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"Os benefícios que auferimos a partir dos Anjos, jamais o olvidemos, constituem actos de munificência Divina, que são ministrados, hieràrquicamente, através dos santos Anjos, NAQUILO QUE ESTES PODEM REALIZAR."
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Alberto Carlos Rosa Ferreira das Neves Cabral
Escutemos a seguinte passagem do Livro de Tobias:
«Rafael então chamou os dois à parte e disse-lhes:
Bendizei a Deus e rendei-Lhe Graças, diante de todos os viventes, pelos benefícios que vos concedeu. Bendizei e cantai Seu Nome. Manifestai a todos as obras de Deus, como é justo, e não hesiteis em expressar-Lhe o vosso reconhecimento. É bom guardar o segredo do rei, as obras de Deus, porém, é justo revelá-las e publicá-las. Fazei o Bem e o mal não vos atingirá. É valiosa a oração sincera; e a esmola com a justiça, vale mais do que a riqueza com a injustiça. Mais vale dar esmolas do que entesourar ouro. A esmola preserva da morte e purifica de todo o pecado. Os que dão esmola serão saciados de vida. Aqueles, porém, que cometem pecado e injustiça são inimigos de si mesmos.
Vou declarar-vos toda a Verdade e nada vos ocultarei. Já vos declarei e disse: É bom guardar o segredo do rei; as obras de Deus, porém, é justo revelá-las, com a Glória devida. QUANDO TU E SARA FAZÍEIS ORAÇÃO, EU APRESENTAVA O MEMORIAL DA VOSSA PRECE DIANTE DA GLÓRIA DO SENHOR, E FAZIA O MESMO QUANDO TU, TOBIAS, ENTERRAVAS OS MORTOS. QUANDO NÃO HESITASTE EM DEIXAR TUA REFEIÇÃO PARA IR SEPULTAR O CADÁVER, FUI ENVIADO A TI PARA TE PÔR A PROVA. E DEUS ME ENVIOU TAMBÉM PARA CURAR A TI E A SARA, TUA NORA. EU SOU RAFAEL UM DOS SETE ANJOS QUE PERMANECEM DIANTE DA GLÓRIA DO SENHOR, E TÊM ACESSO À SUA PRESENÇA.
Atónitos, os dois se prostraram, com a face por terra, cheios de temor. Mas ele prosseguiu : Não temais! A PAZ ESTEJA CONVOSCO! BENDIZEI A DEUS POR TODOS OS SÉCULOS! QUANDO ESTAVA CONVOSCO NÃO ERA POR BENEVOLÊNCIA MINHA QUE VOS ASSISTIA, MAS POR VONTADE DE DEUS. BENDIZEI-O TODOS OS DIAS E CANTAI SEUS LOUVORES!Vós me víeis comer, embora eu nada comesse. Era só aparência o que víeis. Agora bendizei o Senhor sobre a Terra e dai Graças a Deus. EIS QUE EU SUBO PARA JUNTO DE QUEM ME ENVIOU. ESCREVEI TUDO O QUE VOS ACONTECEU. E ELE SUBIU.
Então levantaram-se, mas não o viram mais. Eles bendiziam, entoavam louvores a Deus, e rendiam-Lhe Graças por Suas obras grandiosas – POIS UM ANJO DE DEUS LHES TINHA APARECIDO.» Tob 12, 6-22
Cada um de nós, pelo simples facto de ser homem, sempre almeja, pelo menos, não estar inteiramente só, sobretudo no plano moral. Efectivamente, a constituição ontológica do homem incorpora, necessàriamente, essencialmente, um vínculo de sociabilidade natural, o qual de forma alguma se pode reduzir à esfera económica. Tal sucede, porque os seres humanos constituem indíviduos de UMA SÓ ESPÉCIE, pois demonstram, actualizam e exprimem, cada um à sua maneira, a riqueza intrínseca da mesma espécie. A solidão é assim, HUMANAMENTE, anti-natural para os filhos de Adão, daí a sabedoria da Ordem Cartusiana, quase milenar, que associa o conceito de cenóbio ao de eremitério, desfrutando eficazmente dos benefícios de ambos, e evitando os inconvenientes. No Anjo, a questão da sociabilidade não se coloca com igual premência, visto não serem indivíduos, mas constituírem uma espécie, em cada um deles, o qual concentra em si mesmo toda aquela riqueza, que na espécie humana, se explicita numa infinidade de indivíduos. Ainda que, como dissemos, a solidão, sobretudo a solidão moral, seja, HUMANAMENTE, anti-natural para o homem, deve, contudo, poder ser suportada por Amor SOBRENATURAL a Deus sobre todas as coisas, se Ele assim no-lo solicitar.
Há, todavia, para todos os baptizados, um companheiro dado por Deus, um Justo, já na posse da Eterna Glória – O NOSSO SANTO ANJO DA GUARDA. É de Fé, porque assim o ensina a Santa Madre Igreja, que todos os baptizados possuem o seu Anjo da Guarda. É doutrina comum, conquanto não de Fé, que também os outros homens possuem o seu Anjo da Guarda. Efectivamente, os santos Anjos, até ao JUÍZO FINAL, são constituídos ministros de Deus no Governo do Universo, logo é perfeitamente lógico que assumam igualmente a Guarda dos homens, sob a Autoridade de Deus.
Mas que tipo de benefícios recebemos dos Anjos?
Os benefícios que auferimos a partir dos Anjos, jamais o olvidemos, constituem actos de munificência Divina, que são ministrados, hieràrquicamente, através dos santos Anjos, NAQUILO QUE ESTES PODEM REALIZAR.
O Anjo possui, por sua própria natureza, grande domínio sobre a matéria (e esta asserção é de Fé), e quanto mais elevada é a sua perfeição ontológica maior é esse domínio, SEMPRE, INSISTE-SE, SOB A AUTORIDADE DIVINA. O poder do Anjo dimana, primáriamente, do seu estatuto ontológico; secundáriamente, decorre da Graça específica que receberam, a qual, como se sabe, é rigorosamente proporcional às suas perfeições naturais; e finalmente, o poder do Anjo depende igualmente da sua Graça meritória. Note-se, contudo, que nem todos os teólogos distinguem no Anjo essas duas espécies de Graça, na exacta medida em que este tipo de considerações, extremamente minuciosas, da angealogia não são, de forma alguma, de Fé. Seja como for, é certo que os demónios conservaram grande parte do seu poder sobre a matéria, apesar da sua condenação; todavia só actuam por permissão Divina.
Como tem sido afirmado, o mal moral só pode ter por função a maior exaltação do Bem. Ora, o nosso santo Anjo da Guarda protege-nos dos ataques do demónio, e quanto mais
Fé, Esperança e Caridade possuirmos mais ele nos protegerá; não esqueçamos que os Sacramentais actuam “ex opere operantis,” isto é – em virtude das disposições religiosas, quer do sujeito instituidor, a Santa Madre Igreja, quer do beneficiário do Sacramental. Ora as disposições religiosas da Santa Igreja, objectiva e eminentemente, SÃO AS DE NOSSO SENHOR JESUS CRISTO, não contando aqui as disposições pessoais daquele que administra o Sacramental em Nome de Nosso Senhor Jesus Cristo.
A operação do Anjo da Guarda, em sentido rigoroso, não constitui um milagre, mas um prodígio. Se um Anjo desvia a bala de uma arma, ou impede um rochedo de desabar sobre um autocarro, trata-se de operações naturais para o Anjo, o qual domina as realidades materiais; mas como o mundo angélico não está, nem pode estar, naturalmente, ao alcance dos sentidos dos homens, as suas operações, superando as forças humanas e terrenas em presença, costumam ser denominadas impròpriamente milagres, embora na verdade constituam fenómenos preternaturais. Cumpre, todavia, assinalar que os Anjos, nem mesmo os de ordem superior, NÃO PODEM OPERAR RESSURREIÇÕES, A NÃO SER COMO CAUSA INSTRUMENTAL MUITO REMOTA; TAMBÉM NÃO PODEM CURAR CERTAS DOENÇAS MAIS GRAVES. EVIDENTEMENTE, NÃO PODEM CRIAR SUBSTÂNCIAS, ATRIBUTO EXCLUSIVO DE DEUS, NEM MESMO COMO CAUSA INSTRUMENTAL; pois que a causa instrumental necessita, ontológicamente, de um ponto de apoio já existente, e a Criação é a passagem radicalmente absoluta do nada ao ser, sem qualquer transição, ou ponto intermédio.
NENHUM ANJO POSSUI O PODER INSTRUMENTAL DE CELEBRAR O SANTO SACRIFÍCIO DA MISSA, pois os Anjos não pertencem à espécie humana, não foram redimidos por Nosso Senhor Jesus Cristo, e nem mesmo são capazes de Redenção, porque o seu primeiro movimento de vontade, seja bom, seja mau, é necessàriamente Eterno; e sendo puramente espiritual, a realidade angélica não pode ontològicamente incorporar, nem sacerdócio, nem sacrifício. Certamente, os Anjos adoram a Nosso Senhor Jesus Cristo, reverenciam Maria Santíssima, são membros extrínsecos do Corpo Místico, pela Comunhão plena que possuem connosco no que concerne aos Bens Sobrenaturais. Neste quadro conceptual, Nossa Senhora também se pode afirmar Mãe dos Anjos, evidentemente, não por natureza, mas pela Graça, porque Nossa Senhora possui imensamente mais Graça Meritória do que os Anjos mais santos, embora, no atinente à Graça específica, a dos Anjos seja superior.
Como Ministros de Deus Nosso Senhor, os Anjos da Guarda, desenvolvem notabílissima operação em prol da saúde espiritual do Corpo Místico; porque mesmo Nosso Senhor, na Sua vida mortal, ENQUANTO HOMEM, não dispensou os Anjos da Sua Guarda, que O serviram nas tentações do deserto (Mt 4,11) e na Agonia no Horto (Lc 22,43).
São os santos Anjos da Guarda que apresentam a Deus as nossas orações, manifestando eles também a Vontade Divina àqueles que, providencialmente, foram escolhidos.
Todavia, os santos Anjos, sem uma revelação de Deus, não podem saber com íntegra certeza, se os seus protegidos se condenarão, ou não, quando ainda são mortais. Tal não nos deve surpreender, visto que os Anjos vivem, sim, na Eternidade, mas até ao Fim do Mundo, são extrìnsecamente medidos pelo tempo terrestre.
Embora os santos Anjos possam estimular, também extrìnsecamente, a nossa inteligência e a nossa vontade para o Bem, precisamente pelo poder que possuem sobre a matéria, contudo, NÃO DISPÕEM, EM CASO ALGUM, DA NOSSA LIBERDADE PSICOLÓGICA.
Por toda a Eternidade permanecerá um vínculo de elevadíssima magnitude espiritual entre o Anjo e a alma, ou as almas, que durante o tempo de prova, custodiou, ao serviço dos desígnios da Santa Providência.
Embora neste pobre mundo não possamos ter acesso sensível ao nosso santo Anjo da Guarda, devemos, sim, alcançá-lo através da Fé Teologal, Sobrenatural, que nos obriga a crer na sua existência, bem como no seu amor por nós; AMOR CUJO FUNDAMENTO É A CARIDADE BEATÍFICA QUE ILUMINA OS ANJOS, E QUE OS FAZ OBEDECER AOS DESÍGNIOS SEMPRE MISTERIOSOS QUE A SANTÍSSIMA PROVIDÊNCIA ASSINALOU AOS HOMENS.
Quem, com todas as forças Sobrenaturais que lhe são facultadas por Deus Nosso Senhor, jamais duvidar da existência, poder e bondade, do seu Anjo da Guarda, poderá estar certo que nunca estará só, nem moral, nem fìsicamente, e que será proporcionadamente socorrido, quando, ORDENADAMENTE, implorar o auxílio dos Céus.
LOUVADO SEJA NOSSO SENHOR JESUS CRISTO
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