“Vem, ó Santo Espírito, Vibra do átrio
célico, Teus doces clarões”.
CICLO DE PENTECOSTES: MISTÉRIO DA SANTIFICAÇÃO
2. Celebração: Festa e Oitava de Pentecostes
Pentecostes, palavra grega que significa “cinquenta
dias”, é a comemoração da vinda do Espírito Santo sobre os Apóstolos, que se
deu precisamente cinquenta dias após a Ressurreição do Senhor. Remonta aos
tempos apostólicos ou de seus imediatos sucessores a festa de Pentecostes. Adquiriu
importância bem mais acentuada no século IV, quando se introduziu o uso de
conferir, na Vigília de Pentecostes, o Batismo e a Crisma aos catecúmenos que
for qualquer motivo não tinham podido recebe-los no Sábado Santo.
O jejum das Têmporas, na semana de
Pentecostes, conforme se estabeleceu no século V, estava em aberto contraste
como caráter festivo do Tempo Pascal. Transferiu-se por isso, pouco mais tarde,
para a semana sucessiva. São Gregório VII, porém, restabeleceu o antigo
costume, fundindo os dois ofícios da Oitava e das Têmporas: nota-se o acentuado
caráter festivo da Missa, com paramentos vermelhos, o Glória e o Alleluja, com
a supressão do Flectuamos genua; e ao
mesmo tempo o caráter penitencial das duas Lições da quarta-feira e das seis do
sábado.
Comentário
dogmático –
Assim como a Páscoa era uma festa judaica que lembrava a saída do Egito,
Pentecostes, cinquenta dias após, o era também e recordava a promulgação da Lei
de Deus no Monte Sinai: era a festa de ação de graça pela colheita das primícias.
No dia da Páscoa dosa judeus, Cristo ressurgiu dos mortos; no dia de Pentecostes,
o Espírito Santo veio aplicar aos membros da Igreja os frutos da Redenção.
Desses dois fatos capitais da história do
Cristianismo, ambos realizados no “primeiro dia da semana”, teve origem a
consagração do domingo como Dia do Senhor.
Pentecostes lembra, portanto, três acontecimentos
de excepcional importância: a descida visível do espírito Santo em forma de
língua de fogo, para indicar a caridade que ele vinha acender no coração dos
fiéis; a promulgação solene da lei cristã e do Evangelho, que foram anunciados
aos homens por meio da palavra, simbolizada nas línguas de fogo; e o início ou
as primícias da Igreja, que foram os três mil convertidos no primeiro sermão de
São Pedro.
A Igreja é o Corpo Místico, do qual Cristo
é a Cabeça, e do qual são membros todos os santos do céu, as
almas do Purgatório e os que na terra possuem o caráter batismal. A alma desse Corpo Místico é o Espírito
Santo que o vivifica, comunicando-lhe a graça, que é a vida divina merecida por
Jesus em favor de seus fiéis.
A multíplice ação do Espírito Santo na
Igreja e nas almas é indicada pelos diversos nomes que lhe são dados. Eis
alguns entre muitos: o Consolador ou Paráclito, o Espírito da Verdade, o Dom de
Deus, o Prometido do Pai, a Fonte da Vida, o Fogo, a Caridade, o Amor, o
Hóspede Divino, o Refrigério e o Conforto das Almas.
Ensinamento
ascético – Pentecoste
não é simplesmente uma lembrança histórica. É uma realidade atual de todos os
dias e momentos. A ação santificadora do Espírito Santo, que dez dias após a
Ascensão do Senhor se manifestou visivelmente com prodígios e fatos
extraordinários, renova-se continuamente nos corações. O Divino Hóspede vem
morar em nós, para ajudar-nos, iluminar-nos e fortificar-nos. Cada aumento de
graça santificante é uma como nova descida do Espírito Santo no íntimo dos fiéis.
Guardemo-nos, aconselha São Paulo, de “extinguir
o Espírito Santo” em nós, o que acontece quando o expulsamos com o pecado
mortal, ou lhe damos desgosto com o pecado venial e com a infidelidade a suas
divinas inspirações.
Procuremos nutrir verdadeira e constante
devoção ao Espírito Santo, na oração fervorosa e no recolhimento e união com
Deus.
Esforcemo-nos por viver na humildade, isto
é, na convicção de que sem Deus nada podemos. Apresentemo-nos ao Espírito Santo
sempre acompanhados de sua Esposa Imaculada, a Virgem Santíssima.
Sejamos gratos ao Espírito Santo. Seja
perene o nosso reconhecimento pelos inumeráveis e ininterruptos benefícios com
que nos favorece.
Caráter
litúrgico – Na
Vigília, na Festa e durante a Oitava de Pentecostes usam-se paramentos
vermelhos, que simbolizam as línguas de
fogo que desceram sobre os Apóstolos e a caridade para com Deus, que os
fiéis devem testemunhar com a própria vida cristã, e , quando necessária, com o
próprio sangue, no martírio.
Em muitas igrejas da Itália e da França,
introduziu-se, na Idade Média, o uso característico de lançar, do alto da
cúpula, uma chuva de rosas vermelhas sobre a nave central, simbolizando a
descida do Espírito Paráclito em forma de línguas de fogo. Dessa função, que se
fazia durante o canto da Sequencia da Missa, teve origem o nome de “Páscoa das
Rosas”, que no século XIII se dava às festa de Pentecostes. Em Roma a simbólica
função antecipava-se para o domingo depois da Ascensão e se fazia no Panteão,
onde nesse domingo o Papa celebrava.
Noutros lugares soltavam-se pombas no
interior da igreja, para lembrar a primeira manifestação do Espírito Santo no
batismo de Jesus. Durante a Missa, às vezes, ressoava a trombeta, como
recordação das trombetas do Sinai e do fragor com que se manifestou o Espírito
Santo no dia de Pentecostes.
DOMINGO DE PENTECOSTES
Duplo
de I classe, com oitava – Param. vermelhos
Estação de São
Pedro
Jesus, “elevando ao mais alto dos céus e
assentando à destra do Pai”, difundi neste dia sobre seus filhos de adoção o
espírito Santo prometido (Pref.). Foi
a mais solene e a mais estrepitosa manifestação do Paráclito, o qual desceu em
sua plenitude sobre os Apóstolos (Or.,
lição, Com.) que foram iluminados a respeito de todas as verdades,
santificados pela graça e revestidos de força sobrenatural.
Na Missa e na Comunhão revivemos de modo
invisível os frutos do Pentecostes. O Espírito Santo, descendo e nós com sua graça
(Com.), arrefece os ardores das
paixões, enche o coração de sua força e caridade (Pós-com.), lançando nele os germes de todas as virtudes.
“Missal Romano Cotidiano Latim-Português – Edições Paulinas – 1959”
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