Domingo depois da Páscoa
21.05.2017 – Padre Daniel Pinheiro, IBP
Em nome do Pai, e do Filho e do Espírito Santo. Amém.
Ave Maria…
Caros católicos, na Epístola de hoje, o Apóstolo São Thiago diz
claramente que não basta ouvir a palavra de Deus, mas que é preciso colocá-la
em prática. Ou seja, é necessária a fé e são necessárias as obras. A essa
verdade muito clara e coerente se opôs Lutero. Hoje, encerraremos esse segundo
bloco da nossa série de sermões sobre as heresias falando da heresia de Lutero,
a figuram mais simbólica do protestantismo.
Lutero nasceu em 1483 na
Alemanha, em Eisleben. Recebeu o grau de Mestre em Erfurt em 1505. Pouco
depois, entrou nos eremitas de Santo Agostinho. Lutero era um frade que jamais
deveria ter seguido essa vocação. Resolveu entrar quando, com medo de morrer,
fez um voto de entrar na vida religiosa se sobrevivesse. Na versão mais comum,
ficou com pavor da morte durante uma tempestade, quando estava em viagem e um
raio caiu perto dele. Pouco tempo antes, um amigo dele tinha morrido fulminado
por um raio. O próprio Lutero dirá que foi um voto forçado por necessidade,
assediado pelo terror e pela angústia, e do qual se arrependeu depois. Ora, um
voto feito nessas condições não tem nem validade.
Martinho Lutero refletia
muito o espírito alemão da época: sensível e brutal, sentimental, confuso,
arrogante, seguro de si, colocando a sua vontade por regra absoluta e não muito
esclarecido sobre quaisquer questões que o preocupavam. Assim, Lutero dirá:
“Estou certo de que meus dogmas vêm do céu” e “minha doutrina é tal que só ela
engrandece a graça e a glória de Deus.”
Lutero era bastante
melancólico, dominado pela tristeza e cheio de escrúpulos. Lutero confundia
tentação com o pecado, a inclinação ao pecado com o ato pecaminoso. Era uma
alma verdadeiramente dilacerada e atormentada, que se via sempre no pecado e
que não acreditava ser possível vencê-lo verdadeiramente. Diante desse erro,
negando a misericórdia divina, desesperava quanto ao seu julgamento por Deus e
quanto à sua salvação.
A sua formação espiritual e
teológica foi sofrível, péssima. Sua espiritualidade era extremamente
subjetiva, derivada dos chamados místicos alemães, de doutrina bem duvidosa e
perigosa ou mesmo formalmente condenadas, como a de Mestre Eckhart.
Espiritualidade subjetiva e, consequentemente, já descolada em boa parte da
doutrina. “Piedade” entre aspas, sem doutrina, introspectiva, voltada mais para
o homem do que para Deus. Seus estudos teológicos foram feitos com base em uma
escolástica bem decadente, já impregnada com os erros do chamado nominalismo e
que afirmava a impossibilidade de conciliar razão e fé. Tratava-se, então, de
uma escolástica muito distante daquela de São Tomás de Aquino, que conciliava
esplendidamente a razão e a fé. Assim, Lutero vai desprezar a razão, dizendo
que ela é a meretriz do demônio.
É nesse monge, com essas
disposições de alma, que vai nascer a doutrina protestante e a chamada reforma
protestante. Para os que conhecem a história de Lutero, não há dúvida de que a
sua doutrina se formou, no seu pensamento, para acalmar as suas angústias. São
as suas impressões, as suas emoções e experiências pessoais que formarão a sua
doutrina. Seus sentimentos e ideias (desconectadas da realidade) se tornavam
para ele norma universal, preceito divino que deveria ser imposto ao mundo. A
sua leitura da Sagrada Escritura foi uma leitura subjetiva, segundo a sua
inclinação, e tendenciosa, para que a Sagrada Escritura se conformasse com as
suas inclinações. De um problema pessoal, formar-se-á um sistema tão contrário
à verdade…
Para resolver sua angústia,
seus escrúpulos e sua fraqueza para abandonar o pecado, Lutero vai, então,
elaborar uma doutrina nova, revolucionária. Ele vai dizer que o pecado original
corrompeu de tal forma a natureza do homem que qualquer ação do homem, por
melhor que pareça, é um pecado mortal. Assim, para Lutero, se alguém der uma
esmola para um pobre com a intenção de ajudá-lo, isso é um pecado mortal.
Segundo o heresiarca, o homem é incapaz das boas obras, incapaz de praticar o
bem. Os atos dos homens são sempre pecaminosos, diz Lutero. Diz também que o
homem não tem culpa desses pecados, já que, segundo ele, o ser humano não tem
livre-arbítrio, não tem liberdade para fazer o bem. Lutero falará, então, no
servo arbítrio no lugar de livre arbítrio. Na teologia de Lutero, para se
salvar, basta a fé, entendida por ele como a confiança de que Deus quer salvar.
Lutero revoluciona, desse modo, toda a doutrina de Cristo, contradizendo-a
frontalmente, deturpando-a. Não se trata de reforma, mas de deforma ou de
revolução, de blasfêmia, subvertendo todos os princípios da religião cristã e
como se fôssemos obrigados a fazer o mal praticamente. Para o heresiarca, o
homem se salva não porque está na graça de Deus, sem pecado grave, mas porque
Deus o considera justo a partir dessa fé-confiança, ainda que o homem esteja
afogado nos mais graves pecados. É uma justificação externa: Deus considera a
pessoa como justa, como santa, mas ela é, na verdade, pecadora. É a doutrina do sola fides, da salvação pela fé somente. Isso resolvia
as angústias de Lutero: salvando-se apenas pela fé, afirmando a impossibilidade
de se livrar do pecado negando o livre arbítrio, Lutero poderia pecar
tranquilamente, sem se angustiar, sem se preocupar com a sua salvação. Assim,
ele dirá que se deve pecar fortemente e que se deve crer ainda mais fortemente.
Um absurdo completo.
Só a fé, então, já basta para
a salvação, de acordo com Martinho Lutero. A caridade, o amor a Deus e ao
próximo, as boas obras, tudo isso para Lutero é impossível. E mesmo tentar
fazer essas coisas já é um pecado, segundo ele. Essa doutrina é abominável, vai
contra Cristo, contra a Sagrada Escritura, contra a Igreja, contra a razão e
contra o mais simples bom senso. Onde está, nessa doutrina da reforma, a
santidade que nosso Senhor veio trazer mandando que fôssemos perfeitos como o
Pai Celeste é perfeito? Onde está o renascimento espiritual pelo batismo, que
Nosso Senhor chama de um novo nascimento espiritual em seu diálogo com
Nicodemos? Onde está a necessidade das boas obras, afirmada por São Thiago tão
claramente, bem como pelo próprio São Paulo?
Essa doutrina de Lutero da
justificação pela fé somente leva à afirmação de que todos os meios de
santificação são inúteis: a missa, os sacramentos, o sacerdócio, a Igreja e sua
hierarquia – o papa em primeiro lugar -, a prática das penitências, as próprias
orações e a prática das virtudes. De fato, Lutero vai se opor a tudo isso. Ele
vai manter, em aparência, apenas dois sacramentos, mas dizendo que são
simplesmente cerimônias para favorecer essa fé-confiança. Ele vai negar a
Igreja e a sua hierarquia. Vai negar a autoridade do Papa e dos Concílios,
quando fica evidente que a sua doutrina contradiz a doutrina de sempre da
Igreja. Nega, assim, também a Tradição e o Magistério da Igreja, dizendo que só
a Sagrada Escritura basta e que cada um pode interpretá-la livremente. É o sola Scriptura com
o livre exame da Bíblia, derivados do seu subjetivismo, derivados da sua
leitura subjetivista da Sagrada Escritura e derivados da franca oposição da
interpretação dele com a interpretação dos padres da Igreja e com a
interpretação da Igreja. Para resolver essa oposição, ele afirma, então, que
apenas a sua opinião vale. A tal ponto chega Lutero que ele vai pretender
decidir quais livros são inspirados ou não: negará, por exemplo, a Epístola de
São Thiago, que afirma a necessidade das obras de maneira muito clara como
ouvimos na Santa Missa de hoje.
Lutero lançou, ou melhor,
tornou mais evidentes e difundidos os princípios que norteiam a modernidade e
que vêm da decadência da Idade Média: 1) o subjetivismo, quer dizer, o reino do
sujeito sobre a realidade, em particular em matéria religiosa ao interpretar a
Sagrada Escritura segundo o seu gosto (livre exame) e ao erigir em pretensa
verdade o que lhe convém e satisfaz; 2) a negação da autoridade e o
igualitarismo ao negar a autoridade da Igreja, do Papa e da hierarquia em
geral, e ao negar o sacerdócio, igualando, assim, todos. Lutero defenderá a
autoridade dos príncipes temporais, mas por mera conveniência, já que muitos
deles o protegiam. A negação da autoridade religiosa em Lutero e o seu
igualitarismo em religião, fazendo de cada um o Papa que pode interpretar a
Bíblia, culminará no igualitarismo político e econômico da revolução francesa e
do socialismo, bem como no enfraquecimento generalizado da autoridade em todos
os níveis. Tudo isso vai fundamentar o liberalismo: o homem como árbitro
da verdade e do bem, independentemente de Deus.
Poderíamos ainda tratar de
muitos outros pontos sobre Lutero (como a sua moral péssima), para mostrar como
foi catastrófica a sua reforma, que arrastou grande parte da Europa para erros
tão escandalosos, tão absurdos, tirando-a da verdadeira Igreja de Nosso Senhor
Jesus Cristo. Os princípios de Lutero estavam já latentes na decadência da
Idade Média, no voluntarismo de um Duns Scotus, no nominalismo de um Ockham, no
subjetivismo do chamado misticismo alemão. Ajudaram também na propagação da
heresia protestante o nacionalismo e o absolutismo (dos soberanos temporais) crescentes
e derivados do renascimento e que opunham os príncipes ao Papa. Muitos
soberanos temporais enxergaram, na reforma protestante, a ocasião para diminuir
a influência da Igreja na sociedade e para confiscar os bens da Igreja. Ajudou
também na propagação da heresia o lamentável enfraquecimento da figura do Papa
aos olhos do povo e dos soberanos em virtude de acontecimentos que antecederam
a revolução protestante. O primeiro acontecimento foi o cativeiro de Avignon,
quando o papado se instalou em Avignon, em virtude da pressão do rei da França,
em atitude descabida, e em virtude da insegurança em Roma, dadas as lutas entre
partidos. Ficou o Papa nessa cidade da França, com o rei procurando
controlá-lo, o que gerará desconfiança ao Papa por parte de outros soberanos,
supondo que o Papa atendia aos interesses do rei da França. O segundo
acontecimento foi o cisma do ocidente, quando a cristandade ficou dividida na
submissão entre dois bispos que se proclamavam Papa (claro, apenas um era
verdadeiramente o Papa). O cativeiro (68 anos) e o cisma (39 anos) duraram um
tempo bastante considerável. Foram acontecimentos péssimos.
Podemos, ainda, citar o
humanismo e o renascimento como causas favorecedoras da difusão infeliz do
protestantismo. O humanismo com seu desprezo da escolástica, incluindo a boa. O
renascimento com seu paganismo e que chegou a penetrar em muitos membros da
Igreja, gerando escândalos, permitindo que Lutero se apresentasse como um
reformador diante dos incautos.
Lutero foi condenado pelo
Papa Leão X com a famosa Bula Exsurge Domine e pelo
Concílio de Trento.
A chamada reforma protestante
foi realizada há 500 anos, em 1517. Esse é o ano marcado pela fixação das suas
95 teses na porta da Universidade de Wittenberg, onde lecionava Sagrada
Escritura, em particular as Epístolas de São Paulo. Na verdade, a fixação
dessas 95 teses é contestada por alguns historiadores bem sérios. Seria uma
elaboração posterior para engrandecer um pouco a figura de Lutero. A fixação de
teses na porta da Igreja era uma convocação para uma disputa teológica. O fato
é que não houve essa disputa nesse momento, o que nos faz pensar que as teses
não foram fixadas. Se tivessem sido, certamente teólogos católicos teriam
disputado com Lutero nesse momento, como fizeram depois. O pretexto para as 95
teses foram as indulgências. Mero pretexto. Lutero queria já apresentar seus
dogmas, elaborados pelos seus pensamentos para resolver suas angústias. Claro
que houve alguns abusos nas indulgências por parte de alguns encarregados de
pregá-las e concedê-las, mas, em si, as indulgências são excelentes. Lutero
utilizou essa questão como pretexto para sua revolta. Qualquer criança do
catecismo sabe que as indulgências não compram o céu e que elas pressupõem o
arrependimento sincero do pecado e o desapego do pecado.
O fato é que já faz 500 anos,
com consequências tão drásticas para as almas. Não há o que comemorar. Não
podemos comemorar um acontecimento que levou tantas almas para o erro e que
perdeu tantas almas. Devemos mais bem lamentar. Mas a providência divina age.
Ela suscitou verdadeiros reformadores. Santo Inácio de Loyola, Santa Teresa de
Ávila, São Pedro de Alcântara, São Felipe Neri, São Carlos Borromeu, São Pio V,
São Camilo de Lelis e tantos outros. Se a Igreja perdia metade de um continente,
conquistava grande parte das Américas com os missionários jesuítas,
franciscanos e dominicanos. E com a aparição de Nossa Senhora de Guadalupe no
México. Deus age na história, caros católicos. Tenhamos confiança e façamos a
nossa parte, procurando nos santificar.
Em nome do Pai, e do Filho, e
do Espírito Santo. Amém.
Algumas Fontes:
Philip Hughes. História da Igreja Católica.
Bernardino Llorca. Manual de História Eclesiástica.
Frantz Funck-Brentano. Lutero.
Ricardo Garcia-Villoslada. Raíces Históricas del Luteranismo.
Ricardo Garcia-Villoslada. Martín Lutero (2 volumes).
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Tuy, 1/4/1944
ResponderExcluirAgora vou revelar o terceiro fragmento do segredo: Esta parte é a apostasia na Igreja!
Nossa Senhora mostrou-nos uma vista do um indivíduo que eu descrevo como o ‘santo Padre’, em frente de uma multidão que estava louvando-o.
Mas havia uma diferença com um verdadeiro santo Padre, o olhar do demonio, êste tinha o olhar do mal.
Então depois de alguns momentos vimos o mesmo Papa entrando a uma Igreja, mas esta Igreja era a Igreja do inferno, não há modo para descrever a fealdade d’êsse lugar, parecia uma fortaleza feita de cimento cinzento com ângulos quebrados e janelas semelhantes a olhos, tinha um bico no telhado do edificio.
Em seguida levantamos a vista para Nossa Senhora que nos disse Vistes a apostasia na Igreja, esta carta pode ser aberta por O santo Padre, mas deve ser anunciada depois de Pio XII e antes de 1960.
No reinado de Juan Pablo II a pedra angular da tumba de Pedro deve ser removida e transferida para Fatima.
Porque o dogma da fé não é conservado em Roma, sua autoridade será removida e entregada a Fatima.
A catedral de Roma deve ser destruida e uma nova construida em Fatima.
Se 69 semanas depois de que esta ordem é anunciada Roma continua sua abominação, a cidade será destruida.
Nossa Senhora disse-nos que êsto está escrito, Daniel 9, 24-25 e Mateus 21, 42-44
http://confraternidadedorosario.blogspot.com.br/2017/06/santos-e-martires-do-terceiro-milenio.html